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P5 - pneumonia adquirida na comunidade 1 🤧 P5 - pneumonia adquirida na comunidade caso Mariana, recepcionista de uma academia, 34 anos, procura a UPA pois não está conseguindo trabalhar e precisa tomar alguma coisa para “parar essa tosse enjoada”. Durante a triagem na Unidade, ela conta ter tido febre diária, de até 390 C, há 5 dias. Relata ao Dr. João, médico, desconhecer doença prévia, e que a tosse que começou seca agora está com catarro amarelado. Diz também que está muito indisposta, não consegue treinar e só quer ficar na cama, pois sente falta de ar aos mínimos esforços. Ao exame físico apresenta estado geral regular, mas um pouco taquipnéica (FR= 24 irpm). Temperatura de 37,6o C, PA: 126x72 mmHg e FC= 98 bpm. À ausculta respiratória revela estertores crepitantes em campo inferior direito e egofonia na mesma região. Dr. João solicita a radiografia de tórax (imagem 1), prescreve antibióticos e um xarope, além de instruí-la sobre alguns cuidados com a alimentação e hidratação. Durante o atendimento, Mariana, comenta: ”essa virose é forte, heim, doutor? Será que vou melhorar logo? P5 - pneumonia adquirida na comunidade 2 termos destacados Estertores crepitantes (ou sons finos) - sons de maior frequência (agudos), pequena amplitude e menor duração ouvidos no início da inspiração, causados por líquidos nos alvéolos. Não são influenciados pela tosse e podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Comum na pneumonia, edema de pulmão e na fibrose pulmonar. Egofonia - Broncofonia (Alteração de ressonância vocal - aumentada, normal ou diminuída), de qualidade nasalada e metálica, comparada aos sons que a cabra emite. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e também pode ser observada na condensação pulmonar. objetivos Diferenciar os principais tipos de pneumonias. Compreender a fisiopatologia e os agentes etiológicos da pneumonia adquirida na comunidade (PAC). Compreender a conduta clínica da PAC (sinais e sintomas, abordagem diagnóstica, exames complementares e abordagem terapêutica). Identificar os agravos da doença referida. P5 - pneumonia adquirida na comunidade 3 Principais tipos de pneumonias O termo pneumonia significa inflamação das estruturas parenquimatosas do pulmão e das vias respiratórias inferiores, inclusive alvéolos e bronquíolos. Os agentes etiológicos podem ser infecciosos ou não infecciosos. A inalação de fumaças irritantes ou a aspiração do conteúdo gástrico, embora sejam muito menos comuns que as causas infecciosas, podem causar pneumonia grave. pneumonia adquirida na comunidade O termo pneumonia adquirida na comunidade é usado para descrever infecções causadas por microrganismos encontrados nas comunidades, em vez de nos hospitais ou nas instituições asilares. Essa condição é definida por infecção que começa fora do hospital, ou é diagnosticada dentro de 48 h depois da internação hospitalar de um paciente que não residia em instituição de cuidados de longa permanência há 14 dias ou mais desde a data da internação. A pneumonia adquirida na comunidade pode ser bacteriana ou viral. A causa mais comum de infecção em todos os grupos é S. pneumoniae. Outros patógenos comuns são H. influenzae, S. aureus e bastonetes gram negativos. Patógenos menos frequentes, ainda que se tornem cada vez mais comuns, são Mycoplasma pneumoniae, Legionella, espécies de Chlamydia e vírus – descritos algumas vezes como agentes infecciosos atípicos. Entre os vírus que frequentemente ocasionam pneumonias adquiridas na comunidade estão influenza, VSR, adenovírus e parainfluenza. As abordagens usadas para diagnosticar pneumonias adquiridas na comunidade dependem da idade, dos problemas de saúde coexistentes e da gravidade da doença. Nas populações com menos de 65 anos e sem doença coexistente, o diagnóstico geralmente é baseado na história e no exame físico, nas radiografias do tórax e no conhecimento dos microrganismos que causam infecções em determinado momento nessa comunidade. Amostras de escarro podem ser recolhidas para exames de coloração e cultura. pneumonia adquirida no hospital A definição de pneumonia adquirida no hospital é infecção das vias respiratórias inferiores que não existia ou se encontrava no período de incubação por ocasião da admissão ao hospital. Em geral, as infecções que P5 - pneumonia adquirida na comunidade 4 ocorrem 48 h ou mais depois da internação são classificadas como pneumonias adquiridas no hospital. Esse tipo de infecção pulmonar é a causa mais comum de infecção nosocomial e está associado ao coeficiente de mortalidade entre 20 e 50%. Os pacientes que necessitam de intubação e respiração artificial formam o grupo de risco especialmente alto. Outros grupos de risco são pacientes imunossuprimidos e com doença pulmonar crônica ou instrumentação das vias respiratórias (p. ex., intubação endotraqueal ou traqueotomia). A maioria das infecções adquiridas no hospital é bacteriana. Os microrganismos são os que estão presentes no ambiente hospitalar e incluem P. aeruginosa, S. aureus, espécies de Enterobacter e de Klebsiella, Escherichia coli e espécies de Serratia. Os microrganismos que causam pneumonias adquiridas no hospital são diferentes dos envolvidos nas pneumonias adquiridas na comunidade, e alguns deles adquiriram resistência aos antibióticos e são mais difíceis de erradicar. pneumonia do paciente imunossuprimido Em geral, o termo hospedeiro imunossuprimido é aplicável aos pacientes com várias anormalidades coexistentes no sistema de defesa. Isso inclui pacientes com imunodeficiências primária e secundária, receptores de transplantes de medula óssea, portadores de cânceres de órgãos sólidos ou hematológicos e pacientes em tratamento com corticoides e outros fármacos imunossupressores. Embora quase todos os tipos de microrganismos possam causar infecção primária na população imunossuprimida, alguns tipos de anormalidade imune tendem a favorecer determinados tipos de infecção. As anormalidades da imunidade humoral predispõem às infecções bacterianas, contra as quais os anticorpos desempenham um papel importante, enquanto os distúrbios da imunidade celular favorecem as infecções causadas por vírus, fungos, microbactérias e protozoários. Neutropenia e distúrbios da função dos granulócitos (p. ex., pacientes com leucemia, em quimioterapia e depressão da medula óssea) predispõem às infecções causadas por S. aureus, Aspergillus, bactérias gram negativas e Candida. O tipo de evolução da infecção frequentemente fornece indícios quanto ao agente etiológico envolvido. Em geral, a pneumonia fulminante é causada por infecção bacteriana, enquanto um início insidioso geralmente indica infecção viral, fúngica, microbacteriana ou causada por protozoários. pneumonia atípica primária P5 - pneumonia adquirida na comunidade 5 As pneumonias atípicas caracterizam- se por acometimento difuso dos pulmões, confinado principalmente ao septo alveolar e ao interstício pulmonar. O termo atípica refere -se à inexistência de condensação pulmonar, produção de quantidades moderadas de escarro, elevação moderada da contagem de leucócitos e inexistência de exsudato alveolar. Os patógenos que provocam pneumonia atípica causam lesão do epitélio respiratório e deprimem as defesas das vias respiratórias, deste modo predispondo às infecções bacterianas secundárias. A forma esporádica de pneumonia atípica geralmente é branda e tem coeficiente de mortalidade baixo. Entretanto, esse tipo de pneumonia pode assumir proporções epidêmicas com gravidade acentuada e mortalidade mais alta, como ocorreu com as pandemias de influenza de 1915 e 1918. A evolução clínica dos pacientes com pneumonias causadas por vírus e micoplasmas varia amplamente de um quadro infeccioso brando (p. ex., influenza A e B, adenovírus) semelhante a um resfriado comum, até os casos mais graves possíveis de evoluir ao óbito. Os sintomas são basicamente febre, cefaleia e dor e desconfortomusculares. Quando manifesta, a tosse geralmente é seca, irritativa e não produtiva. Em geral, o diagnóstico é firmado com base na história, nas alterações do exame físico e nas radiografias do tórax. Alguns recursos ajudam a selecionar o tratamento dos pacientes com pneumonia e também preveem mortes, inclusive o CURB 65. referência PORTH, Carol Mattson; MATFIN, Glenn. Fisiopatologia. In: Fisiopatologia. 2010. p. 911-911. Outras categorias de pneumonia incluem Pneumonia aspirativa, que ocorre quando volumes ou partículas maiores (por exemplo, saliva, comida ou vômito) são aspirados e não são removidos dos pulmões. A pneumonia aspirativa pode ocorrer em pessoas com dificuldade para engolir, como pessoas com histórico de AVC e em pessoas com nível diminuído de consciência devido ao uso de medicamentos sedativos, álcool ou por outros motivos. Pneumonia obstrutiva, que ocorre quando uma obstrução das vias aéreas nos pulmões (como um tumor) faz com que bactérias se acumulem por trás da obstrução P5 - pneumonia adquirida na comunidade 6 Fisiopatologia e os agentes etiológicos da pneumonia adquirida na comunidade (PAC) fisiopatolgia A pneumonia aguda adquirida na comunidade se refere a uma infecção pulmonar em indivíduos saudáveis sob os demais aspectos, adquirida em um ambiente normal (em contraste com a pneumonia adquirida no hospital). Elas podem ser bacterianas ou virais. As características clínicas e radiológicas geralmente são inespecíficas na diferenciação entre elas. Muitos biomarcadores mais novos foram desenvolvidos para identificar pacientes com infecção bacteriana e definir seus prognósticos. Deles, a proteína C-reativa e a procalcitonina, ambos reagentes de fase aguda produzidos primariamente no fígado, estão significativamente mais elevadas em infecções bacterianas do que em virais Frequentemente, a infecção bacteriana segue uma infecção viral do trato respiratório superior. A invasão bacteriana do parênquima pulmonar causa o preenchimento dos alvéolos com um exsudato inflamatório, consequentemente levando à consolidação (“solidificação”) do tecido pulmonar. Muitas variáveis, como o agente etiológico específico, a reação do hospedeiro e a extensão do envolvimento, determinam a forma precisa da pneumonia. Condições predisponentes incluem extremos de idade, doenças crônicas (insuficiência cardíaca congestiva, DPOC e diabetes), deficiências imunológicas congênitas ou adquiridas e função esplênica diminuída ou ausente (anemia falciforme ou estado pós- esplenectomia, que coloca o paciente em risco de infecções por bactérias encapsuladas, como pneumococos). agentes etiológicos Streptococcus pneumoniae Streptococcus pneumoniae, ou pneumococos, é o agente causador mais comum de pneumonia aguda adquirida na comunidade. O exame do escarro por coloração de Gram é uma etapa importante no diagnóstico da pneumonia aguda. A presença de numerosos neutrófilos contendo os diplococos lancetados Gram- positivos típicos é compatível com o diagnóstico de pneumonia P5 - pneumonia adquirida na comunidade 7 pneumocócica, mas deve-se lembrar que o S. pneumoniae faz parte da flora endógena em 20% dos adultos, e, consequentemente, resultados falso-positivos podem ser obtidos. O isolamento de pneumococos em hemoculturas é mais específico, porém menos sensível (na fase inicial da doença, apenas 20% a 30% dos pacientes apresentam hemoculturas positivas). Vacinas antipneumocócicas contendo polissacarídeos capsulares de sorótipos comuns são usadas em indivíduos com alto risco para sepse pneumocócica Haemophilus influenzae A Haemophilus influenzae é um organismo Gram-negativo pleomórfico que ocorre em formas não encapsuladas e encapsuladas. Há seis sorotipos das formas encapsuladas (tipos A a F), dos quais o tipo B é o mais virulento. Os anticorpos contra a cápsula protegem o hospedeiro da infecção por H. influenzae. As infecções pelas formas não encapsuladas, também chamadas de formas não tipáveis, estão aumentando. Elas são menos virulentas, disseminam-se ao longo da superfície do trato respiratório alto e causam otite média (infecção da orelha média), sinusite e broncopneumonia. Recém-nascidos e crianças com comorbidades como prematuridade, malignidades e imunodeficiência têm alto risco de desenvolvimento de infecções invasivas. Moraxella catarrhalis Moraxella catarrhalis está sendo cada vez mais reconhecida como causa de pneumonia bacteriana, especialmente em idosos. É a segunda causa bacteriana mais comum de exacerbação aguda de DPOC. Juntamente com S. pneumoniae e H. influenzae, M. catarrhalis constitui uma das três causas mais comuns de otite média em crianças. Staphylococcus aureus Staphylococcus aureus é uma importante causa de pneumonia bacteriana secundária em crianças e adultos saudáveis após doenças respiratórias virais (p. ex., sarampo em crianças e gripe em crianças e adultos). A pneumonia estafilocócica está associada a uma alta incidência de complicações, como abscesso pulmonar e empiema. Usuários de drogas intravenosas apresentam alto risco P5 - pneumonia adquirida na comunidade 8 de desenvolvimento de pneumonia estafilocócica em associação com endocardite. Também é uma causa importante de pneumonia hospitalar adquirida. Klebsiella pneumoniae Klebsiella pneumoniae é a causa mais frequente de pneumonia bacteriana por Gram-negativos. Ela afeta comumente indivíduos debilitados e desnutridos, particularmente alcoólatras crônicos. Um escarro espesso, mucoide (geralmente com raios de sangue) é característico, porque o organismo produz um polissacarídeo capsular viscoso abundante, que o paciente pode ter dificuldade para expectorar. Pseudomonas aeruginosa Embora Pseudomonas aeruginosa na maioria das vezes cause infecções hospitalares, ela também é mencionada aqui em razão da sua ocorrência em pacientes com fibrose cística e imunocomprometidos. Ela é comum em pacientes neutropênicos e tem uma propensão a invadir os vasos sanguíneos, com consequente disseminação extrapulmonar. A septicemia por Pseudomonas é uma doença fulminante. Legionella pneumophila Legionella pneumophila é o agente da doença dos Legionários, um epônimo para formas epidêmicas e esporádicas de pneumonia causadas por esse organismo. Ela também causa a febre de Pontiac, uma infecção do trato respiratório superior autolimitada. Esse organismo prospera em ambientes aquáticos artificiais, como torres de resfriamento de água e no sistema de tubulação para suprimento de água doméstica (potável). O modo de transmissão consiste tanto na inalação de organismos aerossolizados como na aspiração de água potável contaminada. A pneumonia por Legionella é comum em indivíduos com condições predisponentes, como doenças cardíaca, renal, imunológica ou hematológica. Receptores de transplantes de órgãos são particularmente suscetíveis. Ela pode ser bastante severa, frequentemente exigindo hospitalização, e pacientes imunossuprimidos podem apresentam taxas de fatalidade de até 50%. O diagnóstico rápido é facilitado pela demonstração de P5 - pneumonia adquirida na comunidade 9 antígenos de Legionella na urina ou por um teste de anticorpo fluorescente positivo em amostras de escarro; cultura continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico. Mycoplasma pneumoniae Infecções por Mycoplasma são particularmente comuns entre crianças e adultos jovens. Ocorrem esporadicamente ou como epidemias locais em comunidades fechadas (escolas, acampamentos militares e prisões). referência ABBAS, Abul K.; KUMAR, Vinay; FAUSTO, Nelson. Robbins & Cotran- Patologia. Elsevier Brasil, 2005. Sinais e sintomas, abordagem diagnóstica, exames complementares e abordagem terapêutica Sinais e sintomas O quadro clínico da pneumonia bacteriana pode ser altamente variável, dependendo da idade do paciente e do período da doença em que este procura assistência médica, do uso prévio de antibióticos, da existência de imunodeficiência e de fatores de riscopara a disseminação da bactéria (p. ex., asplenia, neutropenia e hipogamaglobulinemia). A apresentação pode ser leve ou rapidamente fatal. O microrganismo mais frequente das pneumonias comunitárias é o pneumococo. O início clássico da pneumonia bacteriana é súbito e caracterizado pelo aparecimento de tosse, calafrios, febre alta (até 40°C), mialgias, taquipneia, respiração superficial, taquicardia, fraqueza e, com frequência, calafrios. Inicialmente, a tosse pode ser pouco produtiva, com escarro escasso mucopurulento ou estrias de sangue; mais tarde (depois de 48 a 72 h), o escarro pode se tornar espesso, purulento ou com coloração ferruginosa. Dor P5 - pneumonia adquirida na comunidade 10 pleurítica é evidência clínica específica de que a pneumonia é provavelmente bacteriana e, na vigência da maioria dos achados anteriores, provavelmente pneumocócica ou estafilocócica. O paciente com pneumonia bacteriana pode estar desidratado e hipotenso. Em geral, queixa-se de anorexia, náuseas e vômito. No idoso, nem sempre há sinais de comprometimento pulmonar e febre, e alteração do estado mental pode ser sinal precoce da infecção. Se o paciente não for tratado, a doença, comprometendo um único lobo, pode progredir para o comprometimento multilobar. Com frequência, pode ser obtida história de doença das vias respiratórias superiores ou de virose recente, que surge antes do aparecimento da pneumonia clínica, sobretudo durante os meses de inverno, quando a influenza é comum. No exame físico, o paciente agudamente enfermo apresenta taquipneia, podendo-se observar o uso dos músculos acessórios para a respiração (intercostal, abdominal e esternocleidomastóideo) e até mesmo o batimento das asas do nariz. Se a dor pleurítica for intensa, verifica-se a paralisação reflexa do tórax ipsolateral. Ocorrem febre e taquicardia, e embora o paciente possa apresentar hipotensão, não é comum ocorrer choque séptico, exceto nos estágios mais avançados da infecção. A ausculta do tórax revela estertores úmidos no pulmão afetado. Quando ocorre consolidação, os frêmitos vocal e tátil estão aumentados; todavia, se houver derrame pleural concomitante, os sons respiratórios e o frêmito podem estar diminuídos ou ausentes. Em certas P5 - pneumonia adquirida na comunidade 11 ocasiões, pode-se ouvir atrito pleural áspero localizado. Podem-se observar outros achados não relacionados diretamente com pneumonia, como: íleo paralítico com dor abdominal e icterícia leve (devido à hepatite reativa ou à hemorragia intra-alveolar). Abordagem diagnóstica O diagnóstico das pneumonias comunitárias se baseia em sintomas de doença aguda do trato respiratório inferior, tosse e um ou mais dos seguintes sintomas: expectoração, falta de ar e dor torácica; achados focais no exame físico do tórax e manifestações sistêmicas (confusão mental, cefaleia, sudorese, calafrios, mialgias e temperatura superior a 37,8°C), os quais são corroborados por opacidade pulmonar nova, detectada por radiografia do tórax. Os pacientes com diagnóstico de PAC devem ser avaliados quanto à gravidade da doença, o que orientará a decisão do local de tratamento, a intensidade da investigação etiológica e a escolha do antibiótico. Fatores sociais e econômicos devem ser considerados na decisão de internação ou tratamento ambulatorial. referência VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de Infectologia. v. 1. In: Tratado de infectologia. v. 1. 2009. p. 1351-1351. A radiografia de tórax, aliada à anamnese e ao exame físico, é o exame mais indicado para confirmar a suspeita e avaliar a extensão das lesões causadas pela pneumonia. A ultrassonografia de tórax (UST) tem maior acurácia do que a radiografia, mas é, ainda, restrita a poucos hospitais na emergência. Dados internacionais mostram que, no contexto dos P5 - pneumonia adquirida na comunidade 12 serviços de emergência médica, o exame apresenta uma sensibilidade de 95% contra 60% da radiografia de tórax. Já a tomografia de tórax (TC) é a alternativa de escolha nos casos em que a radiografia de tórax tem menor acurácia, como em pacientes obesos, imunossuprimidos ou com alterações radiológicas prévias. Os testes de cultura de escarro, hemocultura e para detecção de antígenos urinários podem ser solicitados se houver suspeita de germes atípicos, em caso de PAC grave, para pacientes que não respondam ao tratamento inicial ou que estejam internados em UTI. Os testes moleculares, como o PCR (reação em cadeia da polimerase), representam um grande avanço no diagnóstico das pneumonias virais, notadamente nos casos de PAC grave. referência Recomendações para o manejo da pneumonia adquirida na comunidade 2018. J Bras Pneumol. 2018;44(5): 405-423. Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes – 2009. J Bras Pneumol. 2009; 35(6). Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Exames complementares A seleção de moléculas (biomarcadores) que espelham a intensidade da atividade inflamatória é uma forma útil de complementar o diagnóstico firmado em exame clínico, estimar o prognóstico da pneumonia e guiar a terapia inicial. A proteína C reativa e a procalcitonina (com resposta eficiente às atividades bacterianas, mas não às virais) estão sendo bastante estudadas e são úteis para definir o tempo de tratamento com mais precisão. Abordagem terapêutica A escolha da terapia ambulatorial da PAC é definida conforme: o patógeno mais provável no local de aquisição da doença; a presença de fatores de risco individuais; http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=2853 http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1143 P5 - pneumonia adquirida na comunidade 13 a presença de doenças associadas e fatores epidemiológicos, como viagens recentes, alergias e relação custo-eficácia. Pacientes ambulatoriais sem comorbidades, sem fatores de risco, sem uso de antibióticos prévios, sem contraindicações ou efeitos adversos: Amoxicina ou Amoxicilina- Clavulanato ou Macrolídeo – 5 a 7 dias Pacientes ambulatoriais com comorbidades, ou fatores de risco ou uso de antibiótico recente: Amoxicilina – Clavulanato + Macrolídeo ou Quinolona Respiratória por 5 a 7 dias Pacientes internados em enfermaria: Cefalosprona de 3ª geração + Macrolídeo ou Ampicilina-Sulbactam + Macrolídeo ou Amoxicilina-Clavulanato + Macrolídeo ou Quinolona Respiratória por 7-10 dias Pacientes em UTI: Cefalosporina de 3ª geração + Macrolídeo ou Ampicilina-Sulbactam + Macrolídeo ou Cefalosporina de 3ª geração + Quinolona respiratória por 7-14 dias Em pacientes em que há suspeita de patógenos multirresistentes, ou que apresentam critérios para suspeita de outros patógenos, avaliar antibiótico específico. Vacina anti-influenza e antipneumocócica A imunização contra a gripe e contra a pneumonia pneumocócica é uma boa forma de prevenção, porque reduz a incidência de formas graves, a intensidade dos sintomas, a necessidade de hospitalização e a taxa de mortalidade da PAC. P5 - pneumonia adquirida na comunidade 14 Algumas das populações prioritárias para a vacinação são: adultos com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças crônicas, indivíduos em situação de imunossupressão, gestantes, residentes em lares de idosos, profissionais da saúde, cuidadores de crianças, indígenas, população carcerária, tabagistas e portadores de asma Agravos de PAC Choque séptico Costuma complicar a pneumonia adquirida na comunidade (PAC) grave. Os pacientes apresentam febre, leucocitose, taquipneia e taquicardia. Pode evoluir rapidamente para insuficiência de múltiplos órgãos e choque. Geralmente é fatal, e a sobrevida depende de um alto índice de suspeita, reconhecimento precoce e intervenção imediata. A prevalência de sepse em pacientes com idade muito avançada (≥80 anos) com PAC foi de 71% Os fatores de risco incluíram: sexo masculino,doença renal crônica e diabetes mellitus. A antibioticoterapia antes da internação foi associada a um risco mais baixo de sepse. As taxas de mortalidade no hospital e após 1 ano foram mais altas nesses pacientes, quando desenvolveram sepse. Síndrome do desconforto respiratório agudo A pneumonia pode ser complicada pela SDRA, que é uma condição de edema pulmonar não cardiogênico e inflamação pulmonar grave. Relatada em 2% dos pacientes com PAC hospitalizados e 13% dos pacientes com PAC internados na unidade de terapia intensiva. Ocorre em 29% dos pacientes com PAC ventilados mecanicamente, com mortalidade de 25% em 30 dias. Associada a uma mortalidade de 30% a 50%, e é tratada com ventilação mecânica com pressão de platô limitada e baixo volume corrente Insuficiência cardíaca A incidência de insuficiência cardíaca em um estudo de pacientes hospitalizados com PAC foi de 14.1%. Há poucas informações sobre os fatores de risco para a ocorrência de complicações cardíacas em P5 - pneumonia adquirida na comunidade 15 pacientes com PAC. Idade avançada, insuficiência cardíaca congestiva preexistente, gravidade da PAC e uso de insulina com base em escalas móveis de glicose em pacientes hospitalizados são possíveis fatores de risco. Em pacientes com doença cardiovascular conhecida, o uso de vacina pneumocócica e contra a gripe (influenza) pode reduzir os índices de morbidade e mortalidade. Síndrome coronariana aguda Arritmia cardíaca Pneumonia necrosante Considerada uma complicação rara da PAC em adultos. Associada a patógenos como Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, espécies de Nocardia, Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae. Tabagismo, alcoolismo, idade avançada, diabetes mellitus, doenças pulmonares crônicas ou doença hepática são fatores de risco associados à pneumonia necrosante. Derrame pleural Cerca de 1% a 2% dos casos de PAC com derrame pleural são complicados por empiema. Abcesso pulmonar Uma complicação rara, que frequentemente requer antibioticoterapia prolongada e, em alguns casos, drenagem cirúrgica. referência Pneumonia adquirida na comunidade. Complicações. BMJ Best Practice. Disponível em: <https://bestpractice.bmj.com/topics/pt- br/17/complications#:~:text=�choque séptico&text=Costuma complicar a pneumonia adquirida,de múltiplos órgãos e choque.>. https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/17/complications#:~:text=%EE%97%8Fchoque%20s%C3%A9ptico&text=Costuma%20complicar%20a%20pneumonia%20adquirida,de%20m%C3%BAltiplos%20%C3%B3rg%C3%A3os%20e%20choque
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