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1 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA DOENÇAS PULMONARES As estruturas respiratórias incluem: Nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos - Estruturas auxiliares: Esqueleto, músculos intercostais, abdominal e diafragma Respiração é o mecanismo que permite utilizar o oxigê- nio do ambiente, transportá-lo até a célula e eliminar o dió- xido de carbono produzido nas células O transporte de oxigênio está a cargo da hemoglobina (proteína presente nos eritrócitos) Nos alvéolos pulmonares, o oxigênio difunde-se para os capilares sanguíneos e penetra nos eritrócitos, enquanto o dióxido de carbono é liberado Alvéolos pulmonares Doenças pulmonares x estado nutricional: Desnutrição x doenças respiratórias A desnutrição afeta negativamente a estrutura, elastici- dade e função dos pulmões; massa, força e resistência dos músculos respiratórios; mecanismos de defesa imu- nológicos e o controle da respiração A desnutrição leva a um prejuízo da resposta imunológica A doença pulmonar aumenta significativamente as necessidades energéticas 2 Efeitos adversos das doenças pulmonares no estado nutricional: Gasto energético aumentado -Trabalho respiratório aumentado -Infecção crônica -Tratamentos clínicos (fisioterapia respiratória, broncodi- latadores) Ingestão reduzida -Restrição hídrica -Dispneia -Anorexia -Distúrbios gastrointestinais e vômitos Limitações adicionais: -Dificuldade em preparar alimentos devido à fadiga -Falta de recursos financeiros -Metabolismo alterado Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Caracteriza-se pela obstrução lenta e progressiva das vias aéreas Pode ser subdividida em duas categorias: Enfisema (tipo I) alargamento e destruição anormal e permanente dos alvéolos Bronquite crônica (tipo II) tosse produtiva com infla- mação dos brônquios e outras alterações pulmonares Enfisema pulmonar Caracteriza-se pela distensão dos espaços aéreos distais do brônquio terminal com destruição dos septos interalve- olares. Bronquite crônica Caracterizada pela produção exagerada de secreção brônquica com tosse e expectoração. Caracterização da Bronquite: Infecção por 3 meses ao ano durante 2 anos consecutivos. Etiologia Tabagismo (Ativo e Passivo) Reduz movimentos ciliares Inibe ação de macrófagos Aumento da secreção de muco Fumaça estímulo de secreções proteolíti- cas Poluição atmosférica Profissão Fatores familiares e genéticos COR PULMONALE caracterizada pelo alargamento e posterior insuficiência do ventrículo direito devido à pressão aumentada dentro das artérias pulmonares. Pacientes com bronquite crônica: Apresentam peso normal ou excesso de peso Hipóxia proeminente Cor pumonale precoce Pacientes com enfisema : Magros e geralmente caquéticos Mais velhos Cor pumonale tardiamente 3 Tratamento médico: O diagnóstico precoce e correto é a chave para o tra- tamento Programas de reabilitação e terapia com oxigênio Medicações (broncodilatadores, glicocorticóides, agentes mucolíticos e antibióticos) Tratamento nutricional: Cada paciente deve ser avaliado individualmente Idade, sexo, outras condições médicas crônicas ou agudas, medicações e outros tratamentos, medidas antropométricas, estados passado e presente de des- nutrição, se o paciente está hospitalizado ou em casa Avaliação nutricional para adultos portadores de DPOC: - Histórico médico e nutricional - Peso habitual - Estado respiratório - Avaliação do olfato e paladar - Função gastrointestinal - Peso, altura, dobras cutâneas - Hematócrito e hemoglobina - Proteínas séricas - Capacidade física - Recursos financeiros Redução da ingestão alimentar x Gasto energético aumento do trabalho respiratório Redução da força e da resistência respiratória e nos membros, aumento da fadiga muscular, alteração da função dos músculos acessórios da respiração e au- mento da susceptibilidade a infecções Pacientes desnutridos possuem um pior prognóstico do que aqueles com bom estado nutricional Pode ocorrer reduções da massa corporal magra em- bora o peso possa parecer estável IMC insuficiente!! Necessidades energéticas: Método Prático: 25-30kcal/kg Eutrofia: Dieta normocalórica Desnutrição: Aumentar de 500 a 1000 Kcal/dia Obesidade: Redução de 500 kcal/dia Proteínas 15 a 20% do VCT Lipídios 25 a 30% do VCT Estudos recentes não preconizam dietas com elevado teor de gordura em comparação às de carboidratos Carboidratos 50 a 60% do VCT Sódio Evitar o excesso (retenção hídrica) Orientações gerais: • Consistência adaptada às condições do paci- ente (problemas dentários, mastigação, deglu- tição) • Dieta fracionada e em pequenos volumes • Observar a presença de patologias associa- das (DM, HAS, Cardiopatias) • Descansar antes das refeições • Oxigenoterapia durante as refeições • Xerostomia Alimentos com molhos • Alimentos com temperaturas amenas • Praticar exercícios físicos (se tolerável pelo paciente) FIBROSE CÍSTICA É uma doença hereditária autossômica recessiva, também denominada mucoviscidose, geralmente di- agnosticada durante a infância. Resulta de um defeito no gene RTFC (REGULADOR TRANSMEMBRANA DE FIBROSE CÍSTICA) do cro- mossoma 7 Consiste num funcionamento anômalo das glândulas exócrinas, produtoras de muco, saliva, suor, suco gás- trico, etc... Proteína RTFC Se localiza nas superfícies das células epiteliais. É essencial para transporte de íons através da membrana celular, estando envolvida na regulação do fluxo de Cl, Na e água. 4 NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA DOENÇAS PULMONARES Fisiopatogenia da fibrose cística: • Pâncreas: Exócrino: Muco viscoso Secreções pancreáticas digestão e absorção Endócrino: Progressão da doença Intolerância à glicose • Intestino delgado: Obstrução por fezes muito espessas Intervenção cirúrgica em cerca de 10% dos recém-nascidos. Muco em excesso recobre a mucosa intestinal Absorção 5 • Aparelho reprodutivo: Homens 95% são inférteis (Obstrução dos ductos pelo muco viscoso) Mulheres Podem se tornar inférteis devido ao muco vaginal ser espesso (Dificuldade dos espermatozóides em penetrar no útero) • Glândulas sudoríparas, parótidas e salivares: Produzem secreções viscosas anormalmente grossas com excessiva concentração de cloro e sódio As principais causas de óbito entre os pacientes com FC são a insuficiência respiratória e o cor pulmonale, além da desnutrição resultante da síndrome de má-absorção. DIAGNÓSTICO O teste de diagnóstico clínico mais confiável é o teste de suor. (Níveis elevados de Na e Cl > 60mEq/L). Outros critérios diagnósticos: Presença de doença pulmonar crônica Dificuldade de se desenvolver Má absorção História familiar de FC Tratamento: O tratamento é feito à base da eliminação ou controle dos sintomas. Administrar enzimas pancreáticas (corrigir má digestão e má absorção de CH, PTN e LIP) Alterações dietéticas Problemas respiratórios Antibióticos (combater as infecções respiratórias) Broncodilatadores (desobstruir as vias aéreas) Substâncias mucolíticas (eliminar o excesso de muco) Fisioterapia respiratória Mesmo sem proporcionar a cura, o tratamento tem melhorado em muito o prognóstico da doença. Terapia Nutricional • Controlar a má digestão e má absorção • Fornecer nutrientes para o crescimento ótimo ou manter o peso e a função pulmonar• Prevenir deficiências nutricionais Energia, proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais De acordo com o estado nutricional (Geralmente desnutri- ção presente) Observar intolerância à lactose e envolvimento do pâncreas endócrino (Intolerância à glicose) Alterar a ingestão de CH Lipídios 30 a 40% do VCT (Observar deficiência de AGE) Suplementar vitaminas Hidro e lipossolúveis Minerais DRI para sexo e idade Sódio as necessidades são maiores devido às maiores perdas no suor
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