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ENDOCRINOLOGIA , CAPITULO 28 , JOSE M I GUEL DORA , JOSE AUGUSTO S ISSON DE CASTRO , O PROBLEMA LIN I Paciente de 67 anos, do sexo feminino, vem à consulta trazendo densitometria óssea (DM O) e raio X de coluna solicitados pelo ginecologista em investigação de dor lombar. A DMO mostrava, na coluna lombar (L 1 -L4) , 0 ,752 g/cm2 (T-score = -2, 1 e Z-score = - 1 ,4) , e , no colo do fêmur, O ,683 g/cm2 (T-score = -2 ,6 e Z-score = -1 ,8) ; o raio X de coluna toracolombar não mostrava fraturas ou redução da altura de corpos vertebrais. Previamente assintomática, com menarca aos 1 2 anos, duas gestações sem intercorrência e menopausa aos 48 anos, sem outros problemas de saúde. Negava tabagismo ou uso de medicações. A história familiar e pessoal de fraturas foi negativa. O exame clínico foi normal. COM LA ORA'J, 10 PODE UDA NA AVALIAÇÃO DESSE PACIE TE? A DMO é uma quantificação da massa óssea em regiões do esqueleto que pode estimar o risco de fraturas por fragilidade óssea nas regiões avaliadas e no esqueleto em geral. O diagnóstico densitométrico definido pela Organização Mundial da Saúde (OM S) é feito na coluna (L 1 -L4 ou L2-L4) ou no fêmur proximal (no colo ou inteiro), tendo como critério o T-score: até -1 = Normal, < -1 até -2,4 = osteopenia; e � -2,5 = osteoporose em qualquer uma dessas regiões. A região do antebraço (rádio: um terço ou 33%) só é usada para o diagnóstico se não for possível avaliar a DMO em uma das regiões anteriores ou nos pacientes com hiperparatireoidismo, pois perdem mais osso cortical. As causas mais comuns de osteoporose são a pós-menopausa e o envelhe cimento, mas sempre é necessário excluir causas secundárias (Quadro 28 . 1 ) , especialmente se um Z-score for < -2 (abaixo do esperado para a idade do paciente). w cn o a: o e.. o w tcn o Frequentemente, é necessário obter-se avaliação radiográfica da coluna tora colombar, especialmente em perfil, pois só um terço dos pacientes com fraturas vertebrais são sintomáticos , e uma redução da altura vertebral de 20% ou mais já indica fragilidade óssea, independentemente da densitometria. O Quadro 28.2 sugere os exames que devem ser solicitados na avaliação inicial de pacientes com osteoporose. METABOLISMO DO CÁLCIO Cálcio (total ou iônico). Deve ser solicitado para todo paciente com d iagnóstico de osteoporose, junto com dosagem da album ina, em jejum, e sem garroteamento prolongado. Cálcio sérico anormal deve ser investigado. O cálcio iôn ico é a fração biologicamente ativa, refletindo apenas o cálcio ionizado e dispensando a avaliação , da album ina. E mais custoso e menos preciso do que a avaliação do cálcio total . Quadro 28.1 , CAUSAS SECUNDARIAS DE OSTEOPOROSE Anorexia nervosa Má absorção (p. ex. , doença celíaca, pós-operatório de cirurgia bariátrica) Deficiência de cálcio ou de vitamina D Hipertireoidismo Hiperparatireoidisimo Síndrome de Cushing Hipogonadismo Hipercalciúria Doenças inflamatórias Alcoolismo Doença renal Doenças hepáticas Doenças hematológicas Medicações 252 - Glicocorticoides - l munosupressores (p. ex. , ciclosporina) - Anticonvulsivantes (p. ex. , fenobarbital e fenitoína) - Agonistas Gn RH - Heparina - Quimioterápicos Quadro 28.2 - EXAMES INICIAIS NA AVALIAÇAO DE PACIENTES COM OSTEOPOROSE , - , COM HISTORIA NAO SUGESTIVA DE CAUSA SECUNDARIA Cálcio total Proteínas totais e ai bumina Fósforo 25(0H)-Vitamina D Cálcio em urina de 24 h Creatin ina em urina de 24 h Hemograma Creatin ina Ureia Exame qualitativo de urina TGO TGP Fosfatase alcalina TSH Albumina e proteínas totais. Devem ser solicitadas para a interpretação do cálcio total. Além d isso, valores baixos sugerem doença inflamatória ativa ou desnutrição, e valores altos, doença hematológica. Fósforo. Útil na aval iação de doenças do metabol ismo do cálcio, de má absorção ou insuficiência renal crôn ica. 25(0H)-Vitamina D. A alta prevalência de deficiência de vitam ina D na popu lação justifica a solicitação de 25(0H)-Vitam ina D para todo paciente com d iagnóstico de osteoporose ou com valores de fosfatase alcalina elevados e enzimas hepáticas • normais. Tireotrofina (TSH). Melhor método para aval iação da função tireoidiana. Util izado para rastreamento de hipertireoidismo subclínico, que está associado à perda de , massa ossea. Hemograma. Solicitado para rastreamento de doenças hematológicas. Creatinina, ureia e exame qualitativo de urina (EQU). Sol icitados para aval iação de função e rastreamento de lesão renais. 253 w cn o a: o e.. o w 1-cn o w cn o a: o e.. o w tcn o TGO e TGP. Sol icitados para rastreamento de lesão hepática. Cálcio urinário em 24 horas. A calciúria reflete o cálcio ingerido, absorvido, metabo lizado pelo osso e e l iminado na urina. O cálcio urinário deve sem pre ser avaliado com a creatin inúria (para avaliar a adequação da co leta de urina). Quando a calciú ria é aumentada (> 4 mg/kg/dia) , deve ser investigada com dosagem de natriúria, PTH, 25(0H)-Vitam ina D, fósforo e cálcio séricos. Calciúria inferior a 1 00 m g/24 h sugere baixa ingesta ou má absorção de cálcio ou, ainda, h ipercal cem ia hipocalciúrica fam i l ial . MARCADORES DE REMODELAMENTO ÓSSEO O uso clínico mais estabelecido dos marcadores de remodelamento ósseo é na monitoração da resposta terapêutica aos agentes antirreabsortivos (p. ex., bisfosfo nados). A vantagem dos marcadores é que eles podem fornecer informação em período de tem po mais curto (3-6 meses), enquanto a densitometria óssea só pode ser usada para esse fim após 1 ou 2 anos de tratamento. Suas desvantagens estão no custo adicional e na falta de critérios estabelecidos de resposta para os d iversos tratamentos. Os marcadores de remodelamento mais util izados são os telopeptídeos de l igação cruzada com colágeno tipo 1 : N-telopeptídeo urinário (NTx) e C-telopeptídeo sérico (CTx). Para mon itoração , são dosados antes de in iciar o tratamento e 3-6 meses após in iciado. Reduções maiores que 30-50% nos marcadores são evidência de eficácia do tratamento supressivo da reabsorção , ossea. C-Telopeptídeo (Clx). Os CTx são fragmentos carboxiterm inais do colágeno ósseo tipo 1 l iberados na circulação pela reabsorção osteoclástica, podendo ser med idos no soro. Assim como outros marcadores ósseos, apresentam ritmo circad iano, com níveis maiores pela manhã e menores à tarde, sendo importante a padroniza ção de sua coleta pela manhã, já que os valores de referência aplicam-se a esse período. Níveis e levados de CTx ind icam reabsorção óssea aumentada. N-Telopeptídeo (Nlx) . Os NTx são fragmentos am inoterm inais do colágeno tipo 1 e tam bém correspondem ao produto final da atividade osteoclástica, sendo, entre tanto , med idos na urina ou no soro. São, normalmente, dosados em amostra de urina coletada pela manhã. Como a maioria dos anal itos med idos em urina, a variabi l idade (coeficiente de variação) do exame é maior, o que é uma l im itação para a util ização na monitoração. Da mesma maneira que o CTx , níveis e levados de NTx ind icam reabsorção óssea aumentada. 254 , DE VOLTA AO PROBLEMA CLINICO Para a paciente do caso clínico deste capítulo, que já trazia um raio X de coluna toracolombar, foram solicitados os exames descritos no Quadro 28.2. O raio X de coluna não mostrava fraturas , e o hemograma e as proteínas estavam normais. Cálcio total = 8 ,8 mg/dl (VR = 8 ,4- 1 O mUl/L) , albumina = 3,9 mg/dl (VR = 3,5-4,5 mg/dl), fósforo = 3,4 mg/dl (VR = 2 ,5-4,5 mg/dl), calciúria de 1 00 mg/24 h (VR < 300 mg/24 h) e 25 (0H)-Vitamina D = 34 ng/ml (VR = 30- 1 00 ng/ml) . Os demais exames também não mostra ram alterações. Nesse contexto, exames normais em conjunto com a ausência de dados clínicos que sugiram causas secundárias são suficientes para que se faça o diagnóstico de osteoporose pós-menopáusica. Como a paciente também era candidata a tratamento com eficáciaantifratura, foi solicitado CTx, com resultado de 0 ,75 ng/ml (VR < 1 ,0 1 ng/ml, ECLIA). Sendo branca, com mais de 65 anos e não usando reposição estrogênica, foi iniciado o tratamento com bisfosfonado, cálcio e vitamina D. Outros tratamentos também são eficazes na prevenção de fraturas, e, além da DMO, é sempre necessário avaliar outros fatores de risco na decisão terapêutica. 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