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Tema 5 -Atos e Fatos Juridicos

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Material Teórico 
Direito Civil 
Parte Geral 
 
Atos e Fatos Jurídicos 
 
Profª Marlene Lessa 
 
 
 
cod CivilGeralCDSG202107_ a05 
 
 
 
2 
 
 
 
Introdução 
 
 
Vamos, nesta oportunidade conhecer o último ponto importante da 
Parte Geral do nosso Código Civil. Veremos, primeiramente, os fatos 
jurídicos. 
 
Imagine que você emprestou seu veículo a um amigo ou, se 
comprometeu a adquirir um imóvel ou ainda, possui um terreno ao 
lado de um rio. Estes acontecimentos, estes fatos só interessam ao 
direito porque podem surtir consequências de ordem jurídica aos 
interessados. Quando os fatos narrados passam a ter necessidade de 
regulação porque produziram, extinguiram ou modificaram a relação 
jurídica que havia, temos o fato jurídico1. 
 
O fato importa qualquer acontecimento - como por exemplo, a queda 
de uma árvore em uma floresta distante. Já o fato jurídico é aquele 
que importa ao Direito. Ele vem de um evento cujo desdobramento 
acaba sendo relevante para a ordem jurídica. Como nos exemplos 
citados: o empréstimo de um veículo que acabou sendo alvo de um 
acidente, ou a compra de um imóvel que acabou trazendo 
consequências por falta de pagamento, ou ainda, uma enchente que 
alcança um terreno. A partir do momento em que os fatos manifestam 
consequências na ordem jurídica temos o fato jurídico. 
 
 
 
 
Portanto, podemos afirmar, nas palavras de Washington de Barros 
Monteiro2 que fato jurídico (jurígeno) é todo acontecimento que 
interessa ao direito e, portanto, é por ele regulado. 
 
Vamos, na sequência, entender estes temas importantes de nosso 
encontro. 
 
1 BARROS MONTEIRO, Washington de. Curso de direito civil. 37a. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, vol.1. 
2 BARROS MONTEIRO, Washington de. Op. cit. p.172. 
 
3 
Dos Fatos Jurídicos 
 
 
Fatos jurídicos (termo do Código Civil ou, fatos jurígenos – nomenclatura 
advinda de Edmond Picard aceita por Washington de Barros Monteiro) são os 
acontecimentos em virtude dos quais a relação de direito nasce, se altera ou se 
extingue. A doutrina3 nos ensina que são fatos antecedidos por um evento no 
mundo concreto ou real que traz consequências na esfera do direito. Veja, para 
melhor esclarecer, um casal. 
 
Ao resolverem, homem e mulher, morar sob 
o mesmo teto - se vierem a perpetuar esta 
convivência - tratando-se como marido e 
esposa - farão nascer o direito de 
convivência, com efeitos jurídicos em seu 
patrimônio, nome e até vínculo familiar. Por 
isso, uma situação real (um fato concreto) 
vem gerar um fato jurídico (ou seja, fato que 
será regido pelo Direito). 
 
Para Miguel Reale “fato jurídico é todo e qualquer fato que, na vida social, 
venha a corresponder ao modelo de comportamento ou de organização 
configurado por uma ou mais normas de direito. O fato jurídico, em suma, 
repete, no plano de comportamentos efetivos, aquilo que genericamente está 
enunciado no modelo normativo”4. 
 
 
Classificação 
 
Podem ser classificados os fatos jurídicos, segundo a doutrina, em: 
• FATOS NATURAIS ou da Natureza ou Ainda Fatos Jurídicos em 
Sentido Estrito ou Fatos Jurídicos Propriamente Ditos 
Tratam de acontecimentos naturais. 
Nas lições de Maria Helena Diniz5, o fato natural “advém de 
fenômeno natural, sem intervenção da vontade humana, que produz 
efeito jurídico”. 
 
 
 
 
3 Professores como Clóvis Beviláqua, Washington de Barros Monteiro, Maria Helena Diniz, Miguel Reale, 
entre outros. 
4 REALE, Miguel, 1910 – Liçoes Preliminares de direito – 17. Ed. Rev e atual – São Paulo: Saraiva, 1990, 
p. 199. 
5 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro – São Paulo: Saraiva, 1o. Volume, 1989, p. 182. 
 
4 
a. Daí dizer que podem ser ordinários, que são fatos 
previsíveis, como o falecimento (que gerará a sucessão do 
patrimônio a herdeiros, trará a necessidade de se realizar a 
formalização da extinção da personalidade do falecido), o 
alcance da maioridade (trará os efeitos de assunção das 
responsabilidades legais ao sujeito, a capacidade de fato, a 
possibilidade de exercício pessoal dos atos da vida civil), o 
nascimento (evento que origina o início da personalidade de 
cada um, além de lhe reconhecer a possibilidade de adquirir 
direitos e ter deveres, como pessoa que é – e ter capacidade 
de direito), etc. 
b. e os fatos extraordinários - decorrentes de caso fortuito e 
força maior (na terminologia usada por Orlando Gomes), ou 
seja, que podem advir de eventos imprevisíveis, tais como 
incêndios, enchentes, terremotos, tempestades, tsunamis, 
desabamentos, deslizamentos de terra, pandemia, etc. Estes 
eventos trazem consequências jurídicas como a perda de 
bens, de vidas, empobrecimento dos titulares de propriedades, 
enfim, toda gama de efeitos pela deterioração e alteração das 
características originais do que foi atingido. 
Importante entender que a doutrina apresenta a classificação de 
que quando não há pessoa (física ou jurídica) ou elemento 
humano envolvido no desdobramento do fato, dizemos que o 
mesmo foi natural. 
 
• FATO HUMANO. Evento que se vincula à atuação de pessoas ligadas ao 
desdobramento do fato. Este fato humano pode ser decorrente de: 
a. Fatos Voluntários. Tratam de acontecimentos que envolvem 
comportamento, atitude e vontade de pessoa jurídica ou 
pessoa física. O fato jurídico pode advir da ação e vontade 
pessoal para realização do objetivo do interessado. Exemplo 
dado pela doutrina (Maria Helena Diniz): quando o agente 
pretende perdoar uma dívida; quando o posseiro atua para 
ocupar uma terra; etc. 
Estes fatos voluntários, praticados pelas pessoas físicas e 
jurídicas podem ser fatos lícitos ou ilícitos6. Diz-se que os 
FATOS LÍCITOS VOLUNTÁRIOS são o ato jurídico e o 
negócio jurídico – que serão abordados a seguir. 
 
 
 
 
6 Os fatos ilícitos são aqueles que ofendem a ordem jurídica e por isso são antijurídicos. Os atos ilícitos 
podem ser voluntários (quando desejados pelo agente) e involuntários (quando são sanções por violação 
da norma). 
 
5 
 
b. Fatos Involuntários. São acontecimentos não desejados pelo 
agente, muito embora, este tenha praticado uma conduta cujo 
desdobramento não lhe era querido. Neste caso, pode ser 
configurada a responsabilidade por culpa, nos termos da lei. 
Explicita Maria Helena Diniz que, se há violação da norma 
pode ser imposta a penalização do agente, por configuração 
de ato ilícito. 
 
Para o Código Civil: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um 
direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a 
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente 
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não 
excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. 
 
 
Ato Jurídico 
Ato jurídico – espécie de fato jurídico. É todo o ato lícito, que tenha 
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir 
direitos. O ato jurídico, segundo Silvio Rodrigues, “representa uma 
prerrogativa que o ordenamento jurídico confere ao indivíduo capaz de, 
por intermédio de sua vontade, criar relações a que o direito empresta 
validade, uma vez que se conformem com a ordem social7” (Direito Civil. 
Vol. I. São Paulo: Saraiva, 31ª ed., 2000, p. 170). Pode-se ver este ato 
em uma emancipação voluntária (exemplo de Senise Lisboa), na 
promessa de entrega de recompensa, entre outros. Este tipo de ato 
difere do negócio jurídico. 
Negócio Jurídico, nas palavras de Miguel Reale, “é aquela espécie de 
ato jurídico que, além dese originar de um ato de vontade, implica 
declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre 
dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo 
 
7 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol. I. São Paulo: Saraiva, 31ª ed., 2000, p. 170. 
 
6 
ordenamento jurídico ”8. Conforme arremata Senise Lisboa9 - é um 
acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, que tem por objetivo a 
aquisição, modificação ou extinção de direitos subjetivos. Insere-se no 
direito como fato jurídico voluntário, considerado pela doutrina 
majoritária como ato jurídico lato sensu ou em sentido amplo. No caso 
de um contrato - há este objetivo entre agentes para aquisição ou 
regulação de direitos. Na adoção - também pode-se verificar que há 
modificação dos direitos originários do poder familiar pelos genitores, 
transferindo-os aos adotantes, com consentimento das partes 
envolvidas. 
Miguel Reale, ressalta, ainda que os atos e negócios jurídicos não se 
confundem, embora sejam atos intersubjetivos, porque no primeiro não 
há o acordo de vontades entre os sujeitos. O negócio jurídico, por sua 
vez, não apenas externa o ato de vontade como vai além dele, aponta o 
consenso, a comunhão de vontades (Junqueira de Azevedo). 
Para entender melhor a distinção para com o ato jurídico em si, 
podemos exemplificar com o reconhecimento de paternidade. É o que a 
doutrina chama de ato jurídico em sentido estrito. O genitor declara 
sua vontade formal no sentido de voluntariamente ser reconhecido como 
pai de uma criança. 
A vontade humana, no ato jurídico estrito senso está apenas no 
antecedente, no ato material de manifestar a vontade. As consequências 
fáticas do ato terão efeitos outros. Não pode o interessado restringir 
estes efeitos, afastando aqueles aos quais não pretende se submeter. 
Ao adquirir esta prerrogativa, a conservação, perda ou modificação do 
direito acontecerão independentemente da vontade do agente. 
 
 
Negócio Jurídico 
 
Nosso Código Civil preocupou-se com este tipo de fato jurídico dedicando 
um título a ele em seu bojo. Na verdade, a maior parte de nós, no mais 
singelo proceder de comprar um pão ou de abastecer o veículo, atua como 
sujeito de um negócio jurídico. É o que nos lembra Orlando Gomes10 ao 
afirmar que o negócio jurídico é uma norma concreta que se estabelece na 
autonomia privada, permitindo aos seus titulares o direito de autorregular 
seus interesses particulares, nos limites da lei. 
 
Quais são as regras para o particular negociar? Existe limite para esta 
autorregulação privada? Devemos responder que sim. Você se lembra, na 
sua infância, que muitas vezes ao comprar o pão seu troco poderia vir a 
menor? Pois bem, quando isso acontecia o responsável (pai ou avó) ia ao 
local da compra e exigia que fosse corrigido o erro. Esta possibilidade tinha 
sentido, não apenas pela ética e bom senso ao se tratar com uma criança, 
 
8 REALE, Miguel, 1910. Op. cit. p. 206. 
9 SENISE LISBOA, Roberto. Op. cit. p. 319. 
10 GOMES, Orlando. Op. Cit. p. 259; José Abreu, O negócio jurídico e sua teoria geral, São Paulo, 
Saraiva, 1984. 
 
7 
como também pelo estabelecido na lei. Para validade do negócio jurídico 
um dos requisitos é a capacidade do agente. 
 
Se a criança comprou, negociou, passou procuração ou realizou qualquer 
ato de vinculação patrimonial, por exemplo, sem seu representante legal, o 
mesmo pode ser invalidado. Assim determina a lei: 
 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser 
invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-
interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do 
direito ou da obrigação comum. 
 
 
Faz parte da substância do ato negocial o discernimento que a parte deve 
possuir para realizar a contratação. A vontade humana é essencial para fazer 
valer o negócio. Um exemplo muito comum na advocacia é o ato de se obter a 
procuração para ingresso com as ações cabíveis nas esferas judicial e 
extrajudicial. Quando a atuação se dará em interesse de menores, a mãe ou o 
pai deve assinar a procuração e fazê-lo em nome do menor de 16 (dezesseis 
anos). O motivo já estudamos. Como é menor incapaz deve ser representado. 
Caso seja outro sujeito, o relativamente incapaz, caberá a seu curador realizar 
o ato, por exemplo. 
 
Daí ser pressuposto de validade do ato jurídico a capacidade do agente. 
 
Outros elementos que a lei impõe são: 
 
• a vontade, uma vez que o ato jurídico é fundamentalmente um 
ato de vontade, se houver mácula em sua declaração padecerá 
de vício o negócio realizado. Para que haja validade negocial o 
sujeito deve estar apto a se manifestar; 
• o objeto, que se relaciona à idoneidade do que será negociado e 
sua adequação ao que se pretende realizar. Não são admitidos 
negócios que atentem contra os valores sociais, a moral e os 
bons costumes. Não são possíveis negócios que não se conheça 
o objeto (coisas indetermináveis); o intuito é negociar algo que 
exista segundo as leis físicas ou naturais; 
• forma, quando é da substância do ato, ou seja, sem a qual o ato 
não existe. Ela deve estar prescrita ou não defesa (proibida) em 
lei. A regra do sistema jurídico brasileiro é o da liberdade da 
forma, devendo ser observada forma especial (por exemplo, 
escritura pública) somente quando a lei expressamente exigir. 
Veja o Código Civil a respeito disso: 
 
8 
 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis 
de valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer 
sem instrumento público, este é da substância do ato. 
 
 
Portanto, Roberto Senise Lisboa finaliza o estudo da essência do negócio 
jurídico descrevendo-o como “todo evento decorrente da vontade humana, que 
se consubstancia em um conjunto de atos jurídicos dependentes entre si, 
dispostos pelos negociantes em uma ordem temporal lógica, para a obtenção 
do resultado ou interesse pretendido pelas partes.” 
 
 
Interpretação 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a 
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido 
que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à 
celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao 
tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se 
identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
V - corresponder à qual seria a razoável negociação das partes sobre a 
questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da 
racionalidade econômica das partes, consideradas as informações 
disponíveis no momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 
13.874, de 2019) 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de 
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos 
diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 
2019) 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
 
9 
 
Condição, Termo e Encargo 
 Nem todo ato de manifestação de vontade ou todo negócio jurídico será 
tratado de modo puro. Existem elementos acidentais que podem surgir. São 
aqueles que - não sendo indispensáveis à constituição do ato ou do negócio 
jurídico, podem existir pela vontade das partes, com a finalidade de alterar as 
consequências que dele normalmente adviriam: 
 
a. Condição (exemplo: comprarei o livro que você escrever se você 
vier a ser chamado para fazer parte da Academia Brasileira de 
Letras; te darei uma viagem a Las Vegas se eu ganhar hoje na 
loteria, etc) 
b. Termo 
c. Encargo 
Importante atentar para o fato de que essas convenções acessórias 
somente são admitidas nos atos de natureza patrimonial em geral, salvo 
algumas exceções, especificamente atinentes ao Direito de Família e ao 
das Sucessões. 
Condição: segundo o artigo 121 do Código Civil é a “cláusula que 
subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto”. Observe-se que 
a condição não afeta a existência do ato jurídico, mas sim a sua eficácia, e 
isso em razão de se tratar de elemento acidental do negócio jurídico. 
Pois bem, configura-se a condição desde que presentes dois requisitos, 
quais sejam, a futuridade e a incerteza. Sobre a futuridade, significa que 
não se considera condição o fato passado ou o presente, mas somente o 
futuro. No que se refere à incerteza, há que se ter em mente que o evento 
certo, tal como a morte, não caracteriza a condição. Como por exemplo, é 
incerto se ganhará ou não uma aposta. 
A condição afeta a eficácia do ato negocial sob dois aspectos: 
1. Impedindo que a avença se aperfeiçoe até o advento da condição, é o 
que se chama de condição suspensiva, prevista nos arts. 125 e 126 do 
Código Civil: 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição 
suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o 
direito, a que ele visa. 
 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, 
e, pendente esta, fizer quanto àquela, novas disposições, estas não 
terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. 
 
 
 
10 
2. Tornando sem efeito o ajuste em virtude de seu advento, é o que é tido 
como condição resolutiva, tratada nos arts. 127, 128 e 130 do CC: 
 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, 
vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão 
deste o direito por ele estabelecido. 
 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os 
efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de 
execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição 
em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que 
compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos 
ditames de boa-fé. 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição 
suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a 
conservá-lo. 
 
A condição comporta várias espécies, a saber: 
➔ Casuais: são aquelas que subordinam a obrigação a um 
acontecimento alheio à vontade das partes, isto é, ao acaso. 
➔ Potestativas: são aquelas em que a realização do fato, de que 
depende a relação jurídica, se subordina à vontade de uma das 
partes. 
➔ Mistas: são aquelas que dependem não só da vontade de uma das 
partes mas, igualmente, da vontade de um terceiro determinado. 
➔ Impossíveis: aquelas que subordinam a eficácia do negócio a um 
acontecimento cuja realização é física ou juridicamente inalcançável. 
➔ Suspensivas: são aquelas que impedem o aperfeiçoamento da 
avença, até o advento da condição. 
➔ Resolutivas: aquelas que tornam sem efeito o ajuste, em virtude do 
advento da condição. 
 
São legalmente proibidas pela lei, as condições que privarem de todo o 
efeito o ato, que o sujeitarem ao arbítrio de umas das partes, as 
impossíveis, quer sejam fisicamente impossíveis, quer juridicamente, 
incluindo-se entre estas as contrárias à moral e aos bons costumes. 
 
Termo: é o dia em que começa ou se extingue a eficácia de um ato jurídico. 
Pode se apresentar sob as seguintes modalidades: 
 
11 
Termo inicial: (“dies a quo”) é o momento em que a 
eficácia de um ato jurídico deve começar; 
Termo final: (“dies ad quem”) é o que dá termo (fim) a 
um direito criado pelo contrato até então vigente. 
Termo convencional é a cláusula contratual que 
subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo. 
Assim, diferencia-se da condição, pelo fato de que esta 
tem em vista um evento futuro e incerto, ao passo que 
aquele considera um momento futuro e certo que, entretanto, pode ser 
incerto quanto à data de sua verificação. 
Em razão disso, o termo pode ser dividido em incerto e certo, este último 
quando se reporta a determinada data do calendário ou a determinado 
lapso de tempo. Tem-se, também, o termo de direito, que é aquele 
decorrente da lei, e o termo de graça, dilação de prazo concedida ao 
devedor. 
Não se pode confundir termo com prazo, pois prazo é o intervalo entre o 
termo a quo e o termo ad quem. Veja a diferença técnica nos artigos 
131/135 e 132 e segs., todos, do CC: 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do 
direito. 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, 
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do 
vencimento. 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado 
o prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de 
início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, 
nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do 
teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu 
a benefício do credor, ou de ambos os contratantes. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis 
desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo. 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as 
disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva. 
 
 
 
 
12 
Encargo: é cláusula acessória às liberalidades (doações, testamentos), pela 
qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário, sendo admissível, 
também, em declarações unilaterais da vontade, como na promessa de 
recompensa. Exemplo: determinar que seja dado dízimo sobre o recebimento 
do valor adquirido em doação. Dispõe o Código Civil que o encargo não 
suspende a aquisição nem o exercício do direito. Se, porém, o 
encargo não for cumprido, a liberalidade poderá ser revogada: 
 
 
 
 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do 
direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo 
disponente, como condição suspensiva. 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo 
se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se 
invalida o negócio jurídico. 
 
Defeitos do Negócio Jurídico 
Os artigos 138 a 165 do Código Civil regulam este tema importante. 
Há casos em que a vontade manifesta-se com algum vício que torne o negócio 
jurídico realizado, anulável. Isto pode ocorrer por divergência entre a vontade 
real da pessoa e a vontade declarada ou, ainda, por vícios que a sociedade 
reprime, uma vez que são cometidos intencionalmente para prejudicar a outros. 
 
Os defeitos do negócio jurídico são: 
a. Erro 
b. Dolo 
c. Coação 
d. Lesão 
e. Estado de perigo 
f. Fraude contra credores 
 
Erro (e ignorância):é a noção falsa que vicia a manifestação da vontade 
declarada pela pessoa, que se engana sozinha, conforme se vê dos artigos 
138 a 144, do CC: 
 
 
 
13 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações 
de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido 
por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do 
negócio. 
(...) 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando 
expresso como razão determinante. 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é 
anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 
(...) 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração 
de vontade. 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a 
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para 
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 
 
 O erro, para viciar a manifestação de vontade e anular o que foi praticado, 
deve ser substancial, escusável e real. Nesse sentido, o erro pode se 
apresentar sob a forma de: 
• Erro de fato: recai sobre a pessoa ou a coisa; 
• Erro de direito: que corresponde ao falso conhecimento ou 
ignorância da forma jurídica que determinou a declaração; 
• Erro substancial: é aquele que, se não presente, o ato não se 
celebraria, podendo ser error in corpore, quando se refere ao objeto 
principal da declaração; error in persona, se diz respeito às 
qualidades essenciais da pessoa a quem a declaração se refere 
(conforme se vê do artigo 139 do CC): 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, 
ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem 
se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de 
modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o 
motivo único ou principal do negócio jurídico. 
 
 
14 
• Erro acidental: previsto no artigo 142 do CC é o que recai sobre as 
qualidades secundárias do objeto ou sobre o motivo do ato, quando o 
motivo não é a causa determinante, ou seja, mesmo se conhecida a 
realidade, o negócio seria realizado; não acarreta a invalidade do ato: 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se 
referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, 
por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a 
coisa ou pessoa cogitada. 
 
Dolo: é o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir alguém 
à prática de um ato que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a 
terceiro (Clóvis Beviláqua). Diferencia-se do erro pelo fato de tratar-se de 
erro provocado e pode apresentar-se sob as seguintes formas: 
➔ Dolo principal: é o previsto no art. 145 do Código Civil, que 
estabelece que os atos jurídicos são anuláveis por dolo, quando este 
for a sua causa; 
➔ Dolo acidental: previsto no artigo 146 do CC, ocorre quando “só 
obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu 
despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.” 
➔ Dolo de terceiro: é aquele proveniente do outro contratante ou de 
terceiro, estranho ao negócio (CC, art. 148). Só ensejará a anulação 
do ato, se um dos contratantes souber. Em caso contrário, ainda que 
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas 
e danos da parte a quem ludibriou. 
➔ “Dolus bonus”: é o dolo tolerável no comércio em geral, uma vez que 
já se espera que o comerciante exagere na atribuição de qualidades à 
mercadoria a ser vendida. 
➔ “Dolus malus”: é aquele exercido com o propósito de causar prejuízo 
e, por essa razão, enseja a anulação do ato. 
➔ Dolo por omissão: (dolo negativo) definido no art. 147 do CC, é o 
silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade 
que a outra parte haja ignorado e sem a qual não se teria celebrado o 
negócio. Este dispositivo se baseia no princípio da boa-fé que deve 
reger todos os negócios jurídicos. 
➔ Dolo do representante: previsto no art. 149 do CC torna anulável o 
negócio jurídico. O dolo do representante legal de uma das partes só 
obriga o representado a responder civilmente até a importância do 
proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante 
convencional, o representado responderá solidariamente com ele por 
perdas e danos. 
 
15 
➔ Dolo bilateral: é o dolo de ambas as partes. Está previsto no art. 150 
do Código Civil. Se cada uma das partes teve a intenção de prejudicar 
a outra, nesse caso, nenhuma delas pode alegar o dolo, pretendendo, 
assim, a anulação do ato ou a indenização. 
 
Coação: é toda pressão (vis compulsiva) exercida sobre um indivíduo para 
determiná-lo a concordar com um ato sem a sua vontade. Caracteriza a 
coação, o emprego da violência psicológica, para viciar a vontade. 
Os artigos 151 e 152 do Código Civil determinam que a coação, para viciar a 
manifestação da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor 
de dano à sua pessoa, à sua família, ou a seus bens, iminente e igual, pelo 
menos, ao receável do ato extorquido, devendo ser, nessa conformidade, a 
causa determinante do negócio, o que significa dizer que - sem a coação, o 
negócio não teria se realizado. 
Acerca da coação física, a coerção (vis absoluta), a doutrina entende que 
inexiste nem resquício de vontade no ato, vez que a vítima está sofrendo 
restrição real e supressão de sua intenção em negociar. É o que sucede 
quando há hipnose ou colheita de impressão digital no documento. A vítima 
não possui condições de reagir ao ato coercitivo. 
Com base no dispositivo do Código Civil, pode-se afirmar que os pressupostos 
para mácula do consentimento da pessoa pela coação são: 
a. Que a ameaça seja causa do ato; o negócio deve ter sido realizado 
somente em razão de ter havido grave ameaça ou violência, que 
provocou fundado receio de dano à vítima, seus familiares e bens. Caso 
não houvesse a ameaça, o negócio não teria se realizado; 
b. Que ela seja grave: a coação deve ter intensidade que de fato incuta ao 
paciente um fundado temor de dano a um bem relevante. Isso será 
avaliado de acordo com o caso contrato, observando as condições 
particulares da vítima, o temor reverencial (art. 153 do CC), isto é, a 
prática do ato pelo simples receio de desgostar pessoas a quem se deve 
obediência e respeito, não leva à anulação do ato; 
c. Que ela seja injusta: significa que deve ser ilícita. “Não se considera 
coação a ameaça do exercício normal de um direito”, conforme, 
aliás, o artigo 153 do CC. 
d. Que ela seja atual ou iminente: deve ser um dano próximo, provável, e 
não o impossível, remoto ou eventual; 
e. Que traga justo receio de um prejuízo igual, pelo menos, ao decorrente 
do ato do ato extorquido: se menor o dano receável pela prática do ato 
extorquido, que o dano resultante da ameaça, não se caracterizará a 
coação; 
f. Que o prejuízo recaia sobre a pessoa ou os bens do paciente, ou sobre 
pessoa de sua família: A doutrina entende que a referência do texto a 
familiares é meramente exemplificativa. Assim, tem-se aceitado que a 
 
16 
ameaça dirigida a pessoa não ligada ao coacto por laços familiares, 
como um amigo íntimo, pode caracterizar a coação, se ficar 
demonstrado que a ameaça foi bastante para sensibilizá-lo e intimidá-lo. 
É importante lembrar que o Código Civil determina que deve ser levado em 
consideração o sexo, a idade, a condição e até do temperamento do paciente 
para entender-se a coação (art. 152): 
 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, 
a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as 
demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. 
 
 
Lesão: Ocorre quando determinada pessoa, sob premente necessidade ou 
por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente desproporcional 
ao valor da prestação oposta. Caracteriza-se por um abuso praticadoem 
situação de desigualdade. Também ocorre o aproveitamento indevido na 
celebração de um negócio jurídico. A desproporção é apreciada pelo julgador, 
segundo critérios vigentes à época da celebração do negócio. São requisitos 
da lesão, conforme determina o artigo 157 do CC: 
 
a. Objetivo – manifesta desproporção entre as prestações recíprocas; 
b. Subjetivo – vontade de prejudicar o contratante ou terceiros (dolo de 
aproveitamento). 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os 
valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio 
jurídico. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido 
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a 
redução do proveito. 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
Estado de Perigo: é vício do negócio jurídico que pressupõe uma 
declaração de vontade defeituosa em razão de um estado de perigo que 
põe em risco a pessoa do contratante ou pessoa de sua família. O estado 
de perigo no Direito Civil está para o estado de necessidade do Direito 
Penal. Na situação de perigo, para salvar-se ou para salvar pessoa de sua 
família, o contratante declara uma vontade que em situação normal não a 
teria declarado. A situação de perigo, para conduzir, à anulabilidade, 
precisa ser conhecida pelo outro contratante, que assim atua com dolo de 
aproveitamento da situação para exigir daquele contratante em situação de 
perigo, uma obrigação excessivamente onerosa. 
Assim, são pressupostos do estado de perigo, segundo o artigo 156 do CC: 
a. a existência de uma situação de perigo que faça nascer a 
necessidade de contratar. Pouco importa tenha o contratante criado 
ou não a situação de perigo; 
b. conhecimento prévio pelo outro contratante dessa situação de perigo; 
c. onerosidade excessiva da prestação exigida do contratante em 
perigo. 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da 
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano 
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente 
onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do 
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
 
Simulação: prevista no artigo 167 do CC é, conforme Washington de 
Barros Monteiro,”a divergência intencional entre a vontade real e a 
declarada, com o fim de prejudicar terceiro ou fraudar a lei;”. Visa aparentar 
negócio diverso do efetivamente desejado. Negócio simulado é o que tem 
aparência contrária à realidade. Trata-se do produto de um conluio entre as 
partes, visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta 
conferir. 
São requisitos da simulação: 
a. Conluio das partes contratantes; 
b. O propósito de enganar terceiro ou fraudar a lei; 
c. Dissonância consciente entre a vontade e a declaração. 
 
 
18 
A simulação pode apresentar-se sob as seguintes formas: 
a. Quanto à natureza do engano: 
Absoluta: é aquela em que os simuladores não quiseram realizar 
ato diverso do verdadeiro, mas somente conseguir o efeito jurídico 
de um ato não verdadeiro. Neste caso o ato existe, mas ele não 
pode produzir nenhum efeito, que não prejudicar terceiro. 
Relativa: é aquela em que a pessoa, sob a aparência de um ato 
fictício, quer realizar outro que é verdadeiro (ex. venda de imóvel 
a uma amante de homem casado, acobertando uma doação). 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas 
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância 
e na forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas 
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula 
não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou 
pós-datados. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em 
face dos contraentes do negócio jurídico simulado. 
 
b. Quanto à repercussão em referência a terceiros: 
Inocente: é a que não visa prejudicar terceiros ou violar disposição 
de lei e não constitui defeito do ato jurídico (Ex. aparente venda 
feita pelo de cujus, sem herdeiros necessários, pouco antes de 
morrer, para terceira pessoa a quem pretendia legar um imóvel). 
Fraudulenta: quando tem por escopo prejudicar terceiro, prejudicar 
o fisco ou fraudar a lei. Havendo esta modalidade de simulação, os 
terceiros prejudicados têm ação para anular o ato viciado. 
Dentro da simulação, importante atentar para o fato da reserva 
mental, que é a ocultação intencional da vontade contrária à 
declarada. Nesse caso o negócio não se torna ineficaz mas, se a 
outra parte contratante conhecia a reserva, configura-se a 
simulação. 
 
 
19 
Fraude contra credores: consiste na insolvência provocada pelo devedor, 
com o fim de fraudar credores. Para que reste configurada, a fraude contra 
credores, necessário se faz a presença de alguns requisitos, a saber: 
• A insolvência do devedor; 
• O eventus damni: prejuízo causado ao credor pelo negócio 
fraudulento; 
Diz o Código Civil: 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou 
remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por 
eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser 
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus 
direitos. 
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar 
insuficiente. 
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem 
pleitear a anulação deles. 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor 
insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser 
conhecida do outro contratante. 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não 
tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-
se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, 
poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada 
contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a 
estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que 
hajam procedido de má-fé. 
 
Não se pode confundir fraude contra credores com fraude à execução. A 
primeira ocorre quando o negócio fraudulento é realizado depois de 
constituída a dívida, mas antes do devedor ter sido citado na ação de 
execução. Já a fraude à execução só ocorre se o negócio fraudulento se 
der depois do ato citatório ter-se consubstanciado validamente. 
Em se tratando de fraude contra credores, o prejudicado pode mover ação 
pauliana contra o fraudador. Em se tratando de fraude à execução, o 
negócio não atinge o credor e a penhora do bem ocorre de imediato, esteja 
ele em mão de quem quer que seja. 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art158
 
20 
 
Ato Ilícito 
 
Ato ilícito “é a violação do direito ou o dano causado a outrem por dolo ou 
culpa” (Clóvis Beviláqua). É o ato praticado com infração ao dever legal de não 
lesar a outrem, conforme arts. 186 e segs. do CC: 
 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, 
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Entende-se por dolo (como foi mencionado), a vontade de ofender o direito 
ou prejudicar o patrimônio por ação e omissão. Já a culpa, consiste na 
negligência, imprudência ou imperícia do agente, que determina a violação 
do direito alheio ou causa prejuízo a outrem. 
 
Atua com negligência,quem sabe que tem o dever de atuar, mas se omite. 
Age, de outro lado, com imprudência, quem tendo o dever de se abster de 
adotar, certa conduta, e nada obstante isso, age por açodamento, e de forma 
irrefletida. E com imperícia, atua quem, tem o dever de obedecer a uma regra 
técnica de profissão, mas deixa de fazê-lo. 
 
O ato ilícito é fonte de obrigação, qual seja, a de indenizar o prejuízo causado, 
e é praticado com infração a um dever de conduta, por meio de ações ou 
omissões culposas ou dolosas do agente, resultando um dano para outrem. 
 
Se o dever jurídico se funda num contrato, a culpa é contratual e ela será 
discutida, oportunamente, quando se tratar do inadimplemento das obrigações. 
O Código trata da responsabilidade contratual como consequência da 
inexecução das obrigações, considerando atos ilícitos somente aqueles 
decorrentes de responsabilidade extracontratual. 
 
Se o dever jurídico se funda no princípio geral do direito que manda respeitar a 
pessoa e os bens alheios, a culpa é chamada extracontratual ou aquiliana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Há causas que excluem a ilicitude da responsabilidade civil. São as hipóteses 
previstas no artigo 188 do Código Civil: 
 
Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de 
um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a 
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente 
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, 
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do 
perigo. 
 
 
Legítima Defesa 
 
Para que seja configurada a legítima defesa, mister se faz a presença de 
alguns pressupostos, quais sejam: 
 
a. que a agressão seja atual ou iminente; 
b. que seja injusta; 
c. que haja emprego moderado dos meios necessários à defesa. 
 
Observe-se, no entanto, que muito embora não se trate de ato ilícito, há a 
responsabilidade do autor do ato lesivo praticado em legítima defesa com dano 
a terceiro, o que significa dizer que se o ato foi praticado contra o próprio 
agressor, e em legítima defesa, o agente não pode ser responsabilizado. 
 
Por outro lado, se por algum motivo terceira pessoa foi atingida pelo ato, o 
agente deve reparar o dano, mas terá ação regressiva contra o agressor 
podendo, assim, se ressarcir da importância desembolsada. A legítima defesa 
putativa também não exime o réu de indenizar os danos, uma vez que tem 
somente o condão de excluir a culpabilidade e não a antijuridicidade do ato. 
 
Com relação ao exercício regular de um direito, deve-se analisar a norma, a 
contrario sensu, a fim de se chegar à idéia do abuso de direito, ou seja, o 
exercício irregular de um direito, este sim, considerado ato ilícito e, como tal, 
fonte de obrigação. Por exemplo, diz a doutrina, um vizinho que constrói em 
terreno próprio e tira a vista de outro, age em exercício regular de seu direito de 
propriedade. Se o ato praticado é do titular que tem bens de sua propriedade 
ou direitos a serem usufruídos não se fala em exercício irregular. 
 
Já o estado de necessidade tem os seguintes requisitos: 
 
a. existência de perigo iminente; 
b. necessidade de conservação de um bem jurídico em detrimento de 
outro que será sacrificado para a remoção do perigo e, 
c. atuação limitada à remoção do perigo. 
 
 
22 
Em outras palavras, atua em estado de necessidade quem se vê obrigado a 
sacrificar bem jurídico alheio para remover uma situação de perigo em que se 
encontra. No estado de necessidade, o bem alheio sacrificado deve ser de 
menor valia jurídica em relação ao bem a ser protegido e o sacrifício ser na 
exata medida do necessário para a remoção do perigo. Se houver excesso, 
aquele que sacrificou o bem alheio além do necessário é obrigado a ressarcir 
os danos. 
 
 
 
Prescrição e Decadência 
 
É intuitiva influência do tempo sobre as relações humanas, sejam elas relações 
de ordem social, afetiva e econômica. Também é sensível a sua influência 
sobre as relações jurídicas a ponto de receber tratamento legislativo específico 
à vista do que, em certas situações jurídicas, o tempo vem a acarretar na 
aquisição de direitos e em sua extinção. 
 
Por decorrência do tempo direitos são incorporados, como ocorre com 
usucapião, ou são finalizados, como ocorre com a prescrição e com a 
decadência. 
 
A prescrição e a decadência estão distintamente disciplinadas pelo Código 
vigente nos artigos 189 e seguintes. 
 
Com efeito, visto serem institutos correlatos, diferem entre si: 
 
• Prescrição é a perda do direito de pretensão judicial pelo decurso do 
prazo previsto em lei (Senise Lisboa). 
• A prescrição tem por objeto ações, por ser uma exceção oposta ao 
exercício da ação, tem por escopo extingui-la, tendo por fundamento 
um interesse jurídico social. Esse instituto foi criado como medida de 
ordem pública para proporcionar segurança às relações jurídicas, 
que seriam comprometidas diante da instabilidade oriunda do fato de 
se possibilitar o exercício da ação por prazo indeterminado (Maria 
Helena Diniz). 
• Prescrição é a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia 
de seu titular durante um certo lapso de tempo, na ausência de 
causas preclusivas de seu curso (Câmara Leal). 
 
 
No Código os prazos prescricionais são uniformes, com fixação de 10 anos, 
quando a lei não houver estabelecido prazo menor (segundo o artigo 205) - que 
trata do prazo prescricional comum. 
 
Com efeito, ao detalhar ações prescritíveis em um, dois, três, quatro e cinco 
anos, busca o Código Civil uma maior participação dos atores sociais na 
construção da sociedade que vê, a cada dia, aumentar o grau de litigiosidade 
em proporção geométrica, impondo, pois, como anota Renan Lotufo, uma 
maior atividade dos sujeitos, pautada pela boa fé objetiva. 
 
 
23 
Compreendido ao menos superficialmente o espírito da lei, o Código em vigor, 
inspirado no princípio da operacionalidade tão apregoado pelo Prof. Miguel 
Reale, define a prescrição como a extinção da pretensão, isto é, o 
desaparecimento da possibilidade de se exigir aquele direito, pela sua inércia 
no tempo fixado pela lei. 
 
Como anota Humberto Theodoro Junior a opção desse critério, de nítida 
inspiração no direito alemão, evita conflito com a terminologia do moderno 
processo civil que autonomiza o direito de ação do seu vínculo com o direito 
material, acompanhando, respeitadas as opiniões em contrário, a posição de 
Pontes de Miranda no seu Tratado de Direito Privado e de Agnelo Amorim 
Filho, no clássico artigo Sobre os Critérios Científicos para distinguir a 
prescrição da decadência e para identificar as ações imprescritíveis. 
 
Nessa perspectiva, abandonando-se a definição clássica de Clóvis Beviláqua 
como a perda do direito de ação pela inércia, doravante se define a prescrição, 
segundo o art. 189 do Código Civil como: o desaparecimento da pretensão 
pela inércia de seu titular no prazo fixado pela lei, valendo reprisar, pois que a 
idéia de pretensão estampada no Código Civil não é a de pretensão em sentido 
processual, mas a idéia de um liame entre o direito subjetivo e a ação. 
 
A pretensão a que se refere o art. 189 do CC é no sentido de direito material, 
porque se identifica com a exigibilidade de comportamento do outro sujeito e 
não se identificando, necessariamente, com o momento da pretensão 
processual, que se dá com o ajuizamento da ação, o que fica bastante 
evidenciado no caso do exercício da pretensão sem o recurso ao poder 
judiciário. 
 
Note-se, pois, que a prescrição não afeta nem o direito subjetivo material do 
sujeito de direito e nem o direito processual de ação. A prescrição afeta tão 
somente a possibilidade ou o poder de exigir um comportamento supostamente 
devido, conceituação essa que serve para distinguir, pois a prescrição da 
decadência, embora tal distinção hoje já se faça sentir na própria 
sistematização da questão dos prazos extintivos.Mas de qualquer maneira, se ainda assim, for necessário, diante da legislação 
extravagante, distinguir uma situação jurídica da outra, o norte é o art. 189 do 
CC o que significa se um sujeito de direito puder exigir de outrem um 
comportamento diante de uma ação ou omissão, estar-se-á diante de um prazo 
de prescrição. 
 
• Decadência – do latim cadere (cair) e do prefixo de (de cima de) 
designa ação de cair (Câmara Leal) 
 
• A decadência é a perda do próprio direito e do bem querido, pelo 
decurso do tempo. É a caducidade do direito (Senise Lisboa). 
 
• O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou 
por vontade humana unilateral ou bilateral, está subordinado à 
condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de 
caducidade (...) É o perecimento do direito (Maria Helena Diniz). 
 
 
24 
Por exemplo: passado um ano, o titular do direito hereditário não poderá mais 
anular a partilha feita. Ele perdeu o direito propriamente dito. Outro caso: 
passados quatro anos não há mais possibilidade de se impugnar o 
recolhecimento de um filho. Houve a caducidade deste direito. 
 
A decadência não se suspende (para a contagem e volta de onde parou) e não 
se interrompe (para a contagem e reinicia – do “zero”). Ela também não corre 
contra os absolutamente incapazes, tal como a prescrição. 
 
 
Distinções entre os institutos: 
 
A propósito da importância da distinção entre decadência e prescrição, há dois 
exemplos: primeiramente, as partes podem convencionar acerca dos prazos de 
decadência e não podem fazê-lo quanto aos prazos de prescrição; e, em 
segundo lugar, os prazos de prescrição, em determinados casos previstos em 
lei, podem ser paralisados, com o posterior recomeço ou prosseguimento de 
sua contagem, enquanto os de decadência, em hipótese nenhuma, são 
interrompidos ou suspensos. 
 
Por outro lado, o novo diploma legal permite que os prazos de prescrição 
apenas sejam interrompidos uma única vez, enquanto a lei revogada a permitia 
sem qualquer limitação. 
 
Algumas causas de interrupção da prescrição também mudaram com relação 
ao antigo Código. O protesto de título de crédito agora aceito, não constava na 
lei revogada, assim como a jurisprudência (Súmula 153 do STF), não a 
aceitava. Dessa forma, atualmente, o simples protesto de uma duplicata, por 
exemplo, fará com que o prazo de três anos para se exigir o pagamento do 
crédito por ela representado recomece a ser computado a partir da data do 
protesto. 
 
Prescrição aquisitiva: tem por fundamento a posse que, em usucapião, 
representa a força geradora que transforma um fato em direito real para o 
adquirente. 
 
Prescrição extintiva: também chamada liberatória, é força extintora, 
subtraindo a ação do direito de seu titular. 
Para isso devem estar presentes quatro requisitos da prescrição: a existência 
de uma pretensão que possa ser alegada em juízo por meio de uma ação, a 
inação do titular do direito, o transcurso do tempo, continuidade da inércia do 
titular do direito por certo lapso de tempo, que é o fator operante da prescrição. 
 
Veja-se que a prescrição busca punir a inércia prolongada e não a passageira, 
tanto que determina a lei no art. 205 do CC que o prazo prescricional geral é de 
10 anos para os casos em que não há prazo menor fixado. 
 
Determina o artigo 193 do Código Civil, que a prescrição pode ser alegada, em 
qualquer instância, pela parte a quem aproveita. 
 
Os prazos decadenciais ou de caducidade, ao contrário do que ocorre com os 
prazos prescricionais, nunca podem ser suspensos. Assim, se o prazo é 
 
25 
decadencial, uma ação cujo último dia de prazo cai no sábado, deve ser 
ajuizada na sexta-feira. A decadência está disciplinada nos arts. 207 a 211 do 
CC: 
 
 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à 
decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a 
prescrição. 
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando 
estabelecida por lei. 
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita 
pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode 
suprir a alegação. 
 
Finalmente, a decadência não precisa ser declarada mediante provocação do 
interessado, podendo o juiz se manifestar de ofício, quando se tratar de 
decadência legal, pois quando a decadência tiver sido ajustada em contrato, e 
portanto, se tratar de decadência convencional, a decadência somente opera 
seus efeitos quando for alegada por quem a interessar. 
 
O prazo de decadência corre mesmo contra aquelas pessoas para as quais 
não corre a prescrição. Estas não ficam imunes a seus efeitos, salvo os 
absolutamente incapazes, os ausentes do país em serviço público e os que se 
acharem servindo às Forças Armadas em tempo de guerra, conforme o art. 198 
do CC: 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante 
a tutela ou curatela. 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos 
Estados ou dos Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo 
de guerra. 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art195
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art198
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art3
 
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Da Prova do Fato Jurídico 
Um fato jurídico pode ser provado quanto a sua existência e eficácia por 
qualquer meio de prova que o Direito admita como legal e moralmente válido, 
salvo quando a própria lei exigir que determinado negócio jurídico se faça por 
uma forma específica, como na hipótese do artigo 108 do CC: 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis 
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
 
 
Já, o Código Civil trata no artigo 212 dos meios de prova pelos quais alguém 
pode provar a existência fatos jurídicos e de atos jurídicos em sentido estrito, 
lícitos ou ilícitos, bem como a existência e eficácia de negócios jurídicos: 
 
 
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico 
pode ser provado mediante: 
I - confissão; 
II - documento; 
III - testemunha; 
IV - presunção; 
V - perícia. 
 
 
O primeiro meio de prova é a confissão, que consiste na admissão como 
verdadeiro um fato que é contrário ao confidente e favorável à parte contrária. 
A confissão pode ser judicial, quando feita em juízo ou extrajudicial, quando 
feita fora do processo. 
 
Observação 
Por força do artigo 213 do CC nem todas as pessoas podem confessar. A lei 
exige que haja capacidade de dispor do direito a que se referem os fatos 
confessados. A confissão, quando feita em juízo pode ser espontânea ou 
forçada, isto é, quando decorrente de depoimento pessoal. Aliás, é comum o 
requerimento de depoimento pessoal da parte contrária, exatamente, para que 
dela se possa extrair a confissão, isto quando, ela mesma não confesse os 
fatos: 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz 
de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. 
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é 
eficaz nos limites em que este pode vincular o representado. 
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu 
de erro de fato ou de coação. 
 
A confissãopode ainda ser feita por meio de representante, desde que ele 
apresente poderes especiais para confessar, o que significar dizer que se um 
procurador para o foro em geral, isto é, simplesmente para administrar bens e 
interesses, for a juízo ou até mesmo fora dele, confessar em desfavor do 
mandante, a confissão não terá valor probante, na medida em que ao 
mandatário faltará poderes para tanto. Tais poderes, é bom frisar, devem ser 
interpretados restritivamente, em razão da natureza mesma da confissão. 
 
A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada, quando decorrente de erro 
substancial de fato ou coação. Haverá erro de fato quando o sujeito pensar 
estar numa dada situação e a bem da verdade está noutra. É o caso de quem 
assina um documento reconhecendo-se responsável por um acidente, quando 
pensa assinar o documento como testemunha. 
 
Observe-se de que deve se tratar de erro substancial, ou seja, de erro que 
seja determinante da confissão, pois se o sujeito poderia ter se apercebido e 
evitado a confissão, ela não poderá ser anulada. Portanto, não se confunda 
irrevogabilidade da confissão com a sua anulabilidade. A prova da causa de 
anulabilidade da confissão é do confidente. 
 
Outro meio de prova é o documento, assim entendido como todo escrito 
público ou particular e o documento eletrônico. Não se confunda documento 
com instrumento, pois instrumento é uma espécie de documento, ou seja, o 
instrumento é um escrito público ou particular feito para uma determinada 
finalidade, isto é, para documentar uma determinada prática negocial. O 
instrumento é assim uma prova pré-constituída. 
 
 
• Certidão é uma espécie de prova documental e consiste na 
reprodução do conteúdo de um registro público. A certidão 
pode ser de inteiro teor ou de forma simplificada, na forma de 
um extrato. É o que ocorre com as certidões de objeto e pé e 
as certidões da Junta Comercial, além de muitas outras tão 
comuns na prática forense. 
 
• Traslado, como espécie de prova documental, é uma cópia fiel 
de peças processuais, cujo valor probante é o mesmo do 
original. Observe-se que para efeitos processuais, seja a 
forma como for feito o traslado, seja que por meio 
mecanográfico ou eletrônico têm a mesma força probante dos 
documentos originais. 
 
 
 
 
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Outro tipo de prova admitido é a testemunhal. 
 
• Testemunha é toda pessoa que tem ciência direta ou indireta acerca de 
algum fato com relevância jurídica. A testemunha pode ser judiciária, 
quando declara o fato em juízo ou instrumentária, que se manifesta 
sobre o conteúdo de um documento que subscreveu. 
 
➔ O artigo 228 do CC elenca as pessoas que não podem ser 
admitidas como testemunhas, a saber os menores de 16 
(dezesseis anos) e, 
➔ Interessado, amigo íntimo ou inimigo capital não podem 
testemunhar em razão de eventual interesse que tenham 
no litígio, pois não haverá a necessária isenção de ânimo. 
Não haverá imparcialidade nessas pessoas. 
➔ No mesmo sentido e com a mesma razão estão, no inciso 
V, os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os 
colaterais até o terceiro grau, seja por consanguinidade 
seja por afinidade. 
 
Observação 
Os que apresentam deficiência podem testemunhar com auxílio de 
recursos tecnológicos. 
 
• Presunção é a conclusão que se tira a partir de um fato conhecido. Não 
é uma espécie de prova, mas um processo de raciocínio lógico que 
permite se chegar a uma verdade legal. As presunções podem ser: a) 
comuns, quando resultam da experiência ordinária; b) legal, aquelas 
estabelecidas pela lei. A presunção legal pode ser absoluta ou relativa. 
A presunção legal absoluta não admite prova em sentido contrário, 
diversamente do que ocorre com a presunção relativa, que cede seu 
lugar a prova robusta em sentido contrário àquele estabelecido pela 
presunção. 
 
• Perícia – é a prova técnica necessária para comprovar um direito. 
Depende da análise de profissional específico da área. São os exames 
(apreciação de evento ou objeto: exemplo – livros contábeis, sangue, 
etc.), as vistorias (certificação por exame ocular, como inspeção judicial 
–o juiz comparece ao local para verificar o ocorrido) e o arbitramento 
(estimativa de um fato ou de um bem. Por exemplo, veículo que saiu de 
linha e foi sinistrado há décadas).

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