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DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 1 DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I DAC CRÔNICA - Podcast – Dr. Marco Aurélio INTRODUÇÃO Doença aterosclerótica se caracteriza por um processo inflamatório nas artérias desencadeado pela deposição de LDL nas camadas íntimas das artérias. Todos nós desenvolvemos esse processo inflamatório (começa na infância com a estria gordurosa) e com o passar do tempo mais placas de ateromas se formam nas artérias. A doença em si é benigna, porém, é a principal causa de morte pela alta prevalência, sendo a doença subclínica (assintomáticos com placas de ateroma) mais comum presente em 100% da população (indica-se que todos os indivíduos apresentam placas de ateroma por deposição de gordura, mas só uma porcentagem menor apresenta sintomas). Existem outras manifestações da doença aterosclerótica, porém a mais prevalente é a coronária. Dados: 16 milhões de pessoas morrem por ano de doença aterosclerótica, sendo a imensa maioria 2/3 de doença aterosclerótica coronária. Fatores de risco: aquilo que está associado a um aumento de risco de um evento futuro, ao passo que sendo tratado, diminui o risco de ocorrência desses eventos futuros. Relação entre fator de risco e evento futuro é direta de causa-efeito. Existem, também, marcadores de risco, que indicam aumento da probabilidade da doença futura, porém tratar o marcador de risco não melhora as probabilidades de ocorrer o evento futuro. Assim, a relação do marcador de risco com o evento futuro não é direta, não é de causa e efeito. O principal engano/erro da Cardiologia atual é tratar um fator de risco como se fosse um marcador de risco. FATORES DE RISCO DAC CLÍNICA O que aumenta o risco é a doença clínica, com sintomas (percentual menor de pctes). DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 2 1948 - Estudo de Framingham (estudo + importante da Cardiologia): acompanhamento de 5 mil pessoas ao longo dos anos, com conseguinte acompanhamento dos filhos e cônjuges dessas pessoas 1971. Durou por anos. Esse estudo de coorte prospectiva (melhor estudo para identificar fatores de risco para doença) foi importante para identificar fatores de risco para doença arterosclerótica coronária. Alguns fatores foram identificados como mais relevantes: idade (principal fator de risco não modificável), tabagismo, colesterol elevado LDLc) e hipertensão arterial. Diabetes foi adicionado como fator de risco em estudos posteriores. Essas variáveis são associadas com a DAC independentemente de qualquer outro fator. 5 Fatores de risco TRADICIONAIS para DAC idade, tabagismo, colesterol elevado LDL, HAS e Diabetes Mellitus. Reduzir esses fatores, reduz o risco de DAC futura. Todos os outros fatores de risco existentes são variáveis dependentes de outros fatores (principalmente dos fatores independentes), como a obesidade e história familiar prévia. Esses fatores isolados normalmente não têm associação direta com o desfecho clínico da doença. Escore de risco de Framingham 1998 principal ferramenta clínica de estimativa do risco do indivíduo apresentar evento cardiovascular futuro (evento aterosclerótico coronário IAM; doença isquêmica do coração; AVC; doença arteriosclerótica coronária/morte súbita). Síndrome coronária aguda ⇒ pior prognóstico e risco de morte súbita!! 💡 Obs: Síndrome metabólica: não está presente no modelo de Framingham, pois não era definida na época. A síndrome metabólica surgiu apenas como uma hipótese. Foi feito um estudo de coorte para testar se a síndrome metabólica poderia ser incluída no Escore de risco de Framingham (curva Roc), e não foi bem-sucedido, por isso a síndrome metabólica segue fora do escore de risco, não devendo ser utilizada como fator de risco para doença aterosclerótica coronária e nem para diabetes. Estudo Mesa Framingham atualizado): foram testados fatores de risco novos para ver se deveriam ser incorporados, sendo eles proteína C reativa, espessura das camadas íntima e média da carótida USG, índice DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 3 tornozelo-braquial, vasodilatação da artéria braquial, escore de cálcio- coronário e história familiar (testado novamente). O único fator que foi considerado foi o escore de cálcio-coronário, podendo ser incorporado ao Escore de risco de Framingham, porém não deve ser feito em todos os indivíduos, já que o escore de risco depende de dados clínicos, enquanto o escore de cálcio-coronário é um exame complementar TC não contrastada). Esse exame deve ser realizado em pacientes que o Escore de Framingham ficava entre 1620%, e somente quando o Escore de cálcio- coronário fosse acima de 300, o paciente deveria sair da faixa de médio risco para de alto risco. Escore de risco de Framingham: Cálculo fácil de fazer e é usado em pcte assintomático 💡 - 010% baixo risco de evento cardiovascular futuro (em 10 anos) - 1020% médio risco. - > 20% alto risco. Marcadores de risco: dieta e atividade física. Portanto, sedentarismo NÃO é fator de risco, é marcador de risco. Dieta saudável NÃO tem efeito protetor. Esses fatores se controlados não reduzem o risco de doença arterial coronariana, porém o sedentarismo e dieta mal equilibrada aumentam o risco. Isquemia miocárdica é um marcador de risco. Avaliado por teste provocativo de isquemia (teste ergométrico, ECG de estresse, cintilografia miocárdica e perfusão por RM em carga isquêmica baixa/intermediária/alta ⇒ quanto maior a carga isquêmica pior é o prognóstico, porém reduzir essa carga (revascularização miocárdica) não reduz o risco de evento cardiovascular aterosclerótico clínico futuro. PACIENTES ASSINTOMÁTICOS pacientes sem sintomas que vão ao consultório para prevenir a doença clínica Isso é chamado de PREVENÇÃO PRIMÁRIA (prevenção da doença). Deve-se fazer o Escore de risco de Framingham. O percentual indica a probabilidade de um evento aterosclerótico clínico ocorrer em 10 anos (eventos – IAM, AVC tipo isquêmico, morte súbita ou insuficiência cardíaca). DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 4 Como corrigir idade? Não tem como, mas se tivesse como reduzir a idade, diminuiria eventos futuros (fator de risco não modificável). Já os demais HAS, tabagismo, colesterol total e DM são fatores de risco modificáveis que, se diminuídos, eu tb diminuo a chance de ocorrer eventos cardiovasculares!! Recomenda-se ao paciente de baixo risco 10% controlar os fatores de risco que ele apresentar (ex: parar de fumar, controlar HAS e DM e estilo de vida saudável. Maioria dos pacientes assintomáticos são classificados como baixo risco. Pacientes classificados como risco intermediário 1020% deve ser analisado individualmente para entender se a indicação será apenas comportamental ou farmacológica. Em pacientes com escore entre 16 20%, deve-se usar o exame de escore de cálcio-coronário ou de Agadston (estudo por TC não contrastada com baixa dose de radiação), podendo facilitar a classificação 300, paciente passa a ser tratado como alto risco). Quando o escore está abaixo de 15%, pode-se recomendar apenas mudanças de hábitos de vida e controle comportamental dos fatores de risco, abordando-os como baixo risco ⇒ ZONA INTERMEDIÁRIA É O PROBLEMA! Em pacientes alto risco 20%, além de controlar fatores de risco e melhorar estilo de vida, há indicação de tratamento farmacológico, além do controle dos fatores de risco tradicionais: IECA/"pril" (reduzem cerca de 2030% o risco de evento cardiovascular futuro); bloqueador de receptor de angiotensina ARAII/"ana" em pacientes com tosse com IECA; estatinas (inibem enzima que produz colesterol no fígado HMGCoA Redutase), já que 80% é produzido lá e 20% vem da alimentação. Uso de estatinas também reduz de 2030% risco de evento cardiovascular aterosclerótico futuro). A dose do medicamento depende do valor da PA. O efeito dos IECA/BRA é maior nos hipertensos do que nos normotensos, assim como o efeito das estatinas é maior em dislipidêmicos. Pode-se usar também antiagregantes plaquetários,como AAS (redução de 15% do risco de eventos futuros; CI absoluta: alergia) ou Clopidogrel (substitui AAS. DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 5 💡 - Obs 1.: O tto farmacológico independe do fator de risco, depende somente da porcentagem do Escore de risco. Assim, pacientes alto risco, porém normotensos e com colesterol normal, DEVEM da mesma forma utilizar as medicações IECA ou BRA associado a estatinas. - Obs 2.: provavelmente os pacientes classificados como alto risco já estarão em tratamento para as comorbidades, como hipertensão e dislipidemia, devendo avaliar dosagem e remanejo de doses. - Obs 3.: a redução dos fatores de risco com fármacos é compensatória em pacientes com idade mais avançada. Pacientes jovens que apresentam poucos fatores de risco o benefício é menor, não sendo muito indicado o tratamento farmacológico. A porcentagem de redução dos riscos de eventos cardiovasculares futuros usando os medicamentos IECA/BRA/estatinas/AAS não depende de qual escore de framingham o paciente se encontra, porém é mais indicado usá-los em pacientes alto risco. PACIENTES SINTOMÁTICOS apresentam doença clínica Sintomas: dispneia e dor aos esforços DAC obstrutiva) Paciente assintomático não tem indicação de avaliação de perfusão miocárdica por teste provocativo de isquemia (ergométrico, eco de stress, cintilografia miocárdica e perfusão de rm) e nem avaliação coronária. Pacientes sintomáticos com baixa probabilidade de doença aterosclerótica também não tem indicação de realizar esses testes. Paciente sintomático com probabilidade pré-teste INTERMEDIÁRIA tem indicação de avaliação de perfusão miocárdica e avaliação de anatomia coronária. A avaliação com testes de imagem ou provocativos de isquemia não deve ser feitas em todos os pacientes sintomáticos, pois a exemplo de pacientes jovens, em que a dor torácica provavelmente não é por doença arterial coronariana, facilita a ocorrência de testes falso-positivos. Em pacientes sintomáticos, com dor torácica típica e alta probabilidade de DAC, o teste também não é indicado, uma vez que pode confundir com falsos-negativos. Os exames devem ser realizados em pacientes sintomáticos em média probabilidade. DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 6 Escore de Diamond-Forrester ⇒ define a probabilidade pré-teste de acordo com sexo, tipo da dor (típica/dor retroesternal, piora com esforço físico ou estresse e alivia com repouso ou com nitrato sublingual, atípica ou não anginosa) e idade. Dor torácica: → Típica: dor ou desconforto retroesternal que piora com esforço físico ou estresse emocional, com fator de melhora ao repouso ou com uso de nitrato sublingual. → Atípica: reúne 2 das 3 características principais. → Não anginosa: uma característica ou nenhuma das características da dor típica. Os pacientes sintomáticos com doença diagnosticada já podem ser classificados como alto risco de doença arterial coronariana futura, pois por apresentarem sintomas habitualmente já tem doença em nível mais avançado, com presença de placas obstrutivas (mais antigas) e não obstrutivas. As placas não obstrutivas são mais instáveis, sendo mais prováveis de deslocar e causar infarto agudo do miocárdio (síndrome coronária aguda). O Escore de risco de Framingham não é necessário nesses pacientes SINTOMÁTICOS uma vez que já apresentam doença. Tratamento farmacológico: deve-se usar IECA ou ARAII + estatinas + AAS, que reduzem o risco de evento cardiovascular aterosclerótico clínico futuro, com doses dependentes dos valores de PA e colesterol. NÃO são drogas sintomáticas. Existem, também, drogas utilizadas para tratar sintomas (anti-isquêmicos), como ßbloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio e nitratos, agindo na FC, na pré-carga e pós-carga e na PA. Essas drogas não devem ser obrigatoriamente juntos, inicia-se com ßbloqueadores, depois adiciona-se bloqueadores de canais de cálcio (di-idropiridínicos ou não), e por último utiliza-se o nitrato. Há outra droga que pode ser utilizada que é a ranolazina como complementar, para aqueles pacientes que não responderam bem ao TTO com BB, BCC e nitrato. Ranolazina pode ser acrescentada ao tto, pois não atua em FC e nem em PA. Talvez um dos principais erros da Cardiologia é abordar isquemia miocárdica como um fator, e não como um marcador de risco. DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 7 Tratamento por revascularização miocárdica (tto para pacientes crônicos, com isquemia em especial com lesão de tronco da A. coronária esquerda e para os quais a qualidade de vida está péssima mesmo com tratamento clínico). Pode ser realizado de duas formas: Via percutânea – angioplastia coronária (são colocados stents convencionais ou farmacológicos) Cirurgia cardíaca – pontes venosas (veia safena) como também enxertos arteriais (artéria mamária, radial, epigástrica e outras). Esse tratamento (revascularização) não muda o prognóstico, não diminuindo o risco de morte, evento futuro nem mesmo o risco de infarto. A cirurgia é superior ao tto clínico e angioplastia, porém com diferença mínima sem relevância clínica, podendo, inclusive, aumentar o risco de acidente vascular encefálico. A cada 100, 92 operam sem necessidade, sem alteração do prognóstico. Das 8, observou-se apenas redução do infarto não fatal. Revascularização (trata melhor a isquemia do que o tto clínico) ⇒ benefício na melhora dos sintomas, porém não tão significativo. Cirurgia de revascularização miocárdica → reservada apenas pctes com lesão de tronco da artéria coronária esquerda 3% dos casos) + qualidade de vida ruim e dor a mínimos esforços que não melhoram com tto farmacológico ⇒ Beneficia controlando os sintomas!! AULA SÍNCRONA 13/05/21 - Dr Marco Aurélio Core lipídico=centro da placa Pq mais velhos têm mais chances de ter mais IAM e AVC? Pq elas possuem em maior nº tanto placas antigas quanto placas novas, que são as que causam diretamente SCA, pois são instáveis. Cateterismo é bidimensional, dependendo do corte não vemos a alteração, sendo melhor fazer o ultrasson de coronárias US tb usa para dissecção de coronária) Ecocardiograma= ultrassom do coração US transesofágico= pessoa "engole" o transdutor Escore de Framinghan → risco de evento em 10 anos para pctes ASSINTOMÁTICOS. Se baixo ou intermediário → MEV; Se alto risco → MEDICAÇÃO IECA/BRA, antiagregante plaquetário, estatina e colchicina) DAC CRÔNICA - Thaís Garcia CM I 8 Se SINTOMÁTICA → alta ou baixa probabilidade pré-teste? → MEDICAÇÃO IECA/BRA, antiagregante plaquetário, estatina e colchicina) → Não melhoram os sintomas, só reduzem chance de evento futuro, tais como IAM e AVC (para melhorar sintomas: BB, BCC e nitratos) ⇒ Se não tiver qualidade de vida → Angioplastia (mais usada) ou cirurgia ANGIOPLASTIA=não é cirurgia, mas um procedimento invasivo (colocação do stent) → categoria dos sintomaticos (como BB, BCC e nitratos), ou seja, não muda risco de evento IAM, AVC, morte) → PACIENTE ESTÁVEL!! Se PACIENTE INSTÁVEL com artéria fechada, ou seja, IAMcSST SCA → Angioplastia (janela de até 12h) → Reduz risco de morte (e não sintomático, como no pcte estável)!! Cirurgia é um pouco superior à angioplastia e tto clínico, mas a diferença é bem pequena!!
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