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CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Gestão Financeira CONTEUDISTAS: Fabrícia de Farias da Silva e Kátia de Almeida AULA 01 O Modelo Dinâmico (Parte 1) METAS DA AULA: Apresentar o Modelo Dinâmico de gestão financeira de empresas; Mostrar como surgiu o modelo; Mostrar como podem ser reclassificados o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, de acordo com o modelo. OBJETIVOS: Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Identificar como surgiu e quais são os objetivos do modelo dinâmico; Descrever os conceitos inerentes ao modelo; Reclassificar as contas do Balanço Patrimonial e da DRE, de acordo com o modelo. INTRODUÇÃO Você viu na primeira aula que vamos estudar nesta disciplina a Administração Financeira de Curto Prazo. Ao estudar a disciplina Fundamentos de Finanças você deve ter percebido a importância do administrador financeiro em estudar a relação entre o risco e o retorno de determinado investimento. Pois bem, na disciplina de Gestão Financeira a análise de risco e retorno também estará presente e você entenderá que é muito importante perceber esta relação também no curto prazo. A atenção aqui estará o tempo todo voltada para o risco da empresa não conseguir pagar suas dívidas na data de vencimento e no retorno que seu capital circulante está proporcionando. Falaremos, portanto da liquidez empresarial. Um importante indicador dessa liquidez é o volume de capital circulante líquido (CCL), que é medido pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante (você deve ter estudado nas disciplinas de Contabilidade Geral e Análise das Demonstrações Contábeis). CCL = AC – PC Em princípio, quanto maior for o valor do CCL melhor será a posição de liquidez de curto prazo da empresa, ou seja, melhor a sua capacidade de pagamento neste período. Porém, na prática, o CCL não fornece base totalmente adequada para conclusões a respeito de liquidez de uma empresa. É importante que a análise seja complementada com os índices financeiros de liquidez (você estudou esses índices nas aulas 07 e 08 de Análise das Demonstrações Contábeis). LEMBRANDO: Liquidez Imediata Circulante Passivo idadesDisponibil Liquidez Seca Circulante Passivo Estoques - Circulante Ativo Liquidez Corrente Circulante Passivo Circulante Ativo Liquidez Geral Prazo Longo a Exigível Circulante Passivo Prazo Longo a Realizável Circulante Ativo + + Esta abordagem, tida como tradicional, implica que a empresa terá capacidade de saldar suas dívidas caso venha a vender o seu ativo. Por isso o conceito “estático” de operação, já que o nível de solvência é medido em função da pressuposição do encerramento das atividades da empresa. Embora tais indicadores tenham a sua importância, não costumam fornecer informações mais conclusivas a respeito de determinada evolução na posição financeira corrente e esperada da empresa, omitindo principalmente as efetivas necessidades de investimento em capital de giro. O Modelo Dinâmico, que iremos estudar nesta aula e na próxima, é uma metodologia de estudo que tenta suprir essas informações, proporcionando uma avaliação mais analítica da posição financeira da empresa, permitindo que se identifiquem as necessidades de capital de giro efetivas da empresa, ou seja, o volume de investimento operacional em giro adequado a seu equilíbrio financeiro. UM BREVE HISTÓRICO - O MODELO DINÂMICO Para você entender melhor o modelo que será visto nesta aula, será feito um breve histórico de como o mesmo surgiu. O Modelo Dinâmico é o resultado de um trabalho desenvolvido na década de 70 junto a empresas brasileiras pelo francês Michel Fleuriet. A partir da experiência francesa em gestão financeira de empresas, Michael Fleuriet, juntamente com Ricardo Kehdy e Georges Blanc, desenvolveu e adaptou, à realidade brasileira, o Modelo Dinâmico de Gestão Financeira de Empresas, também conhecido como Modelo Fleuriet. FIGURA 1 – Michael Fleuriet Fonte: www.fdc.org.br O objetivo do trabalho era pesquisar empresas brasileiras para o levantamento do perfil de suas carências na área financeira e, a partir disso, elaborar de um modelo de análise financeira que considerasse as características da realidade econômica do Brasil na época que era de crescimento rápido e altas taxas de inflação. Elaborou-se, então, um modelo tipicamente brasileiro, inspirado em técnicas de gestão desenvolvidas na França. Essa nova abordagem tinha como objetivo ser sintética e globalizante, de forma a permitir a tomada rápida de decisão, exigida pelo nosso ambiente, sujeito a rápidas mudanças; incorporar os parâmetros de uma inflação com taxas elevadas; considerar uma economia em crescimento permanente. O trabalho resultou na obra A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras: um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro, publicada em 1978. E esse modelo veio a contribuir com uma mudança de enfoque da análise contábil tradicional, que está centrada em uma visão estática da empresa, para um enfoque dinâmico. O BALANÇO PATRIMONIAL E O CICLO FINANCEIRO Você lembra bem das aulas de Contabilidade Geral I e II, em que aprendeu sobre o Balanço Patrimonial, não é mesmo? O Balanço Patrimonial é um relatório preparado com o objetivo de registrar (“fotografar”) os principais fatos que afetaram o patrimônio, mostrando um levantamento de tudo o que se tem em bens, direitos e obrigações da empresa. Você deve lembrar que, de uma forma geral, o Ativo representa as aplicações de recursos e o Passivo as origens de recursos. Além disso, sabemos que o Balanço Patrimonial trata-se de uma demonstração estática, e, embora esta apresentação tradicional ofereça uma série de vantagens, se mostra inadequada para uma análise dinâmica da situação econômico-financeira das empresas. Isso porque, em geral, certas contas do ativo e do passivo renovam-se constantemente na medida em que se desenvolvem as operações da empresa. Para uma melhor compreensão do modelo de análise financeira que estamos estudando, as contas do ativo e passivo devem ser consideradas em relação à realidade dinâmica das empresas, em que as contas relacionam-se ao tempo, que lhes confere estado de permanente movimentação. Isso quer dizer que algumas contas apresentam uma movimentação lenta, quando analisadas isoladamente ou em relação ao conjunto de outras contas, que, em uma análise de curto prazo podem ser consideradas como “permanentes” ou “não cíclicas” (realizável a longo prazo; investimentos; reservas de lucros etc.). Outras contas estão relacionadas com o ciclo operacional do negócio e apresentam um movimento “contínuo e cíclico” (estoques; clientes; fornecedores etc.). E existem as contas que não estão diretamente relacionadas com a operação da empresa apresentando movimento “descontínuo e errático” (disponível; títulos negociáveis; duplicatas descontadas etc.). Portanto, em termos de implementação, o referido modelo pressupõe a mensuração de variáveis características da gestão financeira das empresas. Para isso, faz-se necessária a reclassificação das demonstrações financeiras segundo a Lei 6.404/76, para um modelo funcional, cuja preocupação básica consiste em relacionar as diversas contas não somente pela dimensão temporal, como também pelo relacionamento dessas com a atividade operacional. BOX DE ATENÇÃO No processo de implementação do referido modelo, a análise do ciclo financeiro assume papel fundamental. O ciclo financeiro é o curso de tempo compreendido entre o momento do desembolso, pelo pagamento dos insumos e demaisitens necessários ao exercício da atividade produtiva, até o recebimento das vendas a crédito da empresa. Representa, portanto, a parcela de investimentos no giro das operações (clientes, estoques etc) que não é financiada espontaneamente por recursos decorrentes do desenvolvimento do ciclo operacional (fornecedores, contas a pagar etc). Percebe-se, então, que um ciclo financeiro positivo indica a necessidade de recursos adicionais para o financiamento das atividades Você sabia que a Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades por ações, sofreu alterações recentemente? Pois bem, foi aprovada pelo Congresso e sancionado pelo Presidente da República, a Lei 11.638 de 28.12.07, que altera, revoga e introduz novos dispositivos à lei 6.404/76 (lei das sociedades por ações) e à lei 6.385/76, principalmente no que diz respeito a elaboração e divulgação das demonstrações financeiras. Após sua implementação, foi aprovada a Medida Provisória 449 de 03.12.2008, que introduz mais algumas mudanças na nova Lei. Os principais objetivos das mudanças foram: proporcionar maior transparência e qualidade às informações contábeis; e harmonizar a lei com as melhores práticas contábeis internacionais (IASB) International Accounting Standards Board. Segue abaixo o texto do Artigo 178 da Lei nº 6.404/76 modificado pela Lei nº 11.638/2007 e pela Medida Provisória 449/2008: Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I) ativo circulante; II) ativo não- circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I) passivo circulante; II) passivo não-circulante; e III) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. § 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. operacionais. Por outro lado, quando negativo, revela a disponibilidade de fundos para aplicações em outros itens de ativo e/ou passivo, conforme políticas da Administração da empresa. Isso conforme será demonstrado nas figuras abaixo: Compra Pagamento a Fornecedores Venda Recebimento de Clientes tempo Ciclo Operacional Ciclo Financeiro FIGURA 2 - Ciclo operacional e ciclo financeiro positivo Fonte: Amaral, 2006. A figura 2 apresenta uma empresa com ciclo financeiro positivo, nessas condições, apresenta necessidade de recursos para o financiamento de suas atividades operacionais, uma vez que os créditos espontâneos são suficientes para financiar apenas parte de seu ciclo operacional. Compra Venda Recebimento Pagamento a de Clientes Fornecedores tempo Ciclo Operacional Ciclo Financeiro FIGURA 3 - Ciclo operacional e ciclo financeiro negativo Fonte: Amaral, 2006. Já a figura 3 apresenta uma empresa com ciclo financeiro negativo, mostrando que a mesma dispõe de uma fonte de recursos. Ou seja, os recursos espontâneos ou automáticos são suficientes para bancar os investimentos referentes ao atual ciclo operacional, bem como ainda o início do ciclo seguinte, segundo a ótica da continuidade. Trata-se de uma situação rara, sendo verificada basicamente em supermercados, empresas de transporte, etc. Dentro desta perspectiva, pode-se dizer ainda que a necessidade de financiamento de capital de giro reside basicamente na falta de uniformidade entre a produção e as vendas (ciclo operacional) de uma empresa o que, por conseqüência, ocasiona uma não sincronização entre seus fluxos de entradas e saídas de recursos. RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL Conforme dito anteriormente, a implementação do Modelo Dinâmico pressupõe a reclassificação das demonstrações financeiras elaboradas e divulgadas pelas empresas. A reclassificação do Balanço Patrimonial deve ser feita de acordo com o inter-relacionamento das diversas contas que o compõem segundo o fator tempo (curto e longo prazos) e simultaneamente aos diferentes níveis de decisão empresarial (estratégico, operacional e financeiro). Portanto os ativos e passivos circulantes são divididos em dois subgrupos: Contas erráticas (ou financeiras): são aquelas de curto e curtíssimo prazo, não necessariamente renováveis e que não guardam relação direta com a atividade operacional da empresa, mas sim com decisões tipicamente financeiras (tesouraria). Contas cíclicas (ou operacionais): são aquelas que mantêm relação direta com o exercício da atividade operacional da empresa, na medida em que se renovam periodicamente, de acordo com o ritmo dos negócios. São as contas tipicamente operacionais, decorrentes do ciclo de exploração. Já os demais ativos e passivos no seguinte subgrupo: Contas permanentes (ou estratégicas ou não cíclicas): são aquelas que não variam em função do ritmo dos negócios da empresa, sendo o longo prazo o denominador comum de todas essas contas. São as contas de natureza estratégica. O quadro 1 apresenta a reclassificação de algumas contas (as mais utilizadas a fim de exemplificação), porém, você como analista encontrará outras contas para reclassificar, e deverá buscar informações sobre a natureza da conta sempre que necessário para reclassificá- la da forma correta. Diante desta reclassificação é possível mensurar as principais variáveis do modelo funcional e dinâmico do balanço patrimonial, que são: a necessidade de capital de giro (NCG), o capital de giro (CDG) e o saldo de tesouraria (T), as quais se constituem nas variáveis-chave para a gestão financeira das empresas. Estas variáveis serão estudadas detalhadamente na próxima aula. QUADRO 1 – Reclassificação do Balanço Patrimonial ATIVO (APLICAÇÕES) PASSIVO (ORIGENS) Ativo Errático (ou Financeiro) Passivo Errático (ou Financeiro) Disponibilidades Duplicatas Descontadas Aplicações Financeiras Dividendos a Pagar Títulos Negociáveis Títulos a Receber Empréstimos e Financiamentos Bancários Imposto de Renda a Pagar Créditos Contra Empresas Ligadas Dívidas para com Coligadas Outras Contas Outras Contas Ativo Cíclico (ou Operacional) Passivo Cíclico (ou Operacional) Duplicatas a Receber Duplicatas a Pagar Adiantamento a Fornecedores Despesas Pagas Antecipadamente Salários, Encargos e Impostos ProdutivosAdiantamento de Clientes Impostos Produtivos a Recuperar Participações de Empregados a Pagar Estoques Provisão para Devedores Duvidosos Outras Contas Operacionais Outras Contas Operacionais Ativo Permanente (ou Não Cíclico) Passivo Permanente (ou Não Cíclico) Empréstimos a Longo Prazo de Terceiros Empréstimos Bancários a Longo Prazo Aplicações Financeiras a Longo Prazo Financiamentos a Longo Prazo Títulos a Receber a Longo Prazo Resultado de Exercícios Futuros Investimentos Capital Social Imobilizado Reservas de Lucros Intangíveis Reservas de Capital Outras Contas Permanentes Outras Contas Permanentes Fonte: Adaptado de Amaral, 2006 e Fleuriet et. al., (2003) DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Você estudou a respeito da Demonstração do Resultado do Exercício em Contabilidade Geral I e II. A DRE é uma demonstração contábil obrigatória, cuja finalidade é mostrar o resultado (lucro ou prejuízo) de uma empresa durante o período de exercício. A reclassificação da demonstração do resultado do exercício tem por objetivo definir os diferentes níveis de lucros gerados pela empresa, quais sejam o lucro operacional bruto, a capacidade de autofinanciamento e o autofinanciamento, com vistas à identificação e análise do potencial de geração de recursos próprios para o financiamento dos investimentos. Dentro desta perspectiva, o modelo básico de reclassificação da DRE é apresentado no quadro 2 a seguir. QUADRO 2 – Reclassificação da DRE RECLASSIFICAÇÃO DA DRE Receita Líquida de Vendas (-) Custo dos Produtos Vendidos - afetados da depreciação (-) Despesas Administrativas (-) Despesas de Vendas (+) Depreciações = LUCRO BRUTO OPERACIONAL- 1º Nível (-) Despesas Financeiras Líquidas * (+/-) Receitas e Despesas não-operacionais (-) Imposto de Renda do Exercício = CAPACIDADE DE AUTOFINANCIAMENTO- 2º Nível (-) Dividendos Distribuídos no Exercício = AUTOFINANCIAMENTO- 3º Nível *’ Podem se constituir em item de ajuste Fonte: Adaptado de Amaral, 2006. O primeiro nível de lucros refere-se à produtividade da atividade principal desenvolvida por uma empresa (atividade operacional). O lucro bruto operacional deve vir classificado antes das despesas financeiras, pois assim permite uma comparação válida para empresas similares, além disso, a empresa obterá informações a respeito do recurso obtido por meio de sua atividade base. Já os outros dois níveis referem-se às atividades de distribuição ou repartição do lucro operacional entre os principais parceiros da atividade empresarial, podendo ser o governo, os banqueiros e os acionistas. Uma vez liquidadas as operações de repartição (terceiros, governo e acionistas), o saldo remanescente, mantido pela empresa, constitui-se no seu autofinanciamento. “O autofinanciamento representa assim, o montante de recursos gerados pela empresa e que são conservados para seu financiamento interno” (FLEURIET, KEHDY e BLANC, 1978:31). Ou seja: Autofinanciamento = Lucro Retido + Depreciações e Amortizações CONCLUSÃO A gestão financeira de curto prazo tem se mostrado muito importante para a administração financeira das empresas. Podemos, então, perceber a importância dos estudos científicos e aplicados nesta área. Na presente aula aprendemos sobre o Modelo Dinâmico de gestão financeira de empresas, que surgiu por meio de estudos aplicados na referida área. O modelo apresenta-se como uma ferramenta na análise de liquidez da empresa. O bom administrador deve estar sempre de olho na liquidez da empresa para que não encontre os riscos de não conseguir pagar suas contas em dia e encontre sempre bons retornos de suas decisões financeiras de curto prazo. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula você aprenderá um pouco mais sobre este modelo e suas principais variáveis. Por enquanto, veja se apreendeu o conteúdo desta aula fazendo as atividades finais. ATIVIDADES FINAIS: 1. Os primeiros modelos de análise dinâmica do capital de giro foram desenvolvidos no Brasil no final dos anos 70, sendo o mais conhecido aquele elaborado por Michel Fleuriet, que forneceram novos parâmetros na avaliação de desempenho de longo prazo das organizações, até então estruturada com base nos indicadores de rentabilidade extraídos do balanço. ( ) certo ( ) errado Resposta comentada: Errado. Estamos tratando do curto prazo e não do longo prazo. Fique atento! 2. Considere as seguintes Demonstrações Financeiras da Empresa Amaral & Silva S.A. ATIVO 2001 2002 2003 PASSIVO 2001 2002 2003 CIRCULANTE 99.475 157.722 163.279 CIRCULANTE 56.285 84.047 50.979 Disponibilidades 10.719 16.560 23.184 Fornecedores 29.705 35.470 15.576 Clientes 62.967 104.219 107.269 Instituições Financeiras 11.657 27.583 12.096 Estoques 22.680 32.337 24.431 Contribuição Social 3.993 5.735 8.826 Outros Direitos Operacionais 3.109 4.606 8.395 Receitas Exercícios Futuros 1.963 3.277 3.055 Outros 8.967 11.982 11.426 REALIZAVEL LONGO PRAZO 2.789 4.129 3.974 EXIGÍVEL LONGO PRAZO 265 (50) 2.821 Imóveis para Revenda 2.789 4.129 3.974 Instituições Financeiras 265 - 2.525 Outros Direitos - - - Outros - (50) 296 PERMANENTE 34.886 49.949 69.253 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 80.600 127.803 182.706 Investimentos 18.089 31.182 44.386 Capital Social 56.000 80.000 127.000 Imobilizado 16.797 18.766 24.868 Reservas de Capital 11.867 - - Reservas de Lucros 584 1.824 2.745 Lucros acumulados 12.149 45.979 52.961 TOTAL DO ATIVO 137.150 211.800 236.506 TOTAL DO PASSIVO 137.150 211.800 236.506 RESULTADOS 2001 2002 2003 RECEITA OPERACIONAL BRUTA 213.261 286.819 259.093 Custo de Mercadorias Vendidas (140.063) (185.995) (212.205) LUCRO BRUTO 73.198 100.824 46.888 Despesas Comerciais (1.994) (9.207) (1.723) Despesas Administrativas e Gerais (33.490) (51.100) (53.659) Despesas Financeiras (21.553) - - Outras Receitas/Despesas Operacionais 2.302 16.567 26.019 LUCRO OPERACIONAL 18.463 57.084 17.525 Despesas não operacionais - (8) - Receitas não operacionais - - 76 LAIR 18.463 57.076 17.601 Provisão do IR (7.628) (9.873) (5.118) Lucro Líquido antes Participação 10.835 47.203 12.483 Dividendos - - - LUCRO LÍQUIDO 10.835 47.203 12.483 DEMONTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO BALANÇO PATRIMONIAL De acordo com o que você aprendeu nesta aula, reclassifique o BP e a DRE da Empresa Amaral & Silva S.A. Resposta comentada: CONTAS 2001 2002 2003 CONTAS 2001 2002 2003 ATIVO PASSIVO Ativos Financeiros ou Erráticos 10.719 16.560 23.184 Passivos Financeiros ou Erráticos 11.657 27.583 12.096 Disponibilidade 10.719 16.560 23.184 Instituições Financeiras 11.657 27.583 12.096 Ativos Operacionais 88.756 141.162 140.095 Passivos Operacionais 44.628 56.464 38.883 Clientes 62.967 104.219 107.269 Fornecedores 29.705 35.470 15.576 Estoques 22.680 32.337 24.431 Contribuição Social 3.993 5.735 8.826 Outros Direitos Operacionais 3.109 4.606 8.395 Receitas Exercícios Futuros 1.963 3.277 3.055 Outros 8.967 11.982 11.426 Ativos Estratégicos 37.675 54.078 73.227 Imóveis para Revenda 2.789 4.129 3.974 Passivos Estratégicos 80.865 127.753 185.527 Outros Direitos - - - Instituições Financeiras 265 - 2.525 Investimentos 18.089 31.182 44.386 Outros - (50) 296 Imobilizado 16.797 18.766 24.868 CapitalSocial 56.000 80.000 127.000 Reservas de Capital 11.867 - - Reservas de Lucros 584 1.824 2.745 Lucros acumulados 12.149 45.979 52.961 TOTAL 137.150 211.800 236.506 TOTAL 137.150 211.800 236.506 RESULTADOS 2001 2002 2003 1º Nível: Eficiência Operacional RECEITAS OPERACIONAIS 213.261 286.819 259.093 Custo de Mercadorias Vendidas (140.063) (185.995) (212.205) Despesas Comerciais (1.994) (9.207) (1.723) Despesas Administrativas e Gerais (33.490) (51.100) (53.659) Outras Receitas/Despesas Operacionais 2.302 16.567 26.019 LUCRO BRUTO OPERACIONAL 40.016 57.084 17.525 2º Nível: Capacidade de Autofinanciamento Lucro Bruto Operacional 40.016 57.084 17.525 Despesas Financeiras (21.553) - - Despesas não operacionais - (8) - Receitas não operacionais - - 76 Provisão do IR (7.628) (9.873) (5.118) CAPACIDADE DE AUTOFINANCIAMENTO 10.835 47.203 12.483 3º Nível: Autofinanciamento Capacidade de autofinanciamento 10.835 47.203 12.483 Dividendos - - - AUTOFINANCIAMENTO 10.835 47.203 12.483 RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO RECLASSIFICAÇÃO DA DRE Espero que você tenha conseguido reclassificar corretamente. Perceba que “Receita de Exercícios Futuros” não é a mesma coisa que “Resultado de Exercícios Futuros”, neste exercício a receita de exercícios futuros corresponde a adiantamento de clientes. Caso tenha ficado com alguma dúvida, volte e estude novamente. RESUMO Nesta aula aprendemos sobre o Modelo Dinâmico e sua importância na administração financeira de curto prazo. Além disso, demos início ao aprendizado da aplicação do método por meio da reclassificação do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: AMARAL, Hudson Fernandes. Notas de aula. Belo Horizonte, 2006. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do Capital de Giro. 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANC, Georges. O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas brasileiras. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Gestão Financeira CONTEUDISTAS: Fabrícia de Farias da Silva e Kátia de Almeida AULA 02 O Modelo Dinâmico (Parte 2) METAS DA AULA: Apresentar as variáveis do modelo dinâmico de gestão financeira de empresas; Mostrar como as variáveis do modelo podem ser interpretadas; Apresentar a análise de tendência do modelo; Apresentar o indicador de liquidez do modelo dinâmico. OBJETIVOS: Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Descrever as variáveis do modelo dinâmico; Interpretar o resultado de cada variável; Interpretar o indicador de liquidez do modelo. INTRODUÇÃO Na última aula, aprendemos que A partir da experiência francesa em gestão financeira de empresas, Michael Fleuriet, juntamente com Ricardo Kehdy e Georges Blanc, desenvolveu e adaptou, à realidade brasileira, o Modelo Dinâmico de Gestão Financeira de Empresas, também conhecido como Modelo Fleuriet, de cujo trabalho resultou a obra A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras- um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro, publicada em 1978. Vimos, também, que para uma melhor compreensão do novo modelo de análise financeira, as contas do ativo e passivo devem ser consideradas em relação à realidade dinâmica das empresas, onde as contas relacionam-se ao tempo, que lhes confere estado de permanente movimentação. Isso quer dizer que é preciso reclassificar as demonstrações financeiras para um modelo funcional, cuja preocupação básica consiste em relacionar as diversas contas não somente pela dimensão temporal, como também pelo relacionamento dessas com a atividade operacional. Desse modo, FLEURIET, KEHDY e BLANC (2003) classificam como contas cíclicas aquelas que mantêm relação direta com o exercício da atividade operacional da empresa, na medida em que se renovam periodicamente, de acordo com o ritmo dos negócios. Como contas permanentes ou não-cíclicas, aquelas que não variam em função do ritmo dos negócios da empresa, sendo o longo prazo o denominador comum de todas essas contas, ou seja, são as contas de natureza estratégica. Já as contas erráticas são aquelas de curto e curtíssimo prazo, que não guardam relação direta com o processo produtivo, mas sim com decisões tipicamente financeiras (tesouraria). Diante desta reclassificação é possível mensurar as principais variáveis do modelo dinâmico do balanço patrimonial, que são: a necessidade de capital de giro (NCG), o capital de giro (CDG) e o saldo de tesouraria (T), as quais se constituem nas variáveis-chave para a gestão financeira das empresas, e que vamos estudar na presente aula. O quadro 1, mostra como podem ser encontradas cada uma das variáveis mencionadas. QUADRO 1 – Variáveis do Modelo Dinâmico Fonte: Adaptado a partir de Amaral, 2006 AS VARIÁVEIS DO MODELO DINÂMICO Necessidade de Capital de Giro (NCG) Como vimos no quadro 1, a Necessidade de Capital de Giro se define pela expressão: NCG = ativo cíclico - passivo cíclico Em que o ativo cíclico é a soma das contas cíclicas do ativo e o passivo cíclico a soma das contas cíclicas do passivo. Vamos entender melhor. Quando, no ciclo financeiro, as saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, a operação da empresa cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos (para manter a atividade operacional), isso se evidencia no balanço pela diferença positiva entre o valor das contas cíclicas do ativo e das contas cíclicas do passivo. Pode-se dizer que o conceito de NCG é considerado pelos autores em finanças como a chave para a análise da situação e gestão financeira das empresas, uma vez que envolve, praticamente, toda a estrutura operacional da empresa. Os autores Fleuriet, Kehdy e Blanc, destacam as seguintes observações para melhor entendimento do conceito da referida variável: 1. A NCG é diferente do Capital Circulante Líquido (CCL). Como você deve lembrar o CCL = ativo circulante - passivo circulante. Percebe-se, então que a diferença está no fato de que o ativo e passivo cíclicos constituem apenas uma parte do ativo e passivo circulantes. 2. É um conceito de ordem econômico-financeira e não uma definição legal. Refere-se ao saldo de contas cíclicas ligadas às operações da empresa. 3. É uma variável sensível às modificações que ocorrem no ambiente econômico em que a empresa atua, dependendo da natureza e do nível de atividades empreendido. A natureza dos negócios da empresa determina seu ciclo financeiro, enquanto o nível de atividade é função das vendas. Dessa forma, pode-se dizer que a NCG é uma variável que guarda proporcionalidade ao ciclo financeiro e ao volume de vendas praticado. 4. As contas cíclicas do ativo e passivo que constituem a NCG são contas ligadas ao às operações da empresa. 5. A variável pode ser negativa. Neste caso, no ciclo financeiro, as saídas de caixa ocorrem depois das entradas de caixa. É o caso do ciclo financeiro negativo. 6. No caso de interrupção das operações, a NCG, que representava uma aplicação de fundos, passará a constituir uma fonte de fundos que poderá, por exemplo, ser utilizada pela empresa para pagamento a credores e acionistas. Vimos, então que a variável pode assumir valores positivos e negativos, além disso, pode, ainda ter valor igual a zero. Sendo assim, as situações básicas que ocorrem numa empresa, com relação à NCG podem ser assim explicadas: a) NCG positiva: ocorre quando o ativo cíclico(ou aplicações de capital de giro) é maior do que o passivo cíclico (ou fontes de capital de giro). Neste caso, a empresa apresenta uma demanda de recursos para o giro dos negócios, o que poderá ser financiado com recursos próprios e/ou recursos de terceiros de curto e de longo prazos. b) NCG negativa: ocorre quando o ativo cíclico é menor do que o passivo cíclico. Neste caso a empresa não apresenta demanda de recursos para o giro dos negócios mas, pelo contrário, dispõe de fontes para financiar outras aplicações, em conformidade às políticas de sua Administração. c) NCG nula: ocorre quando o ativo cíclico é igual ao passivo cíclico. Neste caso a empresa não tem necessidade de financiamento para o giro dos negócios, financiando-o apenas com contas cíclicas. A Necessidade de Capital de Giro, quando positiva, reflete uma aplicação permanente de fundos, que, normalmente deve ser financiada com os fundos permanentes utilizados pela empresa, esses fundos permanentes correspondem às contas não cíclicas do passivo, e serão vistas com mais detalhe no próximo tópico. Capital de Giro (CDG) Podemos definir Capital de Giro (CDG) a diferença entre as contas não cíclicas do passivo e as contas não cíclicas do ativo: CDG = passivo permanente - ativo permanente A maior parte dos fundos permanentes destinam-se ao financiamento das aplicações permanentes enquanto apenas uma parte é utilizada para o financiamento da necessidade de capital de giro, isso para manter o equilíbrio financeiro. Os autores Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) evidenciam que algumas informações adicionais são importantes para esclarecer melhor o conceito de capital de giro: 1. O capital de giro possui o mesmo valor que o capital circulante líquido (CCL), sendo apenas o cálculo realizado de maneira diferente. Isso porque, na definição clássica, o capital circulante líquido representa uma aplicação de fundos, enquanto que, na definição apresentada, o capital de giro representa uma fonte de fundos. 2. Da mesma forma que a variável anterior, o CDG é um conceito econômico-financeiro e não uma definição legal, representando uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a necessidade de capital de giro da empresa. 3. O capital de giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. Diminui quando da realização de novos investimentos em bens do ativo permanente (aumento do ativo permanente) e aumenta por autofinanciamento, empréstimos a longo prazo e aumentos de capital em dinheiro (aumento do passivo permanente). 4. O capital de giro pode ser negativo. Neste caso o ativo permanente é maior que o passivo permanente, significando que a empresa financia parte de seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se desenvolver, desde que sua necessidade de capital de giro seja, também, negativa. Importante Empresas que conseguem prever com maior grau de certeza as suas entradas de caixa podem trabalhar com baixa liquidez ou até mesmo com liquidez negativa. Um exemplo dessa situação é o setor de energia elétrica, em que os clientes precisam pagar a conta no prazo estipulado para que o fornecimento de energia não seja cortado por falta de pagamento. Isso faz com que as entradas de caixa sejam altamente previsíveis, o que gera um fluxo de caixa adequado, mesmo com liquidez negativa. Com relação ao seu valor, podemos destacar que as situações básicas que ocorrem numa empresa, com relação ao CDG podem ser: a) CDG positivo: neste caso as fontes permanentes superam as aplicações permanentes, indicando a utilização de recursos estáveis (de longo prazo) no financiamento da NCG, ou seja, o CDG representa uma fonte de fundos permanentes para financiar as operações da empresa. b) CDG negativo: ocorre quando as aplicações permanentes superam as fontes permanentes, evidenciando, assim, a utilização de recursos de curto prazo no financiamento de ativos de pouca liquidez (de longo prazo). Neste caso o CDG se transforma em aplicação de fundos, ou seja, ativos permanentes estão sendo financiados por recursos de curto prazo, o que pode acarretar problemas de insolvência. c) CDG nulo: ocorre quando as aplicações permanentes se igualam às fontes permanentes, indicando que os recursos de curto prazo estão financiando as flutuações da NCG. Percebemos, então, a relação entre as variáveis CDG e NCG, o que também ocorre com a variável Saldo de Tesouraria, como você verá a seguir. Saldo de Tesouraria (T) O saldo de tesouraria resulta da diferença entre as tesourarias ativa (ativo errático) e passiva (passivo errático), identificadas no balanço funcional. Lembrando que as contas erráticas são as contas circulantes que não estão diretamente ligadas à operação da empresa e que os valores se alteram de forma aleatória, ou seja, trata-se de uma variável decorrente de decisões financeiras. T = ativo errático - passivo errático Podemos dizer ainda, que o Saldo de Tesouraria representa um valor residual correspondente à diferença entre o Capital de Giro e a Necessidade de Capital de Giro: T = CDG - NCG Representa, então, a diferença, num dado momento, entre os recursos empregados para financiar a atividade da empresa e as necessidades geradas por esta atividade. Com relação a esta variável, as seguintes situações podem ser encontradas: a) Saldo de Tesouraria positivo: ocorre quando o ativo errático é superior ao passivo errático. Neste caso a empresa dispõe de fundos de curto prazo, que poderão, por exemplo, ser aplicados em títulos de liquidez imediata. Indica que recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros) dão cobertura às necessidades de recursos para o giro dos negócios e ainda permitem aplicações no mercado financeiro ou simplesmente a sua manutenção em caixa. Pode evidenciar ainda uma situação financeira folgada, em função das aplicações em ativos financeiros. Cabe ressaltar, entretanto, que a existência de um saldo de tesouraria positivo e elevado nem sempre é bom para a empresa, pois pode significar também o fato da empresa não estar aproveitando adequadamente as oportunidades de investimento proporcionadas por sua estrutura financeira. Neste caso o saldo de tesouraria “engorda” por falta de uma estratégia dinâmica de investimentos. b) Saldo de Tesouraria negativo: ocorre quando o ativo errático é menor do que o passivo errático. Neste caso a empresa tem fontes de recursos de curto prazo financiando suas atividades, o que revela a insuficiência de recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros) e a tomada de empréstimos de curto prazo para cobrir a NCG, evidenciando uma situação de risco de insolvência mais elevado. Dentro desta perspectiva, é importante que a gestão financeira da empresa acompanhe a evolução do saldo de tesouraria, a fim de evitar que permaneça constantemente negativo e crescente. Quando a necessidade de capital de giro cresce mais que proporcionalmente às fontes de capital de giro, tem-se a ocorrência do chamado efeito tesoura (desequilíbrio financeiro), que veremos ainda nesta aula. TIPOS DE ESTRUTURA DO BALANÇO Tendo em vista as três variáveis apresentadas, podemos perceber que as aplicações operacionais são financiadas, a cada momento, por uma composição de fontes de longo prazo do capital de giro e de fontes de curto prazo do saldo de tesouraria , dependendo da situação financeira da empresa. O ciclo econômico e a rentabilidade das empresas conferem a seus balanços um aspecto particular que permite enquadrá-los em uma das seguintes estruturas, conforme Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003): a) CDG positivo, NCG positiva e T negativo. Neste caso a empresa apresenta insuficiência de fundos de longo prazo para o financiamento de suas necessidades de capital de giro, utilizando-se, assim, de créditos de curto prazo(T<0), o que se evidencia pela relação T/NCG (que veremos a seguir, no tópico sobre o termômetro de liquidez). Tal estrutura revela uma empresa em desequilíbrio financeiro, apesar de possuir capital de giro positivo. NCG T CDG b) NCG positiva, CDG positivo e T positivo. Este tipo de estrutura revela uma situação financeira sólida, uma vez que a empresa dispõe de um saldo de tesouraria positivo que lhe permite enfrentar aumentos temporários da necessidade de capital de giro. Ou seja, o capital de giro é suficiente para bancar as necessidades de capital de giro e ainda proporcionar aplicações em ativos financeiros, facultando, assim, relativa liquidez à empresa. T NCG CDG c) CDG negativo, NCG positiva e T negativo. Retrata a situação de uma empresa que luta por sua sobrevivência. Trata-se de uma situação financeiramente delicada, uma vez que os capitais estáveis são insuficientes para bancar os investimentos em ativos permanentes. É uma situação de elevado risco financeiro, já que a empresa se utiliza de recursos de curto prazo (T) para financiar aplicações de longo prazo de maturação. NCG CDG T d) CDG positivo, NCG negativa e T positivo. Refere-se a uma situação de menor freqüência na prática, sendo específica de atividades como supermercados e empresas de transporte, que compram a prazo e vendem à vista, permitindo, assim, a ocorrência de ciclo financeiro negativo. T NCG CDG A partir do confronto entre as variáveis CDG, NCG e T e sob a perspectiva de que as mesmas determinam a estrutura financeira da empresa em determinado período, e ainda a tendência assumida para um horizonte de tempo mais extenso, outros autores identificaram as seguintes situações possíveis: QUADRO 11 - Tipos de estrutura e situação financeira prevista Tipo/Item CDG NCG T Situação I + - + Excelente II + + + Sólida III + + - Insatisfatória IV - + - Péssima V - - - Muito Ruim VI - - + Alto Risco Fonte: Adaptado de Amaral Observações: Indicativo de valor positivo (+) ou negativo (-). Montantes nulos são considerados apenas teóricos. ANÁLISE DE TENDÊNCIA: O EFEITO TESOURA Vimos, quando tratamos a respeito da variável Saldo de Tesouraria que uma importante função da gestão financeira de uma empresa é acompanhar a evolução da variável para evitar que permaneça constantemente negativo e crescente. Isso porque a maioria das empresas que operam com Saldo de Tesouraria crescente negativo apresenta estrutura financeira inadequada e com dependência excessiva de empréstimos a curto prazo, que poderá levá-las à insolvência. Por meio da verificação da evolução do saldo de tesouraria (T) em relação à necessidade de capital de giro (NCG) e do cálculo do indicador ao longo do tempo, podemos realizar uma análise de tendência. Quando ocorre uma piora significativa e persistente da NCG, em decorrência do crescimento relativo do saldo de tesouraria (T) como uma fonte de recursos (T<0), podemos identificar a deterioração da situação financeira da empresa, num processo chamado efeito tesoura. De um modo geral, o efeito tesoura ocorre quando estão presentes as seguintes condições: • As vendas da empresa crescem a taxas anuais elevadas; • A relação NCG/Vendas mantém-se mais elevada do que a relação Autofinanciamento/Vendas, durante o período de crescimento das vendas; • As fontes externas que aumentam o CDG são utilizadas somente para novos investimentos em ativos permanentes (diminuem CDG). Desta maneira, o efeito tesoura pode ocorrer das seguintes formas: • A empresa não consegue aumentar o capital de giro no mesmo ritmo de aumento da necessidade de capital de giro. • O capital de giro se reduz, mesmo quando a necessidade de capital de giro permanece relativamente constante ou quando o CDG se reduz mais que a NCG. Figura 1 – Efeito Tesoura Podemos apresentar como principais fontes de distúrbios o crescimento muito elevado das vendas; investimentos elevados com retorno a longo prazo; baixa geração de lucros; investimento com baixo retorno; além da dependência dos recursos financeiros de curto prazo para financiamento da demanda operacional de recursos permanentes e de longo prazo E como fazer para evitar esse efeito tesoura? Pois bem, para evitar os distúrbios as empresas devem planejar a evolução do saldo de tesouraria, além disso, o autofinanciamento das empresas deve ser suficiente para financiar, pelo menos, os aumentos de sua necessidade de capital de giro (NCG). O TERMÔMETRO DE LIQUIDEZ O Termômetro de Liquidez (TL) é conhecido, também, como o índice de liquidez do modelo dinâmico. E pode ser encontrado por meio da seguinte fórmula: TL = T |NCG| O TL permite efetuar um diagnóstico das empresas no curto e no curtíssimo prazo e medir a situação econômica e financeira a partir das informações constantes nas contas do balanço dinâmico para qualquer período pertinente de análise. Quanto mais negativo for o valor apresentado pelo indicador, significando maior utilização de recursos de curto prazo originados das instituições financeiras, pior tenderá a ser a situação financeira da empresa. CONCLUSÃO O modelo dinâmico apresenta-se como uma importante ferramenta para a análise financeira das empresas. Para isso o modelo faz uso de três variáveis obtidas por meio da reclassificação do Balanço Patrimonial segundo o modelo, são elas: necessidade de capital de giro (NCG), capital de giro (CDG) e saldo de tesouraria (T). Para financiar a necessidade de capital de giro (NCG), decorrente das operações, a empresa utiliza os recursos de longo prazo do capital de giro (CDG) que, caso sejam insuficientes, são complementados por recursos de curto prazo originários do saldo de tesouraria (T). Essas variáveis quando analisadas em conjunto podem demonstrar a situação financeira da empresa. A grande importância dessa análise é proporcionar ao gestor financeiro informações suficientes para manter o equilíbrio financeiro e a boa liquidez da empresa. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA Na próxima aula você verá as principais características do capital circulante liquido e aprenderá importantes conceitos a respeito do capital de giro, na sua forma tradicional. ATIVIDADES FINAIS: 1. Qual o indicador de liquidez do Modelo Dinâmico? Resposta comentada: Na presente aula você aprendeu que o Termômetro de Liquidez é tido como o indicador de liquidez do modelo, já que permite efetuar um diagnóstico da empresa no curto e no curtíssimo prazo, medindo sua situação econômica e financeira 2. Na aula anterior estudamos as Demonstrações Financeiras da Empresa Amaral & Silva S.A., reclassificando-as de acordo com o Modelo Dinâmico. Você deve lembrar que as demonstrações dinâmicas apresentaram-se da seguinte forma: CONTAS 2001 2002 2003 CONTAS 2001 2002 2003 ATIVO PASSIVO Ativos Financeiros ou Erráticos 10.719 16.560 23.184 Passivos Financeiros ou Erráticos 11.657 27.583 12.096 Disponibilidade 10.719 16.560 23.184 Instituições Financeiras 11.657 27.583 12.096 Ativos Operacionais 88.756 141.162 140.095 Passivos Operacionais 44.628 56.464 38.883 Clientes 62.967 104.219 107.269 Fornecedores 29.705 35.470 15.576 Estoques 22.680 32.337 24.431 Contribuição Social 3.993 5.735 8.826 Outros Direitos Operacionais 3.109 4.606 8.395 Receitas Exercícios Futuros 1.963 3.277 3.055 Outros 8.967 11.982 11.426 Ativos Estratégicos 37.675 54.078 73.227 Imóveis para Revenda 2.789 4.129 3.974 Passivos Estratégicos 80.865 127.753 185.527 Outros Direitos - - - Instituições Financeiras 265 - 2.525 Investimentos 18.089 31.182 44.386 Outros - (50) 296 Imobilizado16.797 18.766 24.868 Capital Social 56.000 80.000 127.000 Reservas de Capital 11.867 - - Reservas de Lucros 584 1.824 2.745 Lucros acumulados 12.149 45.979 52.961 TOTAL 137.150 211.800 236.506 TOTAL 137.150 211.800 236.506 RESULTADOS 2001 2002 2003 1º Nível: Eficiência Operacional RECEITAS OPERACIONAIS 213.261 286.819 259.093 Custo de Mercadorias Vendidas (140.063) (185.995) (212.205) Despesas Comerciais (1.994) (9.207) (1.723) Despesas Administrativas e Gerais (33.490) (51.100) (53.659) Outras Receitas/Despesas Operacionais 2.302 16.567 26.019 LUCRO BRUTO OPERACIONAL 40.016 57.084 17.525 2º Nível: Capacidade de Autofinanciamento Lucro Bruto Operacional 40.016 57.084 17.525 Despesas Financeiras (21.553) - - Despesas não operacionais - (8) - Receitas não operacionais - - 76 Provisão do IR (7.628) (9.873) (5.118) CAPACIDADE DE AUTOFINANCIAMENTO 10.835 47.203 12.483 3º Nível: Autofinanciamento Capacidade de autofinanciamento 10.835 47.203 12.483 Dividendos - - - AUTOFINANCIAMENTO 10.835 47.203 12.483 RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO RECLASSIFICAÇÃO DA DRE A partir dos dados apresentados, faça a análise financeira da empresa, com base do modelo dinâmico. Para isso você precisará encontrar as variáveis do modelo, traçar o perfil de estrutura em que a empresa se encontra em cada ano e seu termômetro de liquidez. Resposta Comentada: VARIÁVEIS FÓRMULAS 2001 2002 2003 Necessidade de Capital de Giro (NCG) AO-PO 44.128,00 84.698,00 101.212,00 Capital de Giro (CDG) PE-AE 43.190,00 73.675,40 112.299,80 Saldo de Tesouraria (T) AF-PF -938,00 -11.023,00 11.088,00 T |NCG| -0,02 0,11-0,13 VARIÁVEIS DO MODELO DINÂMICO Termômetro de Liquidez T T T NCG NCG CDG CDG CDG NCG "INSATISFATÓRIA" PERFIS 2001 2002 "INSATISFATÓRIA" 2003 "SÓLIDA" Podemos perceber que nos anos de 2001 e 2002 a Empresa Amaral & Silva S.A. apresenta tendência insatisfatória, isso porque a empresa apresenta insuficiência de fundos de longo prazo para o financiamento de suas necessidades de capital de giro, utilizando-se, assim, de créditos de curto prazo, o que se evidência pela relação T/NCG (termômetro de liquidez). Tal estrutura revela que a empresa encontrava-se em desequilíbrio financeiro, apesar de possuir capital de giro (CDG) positivo. Já no ano de 2003, a empresa consegue resultados positivos, passando para um perfil satisfatório de sua situação financeira. Este tipo de estrutura revela uma posição financeira sólida, uma vez que a empresa dispõe de um saldo de tesouraria positivo que lhe permite enfrentar aumentos temporários da necessidade de capital de giro, ou seja, o capital de giro é suficiente para bancar as necessidades de capital de giro e ainda proporcionar aplicações em ativos financeiros, proporcionando, assim, relativa liquidez à empresa. RESUMO A análise financeira dinâmica considera o equilíbrio financeiro baseado nos ciclos financeiros e nas necessidades de recursos e aplicações nesses ciclos de decisão. Recorre, para isso, às variáveis características do modelo dinâmico de gestão financeira de empresas, ou Modelo Fleuriet, que são: necessidade de capital de giro (NCG), capital de giro (CDG) e saldo de tesouraria (T). Por meio desta aula pudemos perceber como é aplicado o modelo dinâmico, suas variáveis (NCG, CDG e T), as análises que podem ser feitas por meio delas. O comportamento das variáveis pode enquadrar as empresas em determinado perfil de estrutura, podendo indicar tendências da situação financeira da empresa. Cabe ao administrador financeiro analisar essas tendências e não deixar que os distúrbios aconteçam. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: AMARAL, Hudson Fernandes. Notas de aula. Belo Horizonte, 2006. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do Capital de Giro. 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANC, Georges. O Modelo Fleuriet: a dinâmica financeira das empresas brasileiras. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Gestão Financeira CONTEUDISTAS: Fabrícia de Farias da Silva e Kátia de Almeida AULA 03 Capital de Giro META DA AULA Apresentar o conceito de Capital de Giro, explicar o tradeoff entre lucratividade e risco e discutir em termos de lucratividade e risco, as estratégias de financiamento de curto prazo. OBJETIVOS Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de entender: • O conceito de Capital de Giro; • O tradeoff entre lucratividade e risco; • Reconhecer as estratégias de financiamento de curto prazo e analisá-las sob a ótica da lucratividade e risco. PRÉ-REQUISITOS Para que você encontre maior facilidade na compreensão dessa aula, é importante que faça uma revisão dos principais conceitos da disciplina Fundamentos de Finanças, com foco principalmente no capítulo Risco e Retorno. 1. INTRODUÇÃO A administração financeira a curto prazo (ou administração do capital de giro) abrange a administração de ativos e passivos circulantes. Do ponto de vista financeiro ativo são aplicações (usos) de recursos e passivos origens (fontes) de recursos. Os investimento e as fontes de financiamentos compõe a estrutura das empresas e a principal fonte de informações destas (estruturas) é o Balanço Patrimonial. A razão para avaliar estruturas alternativas de ativos, passivos e patrimônio líquido é a maximização da riqueza dos proprietários. As estruturas escolhidas devem continuamente levar à maximização do valor do investimento dos proprietários na empresa. Objetivo da administração financeira a curto prazo (ou administração do capital de giro) é gerir cada um dos ativos circulantes (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoques) e passivos circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar) de tal forma que se alcance um equilíbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para o valor da empresa. Cada item do ativo circulante deve ser administrado eficientemente a fim de manter a liquidez da empresa, evitando ao mesmo tempo, um nível alto demais a qualquer um deles. Cada item do passivo circulante deve ser cuidadosamente administrado, para se ter garantia de que os financiamentos são obtidos e usados da melhor forma possível. Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a lucratividade, enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa não poder honrar suas obrigações nos prazos estipulados. Ambas as situações levam à redução do valor da empresa. O capital de giro costuma apresentar diferentes interpretações, que são aplicadas segundo os critérios e a natureza do estudo desenvolvido. Em razão de terem sido esboçadas, muitas vezes, metodologias alternativas de cálculo de acordo com as definições consideradas, é fundamental que se descrevam os principais conceitos e formas de mensuração do capital de giro, conforme são usualmente considerados. 2. CAPITAL DE GIRO Qualquer que seja a definição adotada, o conceito de capital de giro (ou capital circulante) identificam os recursos que giram (ou circulam) várias vezes em determinado período. Ou seja, corresponde a uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de vendas. Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque, assumindo posteriormente a venda realizada na forma de realizável (crédito, se a venda for a prazo) ou novamentede disponível (se a venda for efetuada a vista). Esse ciclo ininterrupto constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção de venda) de uma empresa. Capital de giro são os ativos circulantes, que representam a parcela do investimento que circula de uma forma ou de outra, durante a condução normal dos negócios. Essa idéia compreende o ciclo operacional da empresa. Ciclo operacional - transição periódica de caixa para estoques, destes para duplicatas a receber e de volta para caixa, que ocorre dentro do capital circulante da empresa. Na condição de substitutos de caixa, os títulos negociáveis são considerados como parte do capital de giro. Da mesma forma, as despesas pagas antecipadamente estão incluídas no capital de giro porque representam serviços devidos à empresa e que são usados na realização de suas atividades, eliminando a necessidade de desembolsos de caixa posteriores. A ilustração a seguir retrata o fluxo de capital de giro de acordo com o ciclo de produção e venda (operacional) de uma empresa industrial. Figura 1 – O fluxo do ativo circulante Fonte: Assaf Neto, 2003 Conforme a Figura 1, observa-se que os recursos, próprios ou de terceiros, aplicados no ativo circulante são, em uma etapa inicial, disponibilizados para financiar as necessidades operacionais. Os recursos vão para a produção através da compra de matérias-primas e pagamento de custos fabris. Os produtos acabados, por sua vez, vão para o estoque esperando a comercialização. Parte dessas vendas retorna imediatamente ao disponível quando realizadas à vista e a curto prazo quando as vendas forem a prazo. O ciclo recomeça acrescentando ao disponível, em função das vendas, os lucros auferidos e os montantes de dispêndios não desembolsáveis, como é o caso da depreciação. A administração do capital de giro refere-se à administração dos ativos e passivos circulantes. À diferença entre ativos e passivos circulantes, dá-se o nome de capital circulante líquido (CCL). O CCL representa a parcela de ativo circulante que se encontra financiada por recursos de longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido). Quanto maior o CCL menor será o risco de insolvência de uma empresa. A necessidade de capital de giro é fruto do descompasso entre entradas e saídas de caixa. A necessidade de capital de giro surge da falta de sincronismo entre as atividades de produção, vendas e cobrança. As saídas de caixa são relativamente previsíveis, enquanto que as entradas são mais difíceis de serem previstas. Deste modo, quanto mais previsíveis forem as entradas de caixa, menor será a necessidade de capital de giro para a empresa. Comparando-se o capital circulante com o ativo fixo de uma empresa, podem ser observadas duas características: 1ª - Refere-se à baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes. Excetuando-se aquelas empresas em que a administração do capital circulante consiste na essência de seus negócios (empresas comerciais, basicamente), para os setores industriais os investimentos circulantes tendem a produzir a mais baixa rentabilidade. Evidentemente, esta situação induz a minimizar, tanto quanto possível, as aplicações em circulantes. 2ª - Refere-se à divisibilidade dos elementos circulantes, que são bem superior à dos ativos fixos. Este aspecto permite que o aporte de recursos nos itens de curto prazo ocorra em níveis variados e relativamente baixos, podendo-se, muitas vezes, alocar recursos no momento do surgimento das necessidades financeiras. Os passivos circulantes representam os financiamento a curto prazo da empresa, pois incluem todas as dívidas que terão seu vencimento (e deverão ser pagas) em um ano ou menos. Tais dívidas incluem normalmente os valores devidos a fornecedores (duplicatas a pagar), bancos (títulos a pagar), empregados e governo (contas a pagar), dentre outros. 2.1 Capital Circulante Líquido (CCL) 1ª Definição: É a interpretação mais usual. Representa, de maneira geral, o valor líquido das aplicações (deduzidas das dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital) circulante da empresa. Segundo essa conceituação, a forma mais direta de obter-se o valor do capital circulante líquido é mediante a diferença entre o Ativo Circulante e Passivo Circulante. Visto por este ângulo, o capital circulante líquido constitui uma medida estática de folga financeira que a empresa apresenta para liquidar seus compromisso de curto prazo. Algebricamente tem-se: CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante 2ª Definição: Dentro de um conceito mais rigoroso, o capital circulante líquido representa normalmente a parcela de Ativos Circulantes financiada por recursos a longo prazo. Na realidade, essa interpretação acurada do capital circulante líquido é processada de “baixo para cima” no balanço, isto é, identificando-se os valores passivos de longo prazo (próprios ou de terceiros) que estão financiando o ativo circulante da empresa. Em outras palavras, o CCL representa a parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de longo prazo. Algebricamente, o cálculo desse valor é obtido pela seguinte expressão: CCL = (Patrimônio Líquido + Passivo não Circulante) – (Ativo não Circulante) Ilustrativamente, admita a seguinte estrutura patrimonial de uma empresa ilustradas na Figura 2. Figura 2 – Empresa com capital circulante líquido positivo. AC $25 PC $15 CCL PNC ANC $25 $55 PL $40 Observe na ilustração que, do total de $25 aplicados no ativo circulante, $15 são financiados por créditos de curto prazo (passivo circulante), e os $10 restantes, que representa capital circulante líquido da empresa, são oriundos de recursos de longo prazo (exigível a longo prazo e patrimônio líquido). Em outras palavras, dos $65 captados a longo prazo, $55 estão aplicados em ativos também de longo prazo (ativo permanente) e os $15 excedente são direcionados para financiar o capital de giro da empresa, denotando certa folga financeira. Visto que os passivos circulantes representam fontes de recursos a curto prazo, quando os ativos circulantes superam os passivos circulantes, a diferença precisa ser financiada com fundo de longo prazo. Quando os ativos circulantes são menores que os passivos circulantes, a empresa tem capital circulante negativo. Esta situação denota que os recursos de longo prazo da empresa não são suficientes para cobrir suas aplicações de longo prazo, devendo utilizar recursos do passivo circulante para tal fim. Ou seja, um CCL negativo revela que a empresa está usando passivos circulantes para financiar seus ativos permanentes. Essa conclusão decorre da equação do balanço patrimonial: o ativo total é igual à soma do passivo com o patrimônio líquido. A Figura 3 ilustra a estrutura financeira de uma empresa com capital circulante líquido negativo. Figura 3 – Empresa com capital circulante líquido negativo. A folga financeira é negativa pela presença de exigibilidade de curto prazo financiando aplicações com prazos de retorno maiores. Em outras palavras, parte da dívida da empresa tem prazo de resgate menor que o retorno das aplicações destes recursos. Na Figura 2, o CCL é de ($40), indicando que $40 dos $230 aplicados em ativo permanente são financiados por dívidas de curto prazo. De outra maneira, observa-se que a empresa tem levantado $190 de recursos de longo prazo (exigível e patrimônio líquido). No entanto, este montante não é suficiente para cobrir suas aplicações permanentes de $230, sendo a diferença de $40 coberta por obrigações correntes (passivo circulante). Esta situação de aperto de liquidez é, muitas vezes, uma decisão de estrutura financeira da empresa, optando-se por uma preferência em relação ao dilema risco-retorno. A posição de liquidez é decidida com base na estrutura que melhor satisfaça às necessidades e aosobjetivos da empresa. Por exemplo, empresas com fluxos de caixa bastante previsíveis podem operar com capital circulante líquido baixo ou, até mesmo, negativo, como costuma ser o caso de companhias prestadoras de serviços públicos. No entanto, para a maioria das empresas a presença de um CCL positivo é básica a seus negócios, principalmente ao se constatar que as saídas de caixa (pagamentos) são eventos relativamente previsíveis, enquanto as entradas de caixa (recebimentos) são geralmente de difícil previsibilidade. De forma geral, quanto maior a margem pela qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem suas obrigações a curto prazo (passivo circulante), tanto mais apta ela estará para pagar suas contas nos vencimentos. Isto ocorre porque como a maioria das empresas não consegue conciliar com precisão as entradas e as saídas de caixa, os ativos circulante precisam exceder os passivos circulantes. Exemplo (Gitman, 2004): Os itens circulantes da Nilcholson Company, uma empacotadeira de salsicha estão demonstrados no Quadro 1. No final do período corrente vencem todos os $600 AC $170 PC $210 CCL (Negativo) ANC $230 PNC $90 PL 100 QUADRO 1 POSIÇÃO CORRENTE DA NICHOLSON COMPANY Ativos circulantes Passivos circulantes Caixa $ 500 Duplicatas a pagar $ 600 Títulos negociáveis 200 Títulos a pagar 800 Duplicatas a receber 800 Outras contas a pagar 200 Estoques 1.200 Total $1.600 Total $2.700 Ativo Passivo e P atrimônio Líquido 1.000 1.600 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 2.700 Capital C irculante Líquido Ativo Circulante To tal d o Ativo Total do Passivo e Patr imônio Líquido$ Ativo Permanente = $4.300 Exig ível a Longo Praz o = $2.400 Passivo Circulante Recursos a Lo ngo P raz o = $5.400 Patrimônio Líquid o = $3.000 7.000 de duplicatas a pagar, mais $200 de títulos a pagar e $100 de outras contas a pagar. Sabe-se com certeza que será preciso desembolsar esses $900, mas é difícil determinar de que forma a empresa cobrirá esses pagamentos. Ela pode garantir que terá $700 disponíveis, pois possui $500 em caixa e $200 em títulos negociáveis, os quais podem ser facilmente convertidos em caixa. Os restantes $200 deverão vir de cobrança de duplicatas e/ou de venda à vista de estoques. Entretanto, a empresa não pode garantir quando fará uma venda à vista ou quando receberá o valor de uma duplicata. O nível adequado de CCL depende dos padrões de fluxo de caixa da empresa. Geralmente, quanto mais duplicatas a receber e estoques houver à disposição, maior será a probabilidade de transformá-lo em dinheiro. Por esse motivo, é recomendável que seja mantido um certo nível de CCL, para assegurar a capacidade de pagamento da empresa. A Nilcholson tem $1.100 de CCL ($2.700 - $1.600) que muito provavelmente bastarão para quitar suas contas. Seu índice de liquidez corrente de 1,69 ($2.700/$1.600) deve prover liquidez suficiente, contanto que suas duplicatas a receber e estoques permaneçam relativamente em movimento. Fonte: Gitman, 2004 Essa definição pode ser melhor ilustrada através de um tipo especial de Balanço ilustrado abaixo, onde o eixo vertical é uma escala em $, sobre a qual são mostrados todos os seus itens importantes. Figura 4 – Balanço ilustrado da Nilcholson Company Fonte: Gitman, 2004 A Figura 4 mostra que a empresa tem $2.700 de ativos circulantes, $4.300 de ativos permanentes e $7.000 de ativos totais. Também mostra que a empresa tem $1.600 de passivos circulantes, $2.400 ($4.000 - $1.600) de exigível a longo prazo e $3.000 de patrimônio líquido ($7.000 - $4.000). O exigível a longo prazo mais o patrimônio líquido representam origens de recursos a longo prazo; que nessa empresa são de $5.400. A parte dos ativos circulantes financiada com recursos de longo prazo é chamada de “Capital Circulante Líquido”. Exemplo (Gitman, 2004): Identificação do CCL Ativo Passivo e patrimônio líquido Ativo Circulante $ 160.000 Passivo Circulante $ 120.000 Realizável a Longo Prazo $ 20.000 Exigível a longo prazo $ 80.000 Ativo Permanente $ 120.000 Patrimônio líquido $ 100.000 Total $ 300.000 Total $300.000 Observa-se que o valor do capital circulante líquido apresenta, para qualquer das identidades sugeridas, resultado idêntico, ou seja: CCL = $160.000 - $120.000 = $40.000 Ou: CCL ($100.000 + $80.000) – ($120.000 + $20.000) ⇒ CCL = $180.000 - $140.000 = $40.000 É muitas vezes adotado na prática, ainda, o conceito de capital de giro próprio, que é apurado pela diferença entre o patrimônio líquido e o ativo permanente mais o realizável a longo prazo, ou seja: Capital de Giro Próprio = Patrimônio Líquido – (Ativo não Circulante). Esta medida de liquidez revela basicamente os recursos próprios da empresa que estão financiando suas atividades correntes (ativo circulante). É um indicador limitado, notadamente por pretender identificar a natureza (origem) dos recursos de longo prazo – próprios ou de terceiros – que se encontram financiando as atividades circulantes. As instituições financeiras e as empresas públicas prestadoras de serviços, por exemplo, costumam operar com este indicador financeiro para avaliar sua posição de liquidez. Admitem na apuração, implicitamente, que o patrimônio líquido se encontra vinculado ao financiamento do ativo permanente, somente ocorrendo capital de giro próprio positivo quando os recursos dos proprietários excederem ao montante do investimento permanente. Com isso, a medida financeira assume a identificação da origem dos recursos que sustentam o capital circulante. 2.2 Risco e Lucratividade Como regra geral, as decisões financeiras, incluindo aqui aquelas de capital de giro, são baseadas na comparação entre risco e retorno. O investimento total de uma empresa engloba os ativos circulantes (capital de giro) e os ativos permanentes, sendo que sua lucratividade e risco são afetados pela relação entre essas duas categorias. O nível de ativos permanentes de uma empresa é determinado pela escala de produção e pela intensidade de uso do fator capital. Por sua vez, o nível de ativos circulantes guarda estreita relação entre com o nível de produção, acompanhando de forma direta os aumentos e reduções desta. A lucratividade, neste contexto, é a relação entre receitas e custos (receitas menos custos) geradas pelo usos dos ativos da empresa (circulantes e permanentes) nas suas atividades produtivas. O lucro de uma empresa pode ser aumentado de dois modos: (1) aumentando-se as receitas (através do investimento em ativos mais rentáveis) ou (2) reduzindo-se os custos, notadamente os provenientes de suas fontes de financiamento (pagando-se menos por um item ou serviço, ou usando-se os recursos existentes de modo mais eficiente). As empresas mais rentáveis são geralmente aquelas que detêm a maior parcela de mercado para seus produtos. O risco tem dois significados. O risco operacional é o risco de a empresa ser incapaz de cobrir os custos operacionais. Já o risco financeiro refere-se a impossibilidade de efetuar os pagamentos fixos programados decorrentes de empréstimos, leasing e dividendos preferenciais. Para o objetivo deste capítulo, risco será definido como a probabilidade de que a empresa não esteja apta a pagar suas obrigações no vencimento. Uma empresa que não consegue saldar suas dívidas nos vencimentos é considerada tecnicamente insolvente. Geralmente, entende-se que quanto maior o CCL de uma empresa, menor o seu risco, exatamente porque sua liquidez reduz a probabilidade de que ela se torne tecnicamente insolvente (Box). Entretanto, tal suposição pode ser equivocada. Um CCL positivo significa que fundos a longo prazo estão financiando parte dos ativos circulantes. Como os custos desses recursos a longo prazo costumam ser mais caros do que aqueles a curto prazo, a empresapoderá enfrentar maiores restrições. Uma empresa pode decidir minimizar o montante de seus investimentos em capital circulante como estratégia para reduzir seus custos, notadamente os provenientes de suas fontes de financiamento. Neste objetivo de cortar custos e promover maiores lucros, a unidade decisória envolve-se com o dilema risco-retorno, cuja conciliação traz normalmente conflitos ao processo decisório. É aceito que quanto maior o capital circulante líquido mantido por uma empresa, mais ampla é sua folga financeira e menor seu risco de insolvência, ou seja, apresenta-se bastante estreita a relação entre capital de giro, folga financeira e insolvência. É preciso não ignorar, por outro lado, que uma maior segurança mantida por uma folga financeira crescente incorpora um custo de oportunidade mais elevado para a empresa, pressionando negativamente seus resultados. Para qualquer nível de atividade, quanto maior o montante de recursos aplicados em ativos circulantes menor tende ser a rentabilidade oferecida pelo investimento e, em contrapartida, menos arriscada se apresenta a política de capital de giro adotada. Nesta situação, revela-se maior imobilização de capital de giro (maior folga financeira), que promove retornos relativos inferiores àqueles apurados ao optar-se por uma estrutura financeira de menor liquidez, com mais reduzido volume de capital de giro. De maneira inversa, um montante mais reduzido de CCL, ao mesmo tempo em que sacrifica a margem de segurança da empresa elevando seu risco de insolvência, contribui positivamente para a formação da rentabilidade do investimento ao restringir o volume de fundos imobilizados em ativos de menor rentabilidade. Essa relação risco-retorno comporta-se de forma que nenhuma alteração na liquidez ocorre sem que promova, em sentido contrário, modificações na rentabilidade. Assim, na definição do nível adequado de recursos a serem imobilizados em ativos circulantes, a empresa deve levar em consideração sua opção entre risco e retorno. BOX a. Variações nos ativos circulantes É sabido que o ativo circulante se constitui, para diversos segmentos empresariais, no grupo patrimonial menos rentável. Os investimentos em capital de giro, conforme comentado, não geram diretamente unidades físicas de produção e venda, meta final do processo empresarial de obtenção de lucros. A manutenção de determinado volume de recursos aplicado no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação da atividade operacional de uma empresa. O capital de giro é constituído, em grande parte, por ativos monetários, ou ativos depreciáveis perante a inflação. Tipicamente, investimentos em disponível e créditos realizáveis a curto prazo produzem perdas inflacionárias à empresa, as quais são determinadas em função do tempo em que os recursos ficam expostos à inflação. Dessa maneira, o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes valores mínimos ou exatamente iguais à sua necessidades operacionais. Por exemplo, os valores disponíveis poderiam ser sempre iguais aos desembolsos de caixa efetuados em diferentes momentos. Da mesma forma, o valor investido no realizável a curto prazo seria o reflexo do volume e prazo ideais de vendas a crédito, e os estoques deveriam conter a quantidade estritamente necessária para a consecução da meta de produção e venda estabelecida pela empresa. Ratifique-se, entretanto, que os baixos níveis de ativo circulante determinam, juntamente com o aumento na rentabilidade, uma elevação nos riscos da empresa. Evidentemente, valores mínimos de capital de giro, ou exatamente iguais à demanda por esses recursos, podem levar a empresa a um aperto em sua liquidez, no caso de eventuais atrasos nos recebimentos, ou a sacrificar seu processo normal de produção e venda, na eventualidades de falta de estoques. Uma empresa é tecnicamente insolvente, se for incapaz de pagar suas contas na data do vencimento. A insolvência técnica normalmente precede a falência. Uma empresa, em muitos casos, pode superar a insolvência técnica através de empréstimos. Os efeitos das variações no nível dos ativos circulantes sobre o tradeoff risco-lucratividade das empresas podem ser ilustrados mediante o uso da relação ativos circulantes/ativos totais, que indica a percentagem de ativos totais constituída por ativos circulantes. A parte superior do Quadro 2 resume os efeitos sobre o risco e a lucratividade a partir de variações desses índices, supondo-se que os ativos totais permaneçam inalterados (o nível de ativos totais é mantido constante nesta e nas discussões seguintes, como forma de isolar os efeitos de mudanças na composição de ativos e fontes de financiamento sobre o risco e a lucratividade da empresa). Quadro 2 – Efeitos de variações nos índices sobre o risco e a lucratividade Índice Variação no índice Efeito sobre o lucro Efeito sobre o risco totaisAtivos scirculante Ativos Aumento Redução Redução Aumento Redução Aumento totaisAtivos scirculante Passivos Aumento Redução Aumento Redução Aumento Redução Fonte: Gitman, 2004 Quanto o índice ativos circulante-ativos totais aumenta, a lucratividade reduz-se, entretanto, o risco também se reduz à medida que esse índice aumenta. O oposto também é verdadeiro. 1. Efeitos de um aumento no índice AC/AT • a lucratividade diminui, visto que ativos circulantes são menos rentáveis que os ativos permanentes, • o risco de insolvência técnica diminui, visto que com o Passivo Circulante constante, um aumento no Ativo Circulante elevará o Capital Circulante Líquido. 2. Efeitos de uma diminuição no índice AC/AT • Lucratividade aumenta, • risco crescerá, pois o CCL diminuirá com a redução no CCL. b. Variação nos Passivos Circulantes A decisão de financiar os ativos com empréstimos de curto ou de longo prazo é uma escolha entre minimizar risco e maximizar lucros. Sob condições normais, empréstimos a longo prazo são mais caros do que os de curto prazo. A razão é que os credores que esticam o crédito por um longo período defrontam com mais incertezas do que os credores que coletam seus empréstimos originais após um curto período de tempo. O risco de inadimplência e de inflação é, normalmente, mais significante para empréstimos de prazos longos, já que a perda do investimento principal é maior para empréstimos de maior prazo se a taxa de juro aumentar. Um aumento na taxa de juro produz um desconto maior no valor do título de longo prazo devido ao prazo de vencimento ser relativamente longo. Entretanto, os custos maiores dos empréstimos de longo prazo são, em parte, uma compensação pelo risco. Outra razão para os financiamentos a longo prazo serem mais caros é que aos devedores fica assegurada a utilização dos fundos por um longo período sem precisar estar renovando o empréstimo ano a ano. Se o empréstimo de curto prazo não forem renovados em tempo, a empresa pode ficar sem dinheiro, e as suas atividades comerciais podem ser interrompidas. O financiamento de longo prazo, embora mais caro, é uma abordagem conservadora para assegurar a continuidade da liquidez da empresa. Nessa linha de raciocínio, os administradores financeiros conservadores satisfazem a maioria de suas necessidade de financiamento através de empréstimos de longo prazo, captando apenas uma quantia muito limitada através de empréstimos a curto prazo. Os efeitos das variações no nível do passivo circulante da empresa sobre a lucratividade e o risco também pode ser demonstrado, usando-se a relação dada por passivos circulantes e ativos totais. Esse índice revela a percentagem dos ativos totais da empresa que está sendo financiada por passivos circulantes. A parte inferior do Quadro 16.2 mostra as conseqüências sobre o risco e a lucratividade das variações nesse índice, enquanto se mantém inalterado o total de ativos da
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