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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO – IEDi ESTUDO DE CASO BOA VISTA – RR 2021.2 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO – IEDi ESTUDO DE CASO Trabalho apresentado para obtenção da nota da disciplina de, Urgência e Emergência, 2021.2, do Curso de Bacharelado em Enfermagem pelo Instituto de Educação e Inovação – IEDi. BOA VISTA – RR 2021.2 CAPITULO I 1. HEMATOMA SUBDURAL CRÔNICO Os hematomas subdurais crônicos constituem condição neurocirúrgica potencialmente curável através de vários métodos cirúrgicos, mas ainda nos dias atuais com significativos índices de mortalidade, sendo a cura espontânea considerada rara (CHOUDHUTY AR et al, 1994). Hematomas subdurais crônicos (HSDCr) são frequentemente vistos na prática neurocirúrgica, constituindo-se numa forma comum de hemorragia intracraniana. Geralmente estão associados a traumas cranioencefálicos prévios de leve intensidade ocorrendo principalmente em idosos (BAECHLI H et al, 2013). O HSDCr surge na camada dural interna, uma fina camada de células entre a dura-máter e a aracnoide e comparativamente pouco colágeno extracelular, além de conexões intercelulares que são propensas a separação. Atrofia cerebral, como observada em indivíduos idosos ou pelo abuso de álcool, e a ocorrência de traumas cranianos leves são reconhecidos fatores predisponentes ao seu surgimento. Há duas principais hipóteses etiológicas propostas para a formação do HSDCr. Na primeira, o HSDCr é decorrente de um hematoma agudo traumático, eventualmente causado pela lesão de veias pontes que atravessam a camada dural interna, ou, mais raramente, de artérias e veias corticais. Esse hematoma agudo, quanto não evacuado ou reabsorvido se torna crônico e a lise do coágulo promove reação inflamatória local. A segunda etiologia, sugere que o HSDCr se formaria a partir da existência de higroma, causado pela deposição de líquor na camada de células da fronteira dural nos pontos de tensão entre a aracnoide e a dura-máter (LEE KS, 2003). O ponto em comum de ambas as hipóteses é que ocorreria ativação de complexa resposta reparadora envolvendo hiperfibrinólise, proliferação de células da camada dural, formação de tecido de granulação, deposição de macrófagos e produção de fatores angiogênicos. A expansão do hematoma é atribuída à falha na resolução da injúria tecidual e a repetidas hemorragias decorrentes da fragilidade dos capilares neoformados (DUCRUET AF et al, 2012). Formação de neomembranas é uma das características principais do HSDCr. Há a membrana interna (visceral), que é menos vascularizada e usualmente menos espessa que a membrana externa (parietal). Nakaguchi et al categorizaram o HSDCr em quatro subtipos: homogêneo, laminar, separado e trabeculado, com a hipótese de que esses subtipos representem na verdade quatro estágios evolutivos na história natural do processo de formação do HSDCr. Esses autores encontraram alta taxa de recidivas no subtipo separado (36%), menores taxas nos subtipos homogêneo e laminar (15% e 19%, respectivamente), e taxa ainda menor no subtipo trabeculado (0%). Estes achados já foram corroborados e têm influenciado neurocirurgiões na escolha da técnica cirúrgica mais adequada ao tratamento (Chon KH et al, 2012). Geralmente é aceito que pacientes com sintomas que possam ser atribuídos à HSDCr, confirmada por neuroimagem, devam ser tratados cirurgicamente (KOLIAS AG et al, 2014). Não obstante, hematomas volumosos, bilaterais ou com desvio das estruturas da linha média são frequentemente abordados mesmo na ausência de sintomas. Em pacientes assintomáticos, ou com sintomas leves, com coleções relativamente pequenas, há justificativa para o manejo clínico, com esteroide ou simples observação neurológica (AMBROSETTO, 1962). Recuperações espontâneas de HSDCr já foram relatadas. Ainda assim, o tratamento cirúrgico em HSDCr sintomáticos produz recuperação rápida dos sintomas e resultados favoráveis em mais de 80% dos pacientes (DUCRUET AF et al, 2012). 2. CRANIOTOMIA DESCOMPRESSIVA A craniotomia descompressiva (CD) é método cirúrgico utilizado para redução imediata da pressão intracraniana (PIC). É geralmente indicado em casos de tumefação cerebral, hematoma subdural agudo (HSDA) e também para doenças não traumáticas (Carter, Candia, Buonanno,1997). Consiste em craniotomia e ampliação da dura-máter para se acomodar o cérebro tumefeito. O osso pode ser alojado temporariamente no tecido subcutâneo abdominal ou ser desprezado para uma posterior cranioplastia com acrílico. Nesses casos, o termo correto seria craniectomia descompressiva. Em 1996 foram sistematizadas as condutas em relação ao trauma, classificando-as de acordo com evidências científicas em diretrizes ou opções para o atendimento ao traumatismo cranioencefálico (TCE) (Bullock et al, 1995). Essas diretrizes foram atualizadas em 2000, com a CD sendo sugerida como segunda opção (second tier) para o tratamento da hipertensão intracraniana (HIC), mas sem validação por trabalhos classe I. Essa técnica foi amplamente utilizada nas décadas de 70 e 80, mas com resultados desanimadores. Era aplicada apenas quando todas as tentativas clínicas para redução da HIC já tinham falhado (Seelig et al, 1981). Tentou- -se então controlar a HIC com medidas clínicas (coma barbitúrico, hipotermia), que também mostraram eficácia reduzida e complicações clínicas frequentes (Shiozaki et al, 1993). CAPITULO II SISTEMATIZAÇÃO DE ASSISTÊNCIA EM ENFERMGEM 1) HISTÓRICO DE ENFERMAGEM 03.12.2021 L. A. S. B. paciente sexo masculino, 37 anos, deu entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR), proveniente de área de garimpo com febre e cefaleia intensa há 15 dias, acompanhado de dor ocular, sem histórico de trauma. Sem déficit neurológico, antecedente de hematoma subdural crônico. TC de crânio evidenciou hematoma de grande volume, com efeito de massa e desvio de linha média. Foi submetido a craniotomia para drenagem da coleção sanguínea. Transferido para UTI em bom estado geral, lucido e orientado, Glasgow 15. Sem queixas, hemodinamicamente estável sem uso de DVA, respirando em ar ambiente, eupneico, ausculta cardiopulmonar sem alterações, com dreno externo para hematoma subdural, com conteúdo hemático. Não se tem informações sobre os antecedentes mórbidos pessoais e familiares. Não se tem informações sobre alergias. Matém alimentação via oral com dieta leve. Couro cabeludo não integro, com lesão operatória. Pupilas isocoricas, higiene oral satisfatória. Presença de SVD. Eliminações urinarias: 600 ml. Evacuações: 1. SSVV: Temperatura= 35,7 ºc, FR= 13 rpm FC= 97 bpm PA= 112/63 mmhg DRENO: 50 ml. 2) DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM/ PLANEJAMENTO DE ENFERMAGEM DIAGNOSTICO DE ENFERMAGEM PLANEJAMENTO DE ENFERMAGEM Insônia: relacionado ao distúrbio na quantidade e qualidade do sono que prejudica o desempenho normal das funções da vida diária. Diminuição de estressores; Melhorar o desconforto físico; Cuidados de Enfermagem: manter o ambiente calmo, manter o paciente confortável em seu leito, mantendo mudança de decúbito conforme prescrição. Risco de infecção: Suscetibilidade a invasão e multiplicação de organismos patogênicos que pode comprometer a saúde. Melhorar a higiene do paciente Realizar de forma estéril procedimentos invasivos; Cuidados de Enfermagem: Realizar a higiene do pacientede forma regular, realizar os procedimentos de enfermagem de forma asséptica. Infecção no sítio cirúrgico: Suscetibilidade á invasão de organismos patogênicos no sítio Precaução nos procedimentos Manter a sala de cirurgia na temperatura correta; cirúrgico que pode comprometer a saúde. Manter ferida cirúrgica limpa. Cuidados de Enfermagem: Manter o cuidado no auxilio dos procedimentos cirúrgicos, manter sempre a sala com a temperatura correta conforme protocolos e manter ferida operatória o mais limpa possível. Risco de integridade da pele prejudicada: Suscetibilidade a alteração na epiderme e/ou derme que pode comprometer a saúde. Controle da ingesta hídrica; Controle da Nutrição; Controle do ambiente: cama Controle da hidratação da pele; Cuidados de Enfermagem: oferta ingesta hídrica ao paciente conforme necessidade, bem como nutrição, manter lenções sempre esticados sem dobras, e sempre hidratar a pele do paciente conforme necessidade. Conforto prejudicado: Percepção de falta de conforto, de alivio e de transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental, cultural e/ou social. Manter ambiente calmo; Manter a privacidade do paciente Incentivar visita de familiares Cuidados de Enfermagem: Controlar o ambiente para que este se mantenha tranquilo, manter a privacidade do paciente em procedimentos que precise o despir, bem como incentivar a visita de familiares quando liberado. 3) PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM Realizar aferição dos SSVV diariamente. Realizar administração de medicamentos conforme prescrição médica, nos horários prescritos. Realizar limpeza da incisão operatória, de maneira estéril, com SF 0,9%, mantendo-a sempre limpa. Realizar esvaziamento da Bolsa coletora vesical conforme horário prescrito, e anotar débito urinário. Realizar higiene do paciente diariamente e quando houver necessidade. Realizar esvaziamento bem como anotar debito do dreno. Monitorar oximetria/gasometria arterial. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo de caso foi possível descrever as necessidades identificadas nos pacientes no PO de cirurgia craniotomia descompressiva pelos enfermeiros e discutir o cuidado de enfermagem pautado no método científico, por meio da aplicação das etapas metodológicas do processo de enfermagem, o que valoriza a necessidade da adoção de uma metodologia na assistência de enfermagem durante o PO de cirurgia craniotomia descompressiva realizada no HGR, o cuidado de enfermagem é instituído de acordo com as necessidades dos pacientes, e podem variar de acordo com a fase do pós-operatório, se imediata, mediata ou tardia. Em sua maioria visam à manutenção do equilíbrio hemodinâmico do paciente e das suas funções vitais. Com isso se da a importância de realizar trabalhos de estudo de casos clínicos pois com cada trabalho se pode adquirir um grande numero de conhecimento acerca de diversas doenças e procedimentos, enriquecendo assim o conhecimento do profissional ou acadêmico. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Choudhuty AR. Avoidable factors that contribute to complications in the surgical treatment of chronic subdural haematoma. Acta Neurochir ( Wien ) 1994; 129:15-19. Balser D, Rodgers SD, Johnson B, Shi C, Tabak E, Samadani U. Evolving management of symptomatic chronic subdural hematoma: experience of a single institution and review of the literature. Neurol Res. 2013;35(3):233-242. doi: 10.1179/1743132813Y.0000000166. Lee KS. Natural history of chronic subdural haematoma. Brain Inj. 2004;18(4):351-358. doi: 10.1080/02699050310001645801. Ducruet AF, Grobelny BT, Zacharia BE, Hickman ZL, DeRosa PL, Anderson KN, et al. The surgical management of chronic subdural hematoma. Neurosurg Rev. 2012;35(2):155-169. doi: 10.1007/s10143-011-0349-y. Chon KH, Lee JM, Koh EJ, Choi HY. Independent predictors for recurrence of chronic subdural hematoma. Acta Neurochir (Wien). 2012;154(9):1541-1548. doi: 10.1007/s00701-012-1399-9. Kolias AG, Chari A, Santarius T, Hutchinson PJ. 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