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Necrose Introdução • A célula normal pode sofrer uma adaptação celular (hipertrofia, atrofia, hiperplasia, metaplasia) ou uma lesão celular, dependendo do estímulo que chega nela; Ex: 1: uma isquemia é resultante da menor chegada de sangue em uma região, sendo esse um stress. A célula pode tentar, no início, diminuir seu tamanho para sua maquinaria funcionar menos diante do suporte que ela tem; 2: no coração, em caso de defeito da valva aórtica, fazendo com que a pressão do VE fique maior, esse ventrículo vai hipertrofiar por ter que realizar uma maior força para bombear o sangue para o corpo, resultando em uma hipetrofia celular; 3: a metaplasia na traqueia resultante dos cigarros, em que o epitélio pseudoestratificado vira um pavimentoso estratificado; 4: no esôfago de Barret o epitélio pavimentoso vira epitélio colunar com células caliciformes pelo processo de metaplasia; • Apenas as células com capacidade de divisão podem sofrer hiperplasia e, por isso, os miocardiócitos sofrem apenas hipertrofia; • A célula quando sofre uma lesão celular, geralmente, tem como primeira resposta a degeneração hidrópica. Tem momentos que a célula é exposta a tanto stress que ela não consegue mais se adaptar, por ser uma lesão muito nociva, sendo perceptível a degeneração hidrópica com entrada de água no seu interior pela falência da bomba de sódio e potássio; • A lesão celular pode ser reversível, em que com a retirada do estímulo a célula volta ao seu estado normal, ou irreversível, resultando na morte celular (apoptose ou necrose); • A diferença básica entre a necrose e a apoptose é que: - Na necrose ocorre o rompimento da membrana celular, fazendo com que haja o extravasamento do conteúdo celular desencadeando um processo inflamatório proeminente. Há uma falha dos componentes da integridade da membrana, resultando em seu rompimento; - Enquanto isso, na apoptose, não tem essa perda de integridade e é uma morte programada, ocorrendo através da fragmentação da célula, formando os corpos apopóticos que são fagocitados pelos macrófagos, sendo resultado de vias com ação das caspases; • Embora não exista qualquer ponto de corte bem estabelecido no qual as adaptações celulares falhem e a lesão celular se torne irreversível, os mecanismos moleculares envolvidos na lesão celular e as alterações celulares histologicamente detectáveis associadas estão bem definidas; • Para acontecer a morte da célula, deve ocorrer a falha de uma das 4 vias principais, que estão todas interligadas e, se uma falha, todas também falham. As vias são: Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (15A) Anatomia Patológica I – Prof. Fernanda Giudice - Respiração aeróbia, fosforilação oxidativa mitocondrial e produção de ATP; - Síntese proteica; - Manutenção da integridade da membrana celular; - Manutenção da integridade do genoma (incluindo a replicação e o reparo do DNA). Ex: um paciente sofreu um acidente que levou a um traumatismo e queda da pressão, com consequente queda na perfusão. A redução da perfusão dos túbulos renais leva a uma isquemia local, que dependem do metabolismo oxidativo e da síntese de ATP. * A falta da síntese de ATP leva a uma falha da bomba de sódio e potássio, resultando em uma lesão celular que é representado pela degeneração hidrópica, em que ocorre um influxo de sódio e água para o interior das células epiteliais tubulares, causando um edema celular, que é reversível com a rápida restauração da perfusão e, assim, mantém o citoesqueleto intacto; * A manutenção dessa isquemia resulta em uma lesão irreversível, sendo notado pela perda ou lesão do núcleo, que é o primeiro sinal de irreversibilidade. Há uma diminuição de número ou de tamanho dos núcleos. Definições • Necrose é a morte de parte de um organismo vivo; • Ela pode atingir células isoladas, áreas de um tecido ou órgãos inteiros; • O tecido necrótico é um tecido morto; • A necrose, portanto, é a morte celular e tecidual em um organismo viável, em consequência a uma lesão “acidental” à célula; Ex: isquemia, agressões ambientais (calor, frio ou forças físicas) e destruição da membrana celular por agentes químicos ou biológicos • Essa lesão acidental é associada à perda da integridade da membrana e ao extravasamento dos conteúdos, levando a dissolução celular; • As células são dissolvidas pela ação degradativa das enzimas dessa célula que foi lesada de forma letal, sendo que, as enzimas são derivadas dos próprios lisossomos das células que estão morrendo (por haver, também, o rompimento das membranas lisossomais), mas também dos lisossomos de leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas; • A autólise é a degradação da célula pelas suas próprias enzimas. A heterólise é o resultado da atuação desses leucócitos que chegam à região; • O extravasamento de conteúdos celulares para o ambiente tecidual dispara múltiplos sistemas de detecção de padrão molecular associado ao perigo, também conhecido por DAMP; • As células vão ativar os receptores de reconhecimento de padrão (PRR), sendo que, assim que esses receptores são ativados o DAMP também é. Esse sistema está relacionado com o entendimento por parte do tecido de que há um perigo/ alteração, gerando uma inflamação; • Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local e inflamatória no hospedeiro, com o intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente; • O processo de necrose é sempre patológico, gerando uma reação imunológica que sempre resulta em um processo inflamatório, que tem sempre início pelos neutrófilos polimorfo nucleares. Conceitos • Autólise: é a digestão de um tecido morto por suas próprias enzimas, conceito que vale tanto para um tecido necrótico num organismo vivo como para a decomposição do organismo após a morte; • Heterólise: é a digestão das células necróticas por enzimas derivadas dos leucócitos e a desnaturação proteica; • Necrose: é o evento da parada de funcionamento da célula como máquina organizada; • Necrofanerose: trata-se do aparecimento das características morfológicas da necrose no tecido (ou seja, picnose nuclear, eosinofilia do citoplasma). O tempo para necrofanerose varia com o tipo de tecido, temperatura, circunstâncias metabólicas e o método de observação empregado; - Microscópio óptico: o tempo para necrofanerose é tipicamente de 6 horas; - Microscópio eletrônico: as alterações irreversíveis (ruptura da membrana celular, degeneração das mitocôndrias), são demonstráveis já minutos após a necrose. Apoptose x Necrose • Apoptose: trata-se do processo de morte celular programada; - Ele é iniciado por gatilhos moleculares específicos, tratando-se de receptores específicos na membrana da célula que, quando ativados, uma cascata relacionada a caspase é ativada, resultando na apoptose; - O desencadeamento da apoptose resulta em um modo distinto de morte celular, sendo concebido com a intenção de minimizar a resposta do hospedeiro através da fragmentação da célula sem o rompimento da membrana; • Existem situações que podem ocorre a apoptose e a necrose ao mesmo tempo; • Piroptose: existem microrganismos que podem ativar a proteína relacionada a caspase 1, que quando ativada resulta na ativação da apoptose. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, esses microrganismos podem levar a edema celular, lise e, com isso, reação inflamatória. Ocorre com o início da apoptose seguido pela necrose; • Necroptose: alguns microrganismos, como o vírus do HIV, podem ativar esse processo. Ocorre a ativação de receptor por citocinas liberadas pelo vírus e outras características que lembram a necrose. Mecanismos moleculares • Uma obstrução ou cessaçãodo fluxo sanguíneo como estímulo nocivo gera uma isquemia. A isquemia, primeiramente, leva a uma lesão aos componentes das mitocôndrias, na cadeia do transporte dos elétrons, fazendo com que haja uma diminuição na síntese de ATP, resultando na alteração de 3 principais vias; • A diminuição da quantidade de ATP afeta o funcionamento da bomba de sódio e potássio, diminuindo sua atividade. Com isso, ocorre o aumento da concentração de sódio intracelular e potássio extracelular, além do aumento da concentração, também, de cálcio no interior da célula; - Como consequência, há um aumento da concentração de líquido no meio intracelular, levando a um edema celular agudo, ou seja, a degeneração hidrópica; - A entrada de água não fica apenas no citoplasma, mas no interior das organelas. Ocorre a entrada do líquido no interior do retículo endoplasmático, que é dilatado e termina por separar seus ribossomos, causando uma diminuição na síntese proteica (está relacionada com as 4 vias principais da célula). A alteração nessa síntese altera a manutenção da integridade de membrana e do genoma; • A queda de ATP afeta, também, a bomba de cálcio, resultando o aumento da quantidade de cálcio intracelular pela diminuição da atividade dessa bomba; - O aumento de cálcio dentro da célula há uma ativação da proteína chamada de calpaina, que está relacionada com a destruição das membranas dos lisossomos, liberando caltepsinas; - A caltepsina é responsável por realizar a lise celular; - A calpaina, por ativação de fosfolipase- A2, faz com que ocorra a perda de fosfolipídios, afetando a estabilidade das membranas de organelas e celular; - Então, é causada uma autólise por aumento da liberação de enzimas lisossomais (hidrolases); • Níveis excessivos de cálcio alteram as mitocôndrias, causando uma lesão pelo processo chamado de transição de permeabilidade mitocondrial. A membrana da mitocôndria passa a ter vários poros, que causam despolarização, desacoplamento de elétrons e falha na produção de ATP, além de edema e lise mitocondrial; • Por fim, a diminuição do ATP resulta num aumento da glicólise, que diminui a quantidade de glicogênio e aumenta a de lactato, resultando numa queda do pH, gerando espécies ativas de oxigênio que danificam a célula. O lactato está relacionado com o processo de glicólise; • As lesões reversíveis pela diminuição do ATP ocorrem por diminuição da bomba de sódio e potássio. As reações irreversíveis são aquelas com o aumento de glicólise e diminuição da bomba de cálcio; • O cálcio e a glicólise têm papel importante na formação de lesões irreversíveis. O aumento de cálcio dentro da célula causa: - Calpainas ativadas: = lise celular. Ela tem afinidade por lisossomos, causando sua destruição e, assim, liberação das catepsinas. As catepsinas que geram a lise celular; - Fosfolipases-A2 ativadas: enzimas que estão relacionadas com a alteração dos fosfolipídios (parte das membranas) = lise celular; - Transição de permeabilidade mitocondrial ativado = lise celular. → Lesão de reperfusão: • Ocorre com células que são relativamente resistentes à lesão isquêmica sofrem lesão adicional e necrose após o reinício da perfusão (lesão por reperfusão); • Sempre que ocorre a diminuição da síntese de ATP é ativada a glicólise para produzir ao menos uma quantidade mínima; • O ATP residual (produzido por glicólise) à permite que as mitocôndrias danificadas mantenham a polarização e retornem a seu funcionamento com o reinício da perfusão; • O baixo pH intracelular resultante da glicólise estabiliza as mitocôndrias e retarda o processo denominado transição de permeabilidade mitocondrial; • Durante a reperfusão, tais mitocôndrias continuam a acumular Ca2+ e liberam quantidades significativamente elevadas de espécies reativas de oxigênio (ROS) no citoplasma, que pode danificar a célula; • O acúmulo de cálcio resulta no mecanismo de transição de permeabilidade mitocondrial, que lesa a membrana da mitocôndria e, estas, sempre que danificadas durante o processo de eliminação do oxigênio molecular, há uma perda de equilíbrio da eliminação do ROS que é normalmente produzido e degradado. Quando não tem essa degradação correta pois a mitocôndria está lesada ocorre um aumento de ROS, levando ao estresse oxidativo; Ex: uma placa de ateroma que causou isquemia no coração. Os miocárdiócitos são células resistentes a isquemia, porém, elas podem sofrer os processos de diminuição de ATP. O processo de glicólise tende a produzir o ATP e ele é aumentado quando há uma necessidade de produzir energia para permitir que as mitocôndrias mantenham o processo e sua despolarização e retornem seu funcionamento com o retorno da reperfusão. As células mais resistentes ao processo de isquemia tentam retardar ao máximo possível a morte, com essas reações de glicólise e diminuição do pH intracelular • As espécies reativas de O2 causam dano ao DNA, causando um processo de necrose; • As mitocôndrias normais liberam o oxigênio molecular na forma de radicais livres e superóxidos, que sofrem reações e é transformado em peróxido de hidrogênio, liberando água e radical livre; • O bloqueio da cadeia respiratória pelo dano das mitocôndrias resulta no aumento da produção de ROS. O desequilíbrio desses mecanismos leva a um estresse oxidativo maior das células, levando a necrose por causar um dano no DNA; • Normalmente ocorre a produção de ROS, mas nessas condições de reperfusão a sua produção é aumentada e, assim, causa a necrose na célula. Características morfológicas • Características da lesão necrótica: - Autólise: digestão de um tecido morto por suas próprias enzimas; - Necrofanerose: aparecimento das características morfológicas no tecido; - Picnose nuclear, eosinofilia do citoplasma, ruptura da membrana celular e degeneração das mitocôndrias. → Alterações na membrana celular: • Formação de bolhas na superfície: ocorre por destacamento da membrana do citoesqueleto; • Ruptura da membrana celular: - Enfraquecimento decorrente da redução da síntese proteica e alteração nos ácidos graxos dos fosfolipídios; - Com a liberação do material intracelular, é formada uma massa indistinta eosinofilica homogênea, vista principalmente nas necroses de cascificação; • Junções intercelulares frouxas ou desaparecem: são junções que unem as células e, essa alteração, causam alterações estruturais da membrana. → Alterações nas mitocôndrias: • Ocorre a condensação da matriz mitocondrial, resultante de uma deficiência de O2; • Tumefação mitocondrial: é a expansão da câmara interna por entrada de líquido, que leva a redução no número de cristas que acabam por serem achatadas até desaparecerem completamente (= cristólise); • A tumefação mitocondrial com a conservação da arquitetura das cristas é uma lesão reversível; • A perda das cristas e aparecimento de estruturas amorfas, sem poder ver delimitações ou cristas são indicativos de lesão irreversível. → Alterações citoplasmáticas: • O citoplasma normal possui uma característica mais basofílica, tendendo a ser mais roxo; • Ocorre um aumento da acidofilia citoplasmática quando a célula está morrendo, fazendo com que a célula adquira uma coloração bem rosada (= mais eosinofilico). Há um desacoplamento ribossômico (diminuição de RNA no citosol), aumento de ácido lático no citosol e desnaturação de cadeias peptídicas com incremento de cargas negativas, conferindo esse aumento da acidofilia; • Granulação citoplasmática: ocorre pela tumefação e posterior ruptura de organelas, principalmente mitocôndrias e retículo endoplasmático liso; • Homogeneização citoplasmática: com a lise das organelas e coagulação das proteínas, forma-se uma massa opaca e acidófila, vista principalmente nas necroses coagulativas. → Alterações nucleares: • Picnose: é a retração e adensamentodo núcleo (= compactação), com perda da individualidade dos grânulos de cromatina; • Cariorrexe: a fragmentação do núcleo picnótico; • Cariolise: observa-se uma coloração nuclear pálida e fraca. Tipos de necrose → Necrose coagulativa: • Trata-se do tipo mais comum de necrose, podendo também ser chamada de necrose isquêmica; • É a necrose clássica que ocorre em situações de infarto, em que ela se instala após a interrupção do fluxo sanguíneo; • Ocorre quando a digestão/liquefação enzimática do tecido por autólise é retardada e a coagulação (desnaturação proteica) predomina. Esse processo de autólise é mais demorado, podendo-se observar as chamadas células fantasmas (ainda consegue ver o contorno da célula, mas não os núcleos que indica que a célula está morta). Infarto branco/anêmico/isquêmico: • Tem uma oclusão arterial, podendo ser ocasionada por um trombo ou êmbulo, causando uma hipóxia no território por falta de circulação; • É normal observar esse ocorrido em órgãos como rins, baço e coração por possuírem circulação terminal; • Características morfológicas: são as alterações da necrofanerose; - 0–6h: sem alterações visíveis, mesmo à microscopia óptica; - 6–12h: área pálida, pouco definida, com ou sem estrias hemorrágicas (resto de sangue x paredes vasculares lesadas pela anóxia); - 12–24h: área pálida delimitada por halo hiperêmico (hemorrágico, cuneiforme, com forma de triângulo (cunha) de base voltada para a cápsula do órgão e vértice para o vaso ocluído). Ocorre vasodilatação com aumento do fluxo sanguíneo; - 24–48h: área cuneiforme ou em mapa geográfico (circulação dupla não consegue ver a área cuneiforme); - 2º–5º dias: halo branco acinzentado leucocitário (onde chega as células inflamatórias) internamente ao hiperêmico (aumento da dilatação onde tem a circulação), com deposição de fibrina na serosa capsular; - 5º dia em diante: proliferação fibro e angioblástica (avermelhamento leve centrípeto com posterior cicatrização e retração cicatricial). Infarto vermelho/hemorrágico: • A área de necrose é invadida por hemácias, assim, se tem uma hemorragia no local; • Ocorre em órgãos como pulmão e fígado, que apresentam circulação do tipo dupla, ou seja, órgãos frouxos ou com irrigação dupla ou com rica circulação colateral; • Trata-se de uma necrose de coagulação (ou seja, tem-se uma isquemia no local) na presença de circulação residual (a partir de uma fonte alternativa), suficiente para demonstrar hemorragia tecidual maciça; • Tanto a oclusão arterial como a venosa podem causar infartos vermelhos; • Pode-se observar as mesmas alterações morfológicas que no infarto branco com a invasão de hemácias. Conclusão: • Macroscopicamente, é possível ver a região necrótica com uma coloração de amarelo pálido, sem brilho e com limites mais ou menos precisos de forma irregular ou triangular, dependendo do órgão atingido e do tipo de circulação. A circulação do tipo terminal tem forma em cunha, com ângulo voltado para o centro do órgão (= para o vaso ocluído). A circulação do tipo dupla ou colateral tem forma irregular; Ex: rim • Microscopicamente, pode-se observar a preservação do contorno básico da célula coagulada por pelo menos alguns dias, com aumento da acidofilia intracelular que desnatura as proteínas estruturais e enzimáticas e acelera a proteólise da célula. Ex: 1: a maioria dos infartos resultam em necrose por isquemia. Geralmente à parada completa da circulação sanguínea nos capilares da área necrótica à impede a chegada de células fagocitárias – miocárdio, do rim, do baço - exceção é o cérebro; 2: em tumores de crescimento muito rápido, superando a capacidade de suprimento pelos vasos do próprio tumor; 3: lesões intensas por agentes físicos (ex: queimaduras graves) ou químicos (ácidos e bases fortes) 4: necrose caseosa; 5: gangrena; 6: esteatonecrose. • Na imagem é possível ver que, mesmo em menor aumento, há uma anormalidade na região do rim. Na área 1 (células fantasmas) a coloração está bem diferente e mais rosada, já que na necrose (não chega mais suprimento) a região fica mais eosinofílica (mais rosa), então, tem a morte celular. Na área 2 (mais basofílica), ela está mais escura pois há uma liberação dos conteúdos celulares (vasodilatação que causa uma congestão pela maior chegada de sangue, junto do infiltrado inflamatório) com a sua morte, instigando um processo inflamatório que escurece a região; • Célula fantasma: são células que não consegue visualizar o núcleo por estarem mortas, mas não foram totalmente ilimitadas. O infiltrado inflamatório está “chegando” para eliminar a célula, sendo seguido por macrófagos que realizam a fagocitose; • Tem-se na imagem seguinte o rim, podendo ser identificado pelos glomérulos. Nele, os túbulos estão com suas células que revestem a sua luz mortas (não tem núcleos), caracterizando a necrose coagulativa; • Diagnóstico do órgão (qual órgão que é?): rim; • Lesão celular: necrose do túbulo (o núcleo está em cariólise). As células viáveis tendem a se multiplicarem e causarem uma “descamação” das células mortas para o interior do túbulo renal; • Isquemia glomerular: os glomérulos não sofrem necrose por serem predominantemente estruturas conjuntivas e, portanto, de metabolismo mais baixo. Ele, caso não apresente hemácias em seu interior, nota-se que está passando por um processo de isquemia (chega menos sangue). O glomérulo tem uma capacidade de suportar uma maior exposição a falta de isquemia que o túbulo, então, demora um maior tempo para entrar em necrose; • Diagnóstico anatomopatológico: necrose tubular; - O glomérulo ainda não está necrosado, mas está isquêmico por não ter hemácias em seu interior. O túbulo está com as células que o revestem vivas, podendo também apresentar outras áreas necróticas; - Nesse processo, as células do túbulo começam a secretar substâncias que deixam com o aspecto de “cilindro pigmentado” em que sua cor fica bem rosada devido a liberação de proteínas pelas células; - Características da lâmina: glomérulo isquêmico, áreas necrosadas, túbulos com cilindro pigmentado e acúmulo de cálcio nos túbulos (cristais de oxalacetato de cálcio); • Diagnóstico do órgão: adenohipófise. Ela possui 3 diferentes tipos celulares, sendo o basófilo (1), acidófilo (2) e cromófogo (3), que caracterizam essa glândula; • Lesão celular: necrose. As células possuem a mesma cor do citoplasma (eosinofílico) por estarem passando pelas mesmas alterações, impedindo uma diferenciação entre os tipos celulares. Alguns núcleos estão fragmentando (cariorrexe), outros em picnose (bem compacto e núcleo mais escuro) e uns em apagamento (cariólise); • Diagnóstico do órgão: baço; • Diagnóstico anatomopatológico: necrose coagulativa causada por isquemia (infarto) da região; • Diagnóstico do órgão: coração; • Diagnóstico anatomopatológico: necrose coagulativa causada por isquemia (infarto) da região. Pode ser identificado pela presença de neutrófilos na região através do filtrado inflamatório entre as fibras cardíacas anucleadas; • Diagnóstico do órgão: pulmão. Ele é identificado pelos septos interalveolares e pela visualização dos alvéolos; • Diagnóstico anatomopatológico: infarto pulmonar hemorrágico que resulta em necrose coagulativa. Os septos e conteúdo alveolar apresentam-se totalmente acelulares; - Com o processo de necrose, como o pulmão possui dupla irrigação, há a entrada de sangue na região necrosada, então, há uma necrose coagulativa por um infarto hemorrágico. → Necrose caseosa: • Trata-se de um tipo especial de necrose coagulativa; • Existem alguns microrganismos, como o causador da tuberculose, que provocam uma reação inflamatória que resulta na necrose caseosa; • É uma ação de degradação progressiva e irreversívelfeita por enzimas em tecidos lesionados; Macroscopicamente: • Possui uma estrutura semelhante a “caseum”, adquirindo um aspecto pastoso e amarelado (queijo branco e fresco); • Na região de resultado da necrose dos tecidos em lesões tuberculosas, são encontrados os bacilos tuberculosos; • São massas circunscritas, amarelas, secas e friáveis, podendo ter área de calcificação com a evolução da lesão. Microscopicamente: • São encontrados vários bacilos, adquirindo uma coloração arroxeada; • Formam granulomas e, em seu centro, são encontradas as áreas de necrose; • Pode ocorrer uma calcificação com a cronificação do granuloma; • Um microrganismo, no caso, o bacilo causador da tuberculose, provoca uma reação inflamatória chamada de “reação de hipersensibilidade do tipo IV”; - Essa reação inflamatória tem a participação de linfócitos, estes que vão desencadear a resposta da hipersensibilidade tardia; - Ocorre a participação dos linfócitos T e a ativação dos macrófagos; - Os macrófagos começam a fagocitar o microrganismo, ocorrendo a transformação de alguns macrófagos nas chamadas células epitelioides; - Assim, no granuloma, são encontrados os linfócitos na periferia e macrófagos, que podem estar diferenciados nas células epitelioides. Pode ocorrer a junção das células epitelioides, formando os chamados gigantócitos, que são células gigantes com diversos núcleos e potencial de fagocitose; • Com o crescimento e a cronificação da lesão, o centro do granuloma fica com menos nutrição, resultando em necrose (área rosa no centro), recebendo o nome de necrose caseosa; • Esse centro necrótico é desfavorável ao microrganismo, então ele tem sua atividade metabólica adormecida. Ele, porém, consegue ser reativado posteriormente; • A célula gigante é semelhante a uma ferradura por ter os seus núcleos concentrados na periferia. Seu nome é célula gigante de Langhans; • A necrose caseosa localizada no centro é uma massa amorfa, onde tem a coagulação de proteínas (a parede celular do microrganismo tem lipídio e proteína, causando em uma coagulação dessas proteínas e liquefação dos lipídios); • O granuloma com o tempo vai fibrozando, ao redor do processo inflamatório; • A célula epitelioide surge do macrófago. Ocorre a reação de hipersensibilidade do tipo IV, nela, são presentes os linfócitos, que liberam citocinas (a principal é o interferon gama pelo linfócito T) que ativam os macrófagos. Estes, estando ativados, podem fazer parte do granuloma, se transformando na célula epitelioide que se aglomera e forma a célula gigante; • Diagnóstico do órgão: pulmão; • Lesão celular: necrose caseosa. Em casos de evolução do granuloma, pode apresentar a calcificação (em roxo), ao redor dele. → Gangrena: • É um tipo específico da necrose coagulativa; • O tecido necrótico sofre uma mutação por agentes externos, como ar ou bactérias; • As bactérias, geralmente, são anaeróbicas e levam a putrefação do tecido necrótico; Ex: 1: no cordão umbilical após o nascimento, ficando negro e seco; 2: nas extremidades inferiores após obstrução vascular por aterosclerose (especialmente em diabéticos), traumatismos com lesão de vasos, moldes de gesso excessivamente justos, congelamento 3: em órgãos internos quando houver a combinação de necrose com infecção por agentes bacterianos. Gangrena seca: • A área necrótica perde água para o ambiente, apresentando-se com forma seca, retraída, com aspecto mumificado e coloração escurecida por alteração na hemoglobina; • Localização: em extremidades, como nariz, orelha e membros; • Características: - Não apresenta o fator “dor”; - Apresenta macroscopicamente, linha demarcatória entre a área normal e o tecido necrosado; - Cor pode variar de amarelo esverdeado ao pardo enegrecido, em decorrência da decomposição da hemoglobina; • Etiologia: - Causa isquêmica causada através do congelamento ou vasoconstrição ou por doenças obstrutivas dos vasos periféricos; - Diabetes tipo I e II; - Gesso e bandagens muito apertadas; - Ocorre fisiologicamente no cordão umbilical. Gangrena úmida: • Tem uma correlação com a atuação das bactérias saprófitas amolecendo o tecido através da sua digestão; • Essas bactérias são, geralmente, anaeróbicas que produzem enzimas proteolíticas e fosfolipases; • Ocorre preferencialmente: - Pulmões: em casos de pneumonias agudas por aspiração de corpos estranhos; - Intestino: ocorre na evolução de apendicites e colecistites graves; - Glândula mamária: mastite aguda por coliformes e/ou estafilococos; - Pele: após contaminação de ferimentos, úlceras, queimaduras ou contaminação de tecidos profundos; • Etiologia: - Isquemia e liquefação, com a proliferação de microrganismos; - Pode se espalhar muito mais rápido do que a gangrena seca; - Pode levar a complicações potencialmente fatais, como o choque séptico; - Há bolhas pretas e pus fétido abaixo da pele diluída na área. Gangrena gasosa: • Ocorre quando as bactérias contaminantes da gangrena úmida pertencem ao gênero Clostridium; • Pode haver também produção de gases, daí a gangrena gasosa; • É também conhecida como “gangrena enfisematosa”, “gangrena crepitante” ou "gangrena bolhosa”; • Característica: ocorre a ação de bactérias anaeróbias gasógenas sobre o tecido necrosado; • Etiologia: é causada por bactérias anaeróbicas produtoras de gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2), ácido acético ou ácido butírico (odor característico de manteiga rançosa). → Esteatonecrose: • Trata-se de um tipo especial de necrose coagulativa que ocorre no tecido adiposo; • Lesões traumáticas, isquêmicas ou químicas podem levar à ruptura de células adiposas; • A gordura é desdobrada pela ação de enzimas lipolíticas (lipases) pancreáticas; • Ocorre em maior frequência na pele (hipoderme), mama e retroperitônio; • O exemplo mais observado é na pancreatite aguda. A lesão faz com que os ácinos pancreáticos liberam de forma descontrolada as lipases, em que a sua ação ocorre nos adipócitos (cheios de triglicerídeos) e há a liberação dos ácidos graxos dos triglicérides, estes que reagem com íons Ca2+ dos líquidos intersticiais, formando sabões insolúveis de cálcio, que têm aspecto semelhante a cera de vela (reação de saponificação); • Ocorre: - No tecido peripancreático (pancreatite aguda); - No tecido gorduroso da glândula mamária; - Em qualquer região onde houver tecido gorduroso em grande quantidade sujeito a trauma intenso; • Diagnóstico do órgão: pâncreas; • Círculo: “cera de vela”; • Lesão celular: esteatonecrose; • A região com os ** é a região em que os adipócitos sofreram a necrose, podendo ser identificado por poder ver apenas uma “sombra” pela perda do formato de adipócito, sem núcleo na periferia, sendo células fantasmas; • Por conta da reação de saponificação, as células adquirem uma coloração mais roxa (basofílico). → Necrose liquefativa: • É causada pela interrupção vascular (podendo gerar isquemia ou morte) ou com participação de infecção bacteriana; • Ocorre nos tecidos ricos em lípideos e pobre em albuminas coaguláveis; Ex: no SNC tem muita lipide (tem muita bainha de mielina), então, num tecido rico em lipídeos e pobre em proteínas coaguláveis ocorre esse tipo de necrose • Há uma liquefação enzimática do tecido necrótico. O tecido morto fica liquefeito por ação de enzimas hidrolíticas com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto; • As células sofrem lise por ação de bactérias (liberam enzimas proteolíticas que irão liquefazer o tecido) ou por ação de proteases de leucócitos; • A zona de necrose adquire consistência mole, semifluida ou mesma liquefeita • Ocorre: - Tecidos ricos em lipídios e pobres em albuminas coaguláveis (sistema nervoso central, suprarrenal e mucosa gástrica); - Abscessos: são áreas de infecção bacterianapurulenta (com pus) que produzem uma nova cavidade no tecido, que não existia antes, e que é preenchida por pus. Resultam de uma necrose liquefativa, independente do órgão, por ação das enzimas proteolíticas das próprias bactérias, e dos neutrófilos atraídos para combatê-las; Ex: 1: um pulmão com necrose causada por bactérias, essas que produzem enzimas proteolíticas e há a atração dos neutrófilos, que também produzem enzimas. Todos esses fatores liquefazem o tecido, formando uma nova cavidade (= abscesso), pela destruição dos septos. Não há a formação de granuloma. Por ter muitos neutrófilos, macroscopicamente, é observado o pus. Microscopicamente, pode-se ver um filtrado inflamatório pela chegada das bactérias, formando uma área grande que resulta no abscesso * Infecção bacteriana focal à eventos quimiotáticos à infiltrado de leucócitos + degranulação de enzimas lisossômicas à digestão enzimática (autólise) e heterólise 2: observa-se um corpo do neurônio. Na célula necrótica, o citoplasma se apresenta rosado (eusinofílico) e o núcleo fica compacto (picnose), sem uma diferenciação entre núcleo e nucléolo; * A célula normal pode-se observar uma diferenciação entre o núcleo e o nucléolo, com um citoplasma mais claro; * A produção da bainha de mielina é feita pelo oligodendrócito e sua sustentação e nutrição é feita pelo astrócito; * Existe, no sistema nervoso, uma célula específica tem como função realizar a fagocitose no tecido nervoso, sendo essa chamada de micróglia. Ela é uma célula pequena e quando é estimulada pela necrose, por exemplo, e, então, tendo sua atuação como uma diferenciação em macrófago. Por essa estimulação pela necrose, ela é modificada e, ao realizar a fagocitose, resulta na chamada célula grânulo-adiposa, com um citoplasma adiposo pela fagocitose da região que possui bastante lipídeos, tendo um citoplasma chamado de citoplasma espumoso. Ocorre uma fagocitose da área necrótica de forma muito rápida (por já ter células no local que precisam apenas se diferenciar), então, quase não se vê as células fantasmas por haver uma remoção muito rápida; • Diagnóstico do órgão: cérebro; • Lesão celular: necrose liquefativa do órgão cérebro. Ela é compatível com o infarto cerebral. Pode-se notar um amolecimento do tecido, que fica transformado em papa por ter sido liquefeito; • Quando ocorre a necrose liquefativa no cérebro, há uma proliferação das células endoteliais (envolvem os vasos) como uma tentativa de gerar uma neovascularização para a região que necrosou por isquemia; Ex: na substância branca, pode-se observar a região de necrose e que vai gerar um edema tecidual como resultado do processo de inflamação (as células junto com as proteínas que estão na circulação têm o potencial de sair do vaso, causando o edema), chamado de exsudato; • Tipo celular: célula grânulo-adiposa (núcleo excêntrico e citoplasma espumoso). Ela tem origem a partir da micróglia, sendo uma das células da glia. Ocorre uma estimulação dessa célula para se diferenciar em macrófago e começar a fagocitar o material necrótico. Como no SN tem muito lipídio, o citoplasma fica com a aparência espumosa. Pode chegar o macrófago pela corrente sanguínea e, ao realizar a fagocitose, ele vai adquirir a mesma característica que os macrófagos advindos da micróglia; • Lesão celular: necrose de liquefação com hemorragia. Em casos de AVC hemorrágico é possível ver áreas de hemorragia em um tecido necrótico; - Em um maior aumento, é possível observar as hemácias todas fora do vaso, indicando que houve rompimento do vaso; - Algumas células estão permeando o vaso, sendo as células grânulo-adipócito, que possuem uma coloração mais amarronzada por ser produzido um pigmento chamado pigmento de hemossiderina em casos de hemorragias e ele é fagocitado pelo macrófago junto da hemácia, deixando o macrófago numa coloração mais escura; - Descrição da lâmina: corte de parênquima cerebral que apresenta distúrbio circulatório caracterizado por necrose de liquefação associada da hemorragia secundária. Na periferia há acúmulo de macrófagos, alguns contendo no citoplasma pigmento castanho com caracteres de hemossiderina, indicando um infarto hemorrágico cerebral; • Diagnóstico do órgão: cérebro; • Lesão celular: necrose liquefativa causada por um infarto cerebral antigo resultante de obliteração da artéria cerebral média; • Na parte superior da imagem, pode-se observar uma vasodilatação que causa uma hiperemia ao redor da região de necrose. Não é uma hemorragia por ter uma maior quantidade de células sanguíneas no interior do vaso. Na parte inferior, tem-se a necrose de liquefação com um edemaciamento da região; • O infarto antigo já possui uma cicatrização e são observadas redes de fibras feitas pelos astrócitos gemistocíticos, sendo responsável pelo fechamento de feridas e pela cicatrização do sistema nervoso • O infarto recente ainda está passando pelo processo de cicatrização, ou seja, se consegue ver o macrófago fagocitando material necrótico (macrófago espumoso = célula grânulo-adiposa) ainda está em processo de eliminação da necrose, então, é um infarto recente; • Abscesso: é o acúmulo localizado de pus num tecido, formando uma cavidade delimitada por uma membrana de tecido inflamatório. O líquido purulento se forma em virtude da desintegração e morte (necrose) do tecido original, microrganismos e leucócitos (o primeiro que chega é o neutrófilo); Ex: se tem uma necrose no pulmão, mas não há a presença de bactérias, a necrose é do tipo coagulativa. Se tem bactérias há a destruição de tecido e dos septos, é uma necrose liquefativa, tendo uma evolução para abscesso • Os piócitos são os núcleos mais segmentados e densos que os neutrófilos jovens, sendo muito observado no pus.
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