Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP Centro de Ciências Biológicas e Saúde - CCBS Bacharelado em Fisioterapia Fisiopatologia Clínica em Gineco Obstetrícia e Pediatria ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA • Alunas: Beatriz Rithiely Henrique Ramos da Silva, Ellen Raquel Lopes Rodrigues, M ª Eduarda Siqueira Veras, Patrícia Lopes Ferreira de Lima • Conceito: O termo artrogripose deriva do grego e significa articulações curvadas ou em gancho. É caracterizada por deformidades com contraturas articulares múltiplas e rigidez dos tecidos moles desde o nascimento e de caráter estacionário. Mais de 150 transtornos podem estar ligados a essa rara síndrome heterogênea. Pode estar relacionada diretamente a alterações viscerais e neurológicas. É dividida em amioplasia, com maior prevalência, e em artrogripose distal. A maioria dos afetados tem a inteligência normal. Amioplasia: contraturas simétricas múltiplas ocorrem nos membros. Artrogripose distal: as mãos e os pés estão envolvidos, mas as grandes articulações são normalmente poupadas. Os pacientes são subdivididos em três categorias: portadores de somente contraturas nos membros, portadores de contraturas e alterações viscerais e portadores de contraturas e alterações do sistema nervoso central (ANTÚNEZ et al, 2015). • Etiologia: Sua etiologia não é totalmente esclarecida e associam-se vários fatores à sua gênese. Por exemplo, uso de medicações durante a gestação, infecções, traumas, doenças crônicas, oligodrâmnio, genética, drogas e álcool. De maneira geral, existem 6 tipos de problemas levando a limitação de movimentos articulares na vida uterina: miopatica – formação ou função muscular alterada, neuropática – origem no cérebro, medula e nervos periféricos (mielomeningocele), anomalias do tecido conjuntivo (alteração tendões, ossos, articulações (artrogripose distal), mecânicas – limitação do espaço e restrição movimento fetal (gêmeos, oligodrâmnio), vascular – comprometimento vascular de músculos, nervos (ex: tentativa de aborto), doenças maternas: diabetes, esclerose múltipla, miastenia gravis, hipertermia materna: febre alta, banhos de banheira demorados no 1º trimestre (Quintans et al, 2017). • Epidemiologia: Alguns estudos estimam uma prevalência que varia de 1/3300 a 1/56000 nascimentos. Não há estudos sobre prevalência dessas condições no Brasil. Os dois sexos parecem ser acometidos com igual frequência. • Diagnóstico: O diagnóstico da Artrogripose pode ser feito durante o pré-natal. Durante a ultrassonografia morfológica fetal do segundo trimestre, feita entre as 20 e 24 semanas, é comum que o ginecologista observe que o bebê não se movimenta conforme o esperado e apresentam algum desvio no eixo dos membros e até mesmo as mãozinhas fechadas, sinais característicos da Artrogripose. No entanto, o diagnóstico só é confirmado mesmo no nascimento, pela observação clínica do bebê, que nasce com diversas contraturas articulares. Depois disso exame de imagem pode observar melhor como estão às articulações do bebê. Alguns exames são necessários para determinação da causa do problema. Podem ser feitos exames genéticos para avaliar se há alguma síndrome cromossômica, além de testes neurológicos para descartar problemas no sistema nervoso central, como a eletromiografia e biopsia muscular (Niehues, Janaina et al., 2014). • Quadro clínico: As deformidades da Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) são evidentes ao nascimento, geralmente são simétricas ou acometem apenas um dos membros. AMC não é uma síndrome progressiva, porém os agentes que a causam podem ser progressivos (p. ex., distrofia muscular). Esta condição é herdada de forma autossômica recessiva e é composta por retardo de crescimento, ausência de movimentos respiratórios, hipoplasia pulmonar, hipertelorismo, orelhas malformadas e baixas, e nariz em sela; nos membros superiores, as crianças podem apresentar ombros aduzidos e rodados internamente ou em casos mais raros ombros abduzidos; os cotovelos em extensão bilateral ou flexão; punhos e dedos fletidos. Já nos membros inferiores, poderá haver uma deslocação do quadril, que ficam levemente fletidos; nos joelhos a criança vai apresentar contratura em flexão e menos comum deformidade em extensão rígida; e os pés frequentemente em posição equinovara ou talo vertical. • Prognóstico da patologia: Prognóstico da patologia: Em 2001, Burke descreve o desenvolvimento motor de uma criança com Artrogripose 11. Ela iniciou deambulação dentro do tempo de desenvolvimento normal embora sua percepção de equilíbrio estivesse um pouco alterada. A criança não tinha reflexos de proteção, mas aprendeu a equilibrar -se rapidamente podendo correr, pular e pedalar bicicleta do mesmo modo que as crianças de sua idade. Aos dois anos era capaz de puxar -se, https://www.minhavida.com.br/temas/ultrassonografia-morfologica-fetal-do-segundo-trimestre alimentar-se, virar páginas de revistas e carregar objetos com uma preensão razoavelmente boa. Nesta mesma idade ela estava aprendendo a vestir-se independentemente. Aos quatro anos conseguiu estabelecer completa rotação voluntária em ambos os ombros. Aos cinco anos ela era auto-suficiente, e apesar de exibir uma pequena fraqueza em seus braços, podia fazer tudo o que uma criança da mesma idade fazia. (Burke, 2001) • Complicações: é dada pelas alterações posturais importantes, pode ter o comprometimento de alguns sistemas, como por exemplo respiratório, cardiovascular, digestivo e urinário, além das alterações funcionais necessários para o cotidiano causada por disfunção múscu lo- esquelética, como levar a colher na boca, movimento da cabeça, a ausência de movimentos respiratórios, e outros movimentos mínimos ou ausentes de todo o corpo. Algumas crianças podem ter alterações do SNC mas sem afetar a cognição. • Atuação fisioterapêutica: A atuação fisioterápica é se fundamental importância e deve ser iniciada precocemente, objetivando não somente a correção da deformidade, mas também o desenvolvimento global do paciente, uma vez que o prognóstico da doença costuma ser favorável. Como forma de tratamento, ressalta-se a prática de exercícios passivos e ativos de mobilização, alongamento de tecidos encurtados, manutenção/melhora da amplitude de movimento, a utilização de órteses para redução das deformidades, fortalecimento muscular e prevenção de contraturas. Com a necessidade da cirurgia pela rigidez muscular, torna-se imprescindível o tratamento fisioterapêutico precoce a fim de reduzir as contraturas articulares e melhorar a maleabilidade dos tecidos moles, usualmente empregado no pré-operatório e no pós-operatório. Com a conduta de tratamento conservador (mobilização passiva, alongamentos, enfaixamento funcional, treino funcional por meio de exercícios lúdicos, utilização de aparelhos acessórios, como extensoras de membros inferiores e faixa abdominal), observou-se como resultado, os valores do PEDI foram positivos, ficando entre a faixa de 30 a 70 pontos, com melhora na capacidade respectiva ao autocuidado, mobilidade e função social da criança, demonstrando o papel indispensável da fisioterapia nestes pacientes. Com a utilização do alongamento e das talas em série, observou-se aumento da amplitude de movimento e da funcionalidade e diminuição das contraturas. Na aplicação da hidrocinesioterapia para o tratamento de membros inferiores observou-se o aumento na amplitude de movimento e força muscular principalmente em abdução, adução e extensão de quadril, facilitando assim as atividades de vida de diária do paciente (Niehues, Janaina et al., 2014). • Referências: NIEHUES, Janaina; GONZALES, Ana Inês; FRAGA, Daiane. Intervenção fisioterapêutica na artrogripose múltipla congênita: uma revisão sistemática, CINERGIS, v. 15, ano 15, n.1, 2014. CARVALHO,Michelle; ANDRADE, Fabiana de Lelis. Artrogripose múltipla congênita: relato de caso, Med. reabil, v. 12, n. 116, p. 33-35, jan.-abr. 2008. QUINTANS, Maria Dolores Salgado; BARBOSA, Paula Ribeiro; LUCENA, Beatriz. Artrogripose congênita múltipla: uma revisão de caso, Rev. Ped. SOPERJ, v. 17, n. 3, p. 23-27, out. 2017 BURKE, B. Our daughter’s Arthrogryposis. Disponível em: <http://www.comeunity.com> Acesso em: 31 Jun. 2019 ANTÚNEZ, N.H.; GONZÁLEZ, C.; CERISOLA, A.; CASAMAYOU, D.; BARROS, G.; CASTELLET, L.; CAMARO, T. Artrogriposis múltiplo congénita: análises de los pacientes asistidos em el Centro de Rehabilitación Infantil Teletón Uruguay. Urug. Vol. 31 no. 1 Montevideo mar. 2015 http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis|database_name=TITLES|list_type=title|cat_name=ALL|from=1|count=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Med.%20reabil
Compartilhar