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Genética de Populações Prof. Dr. Éderson Kido Depto Genética/CB/UFPE Prof. Kido / UFPE Genética de Populações Estuda o pool de genes (todos os alelos) de uma população • População: indivíduos de uma espécie em uma determinada área. • Alelos se movem nas populações: há um Fluxo Gênico. Ex: indivíduos quando migram ou se reproduzem indicam esse fluxo. Qual a importância de se conhecer as frequências dos alelos? • Os Genes em nível populacional consideram as freqüências com que os alelos (as variantes genéticas) ocorrem em uma população. • Obs: O que são Frequências Alélicas, Genotípicas ou Fenotípicas? Ex: Fibrose Cística (herança: autossômica recessiva) => alelo ∆F508 (é o + comum em São Francisco, EUA). Ex: Frequência de Portadores de Fibrose Cística Afro-americanos: 1 / 66 Hispano-americanos: 1/ 46 Asiáticos americanos: 1 / 150 Caucasianos descendentes de europeus: 1 / 23 Prof. Kido / UFPE Como calcular as frequências: Frequências alélicas: no caso do alelo ∆F508, incluem os alelos ∆F508 dos homozigotos recessivos mais os alelos ∆F508 dos heterozigotos, em relação ao total de alelos para esse gene. Frequências genotípicas: proporções de heterozigotos ou de homozigotos (recessivos ou dominantes) para esse gene na população; Frequências fenotípicas: proporção de pessoas com ou sem o caráter FC na população. Exemplo: Calcule as diferentes frequências: Genótipo N° de indivíduos AA 360 Aa 600 aa 240 Total 1200 Prof. Kido / UFPE Mudanças nas frequências alélicas acarretam a Microevolução das populações (quando mutações se acumulam ocorre a Macroevolução => Especiação). Freqüências alélicas mudam quando ocorre: Reprodução não-aleatória; Migração; Deriva genética, Mutação e Seleção Natural. • Microevolução: não só é possível como inevitável. Situação incomum seria as frequências alélicas permanecerem constantes de geração a geração => essa é a condição de EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG. Godfrey H. Hardy (matemático em Cambridge); Wilhelm Weinberg (médico alemão) De modo independente (1908), explicaram como usar as frequências alélicas p/ calcular frequências genotípicas e fenotípicas de uma pop (2n com reprodução sexual). Parece lógico que as características dominantes devem aumentar e as recessivas diminuírem na população acima. Mas, não é o que acontece. Com duas equações eles descreveram todos os genótipos de uma população: p + q = 1 p = representa o alelo dominante para o gene q = representa o alelo recessivo para o mesmo gene Soma das frequências dos alelos para esse gene é 1 p2 + 2pq + q2 = 1 descreve todos os genótipos p/ um gene com dois alelos p2 (homozigotos dominantes) 2pq (heterozigotos) q2 (homozigotos recessivos) Soma de todos os homozigotos e heterozigotos é 1 Prof. Kido / UFPE Equilíbrio de Hardy-Weinberg Ex: Braquidactilia tipo C => alelo D= dedos de tamanho normal; alelo d= dedo médio + curto. Se nove em cada 100 em uma população tem dedos curtos => f (dd) = 0,09 Se q2 = f (dd) => q = √0,09 = 0,3 (q= frequência do alelo recessivo) Sendo p + q = 1 => q = 1 – 0,3 = 0,7 (p =frequência do alelo dominante) Se os gametas se combinam aleatoriamente para formar a Geração 1 (G1): Homozigotos dominantes: f (DD) = (0,7). (0,7) = 0,49 = 49% Homozigotos recessivos: f (dd) = (0,3). (0,3) = 0,09 = 9% Heterozigotos = f(Dd)+ f(dD) = 2pq = (0,3).(0,7) + (0,7).(0,3) = 0,42 = 42% Homem (DD ou Dd ou dd) X Mulher (DD ou Dd ou dd) Homem Mulher Proporção na pop. Frequência DD Genotípica Dd na Prole dd 0,49 DD 0,49 DD 0,2401 (DD x DD) 0,2401 0,49 DD 0,42 Dd 0,2058 (DD x Dd) 0,1029 0,1029 0,49 DD 0,09 dd 0,0441 (DD x dd) 0,0441 0,42 Dd 0,49 DD 0,2058 (Dd x DD) 0,1029 0,1029 0,42 Dd 0,42 Dd 0,1764 (Dd x Dd) 0,0441 0,0882 0,0441 0,42 Dd 0,09 dd 0,0378 (Dd x dd) 0,0189 0,0189 0,09 dd 0,49 DD 0,0441 (dd x DD) 0,0441 0,09 dd 0,42 Dd 0,0378 (dd x Dd) 0,0189 0,0189 0,09 dd 0,09 dd 0,0081 (dd x dd) 0,0081 Freq. na prole (G2) 0,49 0,42 0,09 Logo, as frequências (alélicas e genotípicas) não mudaram de uma geração p/ outra Prof. Kido / UFPE Aplicações Práticas do Equilíbrio de Hardy-Weinberg Estatística de populações: incidência de doenças genéticas para se obter os riscos de serem portadores. A incidência de um distúrbio autossômico recessivo pode ser usada para calcular o risco de que uma pessoa ser heterozigota. Ex: Fibrose Cística (FC) afeta 1 em 2.000 neonatos caucasianos. A frequência do genótipo homozigoto recessivo (cc) é de 1/ 2.000 ou 0,0005. Se f (cc) = q2 => q = √0,0005 => q = 0,022 Logo p + q = 1 => p = 1 – 0,022 => p = 0,978 Sendo 2pq = 2 (0,022) (0,978) = 0,043 ou ≈ 1 em 23 (freq. Portadores) ------------------------------------------------------------------------------------------------ Problema: casal caucasiano, sem histórico familiar de FC, quer saber o risco deles terem uma criança com a doença. A chance de cada genitor ser portador é 1 em 23. A chance de ambos serem portadores, já que nenhum apresenta a doença, é de (1/23).(1/23) E se eles forem portadores, a chance de uma criança ser afetada é de (1/4). Logo, o risco de que duas pessoas caucasianas, não aparentadas e sem histórico familiar, tenham uma criança FC é de (1/4).(1/23).(1/23) = 1/ 2.116. Prof. Kido / UFPE Características ligadas ao X: cálculo em homem é o mesmo que em mulher? Mulheres: podem ser homozigotas dominantes, recessivas ou heterozigotas, logo os cálculos são como exemplo acima (autossômica). Homens: a frequência alélica é a freqüência fenotípica. Se a incidência de hemofilia ligada ao X é de 1 em 10.000 nascimentos masculinos (XhY), a freqüência do alelo Xh é f (Xh) = 0,0001. ------------------------------------------------------------------------------------- Mudanças em Frequências Alélicas Reprodução não-aleatória • Sequências de DNA que não influenciem o fenótipo na escolha de um parceiro e na reprodução podem estar em Equilíbrio de Hardy-Weinberg. • Por outro lado, o Equilíbrio de HW supõe que a reprodução é totalmente ao acaso (com igual probabilidade para qualquer indivíduo). As sociedades humanas não refletem isso, logo o pool de genes muda a cada geração. • Além disso, a consangüinidade (endogamia, casamento entre parentes) aumenta a proporção de homozigotos em uma população, o que pode levar ao aumento da incidência de doenças ou características recessivas. Migração • A despeito de montanhas e oceanos, barreiras lingüísticas e diferenças culturais, as pessoas historicamente se movem. A migração mistura o pool de genes, introduzindo alguns alelos e eliminando outros. Prof. Kido / UFPE Deriva Genética • Frequências alélicas mudam quando se formam subgrupos. Estes podem ser dentro de uma população (grupos étnicos) ou fora dela (quando alguns indivíduos saem e formam uma nova comunidade e reproduzem-se entre si, perpetuando alelos que não são representativos da população original – Efeito Fundador). • Se ocorrer um estreitamento da diversidade genética forma-se um Gargalo Populacional cuja reconstituição do pool gênico fica a cargo daqueles que ficaram/ sobreviveram. Mutação • A natureza mutável do DNA (ex: erros na replicação) adiciona continuadamente novos alelos às populações. • Alelos deletérios em uma população constituem a Carga Genética. Seleção Natural • Condições ambientais determinam quais alelos são transmitidos para a geração seguinte. Aqueles que não permitem a reprodução do indivíduo em um ambiente são eliminados e diminuem na população. Aqueles benéficos são mantidos. • Alguns alelos são mantidos nos heterozigotos quando estes têm vantagemreprodutiva sob algumas condições (ex: resistir a uma infecção). Esse Polimorfismo Balanceado é um tipo de seleção natural. Prof. Kido / UFPE Genealogia Gênica • A identificação de mutações diferentes em um gene é útil no mapeamento da evolução e dispersão de variantes genéticas. Uma suposição para decifrar origens de genes é que quanto mais prevalente o alelo, mais antigo ele é (teve mais tempo para se dispersar e acumular em uma população). • As freqüências alélicas de mutações diferentes em populações diferentes fornecem informações sobre a história natural do alelo e sua importância no Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Exercício: Em uma amostra populacional de 11.335 indivíduos foi encontrada a seguinte distribuição fenotípica para o sistema ABO: 5.150 pessoas do tipo O; 4791 do tipo A; 1.023 do tipo B; 362 do tipo AB. Com base nisso, calcule as frequências alélicas IA, IB e i. Genética das populações 1. Considere a seguinte distribuição genotípica observada: 1101 MM, 1496 MN e 503 NN. Assumindo codominância entre os alelos do loco, calcule: a) as freqüências alélicas observadas para M e N; b) os números esperados de indivíduos de cada uma das classes genotípicas, considerando ocorrência de cruzamentos aleatórios. 2. Em uma população foi constatada que as freqüências dos alelos IA e IB eram, respectivamente, de 0,1 e 0,4. Determine quais devem ser as freqüências de cada um dos tipos sanguíneos, assumindo ocorrência de cruzamentos aleatórios. Fibrose cística: causas, sintomas e tratamento Doença hereditária caracterizada pelo acúmulo de secreção no pulmão e no pâncreas pode interferir na vida do paciente A fibrose cística, também conhecida como mucoviscidose, é uma doença genética de herança autossômica recessiva: ou seja, passa de pai para filho. Sua principal característica, segundo o pneumopediatra do Einstein, Luiz Vicente Ribeiro Ferreira da Silva Filho, é o acúmulo de secreções mais densas e pegajosas nos pulmões, no trato digestivo e em outras áreas do corpo. A doença, explica o especialista, se manifesta basicamente com sintomas respiratórios, gastrointestinais e presença excessiva de cloro no suor. Causada por um gene defeituoso, a fibrose cística induz o organismo a produzir secreções espessas que obstruem pulmões e pâncreas. “A insuficiência do pâncreas faz com que a digestão de gorduras e proteínas não seja adequada e os pacientes ficam desnutridos, pois não conseguem absorver os alimentos”, explica o pneumopediatra. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor para o paciente - atualmente ele pode ser feito no nascimento do bebê com o teste do pezinho. “A triagem neonatal é muito importante, pois com a dosagem de imunotripsina é possível detectar mais precocemente se a criança é um caso suspeito de fibrose cística, e assim, melhorar o prognóstico e a taxa de sobrevida”, afirma Silva Filho. Sintomas Ainda no período neonatal (em recém-nascidos) é possível observar o entupimento do intestino, dificuldade de ganhar peso, tosse com secreção e desidratação sem motivo aparente. EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar Com o passar dos anos o paciente pode apresentar perda de peso, desnutrição progressiva, tosse crônica com muita secreção, sinusite crônica, formação de pólipos nasais (aumento da mucosa do revestimento do nariz que formam pseudotumores no nariz), doença hepática (cirrose biliar), diabetes, infecções respiratórias e infertilidade. As principais complicações dos pacientes com fibrose cística são: sangramento pulmonar, infecções graves, pneumotórax (vazamento de ar do pulmão) e obstrução intestinal. Tratamento O tratamento é multidisciplinar, pois envolve médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais e tem o objetivo de melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida. “O principal foco na criança pequena é a nutrição adequada. Seguir dietas mais calóricas e fazer reposição das enzimas do pâncreas pode ajudar o paciente a não sofrer de desnutrição, que está associada à piora da doença pulmonar. Quanto mais desnutrido estiver o paciente, pior para o pulmão”, diz o especialista. Você pode gostar de: • Minha História - Pedro Humberto • Você sabe para que serve o teste do pezinho? Para melhorar o trato respiratório são realizados tratamentos para fluidificar as secreções, com uso de nebulizações, fisioterapia respiratória, que ajuda a expelir a secreção, e o uso de antibióticos inalatórios. De acordo com o pneumologista, a fibrose cística não tem cura e o tratamento ajuda a retardar a progressão da doença. “Conforme a doença pulmonar evolui e o paciente apresenta dilatação dos brônquios, acúmulo de secreção, insuficiência respiratória crônica e limitação das atividades diárias - casos muito avançados, o transplante de pulmão é a melhor opção e possui resultados satisfatórios”, conta Silva Filho. Com os tratamentos atuais, os pacientes possuem expectativa de vida mais longa. Eles podem ter uma vida normal desde que realizem o tratamento adequado. Porém com o passar dos anos, a doença pulmonar piora e a pessoa pode ficar incapacitada. Em países de primeiro mundo, a sobrevida média é de 40 anos, daí a importância do diagnóstico precoce. Quanto mais cedo descobrir a fibrose cística, melhor a qualidade de vida e maior o tempo de sobrevivência do paciente. Fonte: Dr. Luiz Vicente Ribeiro Ferreira da Silva Filho, pneumopediatra do Einstein http://www.einstein.br/einstein-saude/em-dia-com-a-saude/Paginas/fibrose-cistica-causas-sintomas-e- tratamento.aspx EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar EAK Destacar
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