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2 FORRAGICULTURA AULA 1: IMPORTÂNCIA E PRINCIPAIS FORMAS DE UTILIZAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS IMPORTÂNCIA: - base da alimentação de ruminantes: microrganismos ruminais -> mais econômico do que monogástricos. - proteção do solo contra erosão: passaram a usar gramínea forrageira como cobertura de solo no período entressafra, integração lavoura-pecuária, porque também serve para o pastejo dos animais. - melhoria da estrutura e fertilidade do solo: devido ao seu sistema radicular. -> É ramificado e podem descompactar o solo, diminuindo os microporos e aumentando macroporos para que haja uma maior infiltração de água e penetração de oxigênio, maior absorção de água e nutrientes. Para a fertilidade, é principalmente com leguminosas forrageiras, por meio da fixação biológica de nitrogênio tem um teor de proteína adulta mais elevado. Pode incorporar a leguminosa ao solo e manejar tanto em monocultivo ou consórcio para que a serrapineira da leguminosa caindo ao solo e se decompondo libere mais nutrientes ao solo por meio da reciclagem de nutrientes. Principal problema na produção de ruminantes: - estacionalidade na produção de forragens: a estação do ano afeta a produtividade das forrageiras, pois elas são gramíneas de clima tropical e maior produção em tempo chuvoso, exigem alta temperatura, luminosidade e água. Produtores planejam outra cultura para ser usada nos períodos secos ou conservam a forragem por meio de silagem e feno. CONSEQUÊNCIAS DA ESTACIONALIDADE: - baixa disponibilidade de pasto (não cresce adequadamente). - baixo valor nutritivo do pasto. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Produtividade Produtividade 3 - baixo consumo e desempenho animal. FORMAS DE UTILIZAÇÃO: PASTEJO - dois métodos para manejar o pastejo LOTAÇÃO CONTÍNUA - mais usada no Brasil. - áreas com maiores extensões - área permanentemente com animais (taxa de lotação variável – depende da estacionalidade). - Características desejáveis nas forrageiras para lotação contínua: boa cobertura do solo/cobrir bem para evitar compactação pelos cascos e tolerância ao pastejo mais intenso. - Plantas forrageiras cultivadas: Urochloa: capim-braquiária, campim-marandu Cynodon: grama estrela, coast cross. LOTAÇÃO ROTATIVA/INTERMITENTE - áreas menores de pastejo: divide a área em piquetes onde os animais ficam de um a dois dias. - geralmente usa adubação. - rodízio de animais no piquete. - características das forrageiras: alta taxa de rotação – cresce mais por dia, alta eficiência de resposta ao nitrogênio – para cada quilo de nitrogênio aplicado ela produz mais quilos de massa seca = massa de forragem, necessidade de período de descanso. - Plantas forrageiras cultivadas: Capim-elefante Capim tifton 85 Capins Tanzânia e Mombaça Campim-marandu CAPINEIRA - usa capim-elefante para corte -> animais não pastejam, ele é triturado e ofertado no cocho. Vantagens: Maior produtividade de massa seca e maior valor nutritivo. Reserva para o início do período seco. Desvantagens: 4 Menor crescimento no período seco. Maior valor nutritivo em idade avançada. - Estratégia de Manejo: cortes estratégicos durante o período chuvoso para produzir silagem. CANAVIAL - usa cana de açúcar. Vantagens: Disponibilidade no período seco = período de mais concentração de açúcar. Elevado valor enérgico. Desvantagens: Menor teor de proteína bruta Fibra de menor digestibilidade Estratégia de Manejo: usa com a ureia, que é um composto de nitrogênio não-proteico, é uma fonte de nitrogênio. Ela aumenta a população de microrganismos no rúmen e ajuda a digerir a fibra da cana. BANCO DE PROTEÍNA E LEGUMINEIRA - área exclusiva com leguminosa para corte e depois triturar para ir para o cocho – legumineira. - área para pastejo de animais ou para corte, no período seco. – banco de proteína. - Características das leguminosas forrageiras: Fixação biológica de nitrogênio: transformam nitrogênio gasoso em amônio, uma forma química que a planta consegue usar. Elevado teor de proteína bruta. Alta digestibilidade e alto consumo. Melhora o desempenho animal, principalmente no PS. Ex: estilosantes campo grande, guandu, leucena. ENSILAGEM - produção de silagem. - açúcares na forragem ensilada são transformados em ácido lático, que abaixa o pH da silagem. - Culturas: milho, sorgo, cana de açúcar (faz fermentação alcóolica), capins, leguminosas. - conservação em baixo pH e anaerobiose – ausência de O2. FENAÇÃO - produção de feno. - corte e desidratação no campo. 5 - conservação pela baixa umidade. - armazenado em fardos. - Forrageiras recomendadas; Cultivares do gênero cynodon: tifton 85, coast cross, grama-estrela Leguminosas: alfafa, estilosantes AULA 2 UROCHLOA DECUMBENS CV. BASILISK - capim brachiaria. 1- Crescimento decumbente com altura próxima a 1 metro: prostrada na base, ou seja, os colmos são mais inclinados na base e pontas são mais eretas. - áreas com maior declividade. - tem boa cobertura e evita a erosão da chuva descendo. 2- Lâminas linear(mais compridas)-lanceoladas (mais curtas) com muitos tricomas: em forma de lança, lâmina com tamanho intermediário. Tricomas = pelos. 3- Inflorescência (estágio reprodutivo) em racemos, com espiguetas (unidades florais) bisseriadas (duas fileiras) ao longo da raquis (eixo). 4 – Características Agronômicas: Adaptada a solos ácidos, de baixa fertilidade – encontrado na maioria das regiões brasileiras. Muito susceptível a cigarrinha-das-pastagens. Alto teor de saponinas esteroides – pode induzir fotossensibilização patógena: os animais ficam com maior sensibilidade a radiação solar, ocorrem obstruções nos ductos biliares e começa a ter sintomas de intoxicação – queda de pelo, perda de peso, ferimentos na pele. UROCHLOA BRIZANTHA CV MARANDU - capim-marandu. - plantas mais robustas, brachiaria de altura maior. 1 – Características Morfológicas: Crescimento cespitoso (ereto) até 1,5 cm de altura. Lâminas lineares, mais compridas, com poucos tricomas nas lâminas e mais nas bainhas. Inflorescência em racemos com espiguetas unisseriadas. 2 – Características Agronômicas: 6 Média a alta exigência em fertilidade de solo. Desenvolve bem sob sombra parcial – sistemas silvipastoris. Não se adapta a solos mal drenados – não sobrevive a encharcamento e susceptível a doenças fúngicas. Tolerante a cigarrinha-das-pastagens (sofre algum dano pelo gênero Mahanerva sp. ) UROCHLOA HUMIDICOLA 1-Características Morfológicas: Crescimento cespitoso e estolonífero, com emissão de vigorosos estolões. Atinge até 1 m de altura. Folhas finas e glabras (ausência de tricomas). Inflorescência com dois a três racemos. 3- Características Agronômicas: Tolera solos ácidos e de baixa fertilidade. Tolera encharcamento temporário. Apresenta alta capacidade de cobertura de solo. Apresenta alto teor de nitrato – pode causar intoxicação por amônia. Apresenta elevado teor de oxalato e baixo de Ca – pode causar “cara inchada”. Pode causar deficiência de cálcio no animal, então usa o cálcio da mandíbula. UROCHLOA ARRECTA - Capim-braquiária do brejo, tanner grass - Folhas lanceoladas, verde-brilhantes. -Adaptada a áreas de baixada, encharcadas. - Apresenta teor de nitrato muito alto – pode causar intoxicação por amônia. - Propragação proibida pelo MAPA. 7 FORMAS DE UTILIZAÇÃO - Pastejo com lotação contínua (mais usada) ou rotativa. - Produção de silagem. Cultivares de Megathyrsus maximus (syn.Panicum maximum). - as espiguetas quando tem uma pigmentação mais forte, a antocianina, causa uma coloração arroxeada – manchas roxas. Inflorescências de Tanzânia ( mais arroxeada)e Mombaça (mais esverdeada): - Inflorescência do tipo panícula. CV. MOMBAÇA 1 – Características Agronômicas: Alta exigência em fertilidade do solo. Solos de textura média a argilosa. Tolerância a cigarrinha. Recomendada para áreas planas ou com pouca declividade, pois não tem tanta cobertura de solo. CV. TANZÂNIA Alta exigência em fertilidade do solo. Solos de textura média a argilosa. Tolerância a cigarrinha. 8 FORMAS DE UTILIZAÇÃO: - pastejo com lotação rotativa – manejo difícil, possuem alta taxa de acúmulo de forragens, ou seja, crescem muito rápido. - produção de silagem. CAPIM-ELEFANTE - Cenchrus purpureus. 1 – Características Morfológicas: Cespitosa, altura próxima a 3 metros. Apresenta rizomas – não são raízes, são colmos subterrâneos que crescem no subsolo, acumulam nutrientes e contribuem para a rebrotação das plantas. Folhas lineares compridas. Inflorescência em panícula compacta. 2 – Características Agronômicas: Muito exigente em fertilidade de solo. Exige solos bem drenados. Propagação vegetativa – não germinam por sementes, precisa cortar os colmos para implantar em uma nova área fazendo sulcos com espaçamentos entre linhas. Elevado acúmulo de massa seca de forragem. Apresenta várias cultivares. 9 Quando tem muitos cultivares, elas são agrupadas em grupos de características comuns. - Grupo Cameroon: Cv.Cameroon, Cv. Roxo de Botucatu. - Grupo Napier: Cv.Napier. - Grupo Anão: Cv. BRs Kurumi - Grupo Híbrido: C. purpureus x C. glaucum. A vantagem é que produz sementes viáveis e comercializadas. FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO CAPIM-ELEFANTE: - pastejo com lotação rotativa. - produção de silagem. - capineira. CULTIVARES DO GÊNERO CYNODON 1 – Características Morfológicas: Cespitosa e estolonífera. Grupos: grama-bermuda (com rizomas) e grama-estrela (sem rizomas). Porte de 70 cm (grama-bermuda) a 1 metro (grama-estrela). Lâminas estreitas e colmos finos. Inflorescências em racemos digitados ou formato de estrela. 2 – Vantagens: Elevado acúmulo de forragem. Forragem de alto valor nutritivo e aceitabilidade. Favorece a produção de feno. 3 – Desvantagens: Acentuada redução do valor nutritivo após 6 semanas de rebrotação. Propagação vegetativa. Alta exigência em fertilidade do solo. 10 Alta concentração de HCN em plantas jovens de grama-estrela. Cv. Tifton 85: - apresenta colmos e folhas mais compridos em relação a outras cultivares. - melhor relação lâmina/colmo. - apresenta rizomas. - alta produtividade de massa seca e boa digestibilidade. Cv. Coastcross: - folhas e colmos mais finos. - boa relação lâmina/colmo. - não apresenta rizomas. - boa produtividade de massa seca e boa digestibilidade. Formas de Utilização - pastejo com lotação contínua ou rotativa. - produção de pré-secado. - produção de feno. 11 AULA 3: PRODUÇÃO DE SILAGEM - Produção irregular de forragens. - 80% da produção de forragem ocorre no período chuvoso do ano, enquanto que a demanda do animal se mantém constante durante o ano. - Estação seca: baixa quantidade e qualidade da forragem. - Devem ser adotadas técnicas para minimizar a sazonalidade e manter a capacidade dos animais de produzir leite e carne. - As técnicas de conservação de forragens contribuem para minimizar esse problema e a ensilagem é mais utilizada no Brasil do que a fenação. CONCEITOS IMPORTANTES: - Silagem: o produto resultante da fermentação anaeróbia de uma determinada forragem em um ambiente chamado de silo. - Silo: estrutura que armazena a silagem. - Ensilagem: são as etapas envolvidas na produção da silagem. Por que produzir silagem? - fonte de nutrientes. - pode representar economia de concentrados. - as operações podem ser mecanizadas. - alimento conservado por longos períodos. - permite aumentar o número de animais na propriedade. - custo de maquinário mais baixo que o do feno. Questões Importantes: - qual forrageira cultivar, como produzir, a quantidade, quanto custa, onde armazenar. 12 PRODUÇÃO DA SILAGEM: 1 – ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA ADEQUADA. - alta produtividade de biomassa. - bom valor nutritivo. - alto teor de chos solúveis. - baixa capacidade tampão. - alta capacidade fermentativa. Ex: milho, sorgo, capim-elefante, etc. 2 – CUIDADOS CULTURAIS: - preparo e correção adequados do solo. - adubação equilibrada. - sementes e mudas de boa qualidade. - uso de híbrido adaptado a região. - controle de plantas daninhas. 3 – COLHEITA NO ESTÁGIO APROPRIADO. Teor de MS: < 30%: fermentação butírica – é uma fermentação secundária, leva a formação do ácido butírico e favorece o crescimento de Clostridium sp. >35%: difícil compactação = pode levar a bolsões de ar que favorece leveduras e mofos. 4 – Tamanho de partículas: 1 a 2 cm. 5- Evitar contato com fezes: Clostridium botulinum. 6 – Compactação intensa e contínua. 7 – Vedação eficiente do silo. 13 QUANTIDADE DE SILAGEM PRODUZIDA ETAPAS DA ENSILAGEM: 1 – COLHEITA - MS milho e sorgo = 30 a 35% de MS ( milho é 35%). 2 – ENCHIMENTO - Rapidez e compactação adequada. 3 – VEDAÇÃO - Usar lâmina de polietileno. - Cercar o silo. MOMENTO DE COLHEITA: - Milho: 1/3 a 2/3 da linha de leite. - Sorgo: precoce x tardio. - Capim-elefante: aproximadamente 1,80 metros. 14 FASES DA PRODUÇÃO DE SILAGEM: FASE 1: AERÓBIA. - da colheita até o enchimento do silo. - consumo de açúcares e oxigênio no processo respiratório de microrganismos e enzimas da planta. - aumento da temperatura na massa ensilada. - processos continuam até que o oxigênio seja exaurido do meio. FASE 2: FERMENTAÇÃO - inicia quando a anaerobiose é alcançada na massa ensilada. - Bactérias produtoras de ácido láctico: produção mais eficiente do ácido láctico, convertem o açúcar e quanto maior teor de açúcares, mais rápida a redução do pH. pH em torno de 4 para o milho. - Bactérias homofermentativas: fermentam açúcares somente a ácido láctico. - Bactérias hetrofermentativas: ácido lático, acético, butírico, propiônico. FASE 3: ESTABILIDADE - o pH da silagem se estabiliza. Cerca de três semanas todas as alterações químicas na massa ensilada já ocorreram. - silo vedado adequadamente: pequena atividade microbiológica ocorre durante o armazenamento. Recomendada a abertura do silo somente 30 dias após ele ter sido vedado. 15 FASE 4 : DESCARREGAMENTO - abertura do silo 30 dias após. - o oxigênio tem acesso irrestrito à face exposta. - crescimento de leveduras e mofos e aumento da temperatura da silagem. - a remoção rápida da silagem é essencial para reduzir perdas. ADITIVOS NA SILAGEM: - são produtos que podem ser adicionados à massa verde com a finalidade de melhorar a fermentação ou a conservação do valor nutritivo. Ex: fubá de milho, casca de café, polpa cítrica, inoculantes bacterianos. TIPOS DE SILOS: - Silo de superfície: pode colocar 20 cm de terra por cima da lona para dificultar a formação de espaços porosos entre a lona e o material ensilado. - Silo tipo “Bola”. - Silo trincheira. Camada de fatia diária: camada mínima retirada = 30 cm de espessura. PERDAS NA ENSILAGEM: - Perdas no Campo: colheita, ataque de pássaros e roedores, acamamento do material. - Perdas por Respiração: reduzidas pelo fechamento rápido e hermético do silo. - Perdas por fermentação: o ácido lático assegura a acidez do meio e consequentemente uma boa fermentação. - Perdas aeróbias: após a abertura. - Perdas por lixiviação: só ocorre quando ensila o material com conteúdo de MS inadequado, dá produção de efluente no silo (tipo um chorume), possui uma alta DBO. PRODUÇÃO DE FENO - fenação -> processode conservação da silagem. - O feno é o produto resultante da forragem desidratada, com composição nutricional semelhante à da planta original. VANTAGENS DO FENO: - facilidade no armazenamento. - facilidade no transporte. - facilidade na comercialização. - não depende de processos fermentativos. 16 - boa estabilidade aeróbia = não estraga ao fornecimento, pois é produto estável em contato com oxigênio. Fases da Fenação: corte, desidratação, enfardamento e armazenamento (mas pode ser ofertado ao animal assim que acaba). - o tempo gasto é variável pois o processo depende de fatores climáticos. 1 – Corte - época, manual ou mecânico ou segadora. - levar em consideração a produtividade e valor nutritivo para corte. 2 – Desidratação : depende da diferença da pressão de vapor na superfície da forragem e o ambiente, realizada em três fases. Fase 1: rápida, reduzindo a umidade de 80% para valores de 60-65%. Fase 2: fechamento dos estômatos, perda da umidade por difusão (60 – 35%). Fase 3: plasmólise e morte de células (10 – 15%). Processo de Fenação: 17 - a fim de uniformizar a desidratação, devem ser realizadas viragens no material – ancinho espalhador. - mais cuidados devem ser tomados no caso de leguminosas, pois perdem mais folhas. - Enleiramento: proteção contra orvalho ou chuva, material em linha para enfardamento. - Enfardamento: deve ser realizado quando o material estiver com 12 a 15% de umidade. Podem ser obtidos fardos retangulares de 10-12 kg ou grandes fardos circulares, de 500 a 800 kg. - Armazenamento: fardos retangulares no galpão ou no campo. Cuidados no armazenamento com o desenvolvimento de mofos e temperaturas maiores de 40°C são prejudiciais ao feno. - a qualidade do feno depende da planta forrageira (espécie, cultivar, estágio vegetativo, composição morfológicas) e do processo de fenação (condições de clima, viragens, armazenamento). Critérios na escolha da espécie forrageira: - taxa de desidratação, adaptação e tolerância ao corte, produtividade e valor nutritivo. - maior proporção de folhas e colmos mais finos favorecem a desidratação. - levar em consideração a resposta à adubação, principalmente a adubação.
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