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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ VALENTINE KALLAS BACON ATIVIDADE DE PESQUISA JURÍDICA MARINGÁ 2021 VALENTINE KALLAS BACON RA: 125957 T2 ATIVIDADE DE PESQUISA JURÍDICA Atividade apresentada à disciplina de Pesquisa Jurídica, do curso de Direito da Universidade Estadual de Maringá como requisito para avaliação do segundo bimestre. Professora: Dra. Valéria Silva Galdino Cardin MARINGÁ 2021 1. O que consiste no eixo teórico, quais são as teorias que ao longo dos anos tentam explicar o fenômeno jurídico? R: Por jusnaturalismo, ou Escola do Direito Natural entende-se a imensa corrente de jusfilósofos e juristas que davam primazia aos princípios anteriores ao homem, os princípios e regras ditos naturais, justas, como o princípio da dignidade humana e o princípio do direito à vida. Pode-se dizer, em linhas gerais, que essa escola foi fundada no pressuposto de que existe uma lei natural, eterna e imutável; uma ordem preexistente, de origem divina ou decorrente da natureza, ou, ainda, da natureza social do ser humano. Como se pode concluir, nessa teoria o Direito Natural fundamenta-se nos ideais de Justiça. São princípios atemporais e imutáveis, sem os quais, o direito torna-se injusto. São descobertos pela Razão e sistematizados por ela. Já o positivismo jurídico é a doutrina do positivismo de Auguste Comte aplicada no Direito. Parte dos mesmos princípios, nega abstrações metafísicas e especulações sem experimentação fática. Nessa corrente, o objeto de investigação do Direito deve ser apenas as normas jurídicas existentes e provenientes do Estado, excluindo os juízos de valor do Direito. Para o juspositivista, importa apenas estudar a realidade fática, sem considerar ideias irracionais, como o valor Justiça, do Direito. Esta corrente enxerga o direito somente como as normas emanadas do Estado, sendo que tudo fora dele não é direito, principalmente o direito natural, que é congênito e anterior ao Estado. Outra teoria é a da escola Exegética, sendo o Código Francês de Napoleão, de 1804, que impulsionou a ascensão da escola. A idolatria do referido código levou aos juristas a darem grande valor ao texto legislativo do código, partindo de pressupostos de completude da lei, isto é, um texto legislativo sem lacunas, como era vislumbrado o Code Napoleão, redundando na criação de um método de interpretação limitada ao texto legal e a intenção do legislador, relegando o hermeneuta a mero aplicador da lei sob a forma mecânica do silogismo. Nesse sentido, o verdadeiro jurista é aquele que parte do Direito Positivo para interpretar e aplicar, não procurando subsídios e repostas fora da lei em sua labuta, uma vez que a lei é completa e perfeita, cabendo ao jurisprudente dar sentido e amplitude de uma lei a partir de outra. A teoria normativista, ou teoria pura do direito, compreende o conjunto de estudos do austríaco Hans Kelsen que reduz o Direito a um só elemento: a norma jurídica. Compreende, pois, a corrente que define, desenvolve, e fundamenta o direito exclusivamente com elementos jurídicos. Para Kelsen, o Direito é uma ciência que tem objeto de investigação próprio, desvinculado de qualquer outra ciência, que é a norma jurídica, assim como pugna por um direito geral positivo, sendo a sua teoria de abrangência universal. Nesse sentido, Kelsen almeja separar o Direito de todas as demais ciências, a fim de torná-lo ciência autônoma, por isso, a denominação teoria pura, usada por Kelsen. Em síntese, o normativismo jurídico consiste em reduzir o Direito e o Estado à norma, bem como vislumbrar o Direito como ciência autônoma, independente das demais ciências humanas. Por último o sociologismo, ou escola sociológica, surgiu com Émile Durkheim, sociólogo do século XIX que influenciou o Direito com seus estudos. O sociologismo compreende a reunião de conceitos que vislumbram o Direito sob o prisma predominante do fato social, considerando-o mero componente dos fenômenos sociais suscetível de ser estudado segundo nexos de causalidade, assim como ocorre nas ciências naturais. É, pois, a corrente que se embasa no fato social para explicar o Direito. Nesse sentido, identifica o Direito não com lei ou com jurisprudência, mas com o fato social. Desvincula o Direito do Estado, concebendo-o como simples fenômeno social, primeiro formado pelo povo na forma de costume e depois transformado em lei estatal. 2. O cientista pode ser absolutamente neutro? Se observa o real, a luz de um referencial teórico que por sua vez não é neutro, uma vez que é construído por ele seu objeto de conhecimento? R: Na modernidade, a ciência passou a exercer papel de primazia no que diz respeito às constatações da verdade e da falsidade acerca das coisas do mundo, em detrimento das demais formas de saber. Verificou-se, assim, a partir da racionalidade moderna, a supremacia do conhecimento científico. A cientificização do mundo, por sua vez, influenciou os demais campos do conhecimento, dentre os quais o próprio direito; advém, daí o positivismo jurídico. Ocorre, porém, que as características inerentes à ciência – dentre as quais, a neutralidade –, a partir da complexificação das relações sociais, passaram a se mostrar insuficientes para oferecer repostas às demandas dessa mesma sociedade, o que levou ao esgarçamento das disfunções desse paradigma positivista. Os cientistas costumam apregoar que a ciência veste o manto da imparcialidade. Mas os meios pelos quais ela é administrada sob a forma de tecnologia apresentam falhas, e a neutralidade científica é quase uma utopia. O caminho que se trilha através da ciência, enquanto instrumental, na busca pela verdade, depende de escolhas feitas por quem dela se vale; escolhas essas que variam de acordo com cada indivíduo. Muitos cientistas querem afirmar a neutralidade, mas a verdade é que somos naturalmente parciais. Nenhum ser humano pode reivindicar percepção completa do Todo. Sendo assim, a ciência, como fruto da criação humana, não é neutra. O mito da ciência pura e neutra é desconstruído por Marx, Weber e mais um monte de autores. Toda e qualquer observação de fatos não é desprovida de valores, e a própria escolha do objeto de pesquisa depende de preferências pessoais do pesquisador. Pesquisas científicas são financiadas por pessoas ou instituições com interesses políticos. Quem diz que é neutro basicamente está apoiando o status quo. Não há como ficar em cima do muro no mundo real. 3. Pode-se afirmar que a objetividade é um processo infinito de aproximação? R: Podemos afirmar que a objetividade é um processo infinito de aproximação, que consiste no estabelecimento sobre incertezas e dúvidas diversas. Isso significa que o cientista busca sempre se afastar das inúmeras dúvidas, processo que o leva cada vez mais próximo de fatos objetivos. 4. Quais os limites para a tecnologia? R: A incompetência da tecnologia para atribuir significado ético, jurídico e social a seus frutos, e decidir sobre o uso daquilo que inventa, caracteriza um necessário limite de sua atuação que exige permanente controle social. A tecnologia impõe seus próprios limites. O material humano, que podemos chamar de realidade não virtual, tem de ser a base da operação. Sãos as nossas mãos que movimentam a tecnologia. Nós a criamos; o perigo está em deixar nossa invenção sair de controle, como na história do feitiço que se volta contra o feiticeiro. 5. Pode-se afirmar que a ciência nasce de uma teoria já dada? E de uma ideologia que já identificou os seus fatos à sua maneira? R: Sim, essa afirmação pode ser feita, pois a ciência nunca nasce de algo completamente inédito e nunca visto antes. Ela é o resultado de pesquisas e investigações que surgem a partirde informações previamente dadas. 6. Pode-se afirmar que quando não houver evidência, haverá ignorância, dúvida ou opinião? R: Sim, podemos considerar a objetividade como complemento essencial, especialmente na demonstração científica, visto que a objetividade opera diretamente relacionada com a garantia da verdade, sendo a intenção que fundamenta a busca pelo conhecimento numa pesquisa científica e garante que o discurso se construa sobre a realidade e com a menor falsificação possível. 7. Qual o critério mais seguro da objetividade? R: O critério mais seguro da objetividade reside no campo da linguagem exata, verificação experimental parcial e linguagem formal. É a disposição crítica do cientista que se concebe a partir de suas pesquisas e buscas por análises tão realistas quanto possíveis acerca do fenômeno que é o foco da investigação, uma vez que a objetividade do conhecimento encaminha o resultado para ser o fruto de esforço de adequação e apreensão da realidade tal como ela é. 8. O que é verdade? E pode se afirmar que a noção de verdade deve ser introduzida do tempo humano? R: Verdade é a afirmação do que é correto, do que é seguramente o certo e está dentro da realidade apresentada, o problema dessa afirmação é que cada indivíduo tem o seu próprio conceito de verdade, portanto podemos deduzir que a verdade é variável para cada cientista, visto que estes possuem opinião própria. 9. A quem cabe a responsabilidade pela utilização da ciência e da tecnologia? R: A ciência (isto é, o cientista) é responsável pelo uso que a sociedade faz da ciência; o cientista é responsável pelas consequências sociais da ciência. O cientista permanece responsável enquanto cientista porque o desenvolvimento social e a aplicação da ciência determinam, em considerável medida, o posterior desenvolvimento conceitual interno da ciência. 10. Pode-se afirmar que a probabilidade das teorias é a condição Sine Non de sua cientificidade? R: Ressalvo que as teorias científicas não são verdades absolutas, logo, elas são provisórias para o período em que possuem vigência. Portanto, se existir uma resposta que se adeque melhor ao problema, a teoria pode se modificar. 11. A ciência é uma atividade sem deontologia? R: Não, pelo contrário, a ciência deve ser uma atividade deontológica, pois a deontologia é concebida como um “dever moral” inserido em determinado campo de estudo, uma ciência que tem como foco o dever e a obrigação. A deontologia fundamenta-se na ética, compreende a análise profissional de princípios, regras de conduta, sendo, portanto, o próprio deve da ciência. Pensando no âmbito jurídico, por exemplo, pode-se definir a deontologia jurídica como ciência que se ocupa dos direitos e deveres dos operadores/profissionais do direito. 12. Qual a importância da hipótese para a pesquisa? R: O conhecimento é produzido com base em fenómenos observados, factos conhecidos ou factos fundamentados em dados teóricos. Nesse contexto a elaboração de hipóteses é de suma importância. A hipótese para a pesquisa é importante, pois instiga o pesquisador a buscar um recurso metodológico para o problema apresentado e apresenta uma possível solução para ele. 13. Qual o papel da epistemologia na ciência do direito? R: A epistemologia é a disciplina voltada ao estudo e ao controle das condições de possibilidade e validade do conhecimento científico. É na reflexão sobre a epistemologia de um campo disciplinar do conhecimento humano que podemos desvendar seus limites, interpor novas questões e superar velhos obstáculos. No caso do campo jurídico, faz-se necessário realinhar sua práxis com a práxis da pesquisa acadêmica, o que significa reconduzir, ao mundo jurídico, o primado da dúvida racionalista e da configuração histórica crítica.
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