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Oftalmopediatria ________________________________________________________________ Introdução a oftalmopediatria: - A oftalmopediatria inclui: • Exame oftalmológico (é sempre um desafio, mas pode ser realizado em crianças de todas as idades) • Erros refrativos • Estrabismo • Lucocorias (“pupila branca”) • Glaucoma congênito • Obstrução das vias lacrimais • Conjuntivites neonatais - O exame oftalmológico em crianças depende da: • Idade da criança • Comportamento da criança • Limitações propedêuticas ________________________________________________________________ Avaliação da acuidade visual em crianças pré-verbais: - Em crianças que ainda não falam não é possível determinar a acuidade visual pelos exames normalmente realizados em adultos - Opções em crianças: • Reflexo de piscar induzido pela ameaça • Tipo de fixação (avaliar se a criança acompanha o movimento de algum objeto) • Reação à oclusão do olho (ocluir um olho e observar a reação da criança) • Teste de olhar preferencial (Cartões de Teller) — um dos testes mais utilizados! • Potencial evocado visual ________________________________________________________________ Alinhamento Ocular: - Na infância é muito comum ocorrer desvios oculares - Principais desvios oculares: • Ortotropia: olhos sem desvio • Exotropia/Estrabismo divergente: olho desviado para fora (temporalmente) • Esotropia/Estrabismo convergente: olho desviado para dentro (nasalmente) • Hipertropia: olho desviado para cima • Hipotropia: olho desviado para baixo Cartões de Teller ________________________________________________________________ Refração: - Existem várias formas para avaliar erros de refração em crianças: • Réguas para esquiascopia: cada “bolinha” é uma lente de grau diferente. Avalia-se o reflexo no grau da criança • Refrator automático portátil próprio para crianças - Esses exames devem ser realizados sempre sob cicloplegia ________________________________________________________________ Biomicroscopia: - Avalia o segmento anterior do olho - Pode-se utilizar lâmpada de fenda portátil (em crianças pré-verbais ou que não colaboram) ou fixa (em crianças que já colaboram) ________________________________________________________________ Oftalmoscopia: - Necessita de meios transparentes ou com pouca turvação - Pode ser realizada por: • Oftalmoscopia direta: • Avalia polo posterior (nervo óptico e mácula) • Oftalmoscopia indireta: • Avalia polo posterior e periferia • Necessita de midríase (diluir colírios de dilatação em crianças pequenas) - Realizar sempre em crianças na primeira consulta ________________________________________________________________ Erros refrativos na Infância: - Envolvem a Miopia, hipermetropia, astigmatismo - Ambliopia: • É a diminuição da acuidade visual • Ocorre devido a privação de estímulos nervosos ou diminuição de sinapses no corpo geniculado lateral durante período critico do desenvolvimento • É irreversível após os 7 meses de idade • Cursa sem alterações orgânicas detectáveis em exames • Causada por: • Estrabismo • Erros de refração • Privação (ex: opacidade corneana, catarata congênita, etc) • Tratamento: • Correção das causas (estrabismo, catarata, etc) • Tampão (ocluir o olho bom, forçando o cérebro a enxergar com o “olho ruim”) - Anisometropia: • Erro refrativo diferente entre os olho • Aumenta o risco de ambliopia (o cérebro escolhe um olho dominante) - Correção com óculos ou lentes corretivas: • Sempre avaliar o grau sob ciclopegia • As vezes tem que tampar o “olho bom” para diminuir o risco de ambliopia - Prognóstico visual depende da: • Idade • Duração da privação visual • Correção óptica precoce • Associação com estrabismo ________________________________________________________________ Estrabismo: - É a perda do paralelismo ocular ocasionando desvio ocular - Tipos: • Motor (disfunção muscular) • Acomodativo (defeito visual, geralmente hipermetropia) • Misto - Pode ainda, ser adquirido ou congênito - A principal manifestação do estrabismo é a diplopia! - Exame ortóptico: avalia a motilidade ocular (ducções, versões, vergências) e medida do desvio em todas as posições do olhar - O desvio pode ser medido por: • Teste de Hirshberg: Reflexo de luz na córnea, avalia o estrabismo manifesto • Teste de krimsky: Mais preciso, utiliza lentes prismáticas de diferentes graus na frente de um dos olhos. Permite avaliar o tipo e o grau de desvio. • Teste de oclusão alternada: avalia foria + tropia. Utiliza lentes prismáticas - Pseudoestrabismo / Pseudoesotropia: • Crianças que parecem estrábicas mas não são • Muitas vezes essa impressão ocorre por uma diferente conformação de órbita, nariz e face da criança • No entanto, o reflexo pupilar é bem simétrico - Esotropia / Estrabismo Convergente: • É o desvio nasal do olho • Pode ser: • Congênito (infantil): • Aparece até os 6 meses • Tratamento geralmente é cirúrgico até os 2 anos de idade • Geralmente não está associada a erros refrativos significativo • Associação com estrabismo vertical • Acomodativo: • Tratamento normalmente apenas com óculos • Associado com hipermetropia • Idade de aparecimento mais comum: entre os 2 e 3 anos • Parcialmente acomodativo (misto): • Tratamento: cirurgia + óculos • Motor: • Não há associação com erros refrativos • Tratamento cirúrgico • Paralisia do VI par craniano: • Etiologia vascular ou TCE • Tratamento cirúrgico ou com toxina botulínica • Tratamento cirúrgico: é realizado o recuo do músculo reto medial ou a ressecção do músculo reto lateral - Exotropia / Estrabismo Divergente: • Menos comum que a esotropia • Causas: • Perda de visão de um olho • Paralisia do III par craniano (exotropia paralítica) • Tratamento: • Recuo do músculo reto lateral • Ressecção do músculo reto medial - Estrabismo Vertical: • Pode ser Hipotropia ou Hipertropia • Causado por paralisia do IV par craniano • É raro e bem menos frequente que os os estrabismo horizontais ________________________________________________________________ Leucocorias: - “Pupila branca” - Verificada como perda do reflexo vermelho do olho no Teste do Olhinho - Principais causas: Retinoblastoma e Catarata congênita - Teste do olhinho ajuda a diagnosticar precocemente (não precisa ser feito por oftalmologista) - Retinoblastoma: • Tumor maligno primário de células fotorreceptoras • É o tumor maligno intraocular mais frequente na criança • É tratável no início • No entanto, se tiver metástase tem 100% de mortalidade • Não tem relação genética na maioria dos casos • Se for bilateral investigar casos hereditários • Pode ser possível visualizar no fundo do olho, US e TC • A ecografia é o principal exame (imagens típicas de calcificação) • A leucocoria normalmente é a primeira manifestação • Estrabismo pode ocorrer • Tratamento com radioterapia localizada (braquiterapia) em estágios iniciais. Em estágios avançados é necessário retirar o globo ocular. - Catarata Congênita: • Pode afetar desde o nascimento até os primeiros dias de vida • Pode ser uni ou bipolar, total ou parcial • O tratamento precoce é essencial (no máximo até o 4º mês de vida) para evitar a ambliopia de privação ________________________________________________________________ Retinopatia da Prematuridade: - É a malformação de vasos da retina em prematuros - Ocorre principalmente pelas altas taxas de oxigênio na incubadora da UTI Neonatal - Pode causar cegueira em casos severos - Fatores de risco: • Prematuros com menos de 32 semanas de gestação • Menos de 1500g de peso ao nascimento • Oxigênioterapia (dose e tempo dependente) ________________________________________________________________ Glaucoma Congênito: - Doença bastante grave - Malformação do ângulo irido-corneano que impede a drenagem do humor aquoso, causandoaumento da pressão intraocular - Causa danos irreversíveis (lesão de córnea e nervo óptico) - Início até 2 anos de vida - 75% são bilateral - Tratamento o mais precoce possível - Na maioria das vezes o tratamento é cirúrgico - Mesmo com o tratamento, a evolução não é favorável ________________________________________________________________ Obstrução congênita das vias lacrimais: - É a patologia lacrimal mais comum na criança - Mais frequentemente é unilateral (80 a 90%) - Resolução espontânea na maioria dos casos - Intervenção necessária apenas quando ocorrem sintomas mais graves, como conjuntivite de repetição - Exames complementares: • Observação da fluoresceína nasal • Dacriocistografia (RX) ________________________________________________________________ Conjuntivite Neonatal: Conjuntivite Neonatal causada pela Neisseria Gonorrhoeae (Gonococo): - Início entre o 2º e 5º dia - Se não tratada faz úlcera e perfuração da córnea (gonococo possui capacidade de penetrar na córnea íntegra) - Diagnóstico é clínico - Tratamento: sistêmico ou ocular - Profilaxia: Método de Credé (Nitrato de Prata) ou Método substitutivo (pomada oftalmológica com Eritromicina ou tetraciclina) Conjuntivite Neonatal causada pela Chlamydia Trachomatis: - Início entre o 5º e 14º dia - Pode estar associada a pneumonia - Pode causar simbléfaro (conjuntiva tarsal aderida à conjuntiva bulbar) e cegueira devido à cicatrização conjuntival (tracoma) - Tratar os pais (infecção da criança indica infecção dos pais)
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