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Resumo Intervenções em Contextos Organizacionais (POT, Mundo do trabalho, Saúde Mental, Loucura do trabalho e Psicodinâmica)

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Intervenções Organizacionais
· CAMPO DE ATUAÇÃO EM POT: PROCESSOS DE TRABALHO E ATIVIDADES PROFISSIONAIS
Modelos Internacionais: Modelo Europeu e British Psychological Society.
Campos de Atuação: Em um primeiro nível, trabalhou-se com quatro grandes domínios disciplinares ou campos profissionais que se articulam, se interligam e formam o campo de POT. Tais campos foram denominados Psicologia Organizacional, Psicologia do Trabalho, Gestão de Pessoas e Docência/Pesquisa. 
Tais campos, por sua vez, se subdividem em subcampos ou campos intradisciplinares que também apresentam singularidades.
Entretanto, compartilhem entre si mais elementos de identidade quanto a objetivos e foco dos estudos e das intervenções. Apenas o campo da docência/pesquisa não foi desdobrado em subcampos, porque tais atividades estão claramente associadas e podem se agregar a quaisquer um dos domínios anteriores.
POT: Organizacional – Técnicas e Instrumentos: Contexto da Organização: Analisando Fatores Psicossociais Contexto Sujeito: Bem-Estar e Saúde Mental.
· Objetivo Principal
A análise e desenvolvimento organizacional é uma questão da competência do psicólogo organizacional do trabalho. Tendo como meta principal do desenvolvimento organizacional a melhoria do contexto da organização e condição humana (sujeito).
Campos de Atuação da POT
· Psicologia do Trabalho
· Fatores Humanos no Trabalho: Trata das interações entre pessoas, sistemas de trabalho e tecnologias e da aplicação de teorias, métodos e recursos instrumentais, visando compreender o processo de trabalho e adaptá-lo às características psicofisiológicas das pessoas.
· Saúde e Segurança no Trabalho: Trata da atuação e da intervenção nos processos de saúde no trabalho e suas relações com os fatores de risco e proteção à saúde do trabalhador, bem como o desenvolvimento de políticas e programas de promoção, prevenção e reabilitação no âmbito da saúde, bem-estar, qualidade de vida e segurança no trabalho.
· Orientação Profissional e de Carreira: 
Trata da atuação nos processos de orientação e suporte às tomadas de decisão das pessoas, de diferentes faixas etárias, acerca de suas profissões e carreiras, levando em conta as condições e características pessoais, familiares, sociais e do mundo do trabalho.
· Relações de Trabalho e Emprego: Trata na atuação dos processos de inserção, integração e inclusão de trabalhadores no mundo do trabalho, mediação de conflitos, negociação e conciliação coletivas e sindicais, relações judiciais e extrajudiciais, sistemas de normas e controle das relações de trabalho, políticas públicas e sociais de promoção de trabalho e emprego.
· Psicologia das Organizações
· Comportamento Organizacional: Trata da atuação e da intervenção em processos e dinâmicas de interação entre indivíduos, grupos, organização e contextos macrossociais.
· Mudança, Inovação e Transformação Organizacional: Trata da atuação em processos de mudança, inovação e transformação organizacionais, visando preservar o ajuste pessoa-trabalho-organização e assegurar o melhor desempenho individual, grupal e organizacional.
· Comportamento Econômico e do Consumidor: Trata da atuação e intervenções sobre processos decisórios no âmbito das trocas econômicas nos níveis de indivíduos e organizações, clientes e fornecedores.
· Psicologia e Gestão de Pessoas
· Psicologia de Pessoal: Trata da atuação em processos de ingresso, movimentação, valorização, remuneração e recompensa do trabalhador nas organizações.
· Recrutamento e Seleção: Trata da atuação em processos de atração, captação e seleção de pessoas para o provimento de cargos, funções ou postos de trabalho.
· Desempenho no Trabalho e da Organização: Trata da atuação em processos de avaliação, acompanhamento, monitoramento e gestão do desempenho dos trabalhadores, das equipes e da organização.
· Treinamento, Desenvolvimento & Educação: Trata da atuação em processos de ensino sistematicamente planejados e executados visando à aprendizagem, o desenvolvimento profissional e a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes no e para o trabalho. 
· Ensino e Pesquisa: Trata da atuação em processos de produção de conhecimento e tecnologias e formação profissional e continuada no âmbito da POT, em instituições de ensino e pesquisa.
· Saúde Mental no trabalho
Em resposta aos obstáculos impostos ao processo de acumulação nos anos de 1980, um conjunto de medidas, articuladores de velhas e novas formas de exploração do trabalho, passou a redesenhar a divisão internacional do trabalho, alterando também de forma significativa a composição. 
Os acidentes de trabalho e as manifestações de adoecimento com nexo laboral não são fenômenos novos, mas processos tão antigos quanto a submissão do trabalho às diferentes formas de exploração. Sob o capitalismo, Engels (2010), baseado na observação direta e em outros estudos sobre as condições de trabalho no século XIX, descrevia, em 1845, como as condições de vida e trabalho do operariado de algumas cidades industriais inglesas encontravam-se na raiz de um conjunto de enfermidades que, não raramente, desdobravam-se na morte desses trabalhadores.
Ao longo do século XX, com a produção em massa e a ampliação do controle e intensificação do trabalho, proporcionado pela expansão do taylorismo-fordismo, novas formas de acidentes e adoecimentos com nexo laboral passaram a fazer parte do cotidiano do trabalho.
· Expansão intensificada da reestruturação produtiva tendo como consequências a flexibilização, informalidade e a profunda precarização das condições de trabalho e vida da classe trabalhadora brasileira. 
· Atualidade: Flexibilidade, Terceirização, Falta de recursos, Nova Gestão, Assédio Moral, Competitividade, Neoliberalismo. 
· Excesso de Controle, Intensificação, Exaustão, Esvaziamento de Saúde. 
· Acumulação flexível. 
· Crescente processo de individualização do trabalho e a ruptura do tecido de solidariedade antes presente entre os trabalhadores. 
· Gerenciamento por Metas - Mecanismo disciplinador do trabalho 
· O assédio como estratégia de gestão. 
· Terceirização: porta aberta para os acidentes e mortes no trabalho. 
· O capital não reconhece nenhuma carreira para a precarização
· A exploração sem limites da força de trabalho
· Resgatar o sentido de pertencimento de classe
· A subjetividade do sujeito não é considerada importante. 
· A flexibilização como base do adoecimento
Do ponto de vista de seu impacto nas relações de trabalho, a flexibilização se expressa na diminuição drástica das fronteiras entre atividade laboral e espaço da vida privada, no desmonte da legislação trabalhista, nas diferentes formas de contratação da força de trabalho e em sua expressão negada, o desemprego estrutural.
Pode ser percebida ainda, no dia a dia da atividade laboral, diante da forte sensação de que o tempo foi comprimido; ou também na clara densificação da jornada de trabalho, na qual todos se desdobram para executar sozinhos o que antes era feito por dois ou mais trabalhadores. Além disso, é visível por meio dos bancos de dias e horas que ajustam a jornada às demandas flexíveis do mercado, assim como através da instituição de uma parcela variável do salário subordinada ao cumprimento de metas de produção e "qualidade", entre outras formas de manifestação
· Laços solidários rompidos: individualização e solidão no local de trabalho
A origem desses processos de adoecimento tem também como pano de fundo, entre outros, o crescente processo de individualização do trabalho e a ruptura do tecido de solidariedade antes presente entre os trabalhadores. É essa quebra dos laços de solidariedade e, por conseguinte, da capacidade do acionamento das estratégias coletivas de defesa entre os trabalhadores que se encontra na base do aumento dos processos de adoecimento psíquico e de sua expressão mais contundente: o suicídio no local de trabalho.
“Que um suicídio possa ocorrer no local de trabalho indica que todas essas condutas de ajuda mútua e solidariedade - que não era nem mais nem menosque uma simples prevenção das descompensações, assumida pelo coletivo de trabalho - foram banidas dos costumes e da rotina da vida de trabalho. Em seu lugar instalou-se a nova fórmula do cada um por si, e a solidão de todos tornou-se regra. Agora, um colega afoga-se e não se lhe estende mais a mão. Em outros termos, um único suicídio no local de trabalho - ou manifestamente em relação ao trabalho - revela a desestruturação profunda da ajuda mútua e da solidariedade”. (Dejours e Bègue, 2010, p. 21)
· Gerenciamento por Metas
Evoca um novo período, que se abre em uma fantástica ambivalência em que com os terríveis desafios impostos pela concorrência, o cliente sairia triunfante, mas o assalariado também, pois a empresa, para satisfazer esse cliente nas melhores condições, é forçada à excelência, imperativo que repercute em todos os níveis da hierarquia. O que implicaria uma nova organização do trabalho, oferecendo as condições para cada qual desenvolver suas competências a serviço da variedade, da qualidade e da rapidez. (Linhart, 2007, p. 227)
Impregnadas da lógica concorrencial típica do padrão flexível de acumulação e de sua expressão político-ideológica neoliberal, as relações sociais como um todo e sua expressão nos locais de trabalho materializam-se cada vez mais em um projeto que se apresenta de forma paradoxal. Um projeto que transita entre as incertezas do mercado e a necessidade do engajamento como saída para se manter empregado; entre o reconhecimento de uma realidade aparentemente exterior ao indivíduo, perpassada pelas mais diversas formas de precarização do trabalho, e o discurso de valorização de suas potencialidades cotidianamente propagado no ambiente de trabalho.
· O assédio como estratégia de gestão
Espaços de trabalho propulsores de altos índices de desempenho e produtividade, estruturados com base nas exigências que cada vez mais extrapolam a capacidade física e mental humana em suportá-las, não conseguem manter-se senão por meio de diferentes e sofisticados mecanismos de controle e coerção. O assédio moral é parte dessa engrenagem.
As práticas dessa natureza são ferramentas de gestão voltadas para garantir, por meio da pressão institucionalizada, tanto o aumento constante da produtividade como o isolamento e a exclusão daqueles que se constituem como "barreiras" para sua plena realização.
· Terceirização do trabalho
A terceirização tornou-se um dos elementos centrais do atual processo de precarização do trabalho no Brasil, constituindo-se num fenômeno presente praticamente em todos os ramos, setores e espaços do trabalho, pois é uma prática de gestão/organização/controle da força de trabalho que discrimina, ao mesmo tempo em que flexibiliza os contratos, eximindo-se da proteção trabalhista.
Resgatar pertencimento de classe
Em sua lógica destrutiva, o capital não reconhece nenhuma barreira para a precarização do trabalho. A exploração sem limites da força de trabalho é em si expressão das contradições estruturais de dada forma de sociabilidade que, ao mesmo tempo em que não pode prescindir do trabalho vivo para sua reprodução, necessita explorá-lo ao extremo, impondo-lhe o sentido mais profundo de sua mercantilização: a abreviação de seu tempo de uso como resultado do aprofundamento, pelo adoecimento, de sua característica de mercadoria de alta descartabilidade.
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas resultaram na constituição de um exército de trabalhadores mutilados, lesionados, adoecidos física e mentalmente, muitos deles incapacitados de forma definitiva para o trabalho.
Em outras palavras, trata-se de um modelo de gestão que ao mesmo tempo em que se organiza visando o envolvimento da subjetividade inautêntica (Antunes, 2010), o controle da subjetividade (Linhart, 2007) dos trabalhadores, mecanismo necessário para a obtenção de altos índices de produtividade, configura-se cada vez mais como incapaz, pela própria intensidade concorrencial e instabilidade do mercado, de garantir condições de trabalho minimamente adequadas à saúde física e mental dos trabalhadores.
· Estresse
O estresse é um dos conceitos mais estudados e mencionados em psicologia, pois se manifesta na vida cotidiana como um fator que pode colocar em risco a saúde psicológica e física das pessoas.
As três principais perspectivas de abordagem do estresse são: 
i) a que enfatiza as respostas fisiológicas e reações do indivíduo aos estressores; 
ii) a que busca investigar os fatores estressores no ambiente que provocam danos ao bem-estar e à saúde dos indivíduos; 
iii) a psicológica/cognitiva que foca a relação do indivíduo com o meio, ou seja, como a pessoa avalia e percebe o evento estressor
Para que o processo de estresse laboral aconteça é necessário que o trabalhador avalie como estressoras a situação e as demandas do ambiente, e se perceba com poucos recursos para enfrentá-las, gerando reações com efeitos negativos em seu bem-estar.
· Enfrentamento do estresse
Ressaltam-se em diversas pesquisas o importante papel da resiliência e das estratégias usadas para controlar e lidar com as próprias emoções (autorregulação emocional) e para enfrentar situações estressantes (coping), podendo ser eficazes para reduzir o estresse e melhorar o bem-estar em diversos contextos. A estratégia de enfrentamento focada no problema, por exemplo, traz mais benefícios que a de esquiva, embora esta última possa ser útil provisoriamente em situações em que não se consegue ter controle sobre um ambiente aversivo
As competências emocionais e as estratégias de regulação emocional funcional atuam como moderadoras eficazes, minimizando os efeitos negativos dos estressores. 
Importante:
Do ponto de vista estratégico, se forem capazes de unir os laços de solidariedade e o sentido de pertencimento de classe, conjugando suas ações, as entidades representativas dos trabalhadores poderão, mais do que qualquer outra força social, ser efetivamente capazes de demolir o sistema de metabolismo societal do capital e sua lógica destrutiva e, desse modo, capazes de começar a desenhar um novo modo de vida. E os sindicatos de classe ainda poderão ter um papel de destaque nesse processo, se forem capazes de entender o século XXI e, em especial, compreender a nova morfologia do trabalho.
· A loucura do trabalho 
O campo da psicanálise é centrado sobre a vida de relação e, mais precisamente, sobre a vida a dois, ou, no máximo, a três. Assim, a psicanálise é imprópria para dar conta das relações de trabalho, na medida em que estas são regidas por regras que não se deixam reduzir ao jogo das relações chamadas de "objetais". Evidentemente, oporemos, a essa asserção, a psicanálise de grupo e a psicossociologia. Olhando-se de perto, essas disciplinas, de aparição muito mais recente, têm por objetivo encontrar, na dinâmica dos pequenos grupos, as características postas em evidência pela análise dual. 
O campo potencial da psicopatologia do trabalho é ocupado, como dissemos, pela psicanálise, psicossociologia e psicologia abstrata. Além de não conseguirem dar conta da unicidade do drama existencial vivido pelos trabalhadores, essas disciplinas fornecem um quadro de referências teóricas e conceituais que perturbam a elaboração de concepções diferentes.
A evolução das condições de vida e de trabalho e, portanto, de saúde dos trabalhadores não pode ser dissociada do desenvolvimento das lutas e das reivindicações operárias em geral
As estratégias defensivas
As "ideologias defensivas" (o caso do subproletariado) O subproletariado de vamos falar é aquele que habita as zonas periurbanas. fração da população que ocupa as favelas ou os cortiços, geralmente jogados na periferia das grandes cidades. Esta população não se caracteriza pela participação comum em uma mesma tarefa industrial. Ao contrário, o que a une é mais o não-trabalho e o subemprego.
Não se trata da culpa no sentido próprio que refletiria uma vivência individual, e sim de um sentimento coletivo de vergonha: "Não é de propósito que a gente está doente". Maçiçamente,com efeito, emerge uma verdadeira concepção da doença, própria ao meio. Concepção dominada pela acusação. Toda doença seria, de alguma forma, voluntária: "Se a gente está doente, é porque é preguiçoso". "Quando a gente está doente, se sente julgado pelos outros." Acusação cuja origem não se conhece claramente, acusação pelo grupo social no seu conjunto. Essa atitude em relação à doença pode ir muito longe: "Quando um cara está doente, acusam esse cara de passividade", e se ele se afunda mais na doença e no sofrimento, é porque ele quer e porque ele cede à passividade. 
Quando se é mulher não se pode permitir estar doente, por causa dos filhos. Aqui, o trabalho das mulheres não é comparável ao que encontramos nas outras Classes sociais e nem mesmo na classe operária. Cuidar de oito ou dez filhos nas condições materiais que foram citadas representa uma carga de trabalho e de angústia muito maior do que em qualquer outra parte. 
Sarar, no subúrbio, é antes de tudo um problema de ânimo. Aliás; a cura não deve ser compreendida como desaparecimento do processo patogênico. Sarar é somente não sofrer. Seja que o sintoma de enfermidade desapareça ou que se consiga 30 domesticar a dor, pode-se considerar como sarado.
Uma estadia no hospital é, neste contexto, o que mais se teme, É o caso extremo que se procura evitar custe o que custar. E isso se compreende' se pensarmos que a hospitalização é, de alguma maneira, o fracasso, a ruína de todo o sistema de contenção da doença, da vivência do sofrimento, é o ponto de irreversibilidade que marca a brecha do sistema coletivo de defesa contra a doença.
As famílias de oito, dez, doze filhos são frequentes. Incapazes de enfrentar as despesas de moradia, alimentação, vestuário com um só salário (pois a mulher é inteiramente ocupada em cuidar dos filhos), a família, frequentemente de origem operária, é levada a um processo implacável de marginalização pelo endividamento, que termina no círculo vicioso da doença, das despesas etc. Neste contexto, a própria gravidez aparece como uma vergonha, no subproletariado.
. Em primeira análise, pode-se considerar que a vergonha instituída aqui como sistema constitui uma verdadeira ideologia elaborada coletivamente, uma ideologia defensiva contra uma ansiedade precisa, a de estar doente ou, mais exatamente, de estar num corpo incapacitado. O conjunto dessa população sofre a subemprego, particularmente crítico em período de crise econômica. Mas mesmo fora dessa situação, que exagera a importância numérica dos habitantes do subúrbio, sempre existe um contingente de mão-de-obra subempregada marginalizado.
Vê-se que o trabalho atravessa profundamente a vivência da doença: doença-avessodo-trabalho, a tal ponto que a falta de trabalho torna-se, em si, um sinônimo de doença: "Quando alguém diz para um cara que ele está muito velho para trabalhar ou que ele não é mais capaz de continuar, é como se ele estivesse doente”.
Com efeito, não se encontra nunca, no decurso do subproletariado, uma angústia específica relativa à saúde, à doença ou à morte. A doença é vivida como um fenômeno totalmente exterior resultante do destino e dependente da intervenção exterior: o médico, o hospital. Quando ele luta contra a dor, quando ele tenta negar seu sofrimento, o homem do subproletariado não pretende ter 'uma atitude terapêutica relativa ao processo patogênico. Ele sabe que procura somente fazê-lo calar. Curar é trabalho do médico, ou do especialista. A angústia contra a qual é dirigida a ideologia da vergonha não é a do sofrimento, da doença ou da morte; a angústia que ele ataca é, através da doença, a destruição do corpo enquanto força capaz de produzir trabalho. Esta observação é importante na medida em que ela é praticamente específica do subproletariado e em que não a encontramos em nenhuma outra classe social, nem mesmo no proletariado. Quando as condições de sobrevivência são tão precárias quanto as que observamos no sub proletariado ou nas populações dos países subdesenvolvidos, não há lugar para a ansiedade face à doença enquanto tal (o que não significa que tal angústia não exista!).
Aparecem então comportamentos individuais específicos: a principal saída frente à ansiedade concreta da morte é o alcoolismo, que atinge certo número de indivíduos. O alcoolismo nesta situação corresponde a uma fuga em direção a uma decadência mais rápida e a um destino mental e somático particularmente grave
A segunda saída é representada pela emergência de atos de violência "antisocial", em geral desesperados e individuais. A terceira saída é a loucura com todas as formas de descompensação, psicóticas, caracteriais e depressivas. Enfim, sem poder usar estas diferentes "portas de saída", o risco é a morte.
O esforço material e econômico fornecido pelas famílias do subproletariado para sobreviver seria incompreensível se ele não fosse sustentado por um sistema mental muito sólido. Este sistema funciona porque é coletivamente elaborado e alimentado. Tal é a positividade da ideologia da vergonha.
Assim, o projeto de Taylor indentifica-se à redução, no sentido radical, poderíamos dizer ortopédico, da vadiagem operária. O principal obstáculo que ele encontra no seu projeto é a vantagem indiscutível do operário-artesão sobre o empregador na discussão dos tempos e dos ritmos de trabalho. O conhecimento da tarefa e do modo operatório faz parte do campo do operário e traem cruelmente a argumentação do engenheiro.
A divisão do trabalho conduz - os operários não deixam de afirmar- a um non-sens: a maioria dos trabalhadores ignora o sentido do trabalho e o destino de sua tarefa. A falta de sentido da tarefa individual e o desconhecimento do sentido da tarefa coletiva só tomam a sua verdadeira dimensão psicológica na divisão e na separação dos homens.
O uso do tempo fora de trabalho
O uso do tempo fora do trabalho é muitas vezes situado à distância da coletividade dos trabalhadores, e permanece enquanto sistema defensivo, fortemente individualizado, mesmo nas práticas paternalistas em vigor no começo do século, relativas às equipes esportivas de empresa.
Assim, o ritmo do tempo fora do trabalho não é somente uma contaminação, mas antes uma estratégia, destinada a manter eficazmente a repressão dos comportamentos espontâneos que marcariam uma brecha no condicionamento produtivo. Aparece nesta atitude o círculo vicioso sinistro· da alienação pelo sistema Taylor, onde o comportamento condicionado e o tempo, recortado sob as medidas da organização do trabalho, formam uma verdadeira síndrome psicopatológica que o operário, para evitar algo ainda pior, se vê obrigado a reforçar também ele. A injustiça quer que, no fim, o próprio operário torne-se o artesão de seu sofrimento.
Sofrimento no trabalho
Na vivência operária, no discurso dos trabalhadores, descreveremos provisoriamente dois sofrimentos fundamentais organizados atrás de dois sintomas: a insatisfação e a ansiedade.
Sentimento experimentado maciçamente na classe operária: o da vergonha de ser robotizado, de não ser mais que um apêndice da máquina, às vezes de ser sujo, de não ter mais imaginação ou inteligência, de estar despersonalizado etc. É do contato forçado com uma tarefa desinteressante que nasce uma imagem de indignidade. A falta de significação, a frustração narcísica, a inutilidade dos gestos, formam, ciclo por ciclo, uma imagem narcísica pálida, feia, miserável. Outra vivencia não menos presente do que a da indignidade, o sentimento de inutilidade remete, primeiramente, à falta de qualificação e de finalidade do trabalho
Esta depressão é dominada pelo cansaço. Cansaço que se origina não só dos esforços musculares e psiçossensoriais, mas que resulta, sobretudo do estado dos trabalhadores taylorizados. Executar uma tarefa sem investimento material ou afetivo exige a produção de esforço e de vontade, em outras circunstâncias suportada pelo jogo da motivação e do desejo. A vivência depressiva alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual, de anquilose mental, de paralisia da: imaginação e marca otriunfo do condicionamento ao comportamento produtivo. No que diz respeito à relação do homem com o conteúdo "significativo" do trabalho, podem-se considerar, esquematicamente, dois componentes: o conteúdo significativo em relação ao Sujeito e o conteúdo significativo em relação ao Objeto.
Num trabalho rigidamente organizado, mesmo se ele não for muito dividido, parcelado, nenhuma adaptação do trabalho à personalidade é possível. As frustrações resultantes de um conteúdo significativo inadequado às potencialidades e às necessidades da personalidade podem ser uma fonte de grandes esforços de adaptação. Mesmo as más condições de trabalho são, no conjunto, menos temíveis do que uma organização de trabalho rígida e imutável. O sofrimento começa quando a relação homem-organização do trabalho está bloqueada; quando o trabalhador usou o máximo de suas faculdades 'intelectuais, psicoafetivas, de aprendizagem e de adaptação. 
Da análise do conteúdo significativo do trabalho, é preciso reter a antinomia entre satisfação e organização do trabalho. Via de regra, quanto mais à organização do trabalho é rígida, mais a divisão do trabalho é acentuada, menor é o conteúdo significativo do trabalho e menores são as possibilidades de mudá-lo. Correlativamente, o sofrimento aumenta. O sofrimento proveniente do pouco conteúdo significativo do trabalho taylorizado não é mais um mistério e é denunciado não só pelos operários, mas também pelos ergonomistas e por certos meios do patronato "progressista".
A insatisfação resultante de uma inadaptação do conteúdo ergonômico do trabalho ao homem está na origem não só de numerosos sofrimentos somáticos de determinismo físico direto, mas também de outras doenças do corpo mediatizadas por algo que atinge o aparelho mental. Para situar o problema, o mais simples é talvez recorrer ao estudo da eficácia da ergonomia.
· Psicopatologia do trabalho
O interesse sobre a psicopatologia do trabalho surge com a reinvindicação por saúde: “À frente pela saúde” originada pela revolta dos trabalhadores. 
Vivência Subjetiva, Dinâmica das Relações, Fenômeno que causa o adoecimento, Não despreza condição de trabalho. 
Se atentar ao não dito; sentido da fala; vivências subjetivas; sujeito tarefa. 
Prazer>Reinvindicação>Rompe com o trabalho rígido e controlado. 
· Estratégias Defensivas
Construção de Ideologias defensivas para não adoecer. Não resolve o problema, sustenta-o, mas não é saudável. 
Descompensações Psicóticas, atos desesperados e individuais. 
Exigências Cognitivas – Esgotamento Mental
Importante ter uma organização (Estratégias)
Relação Objetal – Psicanálise
 Em termos psicanalíticos, as relações objetais referem-se às relações emocionais entre sujeito e objeto amado que, através de um processo de identificação comum, contribuem para o desenvolvimento do ego. Entende-se por "objeto" uma pessoa, ou a sua representação, com a qual o sujeito forma uma relação emocional intensa, que lhe possibilita a tal identificação com o outro.
A significação em relação ao Objeto põe em questão a vida passada e presente do sujeito, sua vida íntima e sua história pessoal. De maneira que, para cada trabalhador, esta dialética do Objeto é específica e única.
· Intervenção da Psicodinâmica do trabalho
A psicodinâmica do trabalho é uma abordagem desenvolvida por Christophe Dejours que estuda as relações dinâmicas entre a organização do trabalho e os processos de subjetivação.
A psicodinâmica do trabalho considera que a organização é um fator de sofrimento psíquico conforme a forma que o trabalho é executado, a falta de autonomia, a ausência do reconhecimento, o estilo de gestão, as relações com os colegas entre outras causas.
O sofrimento psíquico vivenciado pelo individuo no contexto de trabalho atinge sua saúde física e mental. Se o trabalhador não utilizar estratégias criativas como defesa, fazendo com que o prazer supere esse sofrimento, pode adoecer, progredindo para outras consequências, inclusive de forma direta a perda da qualidade de vida no trabalho.
A QVT (QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO) é considerada um conjunto de ações que se propõe a mudar e melhorar a vida do indivíduo nas organizações. 
Quando temos uma alta na QVT, os colaboradores se sentem satisfeitos com o trabalho, se sentem motivados a manter a produção, desempenhando as atividades com mais qualidade e eficiência. Desse modo, a QVT tem grande potencial para aumentar a produtividade. As organizações podem adotar práticas voltadas para a promoção de qualidade de vida de seus colaboradores como: Massagens, palestras Motivacionais, programas que promovem atividades físicas, programas de alimentação saudável, programas de ergonomia.
Existem dois conceitos que contribuem com a QVT e que estão correlacionados com a psicodinâmica, o clima organizacional e a cultura organizacional. 
É a partir do clima organizacional que se percebe o quanto os colaboradores estão satisfeitos com a empresa. Este grau de satisfação irá depender de diversos fatores, como: beneficios oferecidos, comportamento dos colegas de trabalho, liderança, carga horária, modelo de gestão, ferramentas de trabalho e objetivos. 
Avaliar o clima organizacional de uma empresa é necessário, pois a partir desta avaliação, que será possível compreender as necessidades, preocupações e percepções dos colaboradores e com isso podendo até ser um ponto de partida para alguma intervenção com os colaboradores e com a empresa. A cultura organizacional é um conjunto de valores, rituais, crenças e normas apoiadas por uma determinada organização e cada empresa possui sua cultura, o que a faz tornar única.
Podemos observar que a Psicodinâmica do trabalho e a QVT, são duas abordagens que se complementam que precisam ser investidas, com o intuito de promover a Qualidade de Vida no trabalho e diminuir o sofrimento dos trabalhadores, pois são essenciais para o desenvolvimento e sucesso de uma organização.
Dejours disse: "O trabalho sempre coloca à prova a subjetividade, da qual esta última sai acrescentada, enaltecida, ou ao contrário, diminuída, mortificada. Trabalhar constitui, para a subjetividade, uma provação que a transforma. Trabalhar não é somente produzir, é também, transformar a si mesmo e, no melhor dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar até mesmo para se realizar." (DEJOURS, 2004, p. 30).
É essencial que uma organização promova o bem-estar de seus colaboradores, que invista em melhores condições de trabalho, envolvendo a promoção de saúde física e mental, a harmonia nas relações coletivas, atendendo as demandas da organização, mas incluindo nela, a demanda de seus colaboradores, que são fundamentais para uma maior produtividade e qualidade no trabalho. Contar com a psicologia organizacional, é uma forma de contribuir com tudo isso, a gestão de pessoas, identificando o perfil de cada colaborador, ajudando a estruturar a cultura organizacional e manter o clima organizacional satisfatório atendendo os objetivos da organização e de seus membros.

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