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PRINCIPAIS DOENÇAS OFTALMOLÓGICAS Presbiopia É um defeito do mecanismo de acomodação do cristalino que se inicia após os 40 até os 60 anos. Com o avançar da idade, o cristalino sofre mudanças degenerativas, tornando-o menos complacente e, portanto, mais difícil de “acomodar”, ou seja, aumentar a sua dioptria. Um adulto jovem, em torno dos 20 anos de idade, uma vez corrigindo outros distúrbios refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), é capaz de focar um objeto próximo a uma distância de aproximadamente 9 cm de seus olhos (chamado ponto próximo). Para um ponto próximo de 9 cm, o cristalino precisa aumentar o poder refrativo ocular em 11 dioptrias (ou seja, em vez do sistema de lentes ocular ter 60 dioptrias, passa a ter 60 + 11 = 71 dioptrias...). Esta é a amplitude de acomodação (AA) do olho humano, que é máxima nos jovens mas começa a se reduzir paulatinamente com a idade. AA = 15 - 0,25 x Idade. Este fenômeno pode estar associado a astenopia (fadiga, desconforto ocular e cefaleia desencadeada pela leitura).Os sintomas normalmente se agravam pela manhã e são bilaterais e simétrico. Os sintomas iniciam-se quando a amplitude de acomodação é limitada a menos de 5 diotropias. !!! Atenção: a presbiopia ocorre precocemente nos indivíduos com hipermetropia e tardiamente (ou não ocorre) nos indivíduos com miopia. - Diagnóstico O quadro clínico é clássico: dificuldade de ver de perto após 40-50 anos. O oftalmologista deve fazer a medida de amplitude da acomodação do paciente, para estabelecer o grau de presbiopia. Deve ser testado um olho de cada vez é calculado a sua amplitude de acomodação, em dioptrias. Os olhos do paciente devem estar emétropes (corrigido qualquer distúrbio refrativo atual, com óculos ou lente de contato). Há métodos de calcular isso: 1- Medida do ponto próximo: aproxima-se a tabela de perto ao olho do paciente até ficar embaçado e mede-se o ponto em metros. Ex.: Se o ponto próximo for de 0,5m (50cm), a amplitude de acomodação será de 1/0,5 = 2 dioptrias (2D). 2- Régua de Prince: usa uma lente + 3D para reduzir o ponto próximo e calcula com essa régua já em diotropias. Ex.: A media da régua de Prince foi de 5D; logo, a amplitude de acomodação do olho testado é de 5 - 3 = 2,00D 3- Método das lentes esféricas negativas: são aplicadas sucessivas lentes negativas (divergentes) até a visão ficar embaçada. A soma das dioptrias das lentes negativas aplicadas é a amplitude de acomodação. - Tratamento É feito com a prescrição de lentes positivas (convergentes) que garantem uma amplitude de acomodação suficiente para permitir a nitidez da leitura ou quaisquer atividades que necessitem a visão de perto. Para que não prejudique a visão para longe enquanto usa óculos para ler, estes devem ser bifocais ou multifocais. Distúrbios de refração EMETROPIA: a ausência de distúrbio de refração, sendo definido quando objetos à distância, que emitem raios paralelos (teoricamente no infinito) são focalizados no plano retiniano, sem nenhum auxílio da acomodação. AMETROPIA (anisotropia): refere-se a presença de algum distúrbio de refração. ● Medida do erro de refração O erro de refração é medido em dioptrias (“graus”). A medida significa quantas dioptrias, positivas ou negativas, são necessárias para corrigir a nitidez da visão. E PQ USAR COLÍRIO ANTES? pois antes de se utilizar um método para medir o erro de refração, é fundamental anular o efeito da acomodação do cristalino. Aí usamos o colírio cicloplégico. Para cálculo haverá método objetivo e subjetivo: - Objetivos Retinoscopia: reflexão de um feixe de luz pela retina, observado como um “reflexo vermelho” na pupila do paciente. Com este sentado e olhando para frente, o examinador se posiciona numa distância correspondente ao alcance do seu braço (“distância de trabalho”). O retinoscópio emite um feixe luminoso em faixa, enquanto é observado o “reflexo vermelho” na pupila do paciente. Na miopia, por exemplo, o reflexo movimenta-se contrariamente ao feixe luminoso; na hipermetropia, o movimento acompanha o feixe luminoso; enquanto que no astigmatismo, o eixo do reflexo se dissocia do feixe luminoso. Em seguida, o examinador repete o teste após usar sucessivas lentes de 0,25D na frente do olho examinado. Assim, determina-se quantas e quais lentes são usadas até o reflexo vermelho preencher toda pupila. AUTORREFRATOR: são aparelhos eletrônicos capazes de identificar a medida do erro de refração automaticamente. Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina Em crianças de até 6 anos de idade e em pacientes com retardo mental, o erro de refração é obtido apenas pelos métodos objetivos. No entanto, em indivíduos capazes de dizer se estão ou não enxergando com nitidez, os métodos objetivos devem ser complementados pelo método subjetivo, utilizando-se o refrator de Greens. - Subjetivos O paciente olha com um de seus olhos para um objeto fixo distando cerca de 6 m (pode ser o “E” maior da carta de Snellen...). O examinador pergunta se o paciente está enxergando com nitidez após tentar diversas lentes, mudando 0,25D por vez. A prescrição de óculos ou lente de contato será de acordo com o erro de refração determinado por este exame. ● Hipermetropia Objetos são focalizados atrás da retina pois os olhos são mais curtos, ou seja: o eixo longitudinal do globo é pequeno em relação ao poder refrativo do olho. Pelo menos 80% das crianças nascem hipermétropes leves (geralmente entre +2,00- +3,00D), pois o eixo longitudinal do globo ocular é proporcionalmente curto (hipermetropia fisiológica). À medida que cresce, o globo ocular alonga e entre 5-12 anos fica emétrope novamente. - Sinais e sintomas Dificuldade de enxergar de perto, fadiga, dor ocular, cefaléia, lacrimejamento e hiperemia conjuntival quando forçam enxergar de perto. Pacientes hipermétropes apresentam presbiopia precoce!!!! Outros achados são: esotropia (forte estímulo para o reflexo de acomodação), fundoscopia com papila óptica hiperêmica e bordos apagados (pseudoneurite óptica) e vasos retinianos tortuosos. Pode haver blefaroconjuntivite pelo esforço da acomodação. - Diagnóstico Deve ser feita a correção da “distância de trabalho” (tolerância acomodativa) antes de determinar o grau. É como se tivéssemos sempre que acrescentar uma lente negativa para fazer a correção da “distância de trabalho” . A correção é feita pelo cálculo 1/distância (dada em metros).. Por exemplo: se a “distância de trabalho” for de 50 cm (0,5 m), a correção será de 1/0,5 = -2,00D. LOGO: se der 4D precisamos reduzir 2D e assim o grau será de 2D. 1. Leve: até +3,00D 2. Moderada: +3,00D a +5,00D 3. Grave: > +5,00D. - Tratamento Lente convexa (convergente, positiva). A cirurgia refrativa é uma opção para os pacientes com mais de 18 anos de idade, hipermetropia inferior a +6,00D e erro de refração estável por pelo menos 1 ano. ● Miopia Objetos distantes, que emitem raios paralelos, são focalizados à frente do plano retiniano. O globo ocular tem o eixo horizontal mais alongado, a imagem é formada ANTES da retina. A miopia geralmente desenvolve-se entre 8-14 anos, podendo progredir até os 20-25 anos de idade, geralmente não passando de -5,00D. - Sinais e sintomas Dificuldade de visão para longe. O chamado ‘ponto remoto’ é a distância além da qual a visão fica desfocada na miopia, sendo o inverso do grau de miopia: PR = 1/M, sendo PR = ponto remoto, em metros, M = grau de miopia, em dioptrias. Por exemplo, se o paciente possui um grau de miopia de -4,00D, o ponto remoto será 1/4 = 0,25 m = 25 cm. Suspeita clínica quando a criança aproxima demais o quadro para ler e não enxerga o quadro. O blefaroespasmo (contração do músculo palpebral) é um achado frequente. A miopia patológica (miopia degenerativa) é uma condição de miopia de alto grau (acima de -6,00D), entre 30-40 anos, associada a um globo ocular extremamente alongado (> 26 mm). Este tipo raro de miopia cursa com o fenômeno da neovascularização coroideana. A miopia é classificada em: 1. Leve: até -3,00D 2. Moderada: -3,00 a -6,00D 3. Grave: > -6,00D- Tratamento Lente côncava (divergente, negativa). A cirurgia refrativa é uma excelente opção para os pacientes com mais de 18 anos de idade, miopia entre -0,50D a -12,00D e erro de refração estável por pelo menos 1 ano. ● Astigmatismo Problema da córnea que em vez de estar esférica fica elíptica. Assim, quando os raios luminosos incidem sobre a Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina córnea astigmata, são convergidos em pelo menos dois focos diferentes no globo ocular. A diferença de dioptrias entre os meridiano contrapostos é a medida do grau de astigmatismo. O astigmatismo pode ser (1) negativo (“astigmatismo míope”), quando o meridiano com o maior erro for mais convexo que o contraposto, necessitando de lentes cilíndricas negativas (côncavas) para a sua correção, ou pode ser (2) positivo (“astigmatismo hipermétrope”), quando o meridiano com o maior erro for mais côncavo que o contraposto, necessitando de lentes cilíndricas positivas (convexas) para ser corrigido. O astigmatismo possui predisposição genética e pode se desenvolver na criança ou no adulto. É muito comum ocorrer junto com hipermetropia ou miopia, que terão que ser corrigidos juntamente com a correção do erro astigmata. O astigmatismo extremo (> 5,00D) ou rapidamente progressivo está frequentemente associado a outras doenças da córnea, como a ceratocone. - Sinais e sintomas O paciente apresenta dificuldade tanto para visão de longe quanto para a visão de perto. O distúrbio visual clássico é o borramento da imagem. - Diagnóstico O teste subjetivo já pode revelar a presença do astigmatismo. É só pedir para o paciente observar um leque ou relógio astigmata. A medida do astigmatismo deve ser obtida por métodos objetivos (retinoscópio ou autorrefrator) e subjetivos (refrator de Greens). Antes, um colírio cicloplégico deve ser aplicado. - Leve: até 1,50D - Moderada: 1,500 a 5,00D - Grave: > 5,00D - Tratamento Todo astigmatismo que provoca borramento visual (grau > 0,75D) deve ser corrigido. A correção é feita com óculos ou lentes de contato. Utiliza-se uma lente cilíndrica, com eixo perpendicular ao meridiano mais astigmata. Pterígio O pterígio é um crescimento subepitelial fibrovascular triangular do tecido degenerativo da conjuntiva bulbar sobre o limbo e a córnea. Tipicamente, desenvolve-se em pacientes que vivem em climas quentes e pode representar resposta à exposição ultravioleta e, possivelmente, a outros fatores como superfície cronicamente seca. O pterígio é histologicamente similar à pinguécula e mostra alterações degenerativas no colágeno estromal subepitelial vascularizado. ● Achados clínicos Lesões muito pequenas não assintomáticas Irritação e sensação de areia devido a interferência com o filme lacrimal pré-corneano Interferência na visão pelo eixo visual obscurecido ou até mesmo indução de astigmatismo Inflamação ● Tipos 1. Se estende menos de 2mm sobre a córnea - podemos observar um depósito de ferro (linha de Stocker no epitélio corneano anterior a cabeça avançada do pterígio 2. Envolve até 4mm e pode ser primário ou pós cirúrgico 3. Invade mais de 3mm 4. Pseudopterígio: causado por uma faixa de conjuntiva aderida a uma área comprometida da córnea. Decorrente de um episódio inflamatório agudo como um trauma. ● Tratamento O tratamento definitivo é a remoção cirúrgica para casos que progridem com perda de campo visual e naqueles em que ocorra incômodo com a estética e a irritação ocular. Hoje em dia colocamos uma conjuntiva (transplante de conjuntiva) para que não haja recidiva. Para os casos mais brandos, apenas tratamentos sintomáticos com colírios lubrificantes ou AINES podem ser suficientes. O paciente deve ser aconselhado a usar óculos de sol para reduzir a exposição à luz UV. Blefarite Pode ser anterior ou posterior. ● Blefarite anterior crônica É uma inflamação da borda palpebral. Há dois tipos principais: estafilocócica e seborréica; podendo também ser mista. A estafilocócica é habitualmente ulcerativa, e a blefarite seborréica está associada à presença de Pitysporidium ovale, e ocorre concomitantemente à seborréia de couro cabeludo e supercílios. Os principais sintomas são: irritação, ardor e prurido nas bordas da pálpebra. Pode haver ainda fotofobia, vermelhidão nas margens que exacerba pela manhã. ESFAFILO: crostas duras, conjuntivite papilar leve e hiperemia conjuntival - pode gerar síndrome do olho seco. SEBORREIA: margens hiperemiadas, gordurosas e cílios grudados. Crostas moles. Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina São notadas “escamas” nos cílios e na borda palpebral, que podem se complicar com conjuntivite e ceratite superficial. O tratamento consiste basicamente na limpeza da borda palpebral com xampu neutro, além do couro cabeludo e supercílios. As caspas devem ser removidas da borda palpebral diariamente com cotonete umedecido com água. Pode-se usar compressa morna para amolecer as crostas. A blefarite estafilocócica deve ser tratada com pomada antibiótica associada a corticosteróide para diminuir a inflamação local. Há quem recomende o uso de tetraciclina oral durante períodos de 30 a 40 dias para alterar as propriedades graxas da secreção glandular, diminuindo assim as condições para a infecção local. Azitromicina oral (500mg ao dia por 3 dias) pode ser útil para controlar a doença ulcerativa da margem palpebral. ● Blefarite posterior crônica Disfunção da glândula meibomiana. Lipases bacterianas podem resultar na formação de ácidos graxos livres, aumentando o ponto de fusão do meibo e impedindo a sua expressão pelas glândulas, o que contribui para a irritação da superfície ocular e possivelmente permite o crescimento de S. aureus. Pode gerar: secreção excessiva da glândula que se manifesta com gotículas de óleo, alongamento ou obstrução dos orifícios da glândula. Tratamento: higiene, • Massagem na direção da borda da margem palpebral para drenagem de meibo e tetraciclinas (bloqueiam a produção de lipase estafilocócica). A terapia tópica envolve antibióticos, esteróides e lágrimas artificiais para olho seco evaporativo. Hordéolo → É a infecção estafilocócica das glândulas PALPEBRAIS. O paciente vai apresentar dor, eritema, calor e edema na área afetada (glândulas palpebrais). A inflamação logo se localiza, formando um pequeno abscesso que se abre como um ponto de pus ou foliculite ciliar. A dor e a formação de pus diferenciam o hordéolo de um calázio. → É um processo mais agudo. Pode ser: - Externo: acomete as glândulas de Zeis e Moll, e é chamado de terçol. É menor, superficial. - Interno: acomete as glândulas de Meibomius, é maior e pode evoluir para uma celulite da pálpebra toda. TRATAMENTO: Na maioria dos casos, o tratamento é conservador, com involução espontânea em até 5-7 dias. É feito uso de compressas quentes, várias vezes ao dia, seguidas de aplicação de pomadas ou colírios antibióticos (sulfacetamida, gentamicina, cloranfenicol). Quando houver “flutuação”, pode ser puncionado com drenagem do material purulento com uso de atb sistêmico. calázio → É uma inflamação granulomatosa estéril das glândulas de Meibomius de causa desconhecida. Ocorre nas PÁLPEBRAS. A!! O calázio e o hordéolo às vezes dividem o mesmo tópico em algumas fontes pq no início eles podem se confundir muito. A!! Enquanto o Hordéolo é uma INFECÇÃO por estaficlococos, o Calázio é uma INFLAMAÇÃO ESTÉRIL. Ou seja: a principal diferença entre os dois é que uma envolve patógenos e a outra não! → É um processo mais crônico que o hordéolo. Nesse caso, quando a pálpebra é evertida, a conjuntiva subjacente se mostra avermelhada, elevada e muitas vezes com presença de granuloma piogênico associado. Pode demorar meses para ser reabsorvido. Ocorre inflamação por conta do entupimento do orifício de drenagem da glândula, levando ao extravasamento de lipídios para o tecido ao redor que causa reação inflamatória crônica contendo células epitelióides e linfócitos. PS: rosácea e blefarite crônica são fatores de risco. Pode evoluir para formação de um nódulo de tonalidade amarelada. Sefor de grandes dimensões pode afetar a córnea e causar astigmatismo. TRATAMENTO: os calázios pequenos podem ser apenas observados, pela possibilidade de involução espontânea ou com a aplicação de compressas quentes 4x/dia. A aplicação intra-lesional de corticosteróide de depósito (triancinolona) pode dar bons resultados. Como último recurso, existe a cirurgia que consiste na exérese e curetagem do calázio. A!! Calázios recorrentes podem ser indício de carcinoma sebáceo, portanto, em caso de recorrências, deve-se pedir exame anatomopatológico do tecido para afastar a hipótese de malignidade. catarata A catarata é uma patologia degenerativa que acomete o CRISTALINO, causando perda da sua transparência. Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina A!! É a principal causa mundial de cegueira, porém reversível, responsável por 50% dos casos de incapacidade visual. Idosos têm maior chance de desenvolvê-la, e a maioria das pessoas acometidas está acima dos 50 anos. Isso significa que, com o aumento da expectativa de vida, mais indivíduos desenvolverão a doença, e o número de casos de cegueira aumentará. A perda visual, nesse caso, é progressiva, podendo levar semanas ou anos, e não existem outros sintomas relacionados diretamente. ● ETIOLOGIA O cristalino aumenta em volume e tamanho ao longo da vida desde o nascimento, além de mudar sua coloração naturalmente para amarelado e próximo ao marrom com o envelhecimento. Logo, a catarata senil é a causa mais comum. Mas existem muitas outras causas, que podem ser de origem traumática, metabólica, tóxicas e secundárias (como uma distrofia que vai provocar uma catarata). ● CLASSIFICAÇÃO Tem como finalidade definir seu tipo e sua diversidade. A opacidade pode ser classificada morfologicamente em 3 tipos: - subcapsular posterior - nuclear - cortical O sistema de classificação mais aceito é o de opacidades do cristalino III, que usa 6 padrões de cor para opacidade nuclear e 5 graus de opacidades cortical e subcapsular. O número indica a severidade de cada tipo de catarata conforme abaixo: ● FATORES DE RISCO Tabagismo, alcoolismo, radiação ultravioleta, oxidação e corticoterapia constituem os principais fatores de risco para catarata. ● DIAGNÓSTICO/EXAMES No exame clínico específico devem ser avaliados: - Medida da acuidade visual para longe e perto: para mensuração do prejuízo visual induzido pela catarata e para a indicação cirúrgica. - Determinação da acuidade visual máxima do paciente com a melhor correção óptica. - Medida da acuidade visual funcional é, às vezes, necessária. Inclui a avaliação da sensibilidade ao contraste e do ofuscamento e permite uma melhor quantificação do prejuízo visual induzido pela catarata. - Reflexos pupilares: devem estar preservados. - Avaliação biomicroscópica em lâmpada de fenda: determina extensão, densidade, tipo e localização da catarata. - Oftalmoscopia indireta: avalia as demais estruturas intra-oculares para determinação da real causa do prejuízo visual. - Ultra-sonografia ocular pode ser necessária para avaliação do fundo de olho nos casos de catarata muito densa. - Biometria ultra-sônica: necessária para mensuração da lente intra-ocular a ser implantada na cirurgia. - Microscopia especular de córnea: em casos suspeitos de comprometimento endotelial, avalia qualitativa e quantitativamente essa camada da córnea. ● TRATAMENTO O tratamento da catarata é exclusivamente cirúrgico, indicado quando a diminuição da visão prejudica a qualidade de vida. É justamente porque esse tratamento tem grande taxa de sucesso que essa cegueira é considerada reversível! A cirurgia de catarata consiste na remoção do cristalino opaco, substituído por uma lente intraocular, visando à melhora da qualidade visual. Na atualidade, existem 2 técnicas de cirurgia: 1. Extração extracapsular da catarata: extração do cristalino inteiro por incisão corneoescleral e capsulotomia (abertura do saco capsular), deixando uma parte suficiente do saco capsular para a implantação da lente intraocular. Alguns pontos de sutura são necessários para o fechamento da incisão. 2. Facoemulsificação: essa técnica requer tecnologia avançada, tanto nos equipamentos quanto nos insumos, e apresenta constante evolução. Esta técnica cirúrgica usa incisões bem menores e, na maioria das vezes, dispensa pontos de sutura. Após a abertura do saco capsular, fragmenta-se e aspira-se o cristalino de dentro do saco, utilizando instrumentos cirúrgicos apropriados e a caneta de facoemulsificação, que emite vibrações ultrassônicas. Após a limpeza do saco, introduz-se a lente intraocular. Com os avanços tecnológicos, alguns passos da facoemulsificação podem ser realizados pelo laser de fentossegundo, ainda com benefícios relativos. ……….…..ENVELHECIMENTO DO CRISTALINO………..... As alterações mais comuns do cristalino são aquelas relacionadas à senilidade, UMA DELAS É A CATARATA. O cristalino humano possui capacidade de acomodação varia com a idade. Crianças apresentam grande poder de acomodação; com a idade, esse poder diminui, sendo que, aproximadamente aos 40 anos, a redução da capacidade de acomodação torna-se perceptível, acarretando a presbiopia: dificuldade de focalizar para perto. Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina Assim, por volta dos 40 anos, os óculos de leitura passam a ser necessários para uma visão nítida para perto. O cristalino é um órgão que possui metabolismo ativo, exceto na porção central (núcleo). Para conservação da transparência do cristalino é essencial que sua atividade metabólica seja mantida. Com o envelhecimento, observa-se deterioração ultra-estrutural nesse órgão, além de várias alterações bioquímicas que reduzem a transparência da lente. Isso pode ocorrer em uma ou mais camadas e, quando afeta a acuidade visual, há a presença de catarata. Retinopatia diabética A Retinopatia Diabética (RD) altera, primeiramente, os capilares, as arteríolas pré-capilares e as vênulas pós-capilares. Com a evolução da doença, os vasos de maior calibre também são acometidos. ● CLASSIFICAÇÃO: A retinopatia diabética pode ser classificada como PROLIFERATIVA e NÃO PROLIFERATIVA. → Não Proliferativa: ausência de neovasos. (também conhecida como retinopatia de fundo). Divide-se em: ● Muito leve: poucos microaneurismas. ● Leve: presença de microaneurismas e/ou hemorragias intra retinianas leves em menos de 4 quadrantes do olho. ● Moderada: microaneurismas e/ou hemorragias intrarretinianas leves nos 4 quadrantes ou severas em menos de 4 quadrantes. ● Avançada: usa-se a “regra do 4-2-1” , em que há microaneurismas e/ou hemorragias intrarretinianas avançadas nos 4 quadrantes, “ensalsichamento” venoso em 2 quadrantes ou anormalidades microvasculares intrarretinianas em 1 quadrante. ● Muito avançada: observam-se 2 ou mais características da RD não proliferativa avançada. → Proliferativa: presença de neovasos retinianos ou de disco óptico. Esse tipo é o tipo mais avançado de retinopatia diabética. Pode-se subdividir em precoce, de alto risco ou avançada, dependendo da severidade das alterações supracitadas. ● ALTERAÇÕES: A primeira alteração vascular é a formação do microaneurisma, o qual leva à transudação de plasma, formando o edema retiniano e os exsudatos duros (lesões amarelas céreas). Os microaneurismas podem evoluir, também, para micro-hemorragias intrarretinianas. As manchas ou exsudatos algodonosos são enfartamentos da camada de fibras nervosas decorrentes das oclusões de arteríolas pré-capilares. Anormalidades microvasculares intrarretinianas (IRMAs ou AMIRs) representam derivações –shunts– que fluem das arteríolas para as vênulas. A!! O diabetes mellitus tipo 1 ou tipo 2 quando descontrolado, causa, entre outras alterações, distúrbios vasculares em todo o organismo, incluindo os vasos da retina. A!! Como é possível avaliar visualmente de forma não invasiva as alterações vasculares na retina, clínicos e endocrinologistas solicitam o mapeamento da retina para avaliar a progressão das alterações provenientes do diabetes. ● CLÍNICA:No início o paciente não tem sintomas. A baixa visual pode ser progressiva ou súbita. - Progressiva: vai ocorrer a partir do aparecimento do edema macular diabético, micro-hemorragias e exsudatos maculares, iniciando com manchas e espalhando pela visão central; - Súbita: por hemorragia vítrea, dá-se devido à RD proliferativa. ● DIAGNÓSTICO: Exame oftalmológico com mapeamento de retina, angiofluoresceinografia e OCT auxiliam no diagnóstico e no seguimento. ● TRATAMENTO: Primeiro de tudo é incentivar um controle glicêmico rigoroso (permite um prognóstico melhor). O tratamento padrão da RD é a fotocoagulação a laser, Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina indicada nos casos de RD não proliferativa muito grave e de RD proliferativa com edema macular clinicamente significativo. Também mostram benefícios os agentes antiangiogênicos (anti-VEGF). ● COMPLICAÇÕES: Na RD proliferativa, podem ocorrer hemorragia vítrea, fibrose vitreorretiniana –que predispõe ao DR tradicional– membranas opacas retinianas e neovascularização da íris –que pode causar o glaucoma neovascular. Retinopatia hipertensa A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) provoca alterações arteriais em todo o organismo, inclusive nas arteríolas da retina. A visibilização direta desses vasos, no exame de mapeamento de retina, serve para avaliar o grau da retinopatia hipertensiva e oferecer informações da HAS aos clínicos, cardiologistas e nefrologistas. Existem dois tipos: 1- retinopatia hipertensiva crônica (tipo mais comum): associada à hipertensão crônica assintomática. ACHADO CLÁSSICO: cruzamento arteriovenoso patológico. Esse achado é observado na oftalmoscopia e sendo considerado confirmatório para o diagnóstico. 2- retinopatia hipertensiva maligna: associada a uma entidade chamada hipertensão acelerada maligna, uma síndrome mais comum em indivíduos de meia-idade (40-50 anos) e que responde por 1% dos hipertensos. Essa segundo está associada à nefroesclerose hipertensiva maligna e alto risco para encefalopatia hipertensiva e edema agudo de pulmão. A!! Ao contrário da retinopatia hipertensiva crônica, a retinopatia hipertensiva maligna pode causar sintomas visuais, como cefaléia, escotomas, fotopsia, metamorfopsia e borramento visual. ● ALTERAÇÕES: A primeira alteração na retinopatia hipertensiva é a vasoconstrição. Na fase aguda, o sinal é focal; com a cronicidade, este se torna difuso. Vamos observar estreitamento e tortuosidade arteriolar e dilatações venosas focais adjacentes ao cruzamento arteriovenoso. A!! As alterações vasculares da retinopatia hipertensiva se confundem com as da arterioloesclerose senil, que pode ser encontrada mesmo em idosos não hipertensos. Neste caso, a característica mais importante é o aumento do brilho arteriolar. Se a hipertensão for grave, poderá ocorrer a obstrução de arteríolas, formando exsudatos algodonosos. Vazamentos vasculares também são propensos a acontecer, levando a hemorragias intrarretinianas “em chama de vela”, edema de retina, exsudatos duros e até edema de disco óptico. A arteriosclerose (que consiste na deterioração das fibras musculares que compõem as artérias, levando a um endurecimento da parede arterial,) consiste no espessamento da parede vascular, com hialinização da túnica íntima, hipertrofia da média e hiperplasia endotelial. Mais algumas alterações e sinas: - Sinal de Salus: consiste no aumento do reflexo dorsal das arteríolas, deflexão das vênulas nos cruzamentos com as arteríolas. - Sinal de Bonnet: consiste em elevação das vênulas distalmente aos cruzamentos A/V. - Sinal de Gunn: afilamento das vênulas em cada lado do cruzamento Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina - Arteríolas “em fio de prata” (estágio mais avançado). - Arteríolas “em fio de cobre”. - Achados fundoscópicos na retinopatia hipertensiva maligna: papiledema (provocado por isquemia papilar aguda ou pela hipertensão intracraniana de uma encefalopatia hipertensiva associada), constrição arteriolar difusa, edema macular e manchas de Elschnig (manchas brancas devido à necrose e atrofia do epitélio pigmentar retiniano). A diferenciação entre a retinopatia hipertensiva maligna e a retinopatia diabética pode ser difícil e as duas podem inclusive coexistir. Porém, na retinopatia hipertensiva, as manchas algodonosas e as hemorragias são em pequeno número, há cruzamentos AV patológicos e não se formam exsudatos “duros” (daí o nome “retinopatia seca”), enquanto que na retinopatia diabética, as lesões são geralmente múltiplas, não há cruzamentos AV patológicos e nota-se um grande número de exsudatos “duros” (“retinopatia úmida”) ● DIAGNÓSTICO: É obtido por meio do exame oftalmológico com mapeamento de retina. ● TRATAMENTO: Não há indicação de tratamento específico para a retinopatia hipertensiva. O médico deve se concentrar no controle da hipertensão arterial, com o principal objetivo de evitar o surgimento ou a progressão de outras lesões de órgão-alvo. Os eventuais sintomas visuais da retinopatia hipertensiva maligna costumam reverter com o controle cuidadoso da crise hipertensiva. O tratamento visa prevenir as seguintes complicações oculares: 1. Oclusão de artéria e veia da retina; 2. Macroaneurisma arterial da retina; 3. Neuropatia óptica isquêmica anterior; 4. Paralisia do nervo oculomotor; 5. Controle da pressão arterial. Papiledema Consiste no inchaço da papila, ponto em que o nervo óptico encontra o olho. Essa é uma entidade importante tanto para o clínico geral quanto para o neurologista, já que faz parte de uma grave e frequente síndrome, que é a síndrome da hipertensão intracraniana. Mas o que vai gerar esse aumento de pressão? Tumores intracranianos com efeito de massa, abscessos cerebrais, meningites e a síndrome do pseudotumor cerebral (hipertensão intracraniana benigna). O paciente vai relatar cefaléia progressiva, com piora matinal e na posição de decúbito dorsal, associada a náuseas, vômitos e blackouts (escurecimentos visuais mono ou bilaterais repentinos, durando segundos). ● DIAGNÓSTICO: A oftalmoscopia direta faz o diagnóstico. → ACHADOS: o exame revela uma papila elevada, borrada (bordos indefinidos), perda da escavação central e hiperemia. À medida que a síndrome progride, surgem hemorragias, exsudatos “duros” e dilatações venosas na papila ou região peripapilar. Se o papiledema se tornar crônico, pode ocorrer atrofia óptica progressiva, com palidez papilar. Papilite A papilite é caracterizada por hiperemia e edema do disco óptico que pode estar associado a hemorragias peripapilares em chama de vela. Podem ser vistas células no vítreo posterior. Papilite é a forma mais comum de neurite óptica em crianças, embora possa também acometer adultos. É um dos primeiros sinais da esclerose múltipla. Como diferenciar o papiledema da neurite óptica (papilite)? No papiledema, não há dor ocular e raramente ocorre redução da acuidade visual ou discromatopsia. Ou seja, a visão do paciente costuma estar preservada! Entretanto, nas formas crônicas, a atrofia óptica sobrevém, o que pode acarretar déficit visual progressivo. Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - Medicina
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