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Introdução: • Infecção sistêmica caracterizada por polifomorfismo lesional: As lesões mudam de característica conforme o avanço da doença • Exclusiva do ser humano • Grave problema de saúde pública • Doença “Liga – Desliga – Liga” − Ora o paciente apresenta sintomas, ora não apresenta − Áreas de eleição da escabiose Agente etiológico • Treponema pallidum (1905) • Espiroqueta microaerófila móvel (gram-negativo) − Genoma pequeno − Necessidades metabólicas específicas (não cresce in vitro) − Agressiva Epidemiologia e transmissão • Essencialmente sexual (60%) • Não sexual (exceção) − Transfusão sanguínea − Inoculação acidental − Instrumentos contaminados • Vertical: − Intraútero / transplacentária (80%): ▪ Morte in útero / parti pré-termo / morte neonatal ▪ Estágio da sífilis materna: ▪ Duração da exposição fetal − Canal de parto (mais raro): História natural da doença Manifestações clínicas Sífilis adquirida • Recente (até 1 ano de evolução) − Primária − Secundária • Tardia (> 1 ano de evolução) − Secundária − Terciária • Sífilis / HIV Sífilis congênita • Precoce (até os 2 anos de idade) • Tardia (após os 2 anos de idade) Transmissão vertical é inversamente proporcional ao tempo de duração da doença. Sífilis primária • Incubação: 7 a 90 dias (média de 21 dias) • Protossifiloma (cancro duro) + Micropoliadenopatia • Lesão única, indolor, bordas infiltradas, fundo limpo e averme- lhado • Altamente contagiosa: − Mulher: colo uterino e vulva − Homem: sulco balanoprepucional e glande − Localização extragenitais • Involução espontânea: 1 a 6 semanas • Sífilis decapitada → paciente tem contato com o treponema, mas não apresenta lesão clínica da sífilis primária • Cancro misto de Rollet → presença de cancro mole e sífilis em uma mesma lesão Protossifiloma (cancro) genital Protossifiloma (cancro) extragenital Cancro misto de Rollet Sífilis secundária • Entre 4 a 12 semanas após o cancro (média de 2 meses) • Regressão espontânea • Erupção generalizada, simétrica, assintomática e aspecto va- riável: − Roséolas sifilíticas − Sifilides papulosas ou papuloescamosas (colarete de Biett) − Colar de vênus − Sifilídes elegantes: apresentação mais rara, costuma se apresentar na região perifacial. São lesões anelares, com fundo ligeiramente eritematoso a acastanhado, com bor- das infiltradas. As lesões vão confluindo e ficam com as- pecto circinando. São mais comuns em indivíduos de fo- totipo mais alto. − Sifílides palmoplantares: as lesões podem acometer só mãos, só pés, ou podem ser simultâneas. − Fâneros: alopecia em clareiras → mais facilmente obser- vadas em indivíduos que mantem o cabelo curto (geral- mente, em homens). São áreas de rarefação capilar difusas e confluentes. Em indivíduos que costumam manter o ca- belo comprido, a sífilis secundária pode ser causa de queda de cabelo oculta. − Mucosas (placas mucosas, sinal de Cornill, Sifílides papu- loerosivas): − Sinal de Cornill são pequenas áreas arredondadas, seme- lhantes as sifilídes palmoplantares, mas que surgem na lín- gua. No local da lesão as papilas gustativas são perdidas, mas são recuperadas uma vez que o individuo não possui mais manifestações clínicas − Condilomas planos: papulares, achatadas, acastanhadas, da cor da pele ou eritematosas que ocorrem em região periorificial (região genital). Manifestação clássica da sífilis congênita tardia, mas em indivíduos adultos, deve-se con- siderar a infecção simultânea de sífilis e HIV. Roséolas sifílicas palmar Roséolas sifílicas Colarete de Biett Sinal de Cornill Alopecia sifilítica Sífilis terciária • Pacientes não tratados: − 37% sífilis terciária (2 a 30 anos) − 50% evoluem para cura espontânea • Desenvolvem sífilis terciária − 16% lesões tegumentares ▪ Únicas, assimétricas e destrutivas ▪ Lesões túbero-circinadas ▪ Placas psoriasiformes ▪ Placas nódulo ulcerativas (síndrome verrucosa) ▪ Goma sifilítica (intensa destruição tecidual) ▪ Cancro Redoux (lesão no local do protossifiloma ▪ Cicatrizes atróficas (não retráteis) ▪ Não contagiosas ▪ Não involuem espontaneamente − 10% cardiovasculares (aortite sifilítica) − 6% neurossífilis − 10% morrem Placa nódulo ulcerativa Goma sifilítica Sífilis latente • Não há sinais e sintomas • Duração indefinida • Diagnóstico exclusivo por testes sorológicos (“cicatriz soroló- gica” – 1:2 e 1:4) • Sempre avaliar aorta e líquor • Pesquisar: HIV, HCV e HBV • Classificação: − Latente recente (≤ 1 ano) − Latente tardia (≥ 1 ano) − Latente indeterminada Fluxograma ambulatorial de dermatologia Sífilis e HIV • Evolução semelhante aos pacientes sem HIV • Mais frequente: − Persistência do protossifiloma (cancro com secundarismo) − Sífilis maligna precoce → erosão papulosa infiltrativa e destrutiva generalizada, relacionada a graus variáveis de imunodeficiência, especialmente a AIDS. Pode causar fe- bre, mialgia, cefaleia e artralgia. − Neurossífilis de instalação + rápida • Punção liquórica recomendável (NÃO OBRIGATÓRIA) • TTO: mesmos esquemas e dosagens • Falhas terapêuticas comuns: Primária: 3 meses Secundária: 6 meses Latente / Indeterminada: 12 meses A notificação deve ser feita após o diagnóstico − Controle clínico e sorológico rigoroso − Mensalmente nos primeiros 6 meses • Pacientes alérgicos devem sem dessensibilizados Diagnóstico Pesquisa direta • Microscopia em campo escuro • Impregnação pela prata • Imunofluorescência direta • PCR Sorologia • Reações não tremonêmicas (Antilipídicos) − Rastreio → baixo custo e fácil execução − VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) e RPR (Rapid Plasma Reagin) − Positivam 4 a 5 semanas após a infecção − Tendem a negativar − Qualitativa e Quantitativamente − Títulos altos: ≥ 1/32 → infecção ativa − Títulos baixos: ≤ 1/4 → cicatriz sorológica ou SLT Falso negativo Falso positivo Infecção recente Permanentes / transitórios Imunossuprimidos Reações cruzadas (SAAF / LES / MHV / TB / Malária) Efeito prozona Gravidez / idade avançada CONCEITOS E OBSERVAÇÕES EFEITO PROZONA: Decorre da relação desproporcional entre as quantidades de antígenos e anticorpos, sendo que o excesso de anticorpos interfere na reação antígeno-anticorpo, gerando re- sultados falso-negativos. Esse problema é solucionado por meio da diluição do soro. Transitórios: quando o resultado do VDRL é positivo em títulos baixos, mas ainda há dúvidas quanto ao diagnóstico de sífilis, uma vez que se acredita que o indivíduo não tem sífilis. Em um período que varia de 2 a 3 semanas após esse primeiro teste positivo, realiza-se um novo teste que, normalmente, vem ne- gativo. Permanentes: normalmente relacionadas com reações cruzadas a outras doenças. Nas situações fisiológicas: são mais comuns os testes transitó- rios. Uma das situações em que ocorrem o resultado falso po- sitivo, são nas grávidas, contudo, não se espera para fazer um segundo teste, visto que quanto maior o tempo de exposição, maior a gravidade da sífilis congênita do feto. Para esse segundo teste, opta-se por fazer testes treponêmicos específicos, contudo, são mais caros e de execução mais difícil, logo, em caso de impossibilidade de realizá-los, pode-se tratar essa grá- vida. • Reações treponêmicas específicas: − Confirmação → alto custo e difícil execução − FTA-ABS (Absorção de Anticorpos Treponêmicos com ce- pas de Treponema de Nichols) e TPI (Teste de Imobilização do Treponema), TPHA (Teste de Hemaglutinação do T. pal- lidum) − Positivam 3 semanas após a infecção − Reatividade permanente − Qualitativa − Resultados faltos são “incomuns Exame do líquor • Especialmente em indivíduos HIV + Exame histopatológico • Pode ser útil para sífilis terciária Tratamento •Penicilina para todas as formas, especialmente − HIV / Neurossífilis − Sífilis congênita − Sífilis em gestantes • Não há estudos controlados com outras medicações • Sem resistência à penicilina até o momento Recente • Primária, secundária, latente recente • Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 em cada glúteo) • Alternativa (exceto para gestantes) Doxiciclina 100mg 2x/dia, por 15 dias Tardia • Secundária, terciária, latente tardia e indeterminada • Penicilina G benzatina 2,4 milhões UI, IM, semanal, 3 doses (total: 7,2 milhões de UI) • Alternativa (exceto para gestantes) Doxiciclina 100mg 2x/dia, por 30 dias. Sífilis e gestação • Tratamentos não penicilínicos são INADEQUADOS e usados so- mente nas CI absolutas à penicilina • Gestantes alérgicas à penicilina: DESSENSIBILIZAÇÃO • O estearato de eritromicina era uma alternativa terapêutica, mas não é mais comercializado no Brasil Dose da suspensão de Penicilina V QTD (IU/ml) MI UI Dose cumulativa (UI) 1 1.000 0,1 100 100 2 1.000 0,2 200 300 3 1.000 0,4 400 700 4 1.000 0,8 800 1500 5 1.000 3,2 3200 6300 6 1.000 3,2 3200 6300 7 1.000 6,4 6400 12700 8 10.000 1,2 12000 48700 9 10.000 2,4 24000 48700 10 10.000 4,8 48000 96700 11 80.000 1,0 80000 176700 12 80.000 2,0 160000 335700 13 80.000 4,0 320000 656700 14 80.000 8,0 640000 1296700 Complicações • Reação de Jarish-Herxheimer: − Típica da sífilis secundária − Cefaleia, febre, calafrios, artralgias e mialgias − Exacerbação das lesões: 4 a 12 horas − Liberação súbita e maciça de antígenos treponêmicos − Reversível em 24h, orientações e sintomáticos • Prevenção: − Prednisona 20 mg/dia + Tetraciclina 1g/dia − Por 2 a 3 dias antes do início da terapia • Reação de Hoige − Taquicardia, elevação da PA, distúrbios audiovisuais, sinto- mas psicóticos agudos e convulsões − Dura cerca de 30 minutos − Penicilina procaína (1:100 casos) − Injeção IM • Reação paradoxal − Liquefação das gomas − Agravamento do quadro clínico − Manifestações relacionadas com a estrutura acometida Controle da cura • Adquirida − VDRL: 3 em 3 meses no 1° ano e 6 em 6 meses no 2° ano − Esperado: diminuição da titulação em 2x em três meses e 3x em 6 meses − Cura: 4x menos ou negativação m 6 a 9 meses − Retratar caso não houver queda ou houver aumento 2x da titulação − Dose do retratamento igual ao TTO da sífilis tardia • Gestantes / HIV − VDRL: mensalmente Até o fim da gestação Por 6 meses
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