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Na atualidade, parece existir uma tendência de banir o sofrimento do mundo do trabalho e desconsiderá-lo como uma dimensão contingente à produção e ao processo do trabalho (BRANT; MINAYO-GOMEZ, 2004) Por isso, cabe explicitar o seguinte sobre a psicodinâmica do trabalho: Na década de 1920, na França, o processo crescente de industrialização impulsionou os estudos sobre o trabalho e as relações entre os indivíduos. Precisamos lembrar, que nesse período, o principal era classificar os trabalhadores, através de testes, para coloca-los em uma “posição” que mais se adequasse a ele, influenciado pela escola psicotécnica, onde inicialmente não havia uma preocupação com o fator humano (MERLO, 2002). A modernização crescente da indústria francesa desde a I Guerra Mundial, e as reflexões a respeito do trabalho a partir das necessidades impostas também pela II Guerra, trazem à tona, às novas interrogações a respeito do papel do trabalho na gênese da doença mental, mas também na integração dos indivíduos (principalmente dos pacientes psiquiátricos) à vida social. A busca de respostas a tais interrogações levou ao surgimento de novas formas de compreensão e de tratamento da doença mental, cujos expoentes mais importantes são Paul Sivadon, Louis Le Guillant e Christophe Dejours (LIMA, 1998) A contribuição maior para o campo da saúde mental no trabalho, foi a sistematização de uma nova forma de abordar o doente mental: a ergoterapia. Onde aborda o trabalho como fonte de crescimento e integração social (VEIL, 1985 apud LIMA,1988). Mas foi também Sivadon, que empregou pela primeira vez o termo "PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO". Apesar de ter seus esforços voltados à compreensão do valor terapêutico do trabalho na evolução do psiquismo humano, e também de “doentes mentais”, ele foi capaz de constatar o seguinte de forma geral (LIMA, 1998): “o potencial patogênico de certas formas de organização do trabalho, que geram pressões e conflitos, seriam os responsáveis pelo aparecimento de diversos transtornos mentais” Na década de 1950, escreve um artigo onde tenta compreender as possíveis relações entre alienação mental e alienação social, isto é, as repercussões patológicas do condicionamento social e da aliena- ção no trabalho vinculando-se às teorias que tentam captar os determinantes sociais da doença mental, mas sem perder de vista a dimensão psicológica. De forma geral, tenta verificar o papel do meio e do trabalho no surgimento e no desa- parecimento dos distúrbios mentais (LIMA, 19 88). Em suma, Le Guillant buscava articular as condições sociais, de trabalho e fatos clínicos. Apesar de reconhecer a existência de certas situações nocivas, Ambas diferenciam-se na forma como entendem e conceituam o trabalho; como definem o sujeito; como compreendem as relações entre trabalho e trabalhador; Nexo causal; como direcionam seu olhar para o trabalho em si; na transformação do trabalho e do trabalhar. Do ponto de vista teórico, esses limites são inúmeros, mas vamos nos ater a alguns autores principais que tratam sobre os limites do campo da saúde mental e do trabalho (LIMA, 2013). De acordo com Lima (2013), quando falamos de SM & T, o máximo que os estudos tem avançado consiste em explicitar um paralelismo estreito entre certas experiências de vida e de trabalho e a emergência de transtornos mentais específicos. dificuldade em apreender como se dá a passagem entre uma situação vivida, e o distúrbio mental, propriamente dito. Essa questão permanece em aberto para todo o campo das ciências que tratam dos transtornos psíquicos, não se limitando a POT; Antes das pessoas é precisamente do trabalho que se deve cuidar em todos os sentidos do termo (LIMA, 2013): “cuidando do trabalho não estaríamos, ao mesmo tempo, cuidando das pessoas que o realizam?” Como consequência da dificuldade para se estabelecer o nexo entre seus transtornos e a vida profissional, fica em aberto a questão do atendimento adequado a esses trabalhadores. Além disso, o autor expõe os limites da prática do psicólogo presente nos contextos de trabalho constatando um retorno ao "higienismo" ou seja, a psicologia estaria novamente entrando nas empresas por um caminho equivocado: o de oferecer um atendimento psicológico aos empregados com o intuito de permitir que suportem melhor o que é insuportável buscando que eles se adequem ao serviço sendo colocados no molde da normalidade (LIMA, 2013). Trata-se de um problema grave, sobretudo se levarmos em conta que os transtornos mentais ocupam os primeiros afastamentos do trabalho pelo nosso sistema previdenciário. Trazendo ainda, a partir de Codo, o adoecimento por tipo de trabalho que é exercido. Por exemplo: bancários, seriam mais depressivos entre outros.... Para esse autor, essas infinitas discussões acerca da saúde mental, não conduzem a avanços significativos, já que não resolvem nada. Para o ele, estamos vivendo no Brasil o mesmo identificado na Itália de sua época: a ênfase quase exclusiva na crítica e na denúncia em relação às condições inaceitáveis de trabalho, sem ações efetivas para transformá-las, ou seja, não adiante só falar sem fazer nada de forma prática (LIMA, 2013). Todos os autores que foram demonstrados até agora, tratavam da chamada psicopatologia do trabalho que precedeu a psicodinâmica do trabalho. A psicodinâmica nasce da psicopatologia, porém não devem ser consideradas como sinônimos, pois o objeto de estudo se diferencia essencialmente. É uma abordagem teórica, clínica e metodológica, que busca estudar as relações entre trabalho e a saúde mental, tendo em C. Dejours seu principal e primeiro autor a partir dos estudos anteriores produzidos pela psicopatologia do trabalho, tendo influência de áreas como: ergonomia, psicologia, psicanálise entre outros... (AMPARO SOBRINHO et al, 2018). Ana Magnólia Mendes (2007), uma das principais referências em psicodinâmica no Brasil, dividi esse histórico da psicodinâmica do trabalho em 3 fases principais da seguinte forma: : a psicodinâmica ainda fazia parte da psicopatologia do trabalho. O foco era o estudo das perturbações psíquicas ocasionadas pelo trabalho, ou seja, a doença. : Momento em que é fundada a psicodinâmica do trabalho de fato, que se afasta da psicopatologia, por buscar compreender as vivências de prazer e sofrimento no trabalho e não mais apenas o adoecimento nas situações. É no final da década de 90, que o foco é no efeitos do trabalho sobre os processos de subjetivação, estratégias defensivas e as patologias sociopsíquicas relacionadas ao trabalho, ganha ênfase; além de continuar, com o objeto de estudo centrado nas vivências de prazer e sofrimento, porém voltado para como o trabalhador lida com eles. Por que, quando expostas às mesmas condições hostis de trabalho, algumas pessoas adoecem e outras não? Dejours, que foi o principal expoente sobre o assunto, passa a questionar, o que as pessoas que não adoecem em situações hostis, fazem para continuar trabalhando sem adoecimento? Diante dessa perspectiva Dejours (1994) faz o seguinte questionamento: “Como fazem estes trabalhadores para resistir às pressões psíquicas do trabalho?” A psicodinâmica, diferentemente da psicopatologia (que buscava compreender o que acontece para gerar o adoecimento, ou quais as características do sujeito e da doença X ou Y relacionada ao trabalho e tratar) se interessa pelos recursos que as pessoas que não adoecem, desenvolvem para se manterem a saúde mental, e resistir aos ataques ao seu psiquismo, com ideia de prevenção, a clínica do trabalho, no geral visa a prevenção. A maioria dos trabalhadores não consegue manter um equilíbrio psíquico mantendo-se na “normalidade” o tempo todo, ou seja, se antes a psicopatologia buscava chegar a essa normalidade, hoje, com a psicodinâmica do trabalho, essa normalidade implica estratégias para lidar com o sofrimento que é inerente a todas as relações humanas (RODRIGUES; ALVARO; RONDINA, 2006). Dejours (1994) faz uma afirmação a respeito de normalidade: “Normalidade seria o equilíbrio psíquico entre constrangimento do trabalho desestabilizante ou patogênico e defesas psíquicas.”. Sendo assim o estado de normalidade, seria um equilíbrio dinâmico e instável na luta contra o adoecimento, onde de um lado temos as situações de trabalho, e de outro as defesas psíquicas dos próprios trabalhadores (RODRIGUES; ALVARO; RONDINA, 2006). Ser normal, não significa não sofrer, mas sim, realizar essas defesas na luta contra o adoecimento. O equilíbrio é instável, pois está constantemente sendo ameaçado pelas adversidades impostas pela organização do trabalho. Seu objeto de estudo, no contexto do adoecimento do Trabalho é, acima de tudo, o sofrimento, mas isto não significa que tudo fique reduzido à constatação desse sofrimento. Dejours, busca compreender o sentido do trabalho e seu significado para o sujeito; possibilitando seu crescimento pessoal e o reencontro com sua subjetividade e (criatividade). Dejours, estudou o papel da organização do trabalho em relação aos efeitos positivos e negativos que este pode exercer sobre o funcionamento psíquico do trabalhador. Os indivíduos reagem de forma diferente às dificuldades das situações de trabalho e chegam a este trabalho com a sua história de vida pessoal (MENDES, 1995). A forma como o trabalho está estruturado, é ressignificado por meio da criatividade. Ou seja, de acordo com Dejours, é quando o sujeito consegue elaborar esse sofrimento criando estratégias de enfrentamento, tornando a condição menos dolorosa com estratégias de mobilização subjetiva (REIS et al., 2013). O sofrimento vai acontecer de toda forma, mas, quando se tem um espaço, onde esse sofrimento pode ser elaborado, através da criação de soluções para a fonte de mal-estar que o trabalhador está enfrentando, pode ocorrer a sublimação do sofrimento. Se torna patogênico quando não há espaço para flexibilização dos modos de trabalho e criação de novas formas de trabalhar, conduzindo o sujeito a um adoecimento. Quando as tentativas de transformar esse sofrimento se esgotam, devido a uma organização de trabalho que não deixa espaço para a autonomia do trabalhador, se desenvolvem estratégias defensivas para tentar transformá-lo em sofrimento criativo. Não existe possibilidade de negociação (liberdade) entre o sujeito e a organização do trabalho prescrito (REIS et al., 2013). Dessa forma, a organização do trabalho deve ser flexível e dar liberdade para o trabalhador exercer sua atividade de forma prazerosa, acolhendo a inventividade e a criatividade do trabalhador. As vivências de prazer estão relacionadas ao sentido que o indivíduo atribui ao seu trabalho, às condições disponibilizadas pela organização e à liberdade de utilização de estratégias operatórias pelo trabalhador (MENDES; LINHARES, 1996). Como já foi mencionado, quando o trabalhador tem a impossibilidade de desenvolver-se com essa flexibilidade no trabalho real, ocorre o sofrimento patogênico. Por outro lado, quando ocorre essa possibilidade de flexibilidade, o sofrer criativo se torna a fonte de prazer e ocorre o processo de sublimação da situação. A leitura de Dejours sobre o processo de sublimação concebido por Freud e sua utilização na compreensão da relação do sujeito com o trabalho, permite ampliar a conceituação original e lançar luzes sobre a forma como o sujeito mobiliza-se subjetivamente no trabalho. O sujeito transforma o sofrimento patogênico em algo palatável ou seja, aceitável, transformando o impulso em algo novo (AMARAL et al., 2017 p200). O trabalho, ao mesmo tempo em que traz a possibilidade de sofrimento, pode ser um elemento de prazer. Portanto, considera (eu faço a peça, você junta, ele vende etc...) de acordo com Dejours, serve apenas para dividir os homens que não se apropriam do que fazem, retirando a sua possibilidade de autoria e de criatividade É a atividade manifestada por homens e mulheres para realizar o que ainda não está prescrito pela organização do trabalho. Ou seja, não são apenas as normas impostas. Afirma assim, que: "A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora." (DEJOURS,1987) A organização, diz respeito também ao seguinte: Corresponde as prescrições, isto é, as normas de trabalho como: Regras, normas, manuais, procedimentos. É tudo o que está previamente estabelecido na descrição de um determinado cargo. Corresponde ao que realmente, aquele trabalho vai impor ou seja, os acontecimentos inesperados que podem ocorrer naquele determinado trabalho em seu dia a dia. Em outras palavras, é o trabalho na prática. Por mais organizado que seja o trabalho em sua prescrição, é impossível abarcar o real na prática e isso é que o torna frustrante. A prescrição, nunca é suficiente para abarcar todas as possibilidades do real, pois o real, exige que o trabalhador entre em movimento com a sua criatividade e possibilidade de transformação da realidade, e ai acontece o trabalho de fato, indo muito além do que está prescrito. Trabalhar assim, envolve esse equilíbrio dinâmico entre o que eu tenho que fazer(prescrito), e o que de fato eu vou fazer(real). Sendo assim, pode-se dizer que normalmente é no trabalho real que ocorre adoecimento. O sofrimento faz parte da condição humana em todas as esferas de sua vida; o objetivo da psicodinâmica, não é eliminar o sofrimento, mas elaborar formas de “ressignificação” desse sofrimento. Dessa forma, a experiência com o trabalho real, é onde normalmente o sofrimento ocorre, pois os imprevistos trazem a experiência do “não saber agir” resultando em sentimento de insuficiência, decepção, irritação entre outros...(MENDES, 2007). Sofrimento torna-se criativo quando é transformado, e o trabalho que a busca pelo prazer e a fuga do desprazer, muito utilizados pela teoria psicanalítica, também acontecem na relação do sujeito com o trabalho, em que, por meio do mecanismo da sublimação, o trabalhador pode obter satisfação advinda do chamado sofrimento criativo (AMARAL et al., 2017). Uma vez que, o real seria a parte da realidade que demanda reconfigurações subjetivas constantes dos trabalhadores. Inspirando-se no mecanismo de defesa da sublimação, Dejours trouxe o conceito de mobilização subjetiva relacionada ao sofrimento criativo. Entendida como um processo intersubjetivo que se caracteriza pelo engajamento da subjetividade do trabalhador e pela dinâmica da contribuição-retribuição simbólica (que pressupõe o reconhecimento do fazer do trabalhador) e pela cooperação. Esse processo possibilita a transformação do sofrimento por meio de uma operação de resgaste do sentido do trabalho (AMARAL et al., 2017). O trabalhador lida com esse sofrimento utilizando-se de estratégias defensivas, que podem ser tanto individuais quanto coletivas (OLIVEIRA; MENDES, 2014): são aqueles mecanismos de defesa operantes, que estão interiorizados e operam mesmo sem a presença do outro. Essas estratégias possuem importante papel para a adaptação ao sofrimento, porém são de natureza individual, não atuando sobre a violência social (DEJOURS, 2006 apud OLIVEIRA; MENDES, 2014). necessitam de um consenso do grupo e dependem de condições externas ao sujeito (DEJOURS et al., 1994). Essas estratégias são construídas por um grupo de trabalhadores para resistir aos efeitos desestabilizadores e para lidar com as contradições advindas do trabalho. Uma forma de estratégia coletiva, por exemplo, poderia ser: um grupo de trabalhadores que toda sexta vão para um barzinho “reclamar” do trabalho e beber. Mas, até que ponto essa é uma atitude saudável? Dejours ainda, divide essas defesas em algumas categorias, são as chamadas de proteção, de adaptação e de exploração (DEJOURS, 2004) descritas da seguinte forma: são formas de pensar e agir que visam proteger do sofrimento advindo do trabalho, dessa forma, torna-se alheio às causas do sofrimento, tendo por consequências a intensificação deste ou o adoecimento. O trabalhador se sujeita a comportamentos inconscientes que atendam à produção e ao funcionamento, por vezes, perverso da organização do trabalho, se submetendo aos desejos da empresa (MENDES, 2007). Segundo Dejours, a carga psíquica do trabalho constitui-se no regulador da carga global do trabalho; O trabalho que permite a diminuição da carga psíquica é equilibrante, o trabalho que se opõe a esta diminuição é fatigante. O prazer resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa autoriza, ocorrendo uma diminuição da carga psíquica, e por conseguinte essa organização equilibrante (LUNARDI FILHO, 1997). Dejours (1994) afirma que, as condições de trabalho prejudicam a saúde do corpo do trabalhador, com a chamada carga física enquanto a organização do trabalho atua no nível do funcionamento psíquico, com a carga psíquica. Mas, o que seriam essas cargas? Toda a atividade, tem pelo menos três aspectos: físico, cognitivo e psíquico. Cada um deles pode determinar uma sobrecarga sobre o trabalhador. Dessa forma, a questão central, é: Qual a via de descarga dessa pessoa? assim, Dejours (2007), postula que o prazer do trabalhador resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa autoriza, o que corresponde a uma diminuição da carga psíquica do trabalho. quando essa energia psíquica se acumula torna-se fonte de tensão, desprazer e leva ao adoecimento do sujeito. Todos nós, possuímos essas 3 vias de descarga, porém, uma vai ser a nossa “preferida” para descarregar a tensão, visto que, um desses três níveis pode ficar sobrecarregado devido à organização do trabalho. Imagine que uma pessoa gosta bastante de conversar, mas a organização inflexível do trabalho, impede que ela se expresse e se comunique, pode ocorrer um acumulo de carga psíquica. Essa retenção gera um acumulo no aparelho psíquico, ocasionando sentimentos de desprazer e tensão, assim, se não houver meios para a descarga, esta recuará para o corpo. O aparato psíquico é responsável pela transformação da energia pelo adiamento da descarga e pela elaboração de experiências. Ou seja, de forma geral, pode “adiar” a descarga necessária para não sobrecarregar o sistema (engolindo a raiva) O triângulo da dinâmica da identidade criado por F. Sigaut permite visualizar e compreender melhor a interdependência entre os três elementos fundamentais na formação da identidade no campo social. Dejours, utiliza essa ideia geral na psicodinâmica, pois compreende que para que o indivíduo possa construir sua identidade é necessário a participação do outro, pois é o outro que reconhece e julga o trabalho realizado (DEJOURS, 2008). Podemos utilizar essa ideia na psicodinâmica da seguinte forma (ROSAS, MOERAES, 2011): Alienação cultural: o sujeito tem o reconhecimento do outro, mas o seu vínculo com a realidade está rompido. São exemplos dessa situação: os modos operatórios idealizados das seitas, políticos que perderam contato com suas bases ou desconhecem suas necessidades, os casos de fraudes, Essa De acordo com Dejours, é uma das variáveis subjetivas. Quando o trabalhador se refere a seu trabalho, fala sempre de uma vivência subjetiva relacionada aos outros dois termos indicados: a real do trabalho e o reconhecimento de natureza social. A alienação mental: ocorre quando o trabalhador está “preso” nesse vértice de negacionismo em relação ao sofrimento quando ocorre simultaneamente perda de contato com a realidade e ausência de reconhecimento pelo outro. Há, nesse caso, ruptura dos laços sociais e da relação com a realidade de trabalho que poderia atuar como referência subjetiva. segundo Dejours. A alienação social: quando o sujeito estabelece relação com a realidade do trabalho, mas não obtém reconhecimento pelo outro. São exemplos ilustrativos: o gênio não reconhecido e as situações perversas em que se nega a contribuição ou o valor do sujeito trabalhador. Assim, nessas circunstâncias, o sujeito pode assim apresentar perda da sua identidade A partir desta análise do processo de alienação que decorre no campo social mediada pelo trabalho, reafirma-se a importância do coletivo no processo constitutivo da identidade. Dejours (2008a) refere-se à formação coletiva como condição sine qua non para o processo de confrontação da problemática que envolve o reconhecimento e a identidade, e aponta o reconhecimento no contexto do trabalho a partir de duas dimensões apresentadas por (ROSAS, MOERAES, 2011) da seguinte forma: é no sentido de constatação de que há uma contribuição individual pelo sujeito-trabalhador à organização do trabalho. Essa dimensão, no entanto, esbarra em resistências hierárquicas, pois ao reconhecer a contribuição do trabalhador para a organização do trabalho implicitamente há também o reconhecimento das imperfeições da técnica e da falha quanto ao controle, ao mesmo tempo em que, admite-se que o trabalhador é indispensável à manutenção do processo. aparece como forma de gratidão pela contribuição dos trabalhadores a organização do trabalho.
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