Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna França Mecanismos de resistência a antibióticos ● Existem apenas alguns mecanismos de resistência microbiana aos agentes antimicrobianos: o bloqueio da entrada do fármaco na célula, a inativação do fármaco por enzimas, alteração do sítio-alvo do fármaco, efluxo celular do fármaco ou alteração das vias metabólicas do hospedeiro. ● Os mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticos são limitados. ● Células persistentes: ao administrar um novo antibiótico pela primeira vez, a suscetibilidade dos micróbios tende a ser elevada, assim como sua taxa de mortalidade. Nessas condições, apenas alguns poucos sobrevivem dentro de uma população de bilhões de indivíduos, os resistentes apresentam alguma característica genética responsável por sua sobrevivência, de forma que sua progênie é igualmente resistente. ● Causa: mutações aleatórias que podem se espalhar horizontalmente entre as bactérias por processos como a conjugação ou a transdução ou a transformação. A resistência a fármacos frequentemente é carreada por plasmídeos ou transposons (pequenos segmentos de DNA). ● As bactérias que são resistentes a vários antibióticos são as superbactérias, tendo a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, de methicillin-resistant Staphylococcus aureus) Os mecanismos são: a. Destruição ou inativação enzimática do fármaco A destruição ou a inativação enzimática afetam principalmente antibióticos que são produtos naturais, como as penicilinas e as cefalosporinas. Grupos de antibióticos totalmente sintéticos, como as fluoroquinolonas, apresentam menor probabilidade de serem afetados dessa maneira, embora possam ser neutralizados de outras formas. Isso pode refletir simplesmente o fato de que os micróbios tiveram pouco tempo para se adaptar a essas estruturas químicas menos familiares. Os antibióticos do tipo penicilina/cefalosporina, e também os carbapenemos, compartilham uma estrutura, o anel-lactâmico, alvo das enzimas-lactamases que o hidrolisam seletivamente. Cerca de 200 variações dessa enzima são conhecida atualmente, e cada uma é eficiente contra pequenas variantes estruturais do anel β-lactâmico. A mais conhecida dessas bactérias resistentes é o amplamente divulgado patógeno MRSA, o qual é resistente a praticamente todos os antibióticos, e não apenas à meticilina Todavia, o S. aureus não é a única bactéria preocupante; outros patógenos importantes, como o Streptococcus pneumoniae, também desenvolveram resistência aos antibióticos-lactâmicos. Além disso, o MRSA continua a desenvolver resistência contra uma sucessão de novos fármacos, como a vancomicina (o “antibiótico de último recurso”), embora esse antibiótico apresente um mecanismo de ação sobre a síntese da parede celular que é totalmente diferente daquele apresentado pelas penicilinas. Essas bactérias altamente adaptáveis desenvolveram, ainda, resistência contra combinações de antibióticos que incluem o ácido clavulânico, desenvolvido especialmente como um inibidor de -lactamases Bruna França A princípio, o MRSA era um problema exclusivamente hospitalar ou de ambientes relacionados, sendo responsável por quase 20% de todas as infecções parenterais. Entretanto, atualmente essas bactérias causam surtos frequentes na comunidade em geral, estão mais virulentas e afetam indivíduos saudáveis. Essas linhagens produzem uma toxina, a leucocidina, que destrói neutrófilos, uma defesa inata primária contra infecções. Portanto, a terminologia descritiva agora diferencia o MRSA associado à comunidade do MRSA associado aos cuidados da saúde. b. Prevenção da entrada no sítio-alvo dentro do micróbio Bactérias gram-negativas são relativamente mais resistentes a antibióticos devido à natureza de suas paredes celulares, que restringem a absorção de muitas moléculas e seus movimentos a aberturas, denominadas porinas. Alguns mutantes bacterianos modificaram a abertura das porinas, de forma que os antibióticos são incapazes de entrar no espaço periplasmático. Ainda mais importante, quando as beta-lactamases estão presentes no espaço periplasmático, o antibiótico que entra é degradado nesse espaço antes que ele consiga penetrar na célula. c. Alterações no sítio-alvo do fármaco A síntese de proteínas envolve o movimento de um ribossomo ao longo de uma fita de mRNA. Diversos antibióticos, principalmente aqueles pertencentes aos grupos dos aminoglicosídeos, tetraciclinas e macrolídeos, utilizam um mecanismo de ação que inibe a síntese proteica nesse sítio. Pequenas modificações no sítio podem neutralizar os efeitos dos antibióticos sem que ocorram alterações significativas nas funções celulares. Os antibióticos beta-lactâmicos atuam ligando-se à PBP (proteína de ligação a penicilina), a qual é necessária para o início da ligação cruzada entre peptideoglicanos e formação da parede celular. Linhagens de MRSA tornaram- se resistentes porque desenvolveram uma PBP adicional, modificada. d. Efluxo rápido (ejeção) do antibiótico Certas proteínas na membrana plasmática de bactérias gram-negativas agem como bombas que expelem os antibióticos, impedindo que alcancem uma concentração efetiva. Esse mecanismo foi originalmente observado em antibióticos do tipo tetraciclina, mas também é responsável pela resistência a praticamente todas as principais classes de antibióticos. As bactérias normalmente apresentam muitas dessas bombas de efluxo para eliminar substâncias tóxicas. e. Variações dos mecanismos de resistência Variações nesses mecanismos também ocorrem. Como exemplo, um micróbio pode se tornar resistente ao trimetoprim pela síntese de grandes quantidades da enzima contra a qual o antibiótico age. Por outro lado, antibióticos polienos podem se tornar menos eficazes quando organismos resistentes passam a produzir quantidades menores dos esteróis contra os quais o fármaco é eficiente. Particularmente preocupante é a possibilidade de que estes mutantes resistentes possam substituir de modo gradativoas populações normais suscetíveis. (CROSSOM X NÃO CROSSOM) Bruna França Uso inadequado de antibióticos: o próprio uso dos antibióticos pode ser inapropriado de acordo com a etiologia da doença. Mesmo quando o uso de antibióticos é apropriado, os regimes de doses, em geral, são mais curtos do que o necessário para erradicar a infecção, o que estimula a sobrevivência de linhagens de bactérias resistentes. Medicamentos vencidos, adulterados (impuros) ou até mesmo falsificados são comuns. Em 2013, a FDA também criou um plano de adesão voluntária para a indústria, a fim de eliminar progressivamente o uso de alguns antibióticos. Custo e prevenção da resistência: A resistência aos antibióticos representa um alto custo em vários aspectos, além daqueles aparentes nos casos de altas taxas de doença e mortalidade. O desenvolvimento de novos fármacos para substituir aqueles que perderam a eficácia é extremamente caro. Existem muitas estratégias que pacientes e profissionais da saúde podem adotar para prevenir o desenvolvimento da resistência antimicrobiana. Mesmo quando o paciente sente que se recuperou de uma doença, ele deve sempre completar o tratamentoprescrito, o que desestimula a sobrevivência e a proliferação de micróbios resistentes ao antibiótico. Os pacientes não devem nunca utilizar sobras de antibióticos para tratar uma nova doença ou usar um antibiótico que tenha sido prescrito para outra pessoa. Profissionais da saúde devem evitar prescrições desnecessárias e garantir que a escolha e a dosagem dos antimicrobianos sejam apropriadas à situação. Linhagens bacterianas resistentes são particularmente comuns entre profissionais da equipe hospitalar, uma vez que o uso de antibióticos é constante em seu ambiente de trabalho.
Compartilhar