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A Consolidação da Sociologia como Ciência - Contextos Históricos e Sociais, Características Teóricas e Metodológicas

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03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 1/27
;
Unidade 1
A Consolidação da
Sociologia como Ciência:
Contextos Históricos e
Sociais, Características
Teóricas e Metodológicas
A+
A-
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 2/27
Olá, aluno(a)! Esta unidade é um convite a conhecer a sociologia e o seu processo de
consolidação como ciência. Partimos de uma contextualização de movimentos
políticos e intelectuais que favoreceram o surgimento da sociologia, ciência que
busca interpretar as transformações sociais emergentes da constituição da
sociedade moderna.
Em um primeiro momento, a pergunta que pode surgir é: mas, a�nal, o que é
sociologia? No decorrer da discussão, buscaremos compreender os objetivos, os
métodos e as possibilidades dessa ciência responsável por analisar fenômenos
sociais, que são os acontecimentos presentes na sociedade que podem in�uenciar o
modo pelo qual nos relacionamos coletivamente.
A sociologia possui como principal característica oferecer condições de análise da
sociedade em que vivemos, para que seja possível compreendermos a nossa própria
experiência de mundo. Nesse sentido, a sociologia nos permite fazer re�exões do
tipo: qual é a ordem que seguimos? Como nos organizamos? Existem diferentes
maneiras de se organizar socialmente? Como os acontecimentos exteriores
in�uenciam na nossa vida? Pretendemos responder a essas questões de diferentes
maneiras, com variados métodos e técnicas de pesquisa, os quais você conhecerá
nesta unidade.
Compreender o mundo em que vivemos é um grande desa�o, assim, aqui,
disponibilizaremos ferramentas para que você possa enfrentá-lo. E, então, você está
disposto(a) a entender melhor como a sociedade pode in�uenciar sua trajetória de
vida social?
Bons estudos!
A+
A-
Introdução
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 3/27
Movimentos Políticos e Intelectuais que
Possibilitaram o Surgimento da
Sociologia
A consolidação das ciências sociais é resultado de movimentos políticos e
intelectuais que “atravessaram” o processo de constituição e de desenvolvimento da
sociedade moderna. Esses movimentos emergiram no contexto das discussões sobre
as relações humanas e as transformações sociais oriundas da industrialização.
Os movimentos políticos e intelectuais ocorridos entre os séculos XVI e XIX, período
de mudanças signi�cativas no sistema social ocidental, tinham como principal
marcador a constituição da sociedade capitalista e dos valores liberais e burgueses.
O que aconteceu nesse momento não foi apenas a transição de uma organização
social para outra; muito mais que isso, foi uma mudança radical na maneira de pensar
e de agir de toda a sociedade ocidental, que passou a negar normas e valores
medievais, em razão da construção da modernidade.
A+
A-
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 4/27
Para entendermos as transformações sociais derivadas desse contexto histórico,
precisamos observá-las de modo não isolado, uma vez que constituem o pano de
fundo das grandes mudanças na maneira com que a humanidade passou a explicar a
vida em sociedade. Diante disso, destacamos a seguir, como em uma espécie de linha
do tempo, os principais processos que in�uenciaram na consolidação da sociologia,
ciência que tem como objetivo explicar uma sociedade em transformação. São eles: a
Reforma Protestante, o Iluminismo, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o
Positivismo.
Pontualmente, todos esses acontecimentos históricos contribuíram para uma
quebra de paradigmas da sociedade feudal e aristocrática, promovendo o
surgimento de novos valores para o mundo ocidental. Tudo isso passa pela
consolidação da ciência em todas as suas especi�cidades: ciências exatas, ciências da
natureza e ciências humanas. Esses conhecimentos constituíram o Estado-nação, a
concepção de direito e a democracia moderna, além disso, promoveram uma
dinâmica singular nas relações de produção e uma nova concepção de trabalho e de
sobrevivência.
A Reforma Protestante como uma das Precursoras da Quebra de
Paradigmas Tradicionais (Século XVI)
A Reforma Protestante foi um movimento político e intelectual que questionou a
autoridade papal e a estrutura da Igreja Católica, no curso do século XVI, na
A+
A-
REFLITA
O Conceito de Modernidade
Hoje, somos todos “modernos”. Só que nos tornamos modernos de maneira
muito diferente, e esses caminhos distintos rumo à modernidade deram
origem a mais uma camada de nossa construção cultural. Modernus e
modernitas são termos do latim medieval que signi�cam “presente”, tanto
como adjetivo quanto como substantivo. Costumavam ser utilizados para
estabelecer contraste com “antigo” e “antiguidade”, a era greco-romana clássica
da civilização europeia.
Fonte: Therborn (2013, p. 79).
03/04/2021 Unidade 1
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Alemanha. Sob a liderança de Martinho Lutero (1483-1546), teólogo e monge da
ordem de Santo Agostinho, a Reforma Protestante propôs mudanças à Igreja
Católica, contestando “o poder absoluto da instituição e as práticas de cobranças de
indulgências, abusos e corrupções, e defendendo o sacerdócio universal de todos os
cristãos, o livre acesso às Escrituras, entre outros” (BARBOSA, 2011, p. 869).
Um dos grandes marcos desse período foi quando Lutero, em 1517, elaborou 95
teses e as a�xou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Suas teses traziam os
questionamentos que o teólogo tinha com relação às práticas da Igreja Católica,
consideradas abusivas pelo monge. Em 1520, o Papa escreveu uma carta a Lutero,
ameaçando-o de excomunhão caso ele não se redimisse quanto a seus
questionamentos. O monge não se redimiu e ainda queimou a carta papal.
Excomungado no mesmo ano de recebimento da carta do Papa, Lutero recebeu o
apoio da nobreza alemã. Sob essa tutela, o monge divulgou seus escritos e fundou
uma nova ordem religiosa, a Igreja Luterana. Desse modo, o teólogo traduziu a bíblia
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Figura 1.1 - Lutero queimando a carta papal, em 1520 
Fonte: Fondo Antiguo de la Biblioteca de la Universidad de Sevilla / Wikimedia Commons.
03/04/2021 Unidade 1
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para a língua alemã (até então, a obra só tinha versões em latim, língua conhecida
apenas pelas autoridades religiosas).
Os protestantes incentivaram uma nova relação com a religiosidade e os meios de
produção e de acesso ao conhecimento, buscando difundir o entendimento sobre a
humanidade e suas complexidades por meio da razão. Ademais, eles propuseram a
dissolução da submissão absoluta da sociedade a uma autoridade divina,
representada pela Igreja Católica e sua liderança papal. O movimento iniciado por
Martinho Lutero tomou proporções outras que não apenas a reforma religiosa. O
teólogo apresentou em suas teses e outros escritos preocupações relativas ao
acesso universal ao conhecimento, propondo “mudanças que acabam envolvendo
alterações no desenvolvimento de seu país como um todo e, por isso, também na
educação” (BARBOSA, 2011, p. 869).
O movimento da Reforma Protestante foi precursor de debates cruciais
relacionados ao papel do Estado na condução e na organização da sociedade. Um
exemplo importante é a proposição da construção de um ensino educacional na
Alemanha liberto do
monopólio da Igreja, que, no âmbito geral, o restringia apenas a alguns, mas
também para que ele adquirisse o caráter de um dever do Estado e um direito
do cidadão, características que se tornaram essenciais no mundo moderno, ao
se discutir o direito à educação de todos. (BARBOSA, 2011, p. 884)
A Reforma Protestante pode ser considerada um marco inicial do movimento de
contestação dos conhecimentos religiosos como os únicos dotados de “sentido” para
explicar a humanidade. Assim, surgiam o início da valorização da ciência e a
propagação do acesso universal aoensino e à produção de conhecimento.
A Revolução Industrial (Século XVIII): O Capitalismo em Curso, das
Manufaturas às Grandes Indústrias
A partir do século XV, com o advento das expansões marítimas (as grandes
navegações de comércio ultramarítimas), houve uma ampliação da concepção de
mundo para os colonizadores ocidentais, pois a exploração do comércio
proporcionou a acumulação de capital pela burguesia comercial (SOUZA, [201-]).
Conforme instalaram colônias na África, na Ásia e na América, os europeus viam
surgir a possibilidade de um mercado mais amplo, de alcance mundial.
A exploração de metais preciosos e o trá�co de pessoas escravizadas, que serviam
como mão de obra nas colônias, impulsionaram o comércio e transferiram o poder
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A-
03/04/2021 Unidade 1
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econômico das cidades-repúblicas aos comerciantes. Ou seja, a expansão comercial
e territorial muniu a classe de comerciantes, a burguesia, com capital �nanceiro
su�ciente para alçá-la a posições privilegiadas de poder, o que propiciou que
protagonizasse o processo de industrialização na Europa (inicialmente
protagonizado pela Inglaterra).
Iniciada em meados do século XVIII, a Revolução Industrial foi resultado de uma
série de fatores, a exemplo do desenvolvimento de uma nova tecnologia de
produção, as máquinas a vapor, que inovaram as relações de trabalho nesse período.
Por sua vez, essas relações de trabalho foram impactadas pelo movimento
migratório de trabalhadores do campo, que iam para as cidades em busca de
trabalho e sustento. Ademais, o protagonismo da classe burguesa, �nanciadora da
criação de fábricas, favoreceu o surgimento de um novo mercado consumidor. Esse
contexto alterou signi�cativamente a forma de se estabelecer as relações sociais
nesse período, principalmente no que diz respeito aos processos de produção de
mercadorias.
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Figura 1.2 - Máquina a vapor 
Fonte: Tacarijus / Wikimedia Commons.
03/04/2021 Unidade 1
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A máquina a vapor foi uma revolução no modo de produção chamado
maquinofatura, centrado em fábricas, com máquinas movidas por energia de fonte
físico-químico. Esse modelo é baseado em etapas seriais e setorizadas, que dão
corpo ao processo de produção em série. A maquinofatura substituiu a manufatura,
trabalho via máquinas manuais, dependente, exclusivamente, ou primordialmente,
de mão de obra humana. Por um lado, o processo de produção em série da
maquinofatura gerou muito desemprego, mas, por outro, diminuiu o valor da
mercadoria e acelerou o ritmo de produção, o que pode alargar as margens de lucro
de líderes industriais.
O objetivo para se aperfeiçoar as técnicas de produção era ter menos trabalhadores
e, ainda assim, produzir mais (dessa forma, os lucros teriam um aumento
considerável). Segundo Martins (1994), a Revolução Industrial foi o triunfo do
capitalismo, uma vez que, aos poucos, os empresários concentraram máquinas,
ferramentas e grandes extensões territoriais em suas mãos, fazendo com que parte
considerável da população se transformasse em simples trabalhadores sem posses.
Dessa forma, surgiu uma sociedade dividida em classes, na qual o poder econômico e
de produção está concentrado nas mãos de pequenos grupos, a classe burguesa, que
utiliza a força de trabalho dos demais para a exploração e o acúmulo de capital.
É possível a�rmar que as mudanças ocorridas na Revolução Industrial
estabeleceram uma nova ordem de organização social na sociedade ocidental, assim
como percebemos na atualidade, com a revolução das tecnologias da informação e
da comunicação. Mudanças radicais na maneira de se organizar o mundo surgiram, e
o que elas possuem em comum “é o fato de gerarem descontinuidades profundas nos
mais variados setores da vida em sociedade” (NICOLACI-DA-COSTA, 2002, p. 194).
Essas descontinuidades surgem no sentido de romper os moldes anteriores de
organização social.
O Iluminismo e a Revolução Francesa (Século XVIII): O Processo de
Instauração da Ordem Liberal Burguesa
Marcando uma ruptura dos valores feudais e aristocratas da Idade Média, “o
Iluminismo constituiu-se sob a base de um programa fundado na construção racional
da sociedade” (GONÇALVES, 2015, p. 281), ao questionar a intolerância religiosa e o
poder absolutista da realeza europeia. A Idade Média, conhecida como “período das
trevas”, teve seu �m quando os �lósofos iluministas propuseram a construção de
uma “época das luzes”, em que o conhecimento cientí�co e a razão seriam adotados
como fundamentos maiores de justiça. “Era a razão justa; re�etia o direito igual”
(GONÇALVES, 2015, p. 281).
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03/04/2021 Unidade 1
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Dentre os principais pensadores iluministas, podemos destacar Jean-Jacques
Rousseau. Em sua obra intitulada “O contrato social”, originalmente publicada em
1762, esse �lósofo suíço explica que o contrato social é o acordo coletivo de
organização social e de adesão a um conjunto de regras, a �m de garantir a igualdade
de condições de sobrevivência e o bom convívio social. Na leitura de Rousseau
(1978), o contrato social deve ser sedimentado em uma decisão geral que legitima a
liberdade de os indivíduos envolvidos escolherem a melhor forma de organização
coletiva. O pensamento desse �lósofo foi a base para a construção das democracias
europeias, principalmente no processo de Revolução Francesa, o qual trataremos
mais adiante.
O movimento intelectual iluminista inspirou, de acordo com Gonçalves (2015, p.
281),
a concepção moderna de democracia, e também de direito, é produto desta
razão, moralmente universalizada: enquanto o racional caracterizava-se pelo
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Figura 1.3 - Filósofos iluministas reunidos no Salão de Madame Geoffrin. Óleo sobre tela de Anicet Charles Lemonnier,
1812 
Fonte: Anicet Charles Lemonnier [1812] / Wikimedia Commons.
03/04/2021 Unidade 1
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bem e pelas luzes, o irracional era identi�cado com o mal e o obscurantismo.
Nesse período, o principal objetivo dos intelectuais engajados nesse movimento era
difundir o ideal de que uma sociedade próspera é aquela que interpreta as suas
relações e complexidades por meio da razão e de argumentos legitimados pela
ciência.
Inspirada pelos ideais iluministas, a Revolução Francesa propôs a aplicação de uma
prática social com base no direito universal de toda a população francesa. Ocorrida
também no século XVIII, a Revolução Francesa foi um movimento contra o
absolutismo do rei Luís XVI e da rainha Maria Antonieta. O lema “Liberdade,
Igualdade, Fraternidade” possui forte in�uência iluminista e busca incentivar um
conjunto de ações que visam à construção de uma sociedade mais harmônica e não
submissa ao poder absoluto (FURET, 1989).
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03/04/2021 Unidade 1
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A obra de Eugène Delacroix, “A liberdade guia o povo”, representa de forma
profunda o signi�cado da Revolução Francesa para o povo francês. A liberdade seria
a libertação com relação ao poder aristocrático, e esse foi um período de transição
dos grupos em posição de poder. A burguesia francesa tomou a frente desse
movimento e, posteriormente, assumiu as instâncias de poder da França. A Tomada
da Bastilha, em 14 de julho de 1789, foi o marco dessa revolução.
A Bastilha era uma fortaleza medieval para prisioneiros da época. Em 14 de julho de
1789, os revolucionários franceses ocuparam o espaço como símbolo de seu
rompimento com o poder monárquico do rei Luís XVI, que impunha um sistema de
taxação desigual para controlar a crise econômica que assolava o país. A Tomada da
Bastilha representa uma nova organização social, que seria difundida na França e em
boa parte da Europa. Nesse contexto, a burguesia (classe de comerciantes) passaria
a protagonizar as instâncias de poder.
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Figura 1.5 - “A Tomada da Bastilha”(no centro, se vê a prisão de Bernard-René Jourdan de Launay, marquês de Launay,
1740-1789) 
Fonte: Jean-Pierre Houël [1789] / Wikimedia Commons.
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 12/27
Os ideais iluministas e a Revolução Francesa compõem o cenário de ascensão da
burguesia. Esses movimentos deram origem a um novo tipo de governo, o Estado-
nação, em que os representantes são escolhidos pelo povo, e não mais pelo direito
sagrado de poder, como era o caso das monarquias. É importante que você perceba a
substituição dos grupos de poder e de ideais promovidos nesse período, pois isso
contribuiu para a construção das instituições governamentais da modernidade.
O Positivismo e o Surgimento de uma Ciência Social (Século XIX)
A Revolução Industrial promoveu mudanças na divisão social do trabalho, até então
inéditas, o que implicou nova organização econômica e política. Por sua vez, a
Revolução Francesa tinha como propósito dar um �m aos privilégios herdados pela
nobreza e promover a igualdade de direitos e oportunidades. Todo esse contexto
social fez com que inúmeros pensadores procurassem compreender as repercussões
dessas revoluções nos moldes de organização social emergentes. Esses estudiosos
deram origem a uma herança intelectual que possibilitou o surgimento da sociologia
como ciência, no século XIX.
Ao mesmo tempo, a Europa Ocidental consolidava a sociedade capitalista, sistema
social vigente até os dias atuais. Porém, o capitalismo ocidental trouxe diversas
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A-
FIQUE POR DENTRO
A Relação entre os Direitos Humanos e a Revolução Francesa
A Revolução Francesa pode ser considerada um dos processos sociais que
possibilitaram o surgimento da cidadania e dos direitos democráticos. No
pequeno artigo produzido pela Diretoria de Direitos Humanos da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), há a tradução da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada durante a Revolução
Francesa, de 1789. O material é considerado o primeiro documento o�cial dos
direitos humanos na sociedade ocidental.
Fique por dentro, acesse:
http://www.direitoshumanos.unicamp.br/noticia/liberdade-igualdade-e-
fraternidade.  
Fonte: Elaborado pelos autores.
http://www.direitoshumanos.unicamp.br/noticia/liberdade-igualdade-e-fraternidade
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 13/27
problemáticas. Com o surgimento de fábricas que abrigavam as máquinas, um
grande número de operários foi considerado desnecessário, fato que gerou
desemprego e extrema pobreza, inaugurando contexto de desigualdade social,
desconhecido até então.
Além disso, o êxodo rural rapidamente superpopulou as cidades. Houve uma grande
quantidade de trabalhadores que passaram a oferecer mão de obra em abundância e
cada vez mais barata. Assim, com as cidades superpovoadas, as pessoas em busca de
emprego nas fábricas e os indivíduos desempregados, o número de miseráveis foi
aumentando consideravelmente. Problemas de infraestrutura nas cidades,
aglomeração de pessoas miseráveis, sujeitos desempregados, esses e outros fatores
resultaram em miséria, fome, violência e condições de sobrevivência cada vez mais
precárias para os menos favorecidos pelo sistema capitalista.
Diante de todas essas mazelas sociais, o �lósofo francês Auguste Comte (1798-
1857) procurou entender essa sociedade capitalista desigual e problemática em
consolidação. As principais questões desse pensador eram: como nossa sociedade
funciona? Quais são os motivos para os con�itos e a desordem social? Comte, então,
começou a desenvolver um método para se pensar a sociedade por meio de uma
ciência positivista. Você sabe o que isso signi�ca? Signi�ca que Comte acreditava na
superioridade da ciência e no poder que ela tem de explicar os fenômenos sem a
utilização de parâmetros religiosos e míticos. Para esse �lósofo, a ciência poderia dar
conta de oferecer soluções e estabelecer a ordem social.
Entendo por física social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos
fenômenos sociais, segundo o mesmo espírito com que são considerados os
fenômenos astronômicos, físicos, químicos e �siológicos, isto é, submetidos a
leis invariáveis, cuja descoberta é o objetivo de suas pesquisas. Assim, ela se
propõe diretamente a explicar, com a maior precisão possível, o grande
fenômeno do desenvolvimento da espécie humana, visto em todas as suas
partes essenciais. (COMTE, 1972, p. 86)
A ciência que poderia investigar os problemas sociais em pauta e propor iniciativas
de reordenamento social seria uma ciência social, a sociologia. Comte foi o primeiro
teórico a utilizar o termo “sociologia”, em seu curso de �loso�a positiva, em 1839. O
autor pretendia mapear os métodos já utilizados nas ciências naturais (física,
biologia, matemática) e aplicá-los ao estudo da sociedade. Surgiria, assim, uma física
social, um conhecimento cientí�co das relações humanas e de suas instituições.
A física social seria uma ciência naturalista da sociedade, capaz de explicar o passado
da humanidade e predizer seu futuro por meio de métodos de investigação já bem-
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03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 14/27
sucedidos no estudo da natureza: observação, comparação e experimentação
O Positivismo de Auguste Comte foi o movimento responsável por fundar a
sociologia como ciência. Foi nesse período que o avanço cientí�co alcançou as
questões sociais, buscando interpretá-las. O surgimento da sociologia “sela” todo
esse processo de proposição de novos valores sociais para a construção de uma
sociedade moderna. Comte possuía muitos traços do pensamento �losó�co, por
esse motivo, não constituiu um estudo sociológico empiricamente fundamentado, tal
como buscamos realizar na atualidade. No entanto, é importante destacar que o
Positivismo, além de propor um novo método de pesquisa afeto aos problemas
sociais, in�uenciou diversos movimentos de organização política no mundo todo.
Diante de todo esse contexto histórico de formação da sociedade capitalista tal
como a conhecemos hoje, é importante destacar que os movimentos políticos e
intelectuais citados até o momento estão presentes nas principais obras de autores
canônicos das ciências sociais. Os fundamentos da sociologia, publicados por Émile
Durkheim, em 1895, no livro “As regras do método sociológico”, possuem forte
in�uência de aspirações iluministas e positivistas, segundo a perspectiva de
depositar na ciência um valor privilegiado de leitura da realidade. Na obra “Da
divisão do trabalho social”, publicada em 1893, Durkheim analisa as relações de
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03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 15/27
trabalho na sociedade capitalista, tema que também foi abordado por Karl Marx em
“O capital”, de 1867. Ambos os autores consideram os processos de especialização
do trabalho durante o desenvolvimento da Revolução Industrial.
O trabalho tornou-se um tema essencial para a sociologia durante sua consolidação.
O sociólogo alemão Max Weber, por exemplo, relacionou a Reforma Protestante ao
estabelecimento de valores liberais nas relações sociais e à valorização do trabalho
assalariado como meio principal de vida, na obra “A ética protestante e o ‘espírito’ do
capitalismo”, de 1904.
Destacamos as relações dessas produções com seus contextos históricos para
rea�rmar que a sociologia é resultado da necessidade de compreender e de
interpretar as transformações sociais que impactaram e ainda impactam no modo de
vida ocidental. Posteriormente, falaremos com mais calma sobre cada uma dessas
obras e respectivas teorias de seus autores. No entanto, a seguir, apresentaremos
brevemente os principais pensadores da sociologia.
Pensadores Clássicos da Sociologia
Os clássicos da sociologia são pensadores que forneceram subsídios para a criação
de instrumentos de análise, além de perspectivas teóricas e contribuições re�exivas
sobre o funcionamento de nossa sociedade.Os autores que se destacam como
clássicos dessa disciplina são: Marx, Weber e Durkheim. Consideramos suas
concepções teóricas como precursoras do pensamento sociológico, e é por esse
motivo que merecem destaque nesta unidade.
Émile Durkheim
O francês Émile Durkheim (1855-1917) inspirou-se na teoria positivista de Comte.
Para esse pensador, a sociedade é regida por leis exteriores e independentes da
vontade humana. Portanto, a sociedade orienta nossos comportamentos e ações. O
principal objetivo de Durkheim era tornar a sociologia um conhecimento cientí�co.
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03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 16/27
Max Weber
O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) centrou sua discussão teórica nas
ações individuais, com uma perspectiva oposta à de Durkheim. Para Weber, não
existem leis universais que regem a vida em sociedade. Além disso, segundo esse
sociólogo, a compreensão de um fenômeno social deve partir da análise do
comportamento individual perante a coletividade.
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03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 17/27
Karl Marx
Karl Marx (1818-1883), revolucionário pensador alemão, inovou as discussões
sobre as relações de produção e de trabalho na sociedade capitalista. Sob uma
perspectiva socialista, Marx procurou analisar as estruturas de poder e as
desigualdades sociais com objetivo de transmitir à classe trabalhadora uma crítica
política da sociedade de seu tempo.
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Figura 1.7 - Max Weber 
Fonte: ��ೕ� / Wikimedia Commons.
03/04/2021 Unidade 1
https://moodle.faculdadefama.edu.br/mod/resource/view.php?id=16575 18/27
As bases para a compreensão da vida em sociedade que cada um desenvolveu
construíram diferentes concepções sobre a organização social, in�uenciaram muitos
outros teóricos das ciências sociais e inspiraram a criação de diversas escolas de
pensamento na sociologia. No entanto, é importante destacar que todas essas
perspectivas teóricas emergiram de mudanças sociais relativas à consolidação do
capitalismo moderno, portanto, a busca pelo entendimento das relações humanas
durante o processo de modernização da sociedade ocidental é o fator comum entre
os interesses de investigação cientí�ca e as diferentes metodologias desses autores.
A Sociologia como uma Forma de
Interpretar o Mundo: Objetivos e
Principais Características
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03/04/2021 Unidade 1
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Agora que já compreendemos em termos gerais quais são os movimentos políticos e
intelectuais que possibilitaram a consolidação da sociologia como ciência, vamos nos
concentrar em debater quais são suas principais características.
É possível destacar até aqui que a necessidade de compreensão das transformações
sociais ocorridas no �m do último milênio provocou um ímpeto de conscientização
sobre quais são as formas de organização da realidade social, bem como seu impacto
na vida em sociedade.
Ademais, percebe-se que a sociedade ocidental passou a centrar sua organização em
processos mais “racionais”, pautados no conhecimento cientí�co, nos avanços
tecnológicos e na recon�guração dos modelos de produção e das estruturas
políticas, o que resultou na criação de um sistema social totalmente novo. Para
mobilizar esse novo sistema social, de forma a organizá-lo e a projetar melhorias e
aperfeiçoamentos, o entendimento dos processos em curso tornou-se algo
essencial, e é por esse motivo que a sociologia surgiu como uma ciência capaz de
interpretar o mundo em que vivemos.
De acordo com Mills (1969), para compreender as próprias experiências sociais, é
necessário ser cônscio, lúcido e consciente com relação às possibilidades de vida
reservadas pela convivência social. Além disso, é preciso observar a trajetória de
quem nos cerca, sendo esta uma maneira de estimular a construção de um olhar
atento para os acontecimentos do mundo em que vivemos. Para Mills (1969), esta é
a principal contribuição da sociologia: fornecer a possibilidade de compreender o
mundo ao redor para além do que é tido como “certo”, sem prede�nições. Nesse
sentido, ao desenvolvermos as nossas próprias percepções, será possível localizar o
nosso papel dentro da sociedade e planejar ações individuais e coletivas.
Essa lógica de pensar sociologicamente, proposta por Mills (1969), possibilita aguçar
a visão de que há uma ordem e uma estrutura exteriores aos seres humanos. Dessa
maneira, apenas quando nos tornamos conscientes desses processos de construção
social é que podemos intervir sobre eles ou, pelo menos, administrá-los, a�rma Mill
(1969).
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Segundo essa perspectiva, a sociologia possui um papel social essencial na sociedade
moderna, que é o de construir interpretações sobre a forma com que funcionamos e
nos organizamos coletivamente. Para Mills (1969), a capacidade de produzir essas
interpretações sobre o mundo não é exclusiva de cientistas sociais, mas só é possível
por meio do pensamento sociológico, que se constitui da contextualização histórica
e política de nossas estruturas sociais.
Esse movimento re�exivo de interpretação da realidade é o que Mills (1969) chama
de “imaginação sociológica”. E, para mobilizá-la, devemos responder ao seguinte
conjunto de questões (MILLS, 1969, p. 13):
1) Qual a estrutura dessa sociedade como um todo? Quais seus componentes
essenciais e como se correlacionam? Como difere de outras variedades de
ordem social? Dentro dela, qual o sentido de qualquer característica particular
para a sua continuação e para a sua transformação? 
 
2) Qual a posição dessa sociedade na história humana? Qual a mecânica que
a faz modi�car-se? Qual é seu lugar no desenvolvimento da humanidade
como um todo, e que sentido tem para esse desenvolvimento? Como qualquer
característica particular que examinemos afeta o período histórico em que
existe, e como é por ele afetada? Como difere de outros períodos? Quais seus
processos característicos de fazer a história? 
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REFLITA
Compreender a Sociedade é Compreender a Própria Experiência
“O indivíduo só pode compreender a sua própria experiência e avaliar o seu
próprio destino localizando-se dentro de seu período. Só pode conhecer as
suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as
pessoas nas mesmas circunstâncias. Sob muitos aspectos, é uma missão
terrível, sob muitos outros, magní�ca”.
Fonte: Mills (1969, p. 12).
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3) Que variedades de homens predominam nessa sociedade e nesse período?
E que variedades irão predominar? De que formas são selecionadas,
formadas, liberadas e reprimidas, tornadas sensíveis ou impermeáveis? Que
tipos de “natureza humana” se revelam na conduta e no caráter que
observamos nessa sociedade, nesse período? E qual é o sentido que para a
“natureza humana” tem cada uma das características da sociedade que
examinamos?
É possível que você, estudante, esteja um pouco atordoado com tantas questões. Em
um primeiro momento, parece difícil fornecer alguma resposta, no entanto, de
acordo com Mills (1969, p. 11), se o indivíduo utilizar a razão e a lucidez para tentar
compreender o que está ocorrendo no mundo e dentro de si mesmo, será capaz de
responder a essas questões.
O primeiro bloco de questões refere-se à compreensão da nossa estrutura social:
qual é a ordem que nos rege coletivamente? Nossa vida em sociedade é orientada
pela ordem de produção capitalista, portanto, ao compreender que isso é um dos
elementos norteadores da nossa organização social, será possível seguir para o
próximo bloco de questões, que busca explicitar quais foram as transformações no
tempo histórico que construíram a ordem sob a qual vivemos.
Por �m, após esclarecer as bases do nosso sistema social, podemos seguir para o
último bloco de questões e buscar um entendimentosobre as diferentes formas de
vida em um mesmo meio: elas existem? Quais são os diferentes grupos existentes e
suas características?
As re�exões de Mills (1969) sobre o pensamento sociológico são essenciais para
compreender as temáticas de pesquisa no âmbito das ciências sociais, bem como
seus métodos e técnicas. Ainda, a “imaginação sociológica” de Mills (1969) nos
mostra que, para sermos conscientes e avaliarmos a nossa própria experiência como
sociedade, devemos nos despir de prede�nições. Para tanto, é necessário mobilizar
“um estado de espírito que permite entender a vida em sociedade como estando
submetida a uma ordem, produzida pelo próprio concurso de condições, fatores e
produtos da vida social” (FERNANDES, 2008, p. 10-11).
O que buscamos destacar, portanto, é que a sociologia primeiramente surgiu como
uma concepção de mundo. Somente depois é que foi estabelecida como ciência, fato
que torna impossível separá-la das condições históricas e sociais que precedem sua
existência. Nesse sentido, a pesquisa cientí�ca nas ciências sociais, especi�camente
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na sociologia, deve seguir uma objetividade e avaliar todos os elementos que
constroem a ordem social e os conjuntos de regras e valores culturais.
Abordagens Sociológicas: Temas e
Métodos de Pesquisa
Como discutimos anteriormente, o estudo da sociedade não é exclusividade da
sociologia. Muitos movimentos políticos e intelectuais se dedicaram a re�etir sobre
as transformações do mundo em que vivemos, propondo formas de intervenção
nesse contexto. No entanto, a peculiaridade da sociologia está na maneira com que
esse campo de estudo lida com as questões sociais, ou seja, pela elaboração de
técnicas e de métodos de pesquisa próprios da investigação sociológica.
Atualmente, consideramos que a sociologia não é a única ciência que se dedica aos
estudos sociais. Ela é parte das ciências sociais, assim como a antropologia e a
ciência política. A antropologia dedica-se ao estudo de culturas, hábitos, costumes e
comportamentos coletivos; já a ciência política trata do “conjunto de estudos sobre
os fenômenos e as estruturas políticas, conduzido sistematicamente e com rigor,
apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos expostos com argumentos
racionais” (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 164). Todos esses campos
do conhecimento possuem referenciais teóricos, além de metodologias e
abordagens cientí�cas próprias para a investigação dos temas de pesquisa a que se
referem.
Com relação à sociologia, é possível perceber um maior destaque para essa
disciplina, e isso se dá em razão de essa ciência ser a pioneira na consolidação de
uma metodologia especí�ca para o estudo da sociedade.
Resumidamente, a sociologia dedica-se ao estudo do comportamento humano em
coletividade: como nos relacionamos uns com os outros? Como nos organizamos
socialmente e formamos sistemas sociais por meio de uma ordem que é exterior às
nossas vontades individuais? Como estabelecemos padrões de comportamento? A
sociologia é a ciência que analisa essas e muitas outras questões: relacionamentos
interpessoais, família, grupos sociais, escola, trabalho, religiosidade, Estado, justiça
etc. Diante da diversidade de temas de pesquisa, cabe ressaltar que não há uma
separação muito clara entre as diferentes áreas das ciências sociais, pois elas podem
se fundir e/ou compartilhar perspectivas cientí�cas.
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Assim como em qualquer outro campo cientí�co, na sociologia e nas ciências sociais
como um todo há um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa. Nesse sentido,
podemos destacar dois grupos principais: técnicas e métodos quantitativos ou
técnicas e métodos qualitativos. No primeiro caso, temos a coleta, a manipulação e a
análise de dados quantitativos, censos demográ�cos, pesquisas eleitorais ou de
opinião, questionários de per�l socioeconômico etc., instrumentos que utilizam,
normalmente, questões estruturadas, fechadas e de múltipla escolha. No segundo
caso, temos uma aplicação e uma análise mais subjetivas, mas isso não signi�ca falta
de objetividade ou de rigor cientí�co. Em ambos os casos, existem protocolos de
ética e procedimentos predeterminados pela literatura metodológica das ciências
sociais. As pesquisas qualitativas podem ser representadas por entrevistas
semiestruturadas, com questões abertas, histórias de vida, análise de documentos,
observação participante, estudos de caso etc.
CONSOLIDAÇÃO DA
SOCIOLOGIA COMO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
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Segundo Fernandes (2008), o modo de agir e a capacidade de decisão e de
julgamento dependem do grau de consciência dos indivíduos com relação às ações
dos outros e/ou aos efeitos de possíveis alterações na estrutura e no funcionamento
de instituições. Para tanto, a sociologia desenvolveu diferentes métodos e técnicas
de pesquisa para auxiliar no entendimento das relações estabelecidas na vida em
sociedade, bem como da forma de estruturas e instituições sociais. Avaliar as
interferências exteriores sobre a nossa vida cotidiana é a maneira com que essa
ciência pode contribuir na nossa ação efetiva em sociedade.
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INDICAÇÃO DE LEITURA
Livro: O que é sociologia?
Autor: Carlos Benedito Martins
Ano: 1994
Editora: Brasiliense
ISBN: 9788511010572.
Sinopse: esse livro nos ajuda a compreender as diferentes perspectivas da
sociologia, com relação às suas dimensões políticas e históricas.
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Considerações Finais
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, conhecemos os contextos que possibilitaram a
formação do pensamento sociológico moderno. Tendo em vista os movimentos
políticos e intelectuais que impulsionaram o surgimento da sociologia, é possível
a�rmar que essa disciplina deu início à valorização do conhecimento cientí�co, em
detrimento da autoridade absoluta da religiosidade, característica da Idade Média e
da elite aristocrática. Além da ascensão do conhecimento cientí�co, a constituição
do Estado moderno foi um marco importante para que questões sobre a organização
social passassem a fazer parte do escopo teórico da sociologia
Todo o contexto histórico e social apresentado nesta unidade demonstra que a
sociologia é um produto cultural. Vimos que a Revolução Industrial e a Revolução
Francesa proporcionaram a criação de um ambiente propício à intelectualização dos
conhecimentos relativos ao mundo então em emergência. Nesse sentido, a
sociologia foi uma disciplina que buscou responder aos anseios de compreensão
dessa nova realidade.
Assim, a sociologia surgiu como uma forma de interpretação da realidade, buscando
compreender qual seria a ordem social que nos organiza coletivamente. Para tanto,
foram criadas diferentes especialidades para dar conta das diversas temáticas
concernentes à realidade social. Ademais, foram desenvolvidos métodos e técnicas
de pesquisa para avaliar as diferentes experiências em sociedade.
Atividade
Os acontecimentos históricos ocorridos entre os séculos XVI e XIX foram impulsionados por
movimentos políticos e intelectuais que causaram mudanças signi�cativas nos processos sociais em
curso, culminando em uma recon�guração do sistema social ocidental. Sobre os acontecimentos mais
marcantes desse período, assinale a alternativa correta:
A Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, no século XVI, pode ser considerada o marco
inicial do movimento de contestação da autoridade absoluta da Igreja Católica, ao promover a
restrição do acesso ao ensino e à produção de conhecimento.
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As mudanças geradas pela Revolução Industrial proporcionaram a reorganização social da sociedade
ocidental. Suas inovaçõestecnológicas modi�caram os modelos de produção, no entanto, as mudanças
relacionadas ao mundo do trabalho foram pouco signi�cativas nesse contexto.
O principal objetivo do Iluminismo era difundir um ideal de sociedade que só poderia alcançar a
prosperidade por meio da razão e de explicações sobre a realidade legitimadas pela ciência
aristocrática.
Em um momento histórico em que havia a ascensão da burguesia e a queda do poder monárquico, a
Revolução Francesa se difundiu e propôs uma nova organização política, o Estado-nação.
Embora os movimentos políticos e intelectuais ocorridos no processo de consolidação da sociedade
capitalista tenham gerado mudanças signi�cativas na organização social, eles pouco in�uenciaram o
conhecimento cientí�co.
Atividade
Na tentativa de explicar todas as transformações sociais ocorridas no século XVIII, o �lósofo francês
Auguste Comte (1798-1857) procurou investigar e entender a sociedade capitalista desigual e
problemática que estava em processo de consolidação. Para tanto, esse pensador criou o Positivismo,
corrente teórica que cunhou o termo “sociologia” e defendeu a possibilidade de realizar estudos
cientí�cos sobre os fenômenos sociais. Acerca do Positivismo, analise as a�rmativas a seguir:
I. O principal objetivo de Auguste Comte era compreender a ordem social que rege a vida em sociedade.
Nesse sentido, apenas a ciência positivista, por meio do estudo dos fenômenos sociais, poderia
responder a essa demanda.
II. Auguste Comte criou a física social como forma de reproduzir os métodos cientí�cos das ciências
naturais e estudar a sociedade.
III. Para o Positivismo, os conhecimentos de senso comum, as crendices populares e os credos religiosos
poderiam ser considerados no estudo cientí�co.
IV. O Positivismo é baseado na superioridade da ciência, em detrimento das explicações sobre os
fenômenos sociais por meio da religiosidade e de elementos míticos.
Está correto o que se a�rma em:
I, II e IV, apenas.
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IV, apenas.
I, II, III e IV.
III, apenas.
I e II, apenas.
Atividade
Durante sua modernização, a sociedade ocidental passou a adotar valores mais “racionais”, legitimados
pelo conhecimento cientí�co. O surgimento da sociologia representou esse processo, que buscou
explicar as complexidades humanas por meio da ciência. Sobre as principais características da sociologia,
assinale a alternativa correta:
A sociologia surgiu como ferramenta de intervenção social, de planejamento e de aperfeiçoamento do
funcionamento da sociedade. Portanto, uma interpretação cientí�ca do mundo era pouco necessária.
A objetividade cientí�ca é desnecessária no processo de estudo de fenômenos sociais. Desse modo, a
sociologia é uma ciência abstrata e baseada apenas em teorias desconectadas à realidade.
Na atualidade, a sociologia é dotada de técnicas e métodos próprios de investigação, de caráter
qualitativo e quantitativo, a exemplo da análise de dados socioeconômicos e de entrevistas.
A sociologia faz parte das ciências sociais, no entanto, é a única área do conhecimento dedicada a
estudar os fenômenos e as instituições sociais.
Apesar de a sociologia se dedicar a investigar o comportamento humano em coletividade, ela pouco
contribui para que seja possível compreender a experiência individual em sociedade.
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