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AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 Insuficiência Cardíaca OBJETIVOS Definição Classificação: pela fração de ejeção, funcional – gravidade dos sintomas (NYAH), progressão da doença (ACC/AHA) e com base na perfusão e congestão. Epidemiologia Etiologias Diagnóstico: - Quadro clínico: sinais e sintomas/critérios de Framingham. - Exames complementares: peptídeos natriuréticos, ECO, ECG, RX, RNM... Tratamento: - Não farmacológico - Farmacológico (betabloqueador, antagonista do receptor de mineralocorticoide, inibidores de neprilisina e receptores da angiotensina, nitrato e hidralazina...). DEFINIÇÃO ↪ A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome que torna o coração incapaz de ofertar oxigênio em taxa adequada aos tecidos, ou o faz à custa de elevação da sua pressão de enchimento (pré-carga); ↪ Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, que o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento (Diretriz de ICC crônica e aguda); ↪ Pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas; ↪ Os principais sintomas associam-se à congestão pulmonar e sistêmica, mas também podem se manifestar com sinais e sintomas de baixo DC; ↪ É caracterizada por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução no DC e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço; ↪ Aproximadamente metade dos pacientes com IC tem uma função ventricular esquerda normal, ou seja, IC com fração de ejeção preservada (ICFEp); a outra metade tem IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr); ↪ Insuficiência cardíaca crônica: natureza progressiva e persistente; ↪ Insuficiência cardíaca aguda: alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas, que necessita de terapia urgente; ↪ Embora a maioria das doenças que levam à IC caracterizem-se pela presença de baixo débito cardíaco (muitas vezes compensado) no repouso ou no esforço (IC de baixo débito), algumas situações clínicas de alto débito também podem levar a IC, como tireotoxicose, anemia, fístulas arteriovenosas e beribéri (IC de alto débito); ↪ A maioria dos casos de insuficiência cardíaca resulta de disfunção sistólica – função contrátil inadequada do miocárdio, caracteristicamente da cardiopatia isquêmica ou da HAS; ↪ A ICC também pode resultar de disfunção diastólica — incapacidade do coração de relaxar e se encher de modo adequado, como ocorre na hipertrofia maciça do VE, na fibrose do miocárdio, na deposição de amiloide e na pericardite constritiva; ↪ A IC observada em idosos, diabéticos e mulheres resulta com frequência de disfunção diastólica. CLASSIFICAÇÃO ↪ A IC pode ser classificada de várias formas. Essa classificação pode ser de acordo com a condição clínica, hemodinâmica, funcional ou a etiologia; ↪ Quanto a duração: pode ser aguda < 6m e crônica > 6m; ↪ Manifestação de ventrículo direito ou esquerdo ou mista: a IC esquerda caracteriza-se clinicamente pela presença de sinais e sintomas de congestão pulmonar ((dispnéia aos esforços, tosse noturna, dispnéia paroxística noturna, ortopnéia, crepitações pulmonares). A IC direita está relacionada aos sinais e sintomas de congestão sistêmica (estase jugular, edema de MMII, hepatomegalia dolorosa, ascite); a disfunção do VE pode causar disfunção do VD; ↪ Débito cardíaco: pacientes com tireotoxicose, fístula arteriovenosa, beribéri ou anemia importante e/ou doença de Paget podem apresentar débito cardíaco com valores elevados associadamente a sinais e sintomas de IC, caracterizando uma síndrome de alto débito, que pode ser reconhecida pela perfusão aumentada de pele. Nesse caso, a estratégia terapêutica é totalmente diferente da de baixo débito, que se caracteriza por sinais de má perfusão (pele fria, sudorese) e congestão; ↪ Estabilidade: de acordo com a estabilidade e as manifestações clínicas, a IC pode ser compensada, descompensada (“de novo” ou crônica que descompensou) ou persistentemente AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 descompensada, quando os sinais/sintomas de descompensação persistem; ↪ Distúrbio mecânico: tem importância no diagnóstico e tto reconhecer se há obstrução ou disfunção mecânica das válvulas cardíacas, como estenose aórtica ou mitral, insuficiência aórtica ou mitral, obstrução como TEP agudo ou crônico. Classificação de Acordo com a Fração de Ejeção ↪ Principal etiologia que define a IC de acordo com a FEVE e compreende os pacientes com: FEVE normal ou preservada (ICFEp) – diastólica: ≥ 50% - mais comum em mulheres, idosos e diabéticos. FEVE reduzida (ICFEr) – sistólica: < 40% - mais comum em homens com histórico de infarto ou HAS. FEVE intermediária (ICFEi): 40 e 49% ↪ A diferenciação dos pacientes de acordo com a FEVE tem particular importância, uma vez que eles diferem em relação às suas principais etiologias, às comorbidades associadas e, principalmente, à resposta à terapêutica; ↪ Na IC com fração de ejeção preservada (diastólica), há dificuldade de enchimento do coração ou enchimento com pressões elevadas; ↪ Como fatores de risco para IC com fração de ejeção preservada (ICFEp), têm-se idade, sexo feminino, obesidade, HAS, DM, doença coronariana, doença renal e estenose aórtica; ↪ Pacientes com ICFEi podem representar diferentes fenótipos, incluindo pacientes em transição da ICFEp para ICFEr, ou vice-versa, quando ocorre recuperação da fração de ejeção após tratamento adequado da ICFEr. Estes pacientes podem ser classificados como ICFEi ou até ICFEp, quando há recuperação total da fração de ejeção, porém devem ser avaliados com cuidado, uma vez que mantêm risco adicional de eventos clínicos adversos. Tipo ICFEr ICFEi ICFEp Função ventricular FEVE < 40% FEVE 40 – 49% FEVE ≥ 50% Biomarcadores BNP e NT- proBNP elevados* BNP e NT- proBNP elevados* BNP e NT- proBNP elevados* Ecodoppler- cardiograma Alteração estrutural e disfunção sistólica Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica * BNP > 35-50 pg/mL ou NT-proBNP > 125 pg/mL. Classificação Funcional ↪ A classificação funcional de acordo com a NYHA (classificação funcional da New York Heart Association) é a classificação que descreve e classifica a gravidade dos sintomas; ↪ Baseada na capacidade para o exercício e varia desde a ausência de sintomas até a presença de sintomas mesmo em repouso; ↪ Avalia a limitação de esforço em pacientes com IC; ↪ Permite avaliar o paciente clinicamente, auxilia no manejo terapêutico e tem relação com o prognóstico; ↪ É dividida em classe I, II, III e IV; ↪ Pacientes em classe funcional da NYHA III a IV apresentam condições clínicas progressivamente piores, internações hospitalar mais frequente e maior risco de mortalidade; Classificação de Acordo com a Progressão da doença - AHA ↪ Esta classificação inclui desde o paciente com risco de desenvolver IC, cuja abordagem deve ser feita no sentido de prevenir seu desenvolvimento, quanto o paciente em estágio avançado da doença, que requer terapias específicas, como transplante cardíaco e/ou dispositivos de assistência ventricular; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ Reflete o modelo fisiopatológico da IC, que considera essa síndrome como a via final comum a diferentes doenças cardíacas em indivíduos com fatores de risco; ↪ É dividida em estágios A, B, C e D; Estágio A: pacientes com fatores de risco para desenvolver IC, mas sem doença cardíaca estrutural ou sintomas de IC (assintomático); Estágio B: pacientes com doença estrutural, porém sem sinais ou sintomas de IC; Estágio C: pacientes comdoença estrutural com sinais ou sintomas de IC atuais ou prévios; Estágio D: aqueles com sintomas refratários ao tratamento clínico que necessitem de suporte avançado como transplante cardíaco, dispositivos de assistência ventricular ou ainda cuidados paliativos. ABORDAGENS POSSÍVEIS A - Controle de fatores de risco para IC: tabagismo, dislipidemia, hipertensão, etilismo, diabetes e obesidade; monitorar cardiotoxicidade. B - Considerar IECA, BB e antagonistas mineralocorticoides; C - Tto clínico otimizado*; medidas adicionais; considerar TRC, CDI e tratamento cirúrgico. Considerar manejo por equipe multidisciplinar; D - Todas as medidas acima e considerar transplante cardíaco e dispositivos de assistência ventricular. *CDI: cardiodesfibrilador implantável; IECA: inibidor da enzima conversora de angiotensina; TRC: terapia de ressincronização cardíaca. Classificação de Acordo com perfil hemodinâmico - Congestão ↪ A classificação de Stevenson propõe a avaliação a partir do perfil hemodinâmo; ↪ De acordo com essa classificação, os pacientes que apresentam congestão são denominados “úmidos”, os sem congestão, “secos”. E os que apresentam sinais de perfusão periférica inadequada são denominados “frios”, e os sem sinais de baixa perfusão, “quentes”; ↪ Conforme o perfil do paciente pode ser necessário diurético ou volume ou drogas inotrópicas ou drogas vasodilatoras; ↪ São considerados pacientes congestos aqueles que apresentam ortopneia, estase jugular, hepatomegalia, edema ou crepitações, enquanto se considera baixo débito a presença de pulso filiforme, rebaixamento do nível de consciência, hiponatremia, extremidades frias, hipotensão em uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) ou disfunção renal; ↪ Em pacientes crônicos, a detecção de sinais clínicos de congestão pode estar esmaecida ou ausente, por processos adaptativos e pela grande adaptação do sistema linfático em lidar com congestão. ↪ Perfil A é o paciente “quente e seco”, boa perfusão e sem congestão. Esse perfil é o alvo terapêutico do paciente com IC; ↪ Perfil B é o paciente “quente/úmido”, boa perfusão, mas com congestão, é a apresentação mais comum de pacientes hospitalizados com IC; ↪ Perfil L é o paciente “frio/seco” (hipoperfusão e sem congestão), perfil menos comum da IC; ↪ Perfil C é o paciente “frio/úmido” (baixa perfusão e com congestão), possui maior mortalidade. FISIOPATOLOGIA Relembrando conceitos: ↪ A função sistólica é a capacidade que os ventrículos possuem de bombear o sangue para a circulação, seja ela sistêmica ou pulmonar; ↪ A função diastólica é a capacidade que os ventrículos possuem de relaxar (através de um processo ativo, que requer o gasto de energia por parte das células), para se encherem de sangue sem um aumento exagerado da pressão ventricular; ↪ A função sistólica é avaliada através da fração de ejeção, a qual é calculada através da relação entre o volume no final da diástole e o volume ejetado pelo ventrículo durante a sístole, sendo a AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 FE considerada adequada entre 50-70% e reduzida quando abaixo de 40%; ↪ Na DAC, a perda da perfusão coronariana causa a morte de cardiomiócitos e, com isso, alterações da função diastólica do ventrículo em estágios mais iniciais (lembre-se que a função diastólica também demanda ATP dos cardiomiócitos, portanto, a isquemia miocárdica pode causar disfunção diastólica). Por outro lado, a DAC também pode causar hipocinesia ou acinesia de paredes mal perfundidas do coração – particularmente após episódios de infarto agudo do miocárdio (IAM) – resultando em disfunção sistólica; ↪ A HAS causa aumento da pós-carga através do aumento da resistência vascular periférica. Isso passa a sobrecarregar o coração, que precisa elevar a pressão produzida através da sístole para vencer a resistência dos vasos. Esse aumento da resistência pode resultar em aumento do volume sistólico final, o que distende os sarcômeros dos cardiomiócitos; ↪ Pela lei de Frank-Starling, o coração responde a essa distensão com um aumento da sua força de contração de forma que quanto maior for o retorno venoso, maior seria o volume sistólico, no entanto, a capacidade cardíaca de se adaptar a essa distensão é limitada, e quando as fibras são exageradamente distendidas, ocorre um efeito paradoxal em que a força e eficácia da sístole se tornam reduzidas; ↪ Com o início da redução do DC, barorreceptores (receptores de pressão) detectam a redução da função sistólica e buscam aumentar o inotropismo e cronotropismo cardíacos, principalmente por meio da ativação do sistema simpático, aumentando a liberação de noradrenalina e adrenalina; ↪ No SRAA: o rim passa a reter sódio e água, aumentando assim a volemia, e consequentemente a pré-carga, determinada pelo retorno venoso ao coração; ↪ Esses mecanismos, inicialmente, conseguem manter o DC e a perfusão tecidual. Porem, com a persistência das alterações, e ativação persistente do sistema simpático e do SRAA, ocorre um processo de remodelamento cardíaco, que pode resultar em hipertrofia; OBSERVAÇÃO - Cronotropismo = FC - Inotropismo = força de contração - Hipocinesia: definida como a diminuição da contratilidade do músculo do coração, geralmente do Ventrículo Esquerdo (VE). Ela pode ser difusa ou segmentar. Quando o comprometimento do ventrículo se dá em toda a cavidade chamamos de hipocinesia difusa. - Acinesia: ausência de mobilidade. EPIDEMIOLOGIA ↪ Patologia grave, afeta, no mundo, + de 23 milhões de pessoas; ↪ Prevalente em idosos – ocorre devido a aceleração do envelhecimento cardiovascular por fatores de risco específicos (HAS, DM, doença arterial coronariana); ↪ Pacientes com cardiomiopatia isquêmica e chagásica apresentam pior prognóstico; ↪ Segundo estudo americano de 2003 a IC é a segunda causa mais comum de admissão hospitalar; ↪ O Framingham Study, uma das maiores coortes já realizadas na cardiologia, estima a epidemiologia da IC como 8 casos por 1000 homens entre 50 e 59 anos, chegando a 66 por 1000 entre homens e 79 por mil entre mulheres dos 80 aos 89 anos; . ↪ Maior prevalência na população negra; ↪ Fatores de risco: tabagismo, DAC, DM, HAS e obesidade; ↪ A sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode ser de apenas 35%, com prevalência que aumenta conforme a faixa etária (aproximadamente de 1% em indivíduos com idade entre 55 e 64 anos, chegando a 17,4% naqueles com idade maior ou igual a 85 anos); ↪ O BR apresenta controle inadequado de HAS, DM, e a persistência de doenças negligenciadas está entre causas frequentes da IC. A doença reumática e a doença de chagas (DC), embora menos relevantes do que no passado, continuam presentes, gerando quadros graves. ETIOLOGIA ↪ A IC é em geral a via final de diferentes doenças que acometem o coração; ↪ A IC pode ser resultado de uma doença intrínseca do coração (cardiomiopatia), ou mais comumente em virtude de outras doenças crônicas que causam um processo de alteração da função cardíaca, seja ela sistólica ou diastólica; ↪ Pode ser causada por doença arterial coronariana, doença de Chagas (endêmica no NO e MG), cardiopatia isquêmica (principal causa), cardiopatia hipertensiva, cardiopatia secundaria a valvopatias, cardiomiopatia dilatada, cardiomiopatia alcóolica e doença valvar de etiologia reumática; ↪ Pode ser causada por doenças extracardíacas: autoimunes, endócrinas e doença renal; miocardites: eosinofílica, de células gigantes e linfocitária; ↪ A doença arterial coronariana se apresenta como o fator individual que acarreta no maior aumento de risco para desenvolvimento de IC, e também como a principal etiologia de IC; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ As etiologias mais frequentes da IC sistólica sãocardiomiopatia dilatada idiopática, isquêmica (aterosclerose coronariana), doença de Chagas, HAS, valvar, alcoólica, miocardite de origem indeterminada e periparto; ↪ A IC com fração de ejeção preservada mais frequente está geralmente associada à disfunção diastólica, que, por sua vez, está relacionada à idade avançada, sexo feminino, obesidade, diabetes mellitus, doença coronariana, doença renal e estenose aórtica; ↪ Sempre que um paciente com IC não for hipertenso, não apresentar DAC, valvopatia ou outros fatores de risco, é importante pensar na possibilidade de CMD (cardiomiopatia dilatada); DIAGNÓSTICO ↪ A IC é uma síndrome complexa, com alteração da função cardíaca, o que resulta em sintomas e sinais de baixo DC e/ou congestão pulmonar ou sistêmica, em repouso ou aos esforços; ↪ Os critérios diagnósticos clínicos mais utilizados são: os de Framingham e Boston. Quadro Clínico ↪ Assintomático por vários anos; ↪ Sintomas são geralmente inespecíficos e se assemelham com outras patologias; ↪ Nenhum sinal ou sintoma pode isoladamente definir a presença ou gravidade da IC; ↪ Dispneia e edema são sinais cardinais na IC; ↪ Dispneia em repouso; ↪ Dispneia paroxística noturna - dificuldade respiratória que se desenvolve em decúbito, é um dos indicadores mais confiáveis de IC; ↪ Os pacientes podem dormir com a cabeça elevada para aliviar a dispneia em decúbito (ortopneia); a dispneia pode ocorrer em decúbito lateral esquerdo (trepopneia); ↪ A piora da dispneia é um sintoma cardinal de IC e está tipicamente relacionada com aumentos nas pressões de enchimento cardíaco, mas também pode representar restrição no débito cardíaco; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ Edema – gravitacional, começa na perna e vai subindo; poupa face e MMSS; ↪ Cansaço – reflexo da redução do DC; pode ocorrer devido depressão, anemia, disfunção renal, efeitos adversos de medicações; ↪ Tosse noturna; ↪ História de ganho de peso, aumento do perímetro abdominal, saciedade precoce e o estabelecimento de edema em determinados órgãos (extremidades ou escroto) indicam congestão cardíaca direita; ↪ Dor torácica (de caract. anginosa, atípica ou ventilatório-dependente) e palpitação são queixas comuns; Exame Físico ↪ Desvio do ictus cordis para baixo e para a esquerda; ↪ Presença de sopros ↪ Elevação da pressão venosa jugular (especialmente se for superior a 4cm do ângulo esternal); ↪ Edema de MMII; ↪ Hepatomegalia dolorosa; ↪ Reflexo hepatojugular – possível consequência da falência do VD; ↪ Estertores pulmonares; ↪ Galope de 3ª ou 4ª bulha (bulhas extras); ↪ Derrame pleural; ↪ TEC lentificado; ↪ Taquicardia; ↪ Taquipneia; ↪ Na ausculta cardíaca, a hipofonese de B1 pode indicar a redução da função sistólica, e a hiperfonese de B2 pode ser encontrada em pacientes com hipertao pulmonar; ↪ Respiração de Cheynes-Stokes é observada em alguns pacientes com ICFEr (principal. durante o sono; SINAIS E SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Sintomas típicos Sinais mais específicos - Falta de ar/dispneia - Ortopneia - Dispneia paroxística noturna - Fadiga/cansaço - Intolerância ao exercício - Pressão venosa jugular elevada - Reflexo hepatojugular - 3ª bulha cardíaca - Impulso apical desviado para esquerda Sintomas menos típicos Sinais menos específicos - Tosse noturna - Ganho de peso - Dor abdominal - Perda de apetite e perda de peso - Noctúria e oligúria - Crepitações - Taquicardia - Hepatomegalia e ascite - Extremidades frias - Edema periférico *EAP – edema agudo de pulmão AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 Exames Laboratoriais ↪ Solicitar exames lab. para monitoração de variáveis de segurança e durante o tratamento da IC; ↪ Solicitar hemograma, eletrólitos séricos, função renal, glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada, perfil lipídico, função tireoidiana e função hepática; ↪ Deve-se pedir função renal e eletrólitos ao longo do tto; PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS ↪ O BNP (inativo) é produzido pelo miocárdio dos ventrículos em resposta ao estiramento miocárdico. É produzido no intuito de aumentar a excreção de sódio e água e assim reduzir a pré-carga; ↪ Os peptídeos natriuréticos BNP e NT-proBNP são usados tanto para diagnóstico de IC na emergência e em paciente crônicos ambulatoriais; *NT-proBNP: mol. de BNP na sua forma inativa após clivagem; possui meia vida mais longa; *Valor de corte em ambulatório: BNP 35-50 ng/ml; NT- proBNP 125 ng/ml. ↪ Tem valor preditivo negativo alto, pois se tiver com valores baixos, a dispneia provavelmente não é de origem cardíaca; ↪ Usados em duvidas diagnosticas em pacientes com queixa de dispneia; ↪ Valores de BNP < 35 pg/mL ou NT-proBNP < 125 pg/mL praticamente excluem o diagnóstico de IC; valores acima desses necessitam da avaliação clinica + ECO pra confirmar o diagnóstico; ↪ Limitações – podem elevar-se em outras situações como na anemia, DRC, idade avançada e apresentar níveis baixos na obesidade; ↪ Têm papel prognóstico; ↪ Após o ajuste medicamentoso, espera-se redução dos valores dos peptídeos natriuréticos em resposta ao tratamento; ↪ A utilização de peptídeos natriuréticos para guiar o tto por um alvo a ser atingido não está indicada. OUTROS BIOMARCADORES ↪ A dosagem de marcadores de injúria miocárdica, como troponinas T e I (incluindo as de alta sensibilidade), e de marcadores de inflamação e fibrose, como galectina-3 e ST2, tem valor prognóstico; ↪ ST2 – marcador promissor para monitorar resposta ao tto; Exames de Imagem ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO ↪ O ecocardiograma transtorácico é exame de imagem de escolha para o diagnóstico e o seguimento de pacientes com suspeita de IC; ↪ Pode identificar acuradamente a presença de alterações estruturais cardíacas, incluindo anormalidade do miocárdio, das válvulas cardíacas e do pericárdio, além de avaliar aspectos hemodinâmicos; ↪ A avaliação deve incluir análise da FEVE (idealmente pelo método de Simpson), dimensões das cavidades cardíacas, espessura das paredes ventriculares, geometria das cavidades ventriculares, mobilidade parietal segmentar ventricular, anormalidades anatômicas ou funcionais das válvulas, avaliação do pericárdico, estimativa da pressão sistólica na artéria pulmonar, função sistólica do ventrículo direito e análise da função diastólica e estimativa das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo (VE); ↪ Não utilizado como exame de rotina; ↪ Sugere-se repetir o ECO nos pacientes que apresentam mudança no estado clínico, descompensação ou progressão de sintomas; ↪ Repedir o ECO 3-6 meses após tto com medicações que modificam o prognóstico, para avaliar o remodelamento reverso e estratificar o prognóstico; Ecocardiograma transesofágico - não é recomendado para avaliação rotineira dos pacientes com IC. Este método pode ser aplicado em contextos específicos, como nas doenças valvares que demandem melhor detalhamento anatômico ou funcional, suspeita de dissecção aórtica, investigação adicional em pacientes com endocardite infecciosa, cardiopatias congênitas complexas e investigação de trombo auricular em pacientes com fibrilação atrial (FA). ELETROCARDIOGRAMA ↪ Recomendado na avaliação inicial de todos os pacientes com IC, para avaliar sinais de cardiopatia estrutural como hipertrofia ventricular esquerda, isquemia miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios da condução atrioventricular, bradicardia ou taquiarritmias, fibrilação atrial, que podem demandar cuidados e tratamentos específicos; ↪ As alterações no ECG vão depender da etiologia da IC e das comorbidades associadas; AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 ↪ Pode auxiliar a detectar sinais de sobrecarga deVE – critérios de Sokolow (Onda R de V5 ou V6 mais a onda S de V1 > 35 mm); ↪ Amplitude QRS pode estar aumentada; RADIOGRAFIA DO TÓRAX ↪ Recomendada na avaliação inicial dos pacientes com sinais e sintomas de IC, para avaliar cardiomegalia e congestão pulmonar; *Sinais de congestão pulmonar: linhas B de Kerley (linhas retas na periferia do pulmão – horizontal); Cisurites (acúmulo de líq. nas cisuras pulmonares); Derrame pleural; Sinal da bailarina (deslocamento superior do brônquio fonte esquerdo). ↪ Único exame que fecha um critério maior de Framingham; ↪ Método limitado, pois a disfunção sistólica cardíaca significativa pode ocorrer sem cardiomegalia no RX; ↪ Tem maior valor na IC aguda, que as alterações de congestão pulmonar são + intensas; ↪ É útil por ter capacidade de identificar causas pulmonares de dispneia, como doença pulmonar intersticial, DPOC, neoplasia pulmonar e pneumonia (diagnóst. diferencial). RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDÍACA ↪ Fornece avaliação altamente acurada das estruturas e da função cardíaca, é considerado o método padrão-ouro para medidas dos volumes, da massa miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades ventriculares; ↪ Pode ser usado como método alternativo para avaliação estrutural e funcional nos pacientes que o ECO se mostre inadequado; ↪ Pode ser empregada para a caracterização anatômica diagnóstica em pacientes com IC e cardiopatia congênita complexa; ↪ As imagens de realce tardio de contraste paramagnético na RMC podem fornecer informações sobre perfusão miocárdica, presença e extensão de fibrose miocárdica, e, portanto, extensão de viabilidade miocárdica, que podem contribuir para o diagnóstico da etiologia isquêmica da IC em pacientes com fenótipo de miocardiopatia dilatada; ↪ A RMC pode ser empregada para caracterização tissular miocárdica, contribuindo para o diagnóstico de pacientes com suspeita clínica de doenças infiltrativas, como a amiloidose e a sarcoidose, doenças de depósito, como a doença de Fabry e a hemocromatose; diagnóstico de cardiomiopatia do miocárdio não compactado, áreas de fibrose e aneurismas típicos da cardiomiopatia chagásica crônica. CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA DE PERFUSÃO (SPECT DE PERFUSÃO MIOCÁRDICA) ↪ A cintilografia miocárdica de perfusão, pela técnica tomográfica (tomografia computadorizada por emissão de fóton único − SPECT), deve ser considerada para a avaliação funcional não invasiva da perfusão miocárdica naqueles pacientes já sabidamente portadores de doença arterial coronária (DAC) sem angina ou naqueles suspeitos de DAC, para avaliar a presença de isquemia e viabilidade miocárdicas; ↪ Pacientes com IC, com fatores de risco para DAC exibindo angina, devem ser manejados preferencialmente com realização de angiografia invasiva. PET ↪ As imagens miocárdicas de tomografia por emissão de pósitrons com 18F-FDG (FDG-PET) avaliam o metabolismo energético miocárdico e indicam a presença de viabilidade miocárdica; ↪ Limitações: reduzida disponibilidade, alto custo e o uso de radiação ionizante. ANGIOTOMOGRAFIA CORONÁRIA ↪ Usada para a avaliação não invasiva da presença de DAC nos pacientes com IC que tenham probabilidade baixa a intermediária da presença de DAC, ou que apresentem resultados inconclusivos em outros testes de imagem para avaliação de isquemia; ↪ Deve ser indicado após se considerar seu risco para pacientes específicos, principalmente relacionados à função renal e ao risco de toxicidade, devido ao contraste radiológico, além da necessidade de bradicardia nesses pacientes para a obtenção de imagens diagnósticas de boa qualidade. TRATAMENTO TTO não Farmacológico Restrição de sódio – consumo excessivo agrava a hipervolemia, fator de AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 descompensação; medida benéfica para pacientes com IC avançada, podendo reduzir sintomas congestivos; - Recomenda-se 3-4g/dia de cloreto de sódio para pacientes com IC leve a moderada; 2g para pacientes mais graves; - Recomenda-se que evite ingesta excessiva de sódio (em níveis > 7 g de sal cloreto de sódio por dia) para todos pacientes com IC crônica; Restrição de ingesta hídrica – não há estudos consistentes para tal recomendação (DIRETRIZ); Atividade física – promove aumento da atividade vagal, diminuição da atividade simpática e mobilização de células progenitoras endoteliais. A realização de um programa regular de exercícios físicos apresenta efeitos benéficos principalmente sobre a tolerância ao esforço e melhora da qualidade de vida. A atividade física pode ser indicada na IC compensada. Dieta e perda de peso na IC – o aumento do índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m2 está relacionado ao aumento do risco de complicações médicas. Vários estudos têm mostrado que a obesidade e a sua duração têm correlação com desenvolvimento de remodelamento e queda da função sistólica ventricular esquerda, potencialmente reversíveis com a perda de peso; - Estudos observacionais sugerem a existência de um fenômeno caracterizado como “paradoxo da obesidade” nos pacientes com IC. IMC entre 30 e 35 kg/m2 associa-se paradoxalmente com menor mortalidade e taxas de hospitalização quando comparado a IMC considerados normais (entre 20 e 25 kg/m2); - A máxima mortalidade ocorre em pacientes com caquexia (IMC < 20 kg/m2), mortalidade comparativamente mais baixa nos pacientes com IMC nas faixas do normal, sobrepeso e obesidade leve (entre 20 e 35 kg/m2 ), e aumento da mortalidade quando o IMC ultrapassa 35 kg/m2 Cessar tabagismo e drogas ilícitas - todos os pacientes com IC devem ser encorajados a parar de fumar, preferencialmente com o auxílio de serviços especializados, podendo utilizar terapias de reposição de nicotina e/ou fármacos moduladores; Uso de bebidas alcoólicas - Pacientes com miocardiopatia dilatada de origem alcoólica devem ser aconselhados a se absterem completamente do uso de bebidas alcoólicas, o que melhora substancialmente a função ventricular; - Aos que não conseguem abstinência completa, reduzir a ingesta será benéfico. Vacinação – recomenda-se vacinação anual contra influenza e pneumococo (reforço após 65 anos), pois há estudos que sugerem redução nas internações por DCV. TTO Farmacológico da ICFEr ↪ Existem 5 classes de medicamentos capazes de aumentar a sobrevida na IC sistólica: IECA, BB, antagonistas da aldosterona, hidralazina+nitrato, antagonistas dos receptores AT1 da angiotensina (MEDCURSO); IECA/BRA ↪ Os IECA constituem um grupo de fármacos com comprovados benefícios na evolução de pacientes com ICFEr, tanto em relação à morbidade, como à mortalidade, além de melhora na qualidade de vida; ↪ Ambos reduzem a progressão da cardiopatia e disfunção ventricular; a melhora dos sintomas ocorre logo após o início do tto; ↪ O uso de IECA está fundamentado para diferentes etiologias de IC, bem como em pacientes com disfunção ventricular esquerda pós-infarto do miocárdio; ↪ O uso de IECA em pacientes com disfunção de VE assintomática (estágio B) também está bem documentado; ↪ Os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs) são alternativa com eficácia comparável aos IECA e estão indicados em pacientes intolerantes ou com alergia documentada a esta classe de fármacos; ↪ NÃO usar IECA e BRA juntos – aumenta os efeitos adversos; ↪ A associação do IECA ao BRA deve ser evitada nos pacientes em uso de antagonista mineralocorticoide pelo risco aumentado de hiperpotassemia e eventos adversos; E também essa associação não deve ser feita em pacientes em uso de antagonistas de aldosterona, pelo risco de efeitos colaterais (hipercalemia); ↪ Intolerância aos IECAs é definida como a presença de tosse persistente e debilitante (que ocorre em aproximadamente 10 a 20% dos casos) ou a ocorrência de angioedema (achado incomum; < 1%). O uso de BRAsé uma alternativa nestes casos; ↪ A taxa de outros efeitos adversos, como hipotensão, hipercalemia ou disfunção renal, é semelhante entre IECAs e BRAs. Nos casos de AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 hipercalemia persistente e recorrente e/ou perda de função renal com IECAs/BRAs, a terapia vasodilatadora alternativa deve ser considerada (em geral, nitrato+hidralazina); ↪ Devido ao risco de piora da função renal, hipercalemia e hipotensão arterial, os IECAs/BRAs devem ser introduzidos em doses baixas (especialmente nos pacientes com pressão arterial limítrofe) e titulação progressiva, até atingir as doses-alvo; ↪ Aceita-se aumento de até 50% da creatinina basal, ou valor absoluto de até 3 mg/dL, ou clearance da creatinina estimado > 25 mL/min/m2 , sem necessitar reduzir a dose dos fármacos (IECA ou BRA); ↪ Se o potássio ultrapassar os valores de 5,5 mEq/L, ou a creatinina ultrapassar os valores de 3,5 mg/dL (>30-35%), ou clearance estiver < 20 mL/mim/m2 deve ser considerada a suspensão do IECA ou do BRA; ↪ MECANISMO DE AÇÃO: por inibirem a formação da angiotensina II, essas drogas possuem 3 propriedades importantes na IC: 1) Arteriolodilatação, reduzindo a pós-carga; 2) Venodilatação, reduzindo a pré-carga; 3) Redução dos efeitos diretos da angiotensina II sobre o miocárdio. - Os IECA aumentam os níveis de bradicinina, acumulo de protaglandinas e maior produção de óxido nítrico (vasodilatadores endógenos); ↪ PRINCIPAL EFEITO ADVERSO DOS IECA: tosse seca (devido o aumento da bradicina); ↪ INDICAÇÃO IECA: ICFEr, assintomáticos ou sintomáticos. BETABLOQUEADOR ↪ São fármacos de 1ª linha no tto da ICFEr; ↪ O tto com BB resulta em melhora da função ventricular e dos sintomas, redução das hospitalizações, revertendo o remodelamento miocárdico e diminuindo a mortalidade; acelera a FC; ↪ Os BB com efetividade comprovada: succinato de metoprolol, bisoprolol, carvedilol e nebivolol (principal. em idosos > 70anos); ↪ Na ICFEr sintomática o BB aumenta a FEVE, melhora dos sintomas de IC e remodelamento reverso ocorrem apenas após algumas semanas ou meses da introdução dele; ↪ Deve-se iniciar o tto com doses baixas, com aumento progressivo a cada 2 semanas, mediante monitoração de bradicardia ou piora dos sintomas de IC. Caso haja acentuação dos sintomas, ajuste de diuréticos e vasodilatadores deve ser tentada antes de se considerar a redução da dose ou suspensão do BB; ↪ São indicados também em pacientes com disfunção de VE assintomática, além de serem considerados fármacos de escolha para o controle de frequência ventricular em pacientes com ICFEr e FA crônica; ↪ Os benefícios esperados com o uso de BB podem se tornar aparentes apenas após vários meses de uso e, em alguns pacientes, ocorrer tardiamente (após 12 meses); ↪ No início do tratamento com BB, alguns pacientes podem referir piora funcional discreta, mas devem ser encorajados a manter o uso da medicação; ↪ Pacientes com pneumopatia − e mesmo os asmáticos − podem ser tratados com BB, dando-se preferência para aqueles com maior seletividade β1 (como bisoprolol e nebivolol); ↪ Na presença de bloqueios atrioventriculares, deve-se, primeiramente, reduzir ou suspender outros fármacos que atuem no nodo atrioventricular, como digoxina e amiodarona; Carvedilol: posologia 25-50 mg 2x/dia; Metoprolol: posologia 200 mg/dia; Bisoprolol: posologia 10 mg/dia Nebivolol: idosos > 70 anos INDICAÇÕES DOS BETABLOQUEADORES NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - Todos os pacientes com IC sistólica, independente da classe. – Doença isquêmica do miocárdio. - Cardiomiopatia hipertrófica hereditária sintomática. - Observações: (1) existem apenas 3 drogas de primeira linha: carvedilol, bisoprolol e metoprolol; (2) nunca iniciar com o paciente agudamente descompensado (ex.: sinais e sintomas de congestação pulmonar e/ou sistêmica); (3) tanto faz começar o tratamento com IECA ou BB. - Contraindicações formais: asma, bradiarritmia. ↪ Pacientes internados com IC descompensada, não se deve suspender os BB de uso prévio, exceto na presença de choque cardiogênico, BAV ou sinoatrial avançado, ou bradic. sintomática; ↪MECANISMO DE AÇÃO: na IC sistólica tem ação de bloqueio da ação tóxica da nora sobre os miocitos cardíacos e a redução da liberação da nora nas sinapses cardíacas. Por isso, seu efeito pleno é tardio (3-6 meses). ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MINERALOCORTICOIDES ↪ Os antagonistas dos receptores mineralocorticoides (espironolactona/eplerenona) estão indicados em pacientes sintomáticos com disfunção sistólica do VE, em classes funcionais II a IV da NYHA, associados ao tratamento padrão, AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 apresentando efeitos contundentes sobre mortalidade e taxas de re-hospitalização; ↪ A dose inicial recomendada de esprinololactona (diurético poupador de potássio antagonista da aldosterona) é de 25 mg ao dia, podendo ser aumentada para 50 mg ao dia, caso os níveis séricos de potássio estejam adequados, ou reduzida para 12,5 mg ao dia ou em dias alternados, na eventualidade de níveis elevados de potássio; ↪ O uso de epleronona reduziu de forma significativa a mortalidade total, a morte súbita e o desfecho combinado de mortalidade cardiovascular ou hospitalização por IC. Porem, essa medicação não é disponível no BR; ↪ Não se deve administrar a combinação de antagonista da aldosterona, IECA e BRA, pelo risco de efeitos colaterais, em especial de hipercalemia; ↪ O uso de espironolactona em pacientes com insuficiência renal e níveis séricos limítrofes de potássio deve ser feito com cautela, necessitando- se de monitorização frequente e periódica da função renal e de eletrólitos; *Deve-se evitar o uso de espironolactona em pacientes com insuficiência renal avançada (creatinina > 2,5 mg/dL) e em pacientes com hipercalemia persistente (em geral potássio > 5,9 mmol/L). INIBIDORES DA NEPRILISINA E DOS RECEPTORES DA ANGIOTENSINA (SACUBITRIL/VALSARTANA) ↪ O sacubitril/valsartana representa uma nova classe terapêutica, que atua simultaneamente no sistema renina angiotensina-aldosterona (SRAA) e na endopeptidase neutra (inibidor da neprilisina e do receptor da angiotensina − INRA); ↪ O primeiro fármaco da classe é o LCZ696, que é uma molécula que combina a valsartana e o sacubitril (inibidor da neprilisina) em uma única substância; ↪ Ao inibir a neprilisina, a degradação de peptídeos natriuréticos, da bradicinina e de outros peptídeos é diminuída; ↪ Mais seguro que os IECA em relação a função renal; ↪ Recomenda-se a troca de IECA/BRA para o sacubitril/valsartana nos pacientes com ICFEr que persistem sintomáticos, mesmo após o emprego de doses otimizadas dos bloqueadores neuro- hormonais; ↪ A dose inicial recomendada de sacubitril/valsartana é de 49/51 mg, respectivamente, a cada 12 horas, para pacientes em uso de doses altas de IECA/BRA, com pressão arterial preservada (acima de 100 mmHg); ↪ Naqueles pacientes com pressão arterial reduzida, idosos, ou que toleram apenas doses baixas de IECA/BRA, a dose inicial deve ser 24/26 mg a cada 12 horas; ↪ As doses devem ser aumentadas progressivamente a cada 2 a 4 semanas, mediante monitoração da função renal e eletrólitos, e sintomas hipotensivos, até a dose alvo de 97/103 mg a cada 12 horas. É muito importante respeitar um período de 36 horas livres de tomada de IECA antes de se iniciar o sacubitril/valsartana. Naqueles pacientes que vinham em uso de BRA, não é necessário período de washout; ↪ Para minimizar o risco de angioedema causado pela sobreposição de IECA e inibição da neprilisina, o IECA deve ser suspenso pelo menos 36 horas antes de iniciar o sacubitril/valsartana, e o tratamento combinado com um IECA (ou BRA) e sacubitril/ valsartana está contraindicado. NITRATO+HIDRALAZINA↪ Associação de hidralazina e nitrato para disfunção sistólica sintomática em classe funcional II-IV (NYHA) com contraindicação à IECA ou a BRA (insuficiência renal e/ou hipercalemia), independente de raça; ↪ A associação nitrato-hidralazina melhorou a qualidade de vida e reduziu em 33% a taxa de hospitalizações por IC e em 43% a mortalidade total em pacientes autodeclarados negros em classe funcional III-IV da NYHA, já em tratamento clínico otimizado; *Maior beneficio na sobrevida em pacientes negros ↪ A associação pode ainda ser indicada para pacientes que apresentam piora da função renal e/ou hipercalemia com uso de IECA/BRAs, para aqueles que não evoluem bem na vigência do tratamento medicamentoso otimizado ou que, em avaliação, documente-se que persistem com sinais de resistência periférica elevada; ↪ Associação de hidralazina e nitrato para disfunção sistólica sintomática refratária à terapêutica otimizada, independente de raça; ↪ A dose “alvo” é de 75 mg de hidralazina + 40mg de dinitrato de isossorbida 3x/dia; ↪ MECANISMO DE AÇÃO: a hidralazina é um vasodilatador arteriolar direto. Ao dilatar as arteríolas, reduz a pós-carga, resultando na melhora da performance ventricular. A taquicardia reflexa, comum nos hipertensos sem insuficiência cardíaca, não parece ser um efeito adverso importante nos pacientes com insuficiência cardíaca. Porém outros efeitos adversos incômodos (cefaleia, tonteira, lúpus farmacoinduzido) podem ocorrer, especialmente nas doses mais altas. O dinitrato de isossorbida tem um AES 20 - Dor torácica Larissa Lima M3 importante efeito venodilatador, reduzindo assim a pré-carga e facilitando o trabalho ventricular. A redução da mortalidade pela associação hidralazina + dinitrato comprova o grande benefício do efeito vasodilatador geral (arterial e venoso) nos pacientes com insuficiência cardíaca sistólica moderada. Indicação da Associação Hidralazina + Dinitrato na Insuficiência Cardíaca - Pacientes negros com IC, já em uso de IECA e betabloqueadores, nas classes II-IV. - Alternativa aos pacientes brancos com intolerância aos inibidores da ECA e aos antagonistas da angiotensina II. - Todo o paciente que permaneça sintomático apesar da terapia padrão.
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