Buscar

Ética Profissional Psicologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ética Profissional
MARCELA DUPONT SOARES
Conteúdo
 Módulo I – Ética
 Definição e extensão do termo: os conceitos de ética e moral,
considerando seus objetos, objetivos
 A mutabilidade da experiência ética
 A Ética e sua relação com os campos de saber: como se dá a
relação da Ética com a religião, a política, o direito e a ciência
 Módulo II – A ética da Psicologia
 Os modos de subjetivação no Ocidente e especialmente no Brasil para
entender a concepção de ética nesse espaço-tempo, refletindo sobre as
práticas e discursos psicológicos e suas inter-relações com a ética
Conteúdo
 Módulo III - FORMAÇÃO, PROFISSÃO E ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
 Fundamentar e questionar sobre a relação psicológica e ética,
acentuando o código de ética
 A Psicologia virtual
 A especificidade da ética no âmbito da clínica
Referências Básicas
 1. CAMARGO, Marculino. Fundamentos de ética geral e profissional.
Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
 2. COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Psicologia, ética e direitos
humanos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
 3. DUPAS, Gilberto. Ética e poder na sociedade da informação: de
como a autonomia das novas tecnologias obriga a rever o mito do
progresso. 2.ed. rev. ampl . São Paulo: UNESP, 2001.
ÉTICA
O que é o 
pensamento filosófico?
Filosofia
 Temos a ideia de que o pensamento filosófico é função
exclusiva de grandes pensadores, mas qualquer pessoa
pode adotar postura filosófica por meio de atitudes críticas
perante o mundo e situações cotidianas.
Filosofia
 Atitude Filosófica – Pergunta
 Interrogar a si mesmo
 Atitude crítica
Negativa: não ao censo-comum
Positiva: Construção de novo conhecimento
Filosofia
 Para que filosofia?
Para não darmos nossa aceitação imediata as coisas sem
maiores considerações
Postura de não aceitar como obvias todas as coisas
(questionar, olhar de outra forma)
Filosofia
 Respostas que não estão prontas
 Exige interpretação do mundo
 Questionamentos acerca da realidade e das expectativas
 Processo de construção do conhecimento e de visão crítica 
sobre as relações humanas
Filosofia
“Navegar é preciso, viver não é 
preciso”
Pompeu, general romano, século I a.C.
Filosofia
 A construção do conhecimento se da por meio da
evolução do pensamento crítico
 Mais do que buscar respostas já existentes, a missão é buscar 
as perguntas que ajudam a refletir de forma crítica sobre a 
realidade
Galatea das esferas
Salvador Dali, 1952
Madame Zborowska
Amadeo Modigliani, 
1918
Mulher chorando
Pablo Picasso, 1937
Filosofia
O que há em comum?
Filosofia
 Tendência a racionalizar
 Inserir ao “caos” – “sair da caixinha”
Filosofia
No nosso dia a dia nós fazemos várias perguntas
sobre eventos corriqueiros e muitas vezes não
paramos para analisar o impacto dessas reflexões
“Perguntar se está feliz?”
O que é felicidade?
Filosofia
Na correria do dia a dia: tempo suficiente ?
Vai dar tempo?
Quero um dia com 36horas!
O que é o tempo?
Quem define o conceito de tempo?
Filosofia
Quando somos capazes de apreender 
a realidade, estamos realizando uma 
atitude filosófica de questionamento ao 
senso comum
Filosofia
Para Chauí (1995), independente do conteúdo a ser 
investigado, esta atitude filosófica pode se embasar 
em três características sobre a coisa, valor ou ideia: 
a) perguntar “o que” é e seu significado; 
b) perguntar “como” acontece e quais as suas 
relações que definem como tal; 
c) perguntar “por que” existe e como é, seja por sua 
origem ou causa.
Moral e Ética
A moral e a ética são indispensáveis no
convívio humano, e, nos grupos sociais, estão
intimamente relacionadas.
Sem moral, a convivência humana torna-se
impossível. Sem ética, torna-se lamentável,
vergonhosa, mesquinha e infeliz.
Moral e Ética
Conduta ética, exige o agente consciente, isto é, o
sujeito que sabe a diferença entre certo e errado
entre bem e mal, entre permitido e proibido.
A consciência moral conhece as diferenças e
também avalia sua própria capacidade de julgar as
condutas e de agir em consonância com valores
morais.
Moral e Ética
Passa a responder de forma responsável
por seus sentimentos e ações, pelas
consequências do que sente e do que faz.
Consciência e responsabilidade são
condições indispensáveis da vida ética.
Moral e Ética
A forma principal de manifestação da
consciência moral é a capacidade de
escolher, entre as diversas alternativas, a
partir de valores éticos, e decidir qual a
melhor.
Moral e Ética
É nossa capacidade de avaliar e considerar as
motivações pessoais, assim como as exigências da
situação, as consequências tanto para si como para
os outros, o ajuste entre meios e fins, a obrigação de
respeitar as leis e normas estabelecidas ou de
transgredi-las (se o estabelecido for injusto ou imoral).
Moral e Ética
Avaliar qual sua vontade nesse processo faz parte do
campo ético. Você é o agente moral que vai
perguntar:
“Quero? Devo? Posso?”
Moral e Ética
O agente moral ativo controla interiormente suas
paixões, inclinações, debate consigo mesmo e com
os outros o sentido dos valores e dos fins
estabelecidos, questiona como os valores devem ser
respeitados ou transgredidos por outros valores
superiores a esses
Moral e Ética
Agente moral ativo é autônomo e verdadeiramente
livre.
Ao ampliar a ciência do que quer, deve e pode
Ainda Mais
Moral e Ética
Segundo Cotrim (2002) a Moral é o conjunto de
normas, princípios e costumes que orientam o
comportamento humano, tendo como base os
valores próprios a uma dada comunidade ou grupo
social.
Moral e Ética
A moral é normativa a partir de um conjunto de
regras, valores, proibições e tabus que provêm de
fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou
impostos pela política, costumes sociais, religiões ou
ideologias.
Moral e Ética
Para Cotrim (2002) a ética é um estudo reflexivo das
diversas morais, no sentido de explicitar os seus
pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser
humano e a existência humana que sustentam uma
determinada moral.
Moral e Ética
Segundo Cordi (2003, p.62), “ética é uma reflexão
sistemática sobre o comportamento moral.
Ela investiga, analisa e explica a moral de uma
determinada sociedade”.
Moral e Ética
A ética define-se como o conhecimento, a teoria ou
a ciência do comportamento moral. É através da
ética que compreendemos, explicamos, justificamos,
analisamos criticamos e, se assim quisermos,
aprimoramos a moral da sociedade. A ética, em
última análise, é a definidora dos valores e juízos que
norteiam a moral.
Moral e Ética
Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem
da moral, da distinção entre comportamento moral e
outras formas de agir, da liberdade e da
responsabilidade e de questões como a prática do
aborto, da eutanásia e da pena de morte.
Moral e Ética
Conforme Cordi (2003) a ética não diz o que deve e
o que não deve ser feito em cada caso concreto,
isso é da competência da moral.
A partir dos fatos morais a ética tira conclusões
elaborando princípios sobre o comportamento moral.
Moral e Ética
“diz-se de uma pessoa que ‘ela não tem ética’ para
criticar seus comportamentos e atitudes; poder-se-ia
muito bem chamá-la ‘imoral”
Moral e Ética
A ética define-se como o conhecimento, a teoria ou
a ciência do comportamento moral.
É através da ética que compreendemos, explicamos,
justificamos, analisamos criticamos e, se assim
quisermos, aprimoramos a moral da sociedade.
A ética, em última análise, é a definidora dos valores
e juízos que norteiam a moral.
Moral e Ética
Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem
da moral, da distinção entre comportamento moral e
outras formas de agir, da liberdade e da
responsabilidade e de questões como a prática do
aborto, da eutanásia e da pena de morte.
Moral e Ética
Conforme Cordi (2003) a ética não diz o que deve e
o que não deve ser feito em cada caso concreto,
isso é da competência da moral. Apartir dos fatos
morais a ética tira conclusões elaborando princípios
sobre o comportamento moral.
Moral e Ética
Podemos afirmar que o conceito de Ética é mais
amplo e rico do que o de Moral. Ética implica em
reflexão teórica sobre moral e revisões racionais e
críticas sobre a validade da conduta humana, sendo
o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou
incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado,
independentemente das práticas culturais.
Moral e Ética
Para Cordi (2003, p.64)
“a moral é tanto um conjunto de normas que
determinam como deve ser o comportamento
quanto ações realizadas de acordo ou não com tais
normas”.
Moral e Ética
desde a infância a pessoa está sujeita à influência do
meio social por intermédio da família, da escola, dos
amigos e dos meios de comunicação de massa
(principalmente a televisão).
Assim, ela vai adquirindo aos poucos princípios
morais.
Moral e Ética
Mas a moral não se reduz ao aspecto social. À
medida que o indivíduo desenvolve a reflexão
crítica, os valores herdados passam a ser colocados
em questão. Ele reflete sobre as normas e decide
aceitá-las ou negá-las.
A decisão de acatar uma norma é fruto de uma
reflexão pessoal consciente que se chama
interiorização.
Moral e Ética
Essa interiorização da norma é que qualifica o ato
como moral.
Caso não seja interiorizado, o ato não é considerado
moral, é apenas um comportamento determinado
pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes.
Moral e Ética
A maneira como a consciência individual vai reagir
diante das normas depende tanto de elementos
referentes à pessoa (formação pessoal, caráter,
temperamento) quanto de fatores e instituições
sociais (regime político, organização social, sistema
econômico, instituições culturais, meios de
comunicação em massa) que podem criar
possibilidades ou impor obstáculos à realização da
moral.
Moral e Ética
A maneira como a consciência individual vai reagir
diante das normas depende tanto de elementos
referentes à pessoa (formação pessoal, caráter,
temperamento) quanto de fatores e instituições
sociais (regime político, organização social, sistema
econômico, instituições culturais, meios de
comunicação em massa) que podem criar
possibilidades ou impor obstáculos à realização da
moral.
Moral e Ética
Podemos dizer que pertence ao vasto campo da
moral a reflexão sobre perguntas fundamentais
como:
• O que devo fazer para ser justo?
• Quais valores devo escolher para guiar minha vida?
• Há uma hierarquia de valores que deve ser
seguida?
Moral e Ética
• Que tipo de ser humano devo ser nas minhas
relações comigo mesmo, com meus semelhantes e
com a natureza?
• Que tipo de atitudes devo praticar como pessoa e
cidadão?
Moral e Ética
• Que tipo de ser humano devo ser nas minhas
relações comigo mesmo, com meus semelhantes e
com a natureza?
• Que tipo de atitudes devo praticar como pessoa e
cidadão?
Moral e Ética
O sujeito moral ou ético, isto é, a pessoa, só pode
existir se preencher as seguintes condições, conforme
Chauí (2003):
• Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz
de reflexão e de reconhecer a existência dos outros
como sujeitos éticos iguais a ele.
Moral e Ética
• Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade
para controlar e orientar desejos, impulsos,
tendências, sentimentos (para que estejam em
conformidade com a consciência) e de capacidade
para deliberar e decidir entre as diversas alternativas
possíveis.
Moral e Ética
• Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor
da ação, avaliar os efeitos e conseqüências dela
sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às
suas conseqüências, respondendo por elas.
Moral e Ética
• Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como
causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações,
por não estar submetido a poderes externos que o
forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer
alguma coisa. A liberdade não é tanto para escolher
entre alternativas possíveis, mas o poder para
autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de
conduta.
Moral e Ética
• Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como
causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações,
por não estar submetido a poderes externos que o
forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer
alguma coisa. A liberdade não é tanto para escolher
entre alternativas possíveis, mas o poder para
autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de
conduta.
Moral e Ética
Há de se notar que, hoje em dia, assistimos a uma
valorização da palavra ‘ética’ em detrimento da
palavra ‘moral
Spitz (1995):“Esse termo (ética), que tomou uma
importância cada vez maior, veio para aliviar o
inextricável embaraço daqueles que desejariam falar
em moral sem ousar pronunciar esta palavra” (p.
149).
Debate
O artigo 41 do Código de Ética veda ao médico abreviar
a vida do paciente, ainda que a pedido de seu
representante legal.
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido
deste ou de seu representante legal. Parágrafo único. Nos
casos de doença incurável e terminal, deve o médico
oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem
empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade
expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu
representante legal.
Argumentos:
Alívio de sofrimento
Falta absoluta de qualidade de vida (mesmo com
cuidados paliativos)
Autonomia de vontade do paciente
Crenças religiosas
Juramento de Hipócrates, segundo o qual a vida é
tida como um dom sagrado e o médico não pode
ser juiz da vida ou da morte de outrem.
Direito de morrer?
Trabalho (ENTREGAR 09/09)
 Formar psicólogos para 
quê e para quem?
Trabalhos para apresentação duplas – Seminários
Início das Apresentações (09.09)
 1. Psicologia e Direitos Humanos
 2. Psicologia e Políticas Públicas
 3. Psicologia e Mídia
 4. Ética e Pesquisa
 5. Ato médico
 6. Especialistas
 7. Psicólogos sem fronteiras
 8. Drogas e Redução de danos
 9. Avaliação Psicológica
Trabalhos para apresentação duplas - Seminário
 10. Psicologia e Luta antimanicomial
 11. Serviços psicológicos mediados por computador
 12. Terapias Alternativas
 13. Ética e Sexualidade
 14. Ética e questões étnicas
 15. Regulamentação das Psicoterapias no Brasil
 16. Publicidade e Psicologia
 17. Recrutamento e Seleção
Ética e Direitos Humanos
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
 É comum considerá-los como conquistas da civilização
moderna contra a barbárie do mundo antigo, como frutos
de uma evolução em direção ao progresso do chamado
gênero humano
Segundo Foucault (1979), a história clássica e oficial
que nos tem sido ensinada é concebida como uma
marcha contínua dos acontecimentos históricos em
direção a uma teleologia que representaria o
progresso, a civilização ou, mesmo, o fim da história.
Assim, estágios antecedentes nos levariam
obrigatoriamente a um futuro de perfeição ou à
aproximação gradativa do que deve ser a
perfeição. O mundo burguês nos faz acreditar nas
qualidades da civilização moderna,
desqualificando tudo o que o precedeu – o que se
pode chamar de etnocentrismo histórico.
“Qualificar de moderno é elogiar e despertar
orgulho. Mais ainda é adjetivar de pós-moderno.
Referir-se, porém, a algo ou alguém de medieval é
quase como utilizar uma categoria de acusação,
uma vez que esse tempo passou a ser considerado
como uma época de bárbaros, como Idade das
Trevas, como a noite de mil anos”
(Rodrigues, 1999: 21).
Portanto, o que chamamos de barbárie seria um
corpo estranho à civilização, uma espécie de
herança maldita que teima em persistir, uma
oposição, uma dicotomia e não um paradoxo
produzido pelo nosso mundo dito civilizado.
 Tal dicotomia entre civilização e barbárie é um
produto do nosso tempo, visto que nunca se utilizou
tanto esses dois conceitos, justamente em um
momento em que a segurança torna-sea palavra
de ordem.
Com ela está o controle, a punição, a tutela,
embora uma de suas funções seja, justamente, a
de dissimulá-los e de naturalizá-los.
Foucault ([1975-1976] 2002) caracteriza este
momento da sociedade disciplinar, em especial a
partir do final do século XVIII, como o “fazer viver e
deixar morrer”, quando cada vez mais
necessitamos que muitos morram para que outros
possam viver.
Por isso, precisamos jogar para fora do nosso tempo
e atribuir ao “passado bárbaro” o horror que hoje
vivemos – os genocídios, os extermínios, os doentes
negligenciados, as torturas –
 Tal lógica, que nega os binarismos, pode ser
encontrada também nos escritos de Marx ([1867]
1968), quando em O capital, por exemplo, explica
o mecanismo por meio do qual a acumulação de
capital produz, ao mesmo tempo, a riqueza e
aquilo que é caracterizado como seu contrário, a
miséria, imprescindível à existência de mais e mais
riqueza.
Direitos Humanos
Os ideais da Revolução Francesa – igualdade,
liberdade e fraternidade –, palavras de ordem da
burguesia em ascensão, tornaram-se, a partir do fim
do século XVIII, os fundamentos dos chamados
direitos humanos.
 Tem-se, então, um determinado “rosto” para os
direitos humanos desde a primeira grande
declaração produzida no âmbito da luta realizada
pela burguesia contra a aristocracia francesa, em
1789, até a mais recente declaração, a de 1948,
quando, após a Segunda Grande Guerra Mundial,
foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU)
em pleno período da chamada “guerra fria”.
Os direitos humanos, portanto, têm apontado quais
são esses direitos e para quem eles devem ser
concedidos. Ou seja, se tomados em sua
perspectiva histórica, tanto o humano como os
direitos são construções das práticas sociais em
determinados momentos, que produzem
continuamente esses objetos, subjetividades e
saberes sobre eles.
Deleuze (1992) afirma que os direitos humanos –
desde sua gênese – têm servido para levar aos
subalternizados a ilusão de participação, de que as
elites preocupam-se com o seu bem-estar, de que
o humanismo dentro do capitalismo é uma
realidade e, com isso, confirma-se o artigo primeiro
da Declaração de 1948: “todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos”.
Entretanto, sempre estiveram fora desses direitos à
vida e à dignidade os segmentos pauperizados e
percebidos como “marginais”: os “deficientes” de
todos os tipos, os “desviantes”, os miseráveis, dentre
muitos outros.
 Os marginalizados de toda ordem nunca fizeram
parte desse grupo que, ao longo dos séculos XIX, XX
e XXI, tiveram e continuam tendo sua humanidade
e seus direitos garantidos.
Percebemos aqui como as diferentes práticas
sociais, em diferentes momentos da história, vão
produzindo diferentes “rostos”, diferentes
“fisionomias”; portanto, diferentes objetos,
diferentes entendimentos do que são direitos e do
que é humano.
Em vez de pensar os direitos como essência
universal do homem, poderíamos, por meio de
outras construções, garantir e afirmá-los como
diferentes modos de sensibilidade, diferentes modos
de viver, existir, pensar, perceber, sentir; enfim,
diferentes jeitos de estar e existir no mundo.
O normal, enquanto a-normal, é posterior à
definição do normal, é a negação do normal, é a
negação lógica deste. No entanto, é a
anterioridade histórica do futuro anormal que
provoca uma intenção normativa. O normal é o
efeito obtido pela execução do projeto normativo,
é a norma manifestada no fato.
E o que constituiria a norma senão um conjunto de
regras morais que impõem sua existência pela
possibilidade de sua infração? Eis o que nos
aproxima do pensamento de Alain Badiou (1999),
quando ele nos diz que se a experiência do
inumano é clara, a do humano é obscura, tendo
em vista que é “o humano que delimita o ponto de
aplicação dos direitos do homem” (Badiou, 1999:
47-48)
 “não havendo uma imagem definitiva e ideal d’O
Homem só nos resta aceitar a tarefa sempre
inconclusa de reinvenção de nossa humanidade, o
que não se pode fazer sem o trabalho também
constante da produção de outros modos de vida,
de novas práticas” (Barros & Passos, 2005: 570).
Reafirmamos que, se não entendemos os direitos e
o humano como objetos naturais, obedecendo a
determinados modelos que lhes seriam inerentes,
podemos produzir outros direitos humanos: não mais
universais, absolutos, contínuos e em constante
evolução, mas a afirmação de direitos locais,
descontínuos, fragmentários, processuais, em
constante movimento e devir, múltiplos como as
forças que os atravessam e os constituem.
No Brasil
Vieram quando “novos personagens entraram em
cena” (Sader, 1988)
 lutavam por melhores condições de vida, trabalho,
salário, moradia, alimentação, educação, saúde e
pela democratização da sociedade.
Estaremos longe, portanto, de uma nova ética
afirmativa dos direitos enquanto não enfrentarmos
o risco das revoluções, não mais das
macrorevoluções, sempre fadadas ao fracasso, e
sim das rupturas das revoluções moleculares de
nossas práticas cotidianas de poder.
A Ética e a Psicologia
A ética deve ser o eixo norteador da atuação dos
profissionais de psicologia (CARNEIRO et al., 2010).
 Nesse sentido, a graduação em Psicologia é um
momento privilegiado de construção de sujeitos
éticos.
Código de ética profissional datado de 2005
Se concretizou no XII Plenário do Conselho Federal
de Psicologia
Pauta-se na Declaração Universal dos Direitos
Humanos (Organização das Nações Unidas [ONU],
1948), na Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, dentre outros documentos
(MATTOS & SHIMIZU, 2008).
Percebe-se “a preocupação da Psicologia em
exercer práticas não excludentes e não
discriminatórias” (BERNARDI, 2010, p. 9) bem como o estímulo
à reflexão de cada profissional sobre a sua atuação
Sete princípios fundamentais:
 I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e
na promoção da liberdade, da dignidade, da
igualdade e da integridade do ser humano,
apoiado nos valores que embasam a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
 II. O psicólogo trabalhará visando promover a
saúde e a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades e contribuirá para a eliminação de
quaisquer formas de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
 III. O psicólogo atuará com responsabilidade social,
analisando crítica e historicamente a realidade
política, econômica, social e cultural.
 IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por
meio do contínuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia
como campo científico de conhecimento e de
prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a
universalização do acesso da população às
informações, ao conhecimento da ciência
psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da
profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício
profissional seja efetuado com dignidade,
rejeitando situações em que a Psicologia esteja
sendo aviltada.

Continue navegando