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Cap. 26 - Mur��� (7º ed) - Mic����ol���a Bactérias Gram-negativas neisseria O gênero Neisseria é formado por 28 espécies, sendo 10 delas encontradas em humanos, e duas, Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis, estritamente patogênicas em humanos. As demais espécies são comuns na superfície de mucosas da orofaringe e nasofaringe e ocasionalmente colonizam as mucosas anogenitais. Infecções causadas por N. gonorrhoeae, especialmente a doença sexualmente transmissível gonorreia, são conhecidas há séculos. A presença de N. gonorrhoeae em um material clínico sempre é considerada significativa. Por outro lado, N. meningitidis pode colonizar a nasofaringe de pessoas saudáveis sem causar doença ou pode causar meningite comunitária, com evolução rápida que pode levar à sepse fatal ou broncopneumonia. ● Neisseria gonorrhoeae São diplococos Gram-negativos fastidiosos que crescem melhor a 35°-37 °C em atmosfera úmida suplementada com CO2. São oxidase e catalase-positiva; com produção de ácidos por oxidação da glicose. Na sua membrana externa apresenta diversos antígenos: proteínas do pili, Por, Opa, Rmp, receptores de transferrina, lactoferrina e hemoglobina; lipo-oligossacarídeo; protease de imunoglobulina; β-lactamase. O ser humano é o único hospedeiro natural. Portadores podem ser assintomáticos, especialmente mulheres. A transmissão é basicamente por contato sexual. ➔ Gonorreia: A infecção genital em homens é primariamente restrita à uretra. Após período de incubação de dois a cinco dias, ocorre um corrimento uretral purulento e disúria (micção dolorosa). O sítio primário de infecção em mulheres é a cérvix (colo uterino), pois a bactéria infecta as células do epitélio colunar da endocérvix. O microrganismo não é capaz de infectar as células do epitélio escamoso da vagina de mulheres pós-puberais. Pacientes sintomáticas geralmente apresentam corrimento vaginal, disúria e dor abdominal. Infecções genitais ascendentes, incluindo salpingites, abscessos tubo-ovarianos e doença inflamatória pélvica são observadas em 10% a 20% das mulheres. ➔ Gonococcemia: Infecções disseminadas com septicemia e infecção da pele e articulações ocorrem em 1% a 3% das mulheres infectadas e em proporção muito menor nos homens infectados. As manifestações clínicas de doenças disseminadas incluem febre, artralgia migratória, artrite supurativa nos punhos, joelhos e tornozelos e exantema pustular de base eritematosa sobre as extremidades, preservando a cabeça e o tronco. N. gonorrhoeae é a principal causa de artrite purulenta em adultos. Lesões de pele por infecção gonocócica disseminada. Lesões características grandes com necrose central acinzentada sobre uma base eritematosa. ➔ Outras Síndromes Causadas por N. gonorrhoeae: Outras doenças associadas à N. gonorrhoeae são peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis); conjuntivite purulenta, particularmente em recém-nascidos infectados Júli� F��i��s - T23 - U�R� Cap. 26 - Mur��� (7º ed) - Mic����ol���a durante o parto vaginal (oftalmia neonatal); gonorreia anorretal; e faringite. ● Neisseria meningitidis São diplococos Gram-negativos com requerimentos nutricionais fastidiosos, crescem melhor entre 35° e 37 °C, em atmosfera úmida. São oxidase e catalase-positiva; produz ácido de glicose e maltose por via oxidativa. Apresentam antígenos da superfície externa, que incluem cápsula polisacarídica, pili e lipo-oligossacarídeos (LOS). A cápsula protege a bactéria da fagocitose mediada por anticorpos. Além disso, possuem receptores específicos para pili meningocócicos tipo IV que permitem a colonização e replicação na nasofaringe; modificações pós-translacionais dos pili melhoram a capacidade de penetração na célula hospedeira e a disseminação pessoa-pessoa. A bactéria é capaz de sobreviver à morte intracelular na ausência de imunidade humoral. A endotoxina medeia a maior parte das manifestações clínicas. O ser humano é o único hospedeiro natural. A transmissão pessoa-pessoa ocorre via aerossóis de secreções do trato respiratório. A maior incidência da doença é em crianças com menos de cinco anos, pessoas que vivem em instituições e pacientes com deficiência dos componentes finais do complemento. Neisseria menigitidis no líquido cefalorraquidiano. Observe o arranjo espacial dos pares de cocos com os lados adjacentes achatados, que é característico deste gênero. ➔ Meningite: Geralmente, a doença começa abruptamente com dor de cabeça, sinais meníngeos e febre. Porém, crianças menores podem apresentar apenas sintomas não específicos, como febre e vômitos. A taxa de mortalidade nos pacientes não tratados se aproxima de 100%, mas é de menos de 10% entre os pacientes cuja antibioticoterapia apropriada é prontamente instituída. A incidência de sequelas neurológicas é baixa, sendo deficiências auditivas e artrites as mais comumente relatadas. ➔ Meningococcemia: Septicemia (meningococcemia) com ou sem meningite é uma doença potencialmente fatal. As manifestações clínicas características são trombose de pequenos vasos sanguíneos e o comprometimento de diversos órgãos. É comum a ocorrência de petéquias no tronco e nos membros inferiores, que podem coalescer, formando lesões hemorrágicas maiores. Lesões de pele em paciente com meningococcemia. Observe que as petéquias coalesceram e formaram uma bolha hemorrágica. Pode ocorrer uma esmagadora coagulação intravascular disseminada com choque e destruição bilateral das glândulas supra renais (síndrome de Waterhouse-Friderichsen). Também pode ser observada septicemia crônica, mais branda. Bacteremia pode persistir por dias ou semanas e os únicos sintomas da infecção são febre baixa, artrite e petéquias. Júli� F��i��s - T23 - U�R� Cap. 26 - Mur��� (7º ed) - Mic����ol���a ➔ Outras síndromes causadas por N. meningitidis: Outras infecções causadas por N. meningitidis são pneumonia, artrite e uretrite. A pneumonia meningocócica comumente é precedida por uma infecção do trato respiratório. Os sintomas incluem tosse, dor torácica, estertores, febre e calafrios. A maioria dos pacientes apresenta sintomas de faringite. O prognóstico com pneumonia meningocócica é bom. OBS: A coloração de Gram é muito sensível (acima de 90%) e específica (98%) para a detecção de infecção gonocócica em homens com uretrite purulenta. Esse teste também tem sensibilidade relativamente baixa para detectar cervicite gonocócica em mulheres sintomáticas ou não. No entanto, um resultado positivo é considerado confiável quando um microscopista experiente detecta diplococos Gram-negativos no interior de leucócitos polimorfonucleares. N. gonorrhoeae devem ser inoculados em meios não seletivos (p. ex., ágar-chocolate) e meios seletivos (p. ex., meio Thayer-Martin modificado) que inibem o crescimento de microrganismos contaminantes. Espécies patogênicas de Neisseria são, preliminarmente, identificadas por serem diplococos Gram-negativos oxidase-positivos, e por crescerem em ágar-chocolate ou em meios seletivos para espécies patogênicas de Neisseria. A identificação definitiva é feita pelo perfil de oxidação de carboidratos e outros testes selecionados. Júli� F��i��s - T23 - U�R�
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