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Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Exatas Departamento de Química 4° Prática SÍNTESE DE COMPLEXOS DE Fe II E Fe III COM O LIGANTE OXALATO Aluna: Adrielle Ávila – R.A: 109.370 Docente: Prof° Dra. Hágata Cremasco Maringá, outubro de 2021 1. Introdução O ferro é o segundo metal mais abundante da crosta terrestre e o quarto elemento mais encontrado, depois do oxigênio, silício e alumínio. Porem quando se considera a totalidade do planeta o ferro surge como primeiro constituinte do corpo sólido da Terra, ocupando junto com o níquel os cerca de 7000km de diâmetro que compõem o seu núcleo. [1] De número atômico 26 e símbolo químico Fe, o ferro, é um elemento de transição, pertencente ao oitavo grupo da tabela periódica. Em condições normais de temperatura e pressão, este metal apresenta-se no estado sólido, possuindo uma cor prateada. O ferro constitui o metal mais barato e mais útil do mundo. Embora o seu valor econômico na forma pura seja muito baixo, o seu potencial comercial torna-se bastante relevante quando incorporado em ligas como o aço. [1] O ferro tem uma química característica dos metais de transição, sendo capaz de formar uma grande variedade de compostos que desempenham um papel econômico importantíssimo tanto a nível biológico, como a nível industrial e econômico. A esmagadora maioria dos compostos com ferro possui este metal nas formas Fe (II) e Fe (III), correspondentes, respectivamente, aos estados de oxidação +2 e +3. [1] Um complexo é um composto químico formado pela adição de uma substância simples, normalmente um íon metálico que funciona como um receptor de elétrons sigma, e em alguns casos, pode apresentar interações pi com uma ou várias moléculas de outra substância, chamada de ligante bases de Lewis. Os casos mais comuns de complexos ocorrem com os compostos iônicos metálicos, que podem ter seus íons metálicos complexados tanto nos cristais quanto em solução. [2] O termo composto de coordenação é usado para designar um complexo neutro ou um composto iônico no qual pelo menos um dos íons é um complexo. Um complexo é a combinação de um ácido de Lewis (o átomo metálico central) com várias bases de Lewis (os ligantes). [2] O trioxalatoferrato (III) de potássio, também conhecido como ferrioxalato de potássio, é um composto de coordenação de fórmula K3[Fe(C2O4)3] no qual há um átomo de ferro como átomo central. Possui geometria molecular octaédrica, e três oxalatos bidentados ligam-se ao metal de transição, que apresenta número de oxidação +3. O potássio presente no complexo age como um contraíon, balanceando as cargas negativas oriundas dos oxalatos. Os cristais do sal em estado tri-hidratado destacam-se pela coloração verde esmeralda. Em solução aquosa, esse sal se dissocia formando o ânion ferrioxalato, de cor verde fluorescente. O trioxalatoferrato (III) de potássio é comumente usado em actinometria, um processo de medição de luminosidade. [3] 2. Objetivos Sintetizar oxalato de ferro (II) dihidratado e obter magnetita a partir de sua decomposição térmica. Sintetizar trioxalatoferrato (III) de potássio e estudar seu comportamento na presença de luz. 3. Procedimento Experimental Tabela 1 – Reagentes e materiais utilizados Materiais Reagentes - Balança analítica - Ácido oxálico - Béquer - Ácido sulfúrico (0,1 mol L-1) Figura 1 – Estrutura do trioxalatoferrato (III) de potássio. - Bico de Bunsen - 1,10-Fenantrolina - Bomba de vácuo ou trompa de vácuo - Peróxido de hidrogênio (30% m/m) - Espátulas - Sulfato de amônio e ferro (II) hexaidratado - Pipeta de Pasteur ou conta gotas - Oxalato de potássio monoidratado - Bastão de vidro - Acetona - Erlenmeyer - Água destilada - Funil de Büchner - Etanol - Pinça de madeira - Proveta - Placa de Petri - Termômetro - Tubo de ensaio - Chapa de aquecimento 3.1. Parte 1 – Síntese de oxalato de ferro (II) di-hidratado. Para o início da primeira parte desta prática, em uma balança analítica e utilizando um papel para pesagem, pesou-se 3,0114g de sulfato de amônio e ferro (II) hexahidratado ((NH4)2Fe(SO4)2.6H2O). Em seguida com o auxílio de uma pipeta volumétrica mediu-se 10mL de ácido sulfúrico (0,1 mol L-1), que foi transferido para um erlenmeyer. Então nesse mesmo erlenmeyer foi-se adicionado o sulfato de amônio e ferro (II) hexahidratado, para que fosse dissolvido pelo ácido sulfúrico. Seguidamente, com o auxílio de uma proveta, mediu-se 16mL de água destilada, que foi transferida para um béquer de 100mL, depois pesou-se 1,5013g de ácido oxálico dihidratado que também foi transferido para o béquer para que a água destilada pudesse dissolvê-lo. Em seguida, transferiu-se o conteúdo que estava no béquer para o erlenmeyer com o ácido sulfúrico e o sulfato de amônio e ferro (II) hexahidratado. Logo depois, com o auxílio de uma chapa de aquecimento, aqueceu-se a solução contida no erlenmeyer até a ebulição. Enquanto a solução estava sendo aquecida, pesou-se um papel filtro na balança analítica, e separou-se em duas provetas, um pouco de água e um pouco de acetona, para serem utilizadas no momento da lavagem do precipitado. Logo após o término da ebulição da solução contida no erlenmeyer, utilizou-se o sistema de filtração à vácuo (bomba de vácuo e filtro de Büchner c/ papel filtro pesado). Onde o precipitado contido no erlenmeyer foi lavado com a água e a acetona que foram separados anteriormente. Depois transferiu-se o sólido para uma placa de Petri, que que foi armazenada em um dessecador. 3.2. Parte 2 – Síntese do trioxalatoferrato (II) de potássio tri-hidratado Para o início da segunda parte deste experimento, utilizando-se de uma balança analítica e papel para pesagem, pesou-se 1,2566g de oxalato de potássio, e também em uma proveta foram separados 8mL de água destilada. Em um béquer de 100mL foram transferidos a água destilada e o oxalato de potássio e com o auxílio de um bastão de vidro, fez-se a dissolução. Seguidamente, utilizou-se novamente a balança analítica e um papel para pesagem, para pesar 0,7500g de FeC2O4.H2O, que foi misturado ao oxalato de potássio e a água destilada no béquer de 100mL. Depois levou-se esse mesmo béquer a uma chapa de aquecimento para aquecer a mistura até cerca de 40°C, que foi monitorado com a ajuda de um termômetro. Quando a solução chegou aos 40°C desejados, adicionou-se com muito cuidado algumas gotas de H2O2 30% m/m. Depois de finalizada a reação, aqueceu-se na manta de aquecimento o béquer até a ebulição. Quando a solução atingiu o ponto de ebulição, retirou-se o béquer da manta de aquecimento, e foram adicionadas algumas gotas de H2C2O4.2H2O (10% m/m) até ocorresse a completa dissolução do precipitado. Em seguida com o auxílio de uma proveta mediu-se 7mL de etanol, que foi transferido para o béquer com a solução. Logo após esse mesmo béquer foi colocado em um banho de gelo para que fosse resfriado por alguns minutos. Enquanto a solução estava sendo resfriada, pesou-se um papel filtro na balança analítica, e separou-se em um béquer uma pequena quantidade de etanol para ser utilizado no momento da filtração. Logo após o resfriamento da solução contida no béquer, utilizou-se o sistema de filtração à vácuo (bomba de vácuo e filtro de Büchner c/ papel filtro pesado). Onde o precipitado contido no béquer foi lavado com o etanol que foi separado anteriormente. Depois transferiu-se o sólido para uma placa de Petri, que que foi armazenada em um dessecador com um abrigo de luz até a completa secagem. Após 24 horas, realizou-se a pesagem do complexo para o cálculo de rendimento. Após a pesagem do precipitado, separou-se metade do mesmo para que ficasse em um local protegido da luz, e a outra metade foi colocada em um local sob luz ultravioleta(luz solar) por 30 minutos. Depois dos 30 minutos (agora no laboratório), separou-se 2 tubos de ensaio, onde foram colocados em cada um deles pequenas quantidades de amostras dos complexos (o que ficou protegido da luz e o que ficou no sol). Também nos tubos de ensaio foram adicionados 1mL de água em cada, para que houvesse a dissolução do complexo. Então em seguida foram adicionadas algumas gotas de 1,10-fenantrolina nos dois tubos de ensaio, e observou-se o resultado. 3.3. Parte 3 – Decomposição térmica do oxalato de ferro (II) tri- hidratado Para o início da última parte deste experimento, utilizando uma balança analítica e um papel para pesagem, pesou-se 0,5091g de oxalato de ferro dihidratado e transferiu-se para um tubo de ensaio seco. Em seguida com o bico de Bunsen aceso e o auxílio de uma pinça de madeira, aqueceu-se o tubo de ensaio contendo o oxalato de ferro dihidratado, mas sempre movimentando o tubo de ensaio, nunca deixando-o diretamente na chama do bico de Bunsen para que não estourasse o tubo de ensaio que é de vidro. Assim que a cor do complexo passou de amarelo para um marrom escuro, despejou-se o conteúdo do tubo de ensaio em uma placa de Petri, para que fosse aguardado o final da reação. E para finalizar, com um ímã foi testado o magnetismo do solido que foi obtido anteriormente. 4. Resultados e Discussão 4.1. Parte 1 – Síntese do oxalato de ferro (II) dihidratado Para primeira parte do experimento, foi-se preparada uma solução de ácido sulfúrico e sulfato de amônio e ferro (II) hexahidratado, o que resultou em uma solução de coloração esverdeada, o que indica a presença de Fe (II) na solução. Depois quando a solução de ácido oxálico é adicionada, a solução passa a ter uma coloração amarela, o que indica a formação do oxalato de ferro (II) dihidratado. Como pode ser visto pela reação abaixo (NH4)2Fe(SO4)2.6H2O + 5H2SO4(aq) +H2C2O4.2H2O FeC2O4.H2O + (NH4)2SO4 + 6H2SO4(aq) + 6H2O Em seguida, esse precipitado foi filtrado com o auxílio de um funil de Büchner e uma bomba de vácuo, ele também foi lavado com água e acetona. Depois foi tirado do funil e colocado em uma placa de Petri, para que pudesse ser colocado no dessecador para que houvesse uma secagem mais eficiente. Figura 2 – Formação do oxalato de ferro (II) dihidratado. 4.2. Parte 2 – Síntese do trioxalatoferrato (II) de potássio tri-hidratado Para a segunda parte do experimento, a síntese do trioxalatoferrato (II) de potássio tri-hidratado (K3[Fe(C2O4)3].3H2O), em um béquer, dissolve-se 1,2566g de oxalato de potássio hidratado em 8mL de água destilada, em seguida é adicionado 0,7500g do oxalato de ferro (II) obtido anteriormente. Em seguida esse béquer é levado a manta de aquecimento, onde a solução contida nele é aquecida até uma temperatura de 40°C, e observa-se a mudança da coloração da solução contida no béquer, que inicialmente é amarelada e passa para uma coloração de alaranjado terroso. Posteriormente, quando é adicionado sob leve agitação e temperatura abaixo de 40° algumas gotas de H2O2 30% m/m a solução começa a adquirir uma coloração mais escura, indicando a reação de oxirredução do íon ferro. Quando o aquecimento foi ligado para que a solução evaporasse a solução continuou escurecendo. Depois que o aquecimento foi desligado e se começou a adição do ácido oxálico 10% a solução apresentava uma coloração marrom passou a apresentar uma coloração mais clara, até chegar em uma coloração esverdeada. Em seguida foi realizada a adição do etanol para garantir a separação do trioxalatoferrato de potássio tri-hidratado, pois trata-se de um composto insolúvel em etanol, fazendo que o composto tivesse uma melhor precipitação. A seguir, temos a reação global que descreve a síntese do trioxalatoferrato (III) de potássio, que é realizada neste experimento: Figura 3 – Precipitado depois da filtração. 6FeC2O4.2H2O + 6K2C2O4.H2O + 3H2O2 2Fe(OH)3 + 4K3[Fe(C2O4)3] + 6H2O Fe(OH)3 + 3H2C2O4 + 3K+(excesso) K3[Fe(C2O4)3] + H2O 2FeC2O4.2H2O + 3K2C2O4.H2O + H2C2O4 + H2O2 3K3[Fe(C2O4)3].3H2O + 3H2O Após o banho de gelo a solução foi filtrada a vácuo e os cristais foram lavados com etanol para garantir que todo o complexo possível fosse obtido. Para o cálculo do rendimento, pesou-se a massa do complexo obtido, lembrando que para os cálculos de massa do trioxalatoferrato (III) foi considerada a diferença da massa do papel de filtro com e sem o sólido. E a partir da massa do grupo 4 que foram realizados os cálculos. Primeiramente sabe-se que a relação estequiométrica é dada pela reação acima temos que 2 mols de oxalato de ferro dihidratado reage com os outros produtos e forma 3 mols do complexo, desse modo temos: 2 mols de FeC2O4.2H2O --------- 3 mols de K3[Fe(C2O4)3] 359,846g ---------- 1311,58g 0,7500g ---------- X 𝑋 = 2,734 g de K3[Fe(C2O4)3] 2,734g ------ 100% 2,107g ------- X 𝑋 = 77,05% Em seguida, os cristais do complexo que foram obtidos, deveriam ser divididos em duas partes, e uma delas deveria ser exposta a radiação solar. Após este procedimento obteve-se as seguintes colorações de complexos: Este procedimento serve para comprovar a característica fotossensível do complexo. Como pode ser observado, houve a mudança na cor do sólido de verde para amarelo. Esse efeito ocorre, pois a radiação ultravioleta absorvida da luz solar causa a redução de Fe3+ para Fe2+. Como pode ser visto na equação abaixo: 2K3[Fe(C2O4)3](s) ℎ𝜈 → 2Fe(C2O4)(s) + 3K2C2O4 + 2CO2 E para finalizar esta parte do experimento, utilizou-se de dois tubos de ensaio e colocou-se dentro deles pequenas amostras de cada complexo e diluiu- as com água destilada, e ao acrescentar as gotas de 1,10-fenantrolina que é utilizada para a determinação de ferro (II), ao ser adicionada ao tubo que não sofreu exposição à radiação UV, a solução permaneceu do mesmo modo. Mas ao ser adicionada ao tubo da amostra que sofreu exposição à radiação UV, imediatamente a solução contida no tubo de ensaio adquiriu uma coloração avermelhada, indicando ali, presença de íons de Fe2+. 4.3. Parte 3 – Decomposição térmica de oxalato de ferro (II) di- hidratado Figura 4 - Complexo não exposto a radiação UV/ Complexo exposto a radiação UV. Utilizando-se ainda do oxalato de ferro (II) feito na primeira parte deste experimento, pesou-se 0,5091g do mesmo, que foi transferido para um tubo de ensaio. Ao aquecer o tubo de ensaio o oxalato de ferro (II), que era um pó que tinha uma coloração amarelada começou a adquirir uma coloração mais escura, até que ao final do aquecimento ficou com uma coloração marrom. Isso se dá porque com o aquecimento do oxalato de ferro (II) ele irá se decompor em óxido de ferro (II,III) que possui essa coloração mais escura, e que pode ser encontrado na natureza como o mineral magnetita, por isso que para finalizar a prática é realizado o teste com o imã, para testar as propriedades magnéticas do composto formado. 3FeC2O4.2H2O + O2 Fe3O + 6CO2 + 6H2O 5. Conclusão O experimento se mostrou satisfatório para a síntese do complexo trioxalatoferrato (III) de potássio, pois durante a prática foi possível notar a formação do complexo característico do mesmo. Observou-se também que durante as várias reações ocorridas até a formação do complexo final, houve uma mudança de cor dos complexos ao reagi-los com diferentes tipos de ligantes, caracterizando assim a substituição de cada um destes. Figura 5 – Teste das propriedades magnéticas do composto formado. O rendimento foi consideravelmente satisfatório do experimento, sendo de 77,05%. Dessa forma pode-se concluir que o método de síntese utilizado se mostrou eficaz,uma vez que se atingiu o objetivo da prática de sintetizar o K3[Fe(C2O4)3]. 6. Referências [1] Grupo de Produção de Conteúdos de Química. Ferro. E-Escola. Disponível em: http://e-escola.tecnico.ulisboa.pt/topico.asp?id=466&ordem=1 Acessado em 03 de outubro de 2021. [2] Composto de coordenação. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Composto_de_coordenação Acessado em 03 de outubro de 2021. [3] Trioxalatoferrato (III) de potássio. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Composto_de_coordenação Acessado em 03 de outubro de 2021. http://e-escola.tecnico.ulisboa.pt/topico.asp?id=466&ordem=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Composto_de_coordenação https://pt.wikipedia.org/wiki/Composto_de_coordenação
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