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Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Anatomia Feminina Cada ovário é suspenso por uma curta prega peritoneal ou mesentério, chamado de mesovário, o qual é uma subdivisão de um mesentério maior do útero, o ligamento largo (a parte que fica do outro lado do ovário, continuação do ligamento largo, é o mesovário). O mesovário cobre os vasos e dará o ligamento suspensor do ovário, que é por onde chegam os vasos. Os vasos sanguíneos e linfáticos entram e saem da face superolateral do ovário dentro de uma prega peritoneal, o ligamento suspensor do ovário (infundíbulo pélvico), que se torna contínuo com o mesovário do ligamento largo. Medialmente no mesovário, um ligamento útero-ovárico (ligamento próprio do ovário) fixa o ovário ao útero. As artérias ováricas originam-se da parte abdominal da aorta e descem ao longo da parede abdominal posterior. Cruzam sobre os vasos ilíacos externos e entram nos ligamentos suspensores. As veias que drenam o ovário formam um plexo venoso pampiniforme no ligamento largo. As veias do plexo se fundem para formar a veia ovárica. A veia ovárica direita ascende e entra na veia cava inferior, a veia ovárica esquerda drena para a veia renal esquerda. As tubas estendem-se lateralmente a partir dos cornos uterinos e se abrem na cavidade peritoneal perto dos ovários. As tubas uterinas estão em um mesentério estreito, a mesossalpinge, que forma as margens livres anterosuperiores dos ligamentos largos. As tubas podem ser divididas em 4 partes: intramural, istmo, ampola, infundíbulo, (+ fímbrias). O útero é um órgão muscular oco, piriforme, com paredes espessas. O útero não grávido geralmente está localizado na pelve menor, com o corpo sobre a bexiga e o colo entre a bexiga e o reto. O útero é uma estrutura muito dinâmica, cujo tamanho e proporções modificam-se durante as várias fases da vida. O útero está subdividido em fundo, corpo, istmo e colo (cérvice). No colo uterino: óstio externo e interno. A parede do corpo do útero é formada por 3 camadas: ➢ Endométrio – camada mucosa interna. ➢ Miométrio - camada média de músculo liso. ➢ Perimétrio – serosa. O ligamento largo do útero é uma dupla lâmina de peritônio (mesentério) que se estende das laterais do útero até as paredes laterais e o assoalho da pelve. Esse ligamento ajuda a manter o útero em posição. Lateralmente, o peritônio do ligamento largo é prolongado superiormente sobre os vasos como o ligamento suspensor do ovário. Ligamentos útero-ováricos. Ligamento redondo. Fundo de saco de Douglas (escavação retouterina) – escavação de peritônio, da serosa da parede posterior uterina. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 A sustentação do útero na pelve é feita pelo: ➢ Diafragma da pelve. ➢ Pela bexiga. ➢ Ligamentos transversos do colo (cardinais). ➢ Ligamentos útero-sacros (retouterinos). A vascularização do útero provém principalmente das artérias uterinas (ramo da artéria ilíaca interna). As veias uterinas entram nos ligamentos largos com as artérias e formam um plexo venoso uterino de cada lado do colo. As veias do plexo uterino drenam para as veias ilíacas internas. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Fisiologia Reprodutiva Feminina Ciclo Menstrual GnRH Produzido pelo hipotálamo Polipeptídeo secretado de forma pulsátil. O GnRH é estimulado por norepinefrina e inibido por dopamina e prolactina. Cai na circulação porta-hipofisária, e estimula a hipófise anterior a produzir FSH e LH. FSH e LH Produzidos pela hipófise anterior (adenohipófise), quando estimuladas pelo GnRH. Gonadotrofinas que agem no ovário, o qual produzirá os estrogênios e progesterona; FSH – hormônio folículo estimulante. LH – hormônio luteinizante. Estrogênios Produzidos pelo ovários, quando estimulados pelas gonadotrofinas. Realiza a proliferação endometrial (mitose); Tipos: Estriol: placentário (ovário produz quantidade menor); Estradiol: ovariano; Estrona: periférico (produzida na gordura, no fígado e músculo). Obesa tem mais risco de ter câncer de endométrio – tem muito mais estrogênio às custas de estrona. Progesterona (Pró-gestação). Ação secretora de mucopolissacarídeos sobre o endométrio já proliferado. Prepara o local para receber o ovo fecundado. Feedback do Estradiol Negativo sobre o FSH Positivo sobre o LH Média é 28 dias. O primeiro dia do ciclo é o dia que ela fica menstruada; Primeira fase é a proliferativa; Segunda fase é a secretora, que inicia após a ovulação. Fase Proliferativa Começa com a menstruação (na maioria das vezes a fase menstrual está dentro da fase proliferativa, porém em alguns livros é considerado 3 fases: menstrual, proliferativa e secretora). O ciclo menstrual começa com o FSH em níveis altos. Ele estimula os folículos ovarianos (“recruta” um número, em torno de 8 à 10). Esses folículos recrutados vão crescendo e aumentando; À medida que os folículos crescem, eles passam a aumentar a produção de Estradiol, diminuindo o FSH (feedback negativo); O Estradiol está estimulando o endométrio à proliferar; No final da fase proliferativa, apenas 1 folículo (o dominante) é destinado a ovular e ele fica sozinho produzindo Estradiol. Em um determinado momento ele faz um platô de Estradiol, atingindo seu pico; Esse pico máximo ocorre para que, após ele, ocorra um pico de LH (feedback positivo) no final da fase proliferativa; O pico do LH é responsável por romper a superfície do folículo liberar o ovócito – ovulação – (através de enzimas proteolíticas); LH transforma o folículo em corpo lúteo/ amarelo e dá início à próxima fase; Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Fase Secretora O corpo lúteo continua produzindo Estradiol, porém ele também produz a progesterona; A progesterona pega o endométrio que foi previamente proliferado pelo estrogênio e faz com que o endométrio comece a produzir mucopolissacarídeos para receber o ovo fecundado; O corpo lúteo tem sobrevida de 14 dias (isso é fixo no ciclo menstrual, em TODAS as mulheres); O corpo lúteo sofre a luteólise, diminuindo a produção de estrogênio e progesterona, assim, o FSH passa a subir no final da fase secretora (feedback negativo entre estradiol e FSH): é por esse motivo que a mulher começa o ciclo com o FSH alto; O que varia no ciclo, individualmente, é o tempo de fase proliferativa, pois a secretora é fixa; Atenção: Por que o endométrio não prolifera na fase secretora? A progesterona age no receptor do estrogênio e bloqueia ele, mantendo o endométrio “parelho”; Dessa forma o LH não sobe também (lembrar do feedback positivo com o Estrogênio), pois a progesterona não deixa. O trofoblasto produz o betaHCG, o qual mantém o corpo lúteo vivo e mantém a produção de progesterona. Isso permanece até 8 semanas de gestação, depois essa função é realizada pela placenta. Inibe o FSH, agindo sinergicamente ao Estradiol; A Inibina que sobe na fase proliferativa é chamada Inibina B, bloqueando o FSH junto do Estradiol; Na fase secretora, há a Inibina A, atuando da mesma forma.A queda da inibina A no final do ciclo também auxilia a hipófise a saber que precisa aumentar o FSH. Saber: Primeiro sobe a B e depois a A Parâmetros: Frequência: 24 a 38 dias; Duração: 4,5 a 8 dias; Fluxo: 5 a 80mL. Observações O ciclo menstrual é dividido em: Fase folicular; Ovulação; Fase lútea; Menstruação. O ciclo endometrial é dividido em: Fase proliferativa; Fase secretora; Fase menstrual. O pico de LH no meio do ciclo é decorrente do pico de estradiol e causa várias alterações no folículo dominante: Retomada da meiose no oócito (maturação final do óvulo), ocasionando a produção de um gameta maduro. Luteinização das células granulosas para posterior formação do corpo lúteo. Ativação de enzimas proteolíticas que degradam a parede do folículo. Produção aumentada de prostaglandinas, histamina que causam hiperemia e edema local. Aumento da secreção de progesterona. Ovulação 36h após o pico de lh. Formação do Corpo Lúteo O folículo roto, pelo processo de luteinização, forma o corpo lúteo. A estimulação continuada pelo LH é necessária, para assegurar a integridade morfológica (células luteínicas sadias) e a funcionalidade (secreção de P4 e E2) do corpo lúteo. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Caso não haja gravidez, o corpo lúteo regride (luteólise), em que há apoptose e necrose das células lúteas. Após a degeneração do corpo lúteo, as células luteinizadas são substituídas por tecido fibroso, criando uma estrutura não-funcional, o corpo albicans. O corpo lúteo é uma estrutura endócrina transitória, formado a partir do folículo pós-ovulatório. Ele é a principal fonte de esteróides circulantes durante a fase lútea do ciclo e é essencial para a manutenção da gravidez durante o 1º trimestre. O processo de luteinização tem início antes da ovulação, logo após de adquirir concentração elevada de receptores de LH. Embora alguma progesterona seja secretada antes da ovulação, a produção máxima de progesterona ocorre após a ovulação, na fase lútea. Durante o ciclo menstrual, a função do corpo lúteo é mantida pelo LH. Se não houver gravidez, o corpo lúteo degenera cerca de 13 dias após a ovulação. Se houver gravidez, ele é salvo da degeneração, pelo hCG, que imita a ação do LH, e é produzido pelo trofoblasto embrionário, já na fase de implantação. O hCG se liga ao receptor para LH, fazendo com que o corpo lúteo continue a produzir P4 e E2, mantendo a gestação. Menstruação Na ausência de gravidez há redução dos níveis de progesterona e estradiol causados pela regressão do corpo lúteo. Há um profundo espasmo vascular das art. espiraladas, secundário a maior produção de prostaglandinas, levando a isquemia endometrial. O resultado é a eliminação da decídua funcional, um processo chamado de menstruação. O fluxo menstrual dura 4 a 5 dias e tem volume médio de 30 a 50 ml. Ele não coagula, devido a presença de fibrinolisina, mas as art. espirais se contraem, diminui o sangramento. Leucócitos e macrófagos invadem o estroma e começam a fagocitar o tecido isquêmico. Os leucócitos persistem em grande número, durante toda a menstruação, conferindo resistência contra infecções para a superfície endometrial descoberta. As prostaglandinas são produzidas durante todo o ciclo menstrual e têm sua maior concentração durante a menstruação. Ciclo Menstrual Normal A duração do ciclo menstrual é determinada pela velocidade e qualidade do desenvolvimento folicular. Varia entre uma mulher e outra, e pode variar entre os ciclos. O sangramento menstrual tem duração média de 3 a 7 dias. O intervalo entre os ciclos varia de 21 a 35 dias, com média de 28 dias. O ciclo menstrual dentro desses padrões é considerado normal, ou seja, eumenorréico. O trato reprodutor feminino passa por alterações cíclicas, em resposta às alterações dos níveis de esteróides ovarianos, com a finalidade de preparação para a fertilização e para a gravidez. As alterações mais notáveis ocorrem: ➢ Na função e histologia das trompas; ➢ Na função e na histologia do endométrio; ➢ No muco cervical; ➢ Citologia da vagina. As fibras musculares lisas do miométrio contraem-se com regularidade na fase estrogênica do ciclo e relaxam na fase lútea, por ação da progesterona, que bloqueia a contratilidade não só nessa fase, mas durante toda a gravidez. Os estrógenos mantêm a natureza ciliada do epitélio das trompas e tb aumentam a motilidade das mesmas. As células não ciliadas secretam material de alto poder nutritivo, rico em lactato, piruvato e bicarbonato, oferecendo um meio biológico que auxilia a última fase de ascensão dos espermatozóides e garantem o desenvolvimento inicial do ovo durante o seu percurso em direção à cavidade uterina. Por ocasião da ovulação, ocorre uma elevação pequena, porém detectável, da temperatura corporal basal causada pela progesterona. Durante a fase folicular, o estrogênio aumenta o volume, a alcalinidade e a elasticidade do muco cervical, ficando mais fino, aquoso (menor viscosidade) e elástico no período periovulatório. O revestimento da vagina, constituído por uma mucosa estratificada com 4 camadas, basal, parabasal, intermediária e superficial, é um sensível espelho da função ovariana, o que permite a ampla utilização de esfregaços vaginais corados com hematoxilina/eosina para a avaliação da produção hormonal ovariana e de suas variações durante o ciclo menstrual. A resposta a crescentes níveis de estímulo estrogênico é traduzida na progressão de células descamadas, com predomínio de células intermediárias e superficiais e quase completo desaparecimento das células profundas. Ações dos Esteroides Ovarianos É evidente que todo o aparelho genital exibirá resposta adequada aos esteróides circulantes. Na primeira fase do ciclo menstrual, sob influência estrogênica, haverá proliferação do epitélio vaginal com predomínio de células superficiais no esfregaço. Haverá muco cervical mais fluido, claro, filante e abundante nessa fase, principalmente próximo a ovulação (nível estrogênico mais elevado), podendo ser notado clinicamente e pela avaliação microscópica, através da cristalização simulando folhas de samambaia. Na segunda fase do ciclo (influência determinante da progesterona), haverá predomínio de células intermediárias (naviculares) no esfregaço vaginal. O muco cervical, diminuído, tornar-se-á opaco, amorfo e sem cristalização ao exame microscópico. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Fisiologia Reprodutiva Feminina Desenvolvimento Folicular e Esteroidogênese Ovariana Ao cessar o processo de mitose, as oogônias passam a ser chamadas de oócitos. Nessa ocasião, entram em meiose (para preparar a produção de óvulo haploide), param na prófase da 1ª divisão meiótica e ficam paradas nessa fase, até morrer ou evoluir para oócitos maduros, por ocasião da ovulação. Ainda intraútero, os oócitos recebem uma camada de células (da granulosa) em volta, formando a primeira unidade folicular: folículo primordial; Ao nascer, possui cerca de 1 milhão, chegando com 500 mil na puberdade devido atrésia (apoptose); ▪ A atresia folicular caracteriza-se pela destruição do oócito e das células da granulosa. ▪ A atresia é um processo contínuo, podendo ocorrer em qualquer estágio do desenvolvimento folicular. ▪ Durante a vida da mulher, cerca de 500 folículos vão ovular, esses são os únicos folículos que escapam da atresia. Na puberdade, as células da granulosa ficam melhores e acrescentam mais uma camada, a teca (proveniente doestroma ovariano). Esse é o folículo primário; De primordial para primário: sem influência hormonal (independe da ação das gonadotrofinas). Quando os folículos primários (pré-antral) são recrutados, começam a se desenvolver, e por ação do FSH, se tornam folículos secundários (antral) sendo um deles o dominante; Antro = cavidade totalmente enchida por líquido (normalmente estradiol + prostaglandinas). Resumindo: Folículo primordial: oócito (gameta) + granulosa Folículo 1ário (pré-antral): oócito + granulosa + teca Folículo 2ário (antral): oócito + granulosa + teca + antro Folículo pré-ovulatório (folículo de Graaf). Como é escolhido o folículo dominante? Aquele que está mais próximo dos vasos sanguíneos, visto que ele receberá antes dos demais o LH e FSH. O Estradiol faz Up Regulation (aumenta o número de receptores de FSH na membrana da célula da granulosa) com os receptores de FSH na Granulosa, cada vez produzindo mais Estradiol. E faz o mesmo na Teca, com os receptores de LH. É assim que ele se torna dominante. Dois fatores principais contribuem para a atresia nos folículos não selecionados: ▪ Supressão do FSH plasmático em resposta a secreção aumentada de estradiol e inibina B pelo folículo dominante. A redução do suporte do FSH diminui a atividade da aromatase e a produção de estradiol, com acúmulo de androgênios, interrompendo a proliferação das células granulosas nesses folículos não-dominates. ▪ O folículo dominante é protegido da diminuição dos níveis circulantes de FSH, por ter suprimento sanguíneo sadio, FSH acumulado no líquido folicular e maior quantidade de receptores para FSH em suas células granulosas. LH age nas células da teca, transformando o colesterol em androgênios: androstenediona e testosterona (a base para os hormônios masculinos é o colesterol); Os androgênios passam para a camada da granulosa; Na granulosa, há receptores para o FSH, onde produz a enzima Aromatase. Essa enzima converte os androgênios em Estradiol (para produzir hormônio feminino precisa antes produzir hormônio masculino); Essa rota metabólica é unidirecional. Após ser estrogênio não pode voltar a ser androgênio. Um pouco dos androgênios acaba indo para o sangue da paciente, assim, a aromatase presente na periferia, produz Estrona. Granulosa produz a inibina B, que vai diminuir a ação do FSH (a inibina A será produzida pelo corpo lúteo). Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Fisiologia Reprodutiva Feminina Puberdade e Menarca A puberdade é o período de transição entre a infância e o período reprodutivo (menacme), durante o qual ocorre o amadurecimento dos caracteres sexuais primários (genitais e gônadas), o surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais secundários (mamas, pêlos pubianos e axilares e depósito de gordura na pelve) e um surpreendente estirão de crescimento. Fisiologicamente, a puberdade pode ser definida não como um evento isolado e sim como uma fase no continuum do desenvolvimento do eixo H-H-O, que tem sua função iniciada durante a vida fetal, entra em quiescência durante a infância e sofre uma ativação com o início da puberdade. Observa-se uma tendência para o desenvolvimento puberal mais precoce em várias sociedades. Vários fatores estão envolvidos na cronologia da puberdade: ➢ Genético ➢ Nutricional ➢ Estado de saúde ➢ Localização geográfica ➢ Exposição à luz ➢ Fatores psicológicos Na 10ª semana de gestão o hipotálamo do feto começa a liberar GnRH que vai ativar os ovários fetais a produzirem gonadotrofinas (FSH e LH). Na 30ª semana de gestão as gonadotrofinas atingem níveis de adulto. Como chega no feto, altas concentrações de progesterona da placenta da mãe, faz um feedback negativo havendo o bloqueio do eixo hipotálamo- hipófise-ovário do feto. Ao nascimento, como o feedback negativo se interrompe, o hipotálamo do RN passa a estimular gonadotrofinas, os quais estimulam o ovário a produzir estradiol, o que pode levar a elevação do volume mamário e secreções (sangramento) mamária e vaginal. Por volta do 6º mês de vida o feedback negativo torna-se operativo e o eixo hipotálamo-hipófise- ovário ficará bloqueado até, mais ou menos, os 8 anos. Durante esse período, o sistema H-H, mostra-se altamente sensível ao feedback negativo do estradiol, fazendo com que quantidades baixas do mesmo sejam suficientes para bloquear as gonadotrofinas. Durante toda a infância o hipotálamo se mantém bloqueado por ação inibitória do SNC e dos hormônios ovarianos e da suprarrenal. Na fase pré-púbere (em torno dos 8 anos) o hipotálamo começa a desbloquear lentamente, liberar pulsos de GnRH, principalmente durante o sono. Isso faz com que a hipófise passe a secretar pequenas quantidades de gonadotrofinas, estimulando o ovário a produzir pequenas quantidades de estrogênio. A vagina que mede cerca de 4cm após o nascimento passa a medir 7 a 8 cm. O útero que media 2,5cm passa a medir 5cm. A relação corpo/cérvice uterino que era de 1:1 atinge níveis de 3:1 após a menarca. Durante a fase final da idade pré-púbere e início da puberdade ocorre aumento gradual dos picos de FSH e LH durante o sono, e com o avançar da puberdade, essa atividade noturna das gonadotrofinas é trocada pela maior produção diurna. O estabelecimento da puberdade está associado ao aumento da amplitude e frequência dos pulsos de LH. O aumento do LH estimula as células da teca interna a produzirem androgênios enquanto o aumento do FSH estimula a conversão dos androgênios em estrogênios. Até então, o estradiol exerce apenas feedback negativo – sobre o LH. Quando a produção de estradiol for acima de 200pg/ml, por mais de 50 h, o feedback – mudará para +, fazendo com que seja liberado o pico ovulatório de LH. O sistema de feedback do estrogênio em relação ao LH torna-se, portanto, bifásico: é negativo em concentrações baixas e torna-se positivo em altas concentrações. Ao se tornar bifásico o sistema de feedback do estrogênio em relação ao LH, iniciam-se os ciclos ovulatórios, sinalizando o fim da puberdade. O SNC inibe o início da puberdade até o momento apropriado. Na puberdade, o gerador de pulso de GNRH é desinibido, levando ao aumento da amplitude e da frequência dos pulsos de GnRH. Ocorre a consequente estimulação da hipófise que vai liberar as gonadotrofinas que vão liberar os esteroides ovarianos, gerando o desenvolvimento de mamas, ação estrogênica no útero causando a leucorréia (corrimento) e aumentando o GH fazendo o estirão púbere. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 A duração média do período de desenvolvimento puberal é de 4,5 anos. A aceleração do crescimento estatural é a 1ª indicação do início desse período, porém o aparecimento do botão mamário é o 1º sinal reconhecido da puberdade. º Telarca (Desenvolvimento das Mamas) ➢ Primeira manifestação física da puberdade. ➢ Inicia por volta dos 10 anos, com o aparecimento do broto mamário. ➢ É dependente dos hormônios sexuais (estrogênio). º Pubarca (Crescimento dos pelos pubianos) ➢ Ocorre por volta dos 10 – 11 anos; ➢ Depende diretamente dos hormônios da suprarrenal (DHEA, S-DHEA). º Axilarca (Aparecimento dos pelos axilares) ➢ Ocorre por volta dos 12 anos; ➢ Depende dos hormônios suprarrenal e ovarianos. º Estirão púbere (Aceleração do crescimento estatural) ➢ Inicia-se por volta dos 11,5 anos; ▪ Desde os 4 anos: 5-7 cm/a ▪ No estirão (antes da menarca): 7-9 cm/a até 12cm/a A velocidade máxima de crescimento é alcançada pouco antes damenarca, e consequentemente tem potencial limitado de crescimento após a primeira menstruação, em razão do fechamento completo das epífises ósseas – por isso que quando as meninas apresentam o início do desenvolvimento puberal antes dos 8 anos, puberdade precoce, é usado medicações para bloquear o eixo hipotálamo- hipófise-ovário para não ocorrer a menarca. Após a menarca a média de crescimento é de 6 cm, e vai decaindo progressivamente até os 17-18 anos, quando ocorre a fusão das epífises. Depende do estrogênio, GH e fator de crescimento insulina-símile 1 (IGF-1). O estrogênio atua no processo de crescimento por meio de 2 efeitos: ➢ Aumento secreção de GH –> IGF-1 –> efeito direto na cartilagem e no osso –> promovendo crescimento. ➢ Maturação dos condrócitos e osteoblastos –> fusão das epífises ósseas –> parada do crescimento linear. O efeito do estrogênio sobre o GH e IGF-1 é dose dependente: ➢ Baixas doses de estrogênio –> estimulam GH e IGF-1; ➢ Altas doses de estrogênio –> inibem GH e IGF- 1. A idade óssea de qualquer pessoa pode ser estimada pela comparação de raios X que documentam o desenvolvimento de ossos na mão não-dominante. Durante a puberdade, a idade óssea está mais intimamente relacionada ao estádio puberal que à idade cronológica. º Menarca (primeira menstruação) ➢ Ocorre entre os 9 e 16 anos; ➢ A época em que ocorrerá a menarca depende de vários fatores: ▪ Alimentação; ▪ Fatores genéticos; ▪ Raça; ▪ Condições socioeconômicas; ▪ Doenças (anemia, DM, desnutrição). Observa-se a ocorrência de menarca mais precoce em meninas com obesidade leve a moderada, enquanto condições que cursam com baixo peso corpóreo podem retardar a puberdade – pois as meninas com maior massa corporal possuem mais tecido adiposo, de modo a ter mais conversão de androgênios em estrona. Androgênios se convertem em estrogênios nas células gordurosas através da aromatização. A idade média da menarca em brasileiras foi de 12 anos e 3 meses, porém para as meninas com sobrepeso essa média foi de 11 anos e 5 meses. A menarca ocorre geralmente quando a mama atingiu o estádio 4, ou 2 anos após o desenvolvimento mamário. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Alguns autores relacionam a menarca com o peso corpóreo, ou seja, quando atinge 46 - 47 kg. A menarca vem ocorrendo em idade mais precoce do que a idade da menarca nos séculos XIX e XX. As menstruações que se seguem à menarca são geralmente anovulatórias, irregulares e ocasionalmente abundantes. O sangramento menstrual na adolescência frequentemente decorre da estimulação estrogênica prolongada sem oposição da progesterona. E depende da duração e da intensidade do estímulo estrogênico do endométrio. O fluxo pode ser escasso, normal ou intenso e o ciclo menstrual pode ser curto, normal ou longo. A irregularidade menstrual diminui com o passar dos anos. Dois terços das meninas estabelecem ciclos menstruais regulares e ovulatórios dentro de 2 anos após a menarca. Na adolescência, a anovulação normalmente é fisiológica e autolimitada, devendo-se à imaturidade do eixo HHO. Recomenda-se a conduta expectante a pacientes com irregularidade menstrual sem outros sinais ou sintomas clínicos associados e com idade ginecológica inferior a 2 anos. É a passagem da infância para a maturidade. Engloba a puberdade. Transformações físicas e psicológicas (afirmação da personalidade, desenvolvimento intelectual e afetivo). Despertar da sexualidade – sexo e reprodução. Identificação com os outros. Valorização do grupo. Imediatismo, inconsequência e pensamento mágico. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Fisiologia Reprodutiva Feminina Climatério Climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. Inicia-se em torno dos 40 anos e estende-se até os 65 anos de idade. A menopausa é um evento dessa fase, correspondendo a última menstruação, somente diagnosticada após passados 12 meses da sua ocorrência. A perimenopausa se estende desde o início das modificações endocrinológicas, biológicas e clínicas anteriores à menopausa, até o diagnóstico desta, podendo preceder a última menstruação em 2 a 8 anos. A idade média de ocorrência da menopausa é de 50 anos. Menopausa precoce: antes dos 40 anos Menopausa tardia: após os 55 anos ▪ Menacme – período reprodutivo. ▪ Senilidade – após a última menstruação. O último período menstrual (menopausa) na vida reprodutiva da mulher pode ser determinado apenas retrospectivamente. Após um período de amenorreias, a possibilidade que a menopausa tenha ocorrido depende da idade da mulher e da duração da amenorreia. Assim a probabilidade de que uma mulher esteja menopausada após 6 meses sem menstruar é de 46% se estiver entre 45-49 anos de idade, de 65% entre 50-52 anos e de 72% se mais de 52 anos de idade. Amenorreia – 3 meses. Atraso menstrual – menos de 3 meses. A idade em que ocorre a menopausa natural se mantém em torno dos 50 anos. No Brasil, a média de idade da menopausa é de 48 anos. O que determina a idade em que ocorre a menopausa permanece incerto. Os fatores genéticos (programação genética para cada mulher) parecem ter maior importância. Dentre os fatores ambientais, o tabagismo e a desnutrição podem antecipar a menopausa, e a multiparidade está associada a menopausa mais tardia. A expectativa de vida tem aumentado significativamente em todo o mundo. Atualmente, nos países desenvolvidos, a expectativa média de vida é de 80 anos, e no RS as mulheres alcançam, em média, os 76 anos. As diversas etapas da vida da mulher são regidas pela função ovariana. Portanto, a “reserva folicular” do ovário, é o elemento nobre que comandará a sua função, até seu completo esgotamento, o que resultará na menopausa. À época do climatério, os folículos não são mais suficientes para a manutenção da função ovulatória. Aparecem os ciclos anovulatórios, as hemorragias disfuncionais e as amenorreias. A amenorreia que se segue à menopausa é definitiva, visto que não mais existem folículos para o adequado estímulo endometrial. O pool folicular atinge o máximo por volta da 20ª semana de vida intrauterina, com 6-7 milhões de folículos, e a partir daí, ocorrerá intensa e dramática redução no número das células germinativas: ➢ 1 milhão – ao nascimento ➢ 300.000 – na puberdade Verifica-se uma redução numérica dos folículos primordiais de uma maneira mais ou menos constante, do nascimento até os 37 anos de idade. Nos anos subsequentes, ocorrerá uma aceleração da depleção folicular, até que se atinja o total esgotamento dessa reserva folicular, o que ocorre na época da menopausa. O processo de esgotamento ovariano inicia-se na vida intrauterina e segue até a menopausa. O ovário pode ser didaticamente dividido em 3 compartimentos, cada um com características esterodoigênicas próprias: Folículos – estradiol/ inibina B Corpo lúteo – progesterona/ estradiol Estroma ovariano – androstediona e testosterona Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 As elevações dos níveis de FSH antecedem as manifestações clínicas do climatério. Aumento do FSH faz o desenvolvimento acelerado dos folículos –> encurtamento da primeira fase do ciclo menstrual e em ciclos mais curtos –> 1ª evidencia clínica do climatério incipiente – CICLOS MAIS CURTOS. A contínua diminuição numérica dos folículoslevará à diminuição dos níveis de estrogênio e, quando estes não forem mais suficientes para desencadear a liberação do pico pré-ovulatório de LH, surgirão os ciclos anovulatórios e as irregularidades menstruais. Cessadas as ovulações, o LH começa a se elevar, porém sem atingir jamais os níveis do FSH. O fato de o ovário ter esgotado a sua população folicular e a mulher ter entrado na menopausa, não significa que não exista mais função ovariana. A menopausa sinaliza apenas o fim da função reprodutiva, porém o ovário não é um órgão falido, ou seja, continua produzindo androgênios, ainda que em níveis reduzidos. Alguns anos antes da instalação da menopausa já ocorrem reflexos da falência gonadal, que se manifesta principalmente por queda não-acentuada dos níveis de estrogênios, inibina B e progesterona e consequente elevação do FSH. À medida que se aproxima a menopausa, os níveis de estradiol e progesterona sofrem diminuição mais marcante, mesmo que ainda possa haver ciclos ovulatórios. Após a instalação da menopausa, os níveis de estradiol permanecem muito baixos, mas nos primeiros anos pode haver algumas elevações transitórias esporádicas, reflexos de atividade de folículos residuais (flutuações hormonais). Assim como o estradiol, os níveis de estrona também diminuem com a menopausa. A proporção de estrona em relação ao estradiol aumenta, ao contrário da mulher na fase reprodutiva. A origem da estrona passa a ser principalmente a aromatização periférica da androstenediona. A produção ovariana de androgênios diminui após a menopausa, apesar da secreção ovariana de testosterona ser mantida em níveis próximos ao da fase reprodutiva (pelo estroma ovariano), mas a secreção ovariana de androstenediona cai, o que acaba refletindo em diminuição da testosterona e androstenediona circulantes. Os níveis circulantes de androgênios também diminuem, porém há maior produção de testosterona a partir da androstenediona periférica. Os estrogênios circulantes na mulher menopáusica, provêm, em sua maior parte, da conversão da androstenediona em estrona nos tecidos gordurosos, hepático e muscular. Pós-menopausa – não tem produção de estrogênio pelos ovários, apenas perifericamente na forma de estrona. Receptores estrogênicos existem em diferentes concentrações em vários locais do organismo, como pele, vasos, coração, ossos, cérebro, mama, útero, vagina, bexiga e uretra. O resultado final das alterações morfofuncionais da perimenopausa é o hipoestrogenismo, que é, em última análise, o responsável pela maioria dos sinais/sintomas clínicos que advirão neste momento. Manifestações do Hipoestrogenismo: ➢ A vulva perde a maior parte do seu colágeno e tecido adiposo, tornando-se plana e fina, com raras glândulas sebáceas. ➢ Há perda progressiva dos pelos pubianos e a pele torna-se mais fina. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 ➢ A ausência do estrogênio, que estimulava a maturação do epitélio vaginal desde as camadas basais até a superfície, impede essa diferenciação: passa haver pouca ou nenhuma produção das células superficiais (ricas em glicogênio), produzindo um pH vaginal entre 6 e 8 –> vaginite atrófica. Nessa fase, haverá predomínio de células parabasais. ➢ A vagina encurta-se e estreita-se com perda das rugosidades e suas secreções dispareunia. ➢ A parede vaginal fica menos elástica, mais fina e de coloração pálida. A superfície vaginal pode se tornar friável, com petéquias. ➢ O útero e os ovários diminuem de tamanho após a menopausa. ➢ O epitélio do trato urinário inferior, incluindo a uretra e o trígono vesical, sofre atrofia semelhante a da vagina na pós-menopausa. ➢ A atrofia da bexiga e da uretra pode causar infecções urinárias de repetição e incontinência urinária. ➢ O assoalho pélvico sofre com a carência estrogênica, podendo ser agravadas as distopias. ➢ A pele se afina, tanto na derme como na epiderme. Há perda do colágeno, com o aparecimento de rugas e maior envelhecimento da pele. ➢ O cabelo afina, predispondo à calvície. ➢ As mamas têm seu tecido de sustentação (mamário) substituído por tecido adiposo. A perda dos estrogênios pode causar mudanças fisiológicas marcantes, incluindo ➢ Fogachos; ➢ Insônia; ➢ Irritabilidade; ➢ Labilidade emocional; ➢ Disfunções sexuais; ➢ Fadiga; ➢ Atrofia urogenital. O hipoestrogenismo produz um período de reabsorção óssea aumentada, e a perda óssea é acelerada nos primeiros 5 anos pós-menopausa, aumentando, consideravelmente, o risco de osteoporose. A deficiência de estrógenos após a menopausa aumenta o risco de doença arterial coronariana. Essa alteração é parcialmente explicada pela perda do efeito benéfico do estrogênio no padrão sérico de lipídios, e perda do efeito vasodilatador do estradiol no endotélio da circulação coronariana – até a menopausa a mulher tem uma “proteção” cardiovascular, assim, se igualando ao risco de ataque cardíaco do homem. Os ossos do esqueleto são constituídos por uma camada externa, densa, denominada de cortical, que envolve uma estrutura interna trabeculada, com maior área, denominada osso trabecular ou esponjoso. O osso cortical é responsável por 80% da massa óssea total. O osso trabecular forma os 20% restantes do esqueleto e compreende a substância dos corpos vertebrais e grande parte do colo do fêmur, os dois locais mais importantes de fraturas. Durante a vida, o osso está em contínua renovação, com o osso velho sendo removido e depositado osso novo –> remodelação óssea (reabsorção + formação ósseas). Durante a reabsorção, os osteoclastos tornam-se ativos, criando pequenas cavidades (lacunas de Howship) sobre a superfície óssea. Essa fase é seguida pela formação óssea, onde os osteoblastos preenchem essas lacunas, depositando osso novo. Posteriormente, ocorre a mineralização e a superfície óssea se recompõe. Uma série de fatores afeta a remodelação óssea incluindo hormônios, cálcio e atividade física. Ginecologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Quando o osso removido pela reabsorção é completamente reposto, a resistência óssea é mantida. Na osteoporose, muito osso é removido e pouco é formado, levando à perda óssea e menor resistência. A principal influência do estrogênio sobre a remodelação óssea ocorre mediante o controle da síntese de interleucinas (IL-1 e IL-6) pelos osteoblastos e osteoclastos, de forma autócrina ou parácrina. A deficiência estrogênica induz a liberação dessas interleucinas, estimulando a atividade dos osteoclastos. Massa óssea: ➢ Início da formação: adolescência; ➢ Pico: em torno dos 30 anos; ➢ Perda: início aos 35 anos A perda de massa óssea é lenta, mas progressiva (0,2 a 0,5% ao ano), mas após a menopausa ela está acelerada (2 a 5% ao ano). Aumento excessivo da ação dos osteoclastos, pela falta de estrogênios. A deficiência estrogênica aumenta a atividade dos osteoclastos, aumentando a reabsorção óssea, com consequente aceleração de perda óssea. O estrogênio inibe a ação dos osteoclastos, diminuindo a reabsorção óssea. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Anatomia e Fisiologia do S. Urinário Ureter, Bexiga e Uretra Composto por cálices menores que se encontram e formam cálices maiores que, também, encontram- se formando a pelve renal que desce e passa a ser chamado de ureter. Estrutura tubular localizada no retroperitônio composta por mucosa, musculo liso(2 camadas: interna longitudinal e externa circular) e adventícia. Função de transportar a urina dos rins para a bexiga. A urina expelida pela bexiga tem a mesma composição do líquido que sai dos rins. O preenchimento dos cálices renais pela urina estimula o peristaltismo da pelve renal e do ureter (musculo liso ativado pelo sistema simpático. Relações anatômicas: ➢ Hilo renal – pelve renal e ureter encontram-se posteriores aos vasos. ➢ Junção ureteropélvica – região de transição da pelve para ureter (JUP). ➢ Cruzamento dos vasos gonadais (por cima do ureter). ➢ Cruzamento dos vasos ilíacos (por baixo do ureter). ➢ Junção ureterovesical – junção do ureter com a bexiga. 3 locais de menor diâmetro do ureter – locais onde os cálculos normalmente empacam: ➢ Junção ureteropélvica (JUP). ➢ Cruzamento dos vasos ilíacos. ➢ Junção ureterovesical (JUV). Irrigação Não tem uma irrigação específica. Artéria e veia renal. Aorta e veia cava inferior. Artéria e veia gonadal. Ilíaca comum e interna. Inervação Não tem nervo específico. são supridos por fibras nervosas dolorosas (Reflexo ureterorrenal). Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Padrões de dor referida Dor lombar Dor abdominal Dor pélvica Dor escrotal Modo de atravessar a parede da bexiga: o ureter tem trajeto oblíquo durante sua passagem pelo musculo detrusor da bexiga (antirefluxo) – quando a bexiga está cheia, a distensão dela vai ocluir essa passagem do ureter, funcionando como uma válvula. Estrutura extraperitoneal localizada na pelve e composta por mucosa, musculatura detrusora (3 camadas: interna longitudinal, média circular e externa longitudinal) e adventícia. Função de armazenar (300-500ml) e eliminar urina. A urina expelida pela bexiga tema mesma composição do líquido que sai dos rins. Relações anatômicas “unissex”: Espaço retropúbico/ de Retzius (posterior ao púbis e anterior à bexiga) – preenchido por gordura. Fibras que fixam a bexiga. Relações anatômicas masculina: Posterior à bexiga está o reto. Próstata inferiormente à bexiga. Esfíncter uretral externo está abaixo da próstata. Relações anatômicas feminina: Útero encontra-se entre a bexiga e o reto. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Trígono vesical – meatos dos ureteres + entrada da uretra – superfície diferente do resto da parede da bexiga. Região inferior da bexiga tem quantidade maior de músculo liso (circular), de difícil controle – esfíncter uretral interno. Abaixo da próstata, região rica em músculo estriado, controle mais fácil – esfíncter uretral externo. A diferença na mulher: Não tem próstata – sendo mais fácil a incontinência urinária da mulher, pois não terá essa resistência. A abertura da uretra está muito próxima a abertura externa, sendo fácil que uma bactéria ascenda e cause infecção. Há questionamento de se não é apenas 1 único esfíncter na mulher. Fases de micção: Enchimento/ armazenamento – inibição detrusora (relaxamento do músculo) + contração esfincteriana. Esvaziamento – contração detrusora + relaxamento esfincteriana. Trígono vesical: Barra de Mercier ou Crista Interureteral. Extensão da musculatura dos ureteres formando triângulo até o esfíncter interno. Vascularização: Artéria e veia vesical superior. Artéria e veia vesical inferior. Ambos são ramos dos vasos ilíacos internos. Estrutura tubular. 18 a 20cm no homem. 3 a 5cm na mulher. Função de transportar urina da bexiga para o meio externo – eliminação de urina. Fornece saída para o sêmen e secreções lubrificantes no homem. Uretra masculina Dividida em: ➢ Uretra prostática – passa pela próstata. ➢ Uretra membranosa – envolvida pelo esfíncter uretral externo. ➢ Uretra esponjosa (uretra bulbar + uretra peniana). Uretra Prostática Parte mais larga e dilatável. Crista uretral (verumontano) – elevação – contém utrículo. Seio prostático (dúctulos prostáticos) – laterais da crista. Utrículo (ductos ejaculatórios). É nela que se unem a urina e líquidos da vesícula seminal e da próstata. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Uretra Membranosa Parte mais estrita e menos dilatável. Glândulas de Cowper – produzem líquido lubrificante; se abrem na membranosa e bulbar; ativadas por sinais parassimpáticos. Através do esfíncter externo / membrana do períneo. Uretra Esponjosa Uretra bulbar: local de maior lesão iatrogênica; formato em “L”. Uretra peniana: mais comprida; fossa navicular (região mais alargada na extremidade); meato uretral (abertura para o meio externo). Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Anatomia e Fisiologia Reprodutiva Masculina Próstata e Vesículas Seminais Glândula acessória produz líquido prostático. Líquido prostático 20% do volume do sêmen. Função de alcalinizar o esperma e ativar espermatozoides. Local do câncer mais comum do homem. PSA – antígeno prostático específico; marcador de exame de sangue/ sorológico relacionado a algumas doenças prostáticas; deve ser eliminado no esperma; função de liquefazer o esperma (pois começa um processo de coagulação, logo que o esperma é eliminado, para a ajudar na fixação do esperma no colo do útero, mas depois precisa ficar mais líquido para facilitar o deslocamento dos espermatozoides). Órgão pélvico extraperitoneal (por fora do peritônio). Inferiormente à bexiga; uretra atravessa o seu interior. Inferiormente à bexiga, vesículas seminais e ampola do ducto deferente. Composta de tecido glandular (2/3) e fibromuscular (1/3). Estruturas fibromusculares são responsáveis pela sustentação e organização do tecido muscular e pela contração da próstata (faz com que as glândulas eliminem suas secreções, liquido prostático). Dividida em áreas (é um triângulo invertido): ➢ Base (colo vesical = abertura da bexiga). ➢ Ápice (uretra). Face anterior da próstata –> espaço retropúbico. Face posterior da próstata –> reto. Face lateral da próstata –> músculo levantador do ânus e feixes dos nervos cavernosos (para a ereção). Divisão em zonas Zona central e de transição – ricas em glândulas e muito suscetíveis à hiperplasia benigna de próstata. Zona periférica – mais comum de se encontrar o câncer de próstata. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Divisão em lobos Lobo anterior. Lobos laterais (direito e esquerdo). Lobo posterior. Lobo mediano – lobo patológico, só se encontra em situações de hiperplasia. Projeção do lobo posterior em direção a luz da bexiga. Vascularização Artéria e veia prostática são ramos as artéria e veia vesical inferior, as quais são ramos da ilíaca interna. Trajeto longo externamente (bolsa escrotal) e internamente. Continuação do epidídimo (começa no final do epidídimo) Trajeto em direção abdominal. Sai da bolsa escrotal através do funículo espermático. Passa pelo canal inguinal (e atravessa a musculatura). Passa lateralmente em direção posterior à bexiga (passa bem próximo ao ureter). Cruza vasos ilíacos e ureter. Vira a Ampola do ducto deferente (dilatação na porção final). Condução dos espermatozoides – movimentos peristálticos e cílios.Movimentos peristálticos e maturação. Armazenamento e propulsão dos espermatozoides na ampola, a qual é rica em musculatura cilíndrica. Quando ocorre o orgasmo ocorre uma descarga simpática, que faz a contração da ampola do ducto deferente, liberando os espermatozoides na uretra Encontramos as vesículas seminais ao lado da ampola, porém não têm comunicação. Vasectomia – ligadura do ducto deferente. Aborda Saculações produtoras de frutose, prostaglandinas e outras substâncias nutritivas. Não armazenam espermatozoides. Vesícula seminal principal glândula produtora do líquido espermático/ esperma. Diversos nutrientes produzidos na vesícula seminal são lançados junto com o líquido da ampola e líquido prostático (unindo essas 3 secreções forma-se o esperma). Frutose é o principal nutriente produzido na vesícula seminal, importante para a energia dos espermatozoides. Conduto (“ponte”) unindo a ampola do deferente com a vesícula seminal. Drenagem pelo utrículo (verumontanum). Lançam as secreções na uretra prostática. Necessário predomínio do sistema nervoso parassimpático, o qual atua estimulando a produção das secreções e acelera os movimentos peristálticos do ducto deferente, mas não faz contração na ampola e na vesícula seminal. Orgasmo masculino –> Mecanismo/ descarga simpático(a), de forma que ocorra contração sincrônica da ampola do ducto deferente, da vesícula seminal e da próstata. Há, também, contração do esfíncter uretral interno ou do colo vesical, para não permitir que a secreção suba em direção à bexiga. Contração do músculo bulboesponjoso (que “abraça” a uretra bulbar) para dar mais força de eliminação. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Anatomia e Fisiologia Reprod. Masculina Pênis e Testículo Genital masculino copulatório. Fornece saída para urina, sêmen e secreções lubrificantes. Dividido em: glande, corpo e raiz. Glande Parte distal. Coroa – base mais alargada, de diâmetro maior. Colo. Frênulo. Meato uretral externo. Corpo Parte pendular. Composto pelos corpos cavernosos, esponjoso e uretra. Corpos cavernosos – são as hastes do pênis, situam-se lateral e posteriormente, principais responsáveis pelo mecanismo de ereção, compostos por sinusóides (células adaptadas para se encher de sangue), fixados na região do ísquio, metade distal forma o corpo do pênis. Possuem artéria profunda/ cavernosa, a qual determina a ereção. Corpo esponjoso – tecido que reveste a uretra, começa na região do bulbo, se impregna com sangue, na parte distal sofre modificação formando a glande. Raiz Porção fixa. Ramos/ Crura – porção dos corpos cavernosos que estão fixados no ísquio. Bulbo – região em que se encontra a uretra bulbar. Abundância de corpo esponjoso nessa região, pois essa região está mais propensa a impactos. Região onde há mudança de curvatura da uretra, ou seja, mudança no sentido da urina. Músculo Isquiocavernoso (ereção) – cobertura muscular dos ramos/ crura. Função de aumentar a ereção, aumento do tônus desse musculo para manter a ereção. Músculo bulboesponjoso (ejaculação) – cobertura muscular do bulbo. Contraído no momento do orgasmo para ajudar a empurrar o sêmen para o meio externo. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Pele do pênis Parte superficial Prepúcio – quando a pele, que vem do corpo do pênis, chega abaixo da glande (colo da glande) ela se desprende/ se afasta do corpo e dobra nela mesma, ou seja, a pele nessa área é retrátil. Frênulo – região ventral; comunica o prepúcio com a região ventral da glande. Pode apresentar patologias. Camadas Túnica Albugínea (a mais profunda) – camada elástica, que fica com aspecto endurecido quando chega no seu limite de elasticidade. Reveste os corpos cavernosos e um pouco do corpo esponjoso (ventral). Responsável pela consistência e limite de crescimento do pênis. Pode ser fraturada (ela rasga). Fáscia de Buck (profunda) e Fáscia de Dartos (superficial, logo abaixo da pele) – difíceis de separar, pois estão muito próximas e são delgadas. Camada de tecido muscular que está entre a túnica albugínea e a pele. Ligamento Suspensor/ Fundiforme Conjunto de fibras, que tem origem na sínfise púbica (face anterior). Circundam e abraçam o corpo do pênis (na região de transição de raiz para corpo). Permite que a ereção ocorra de forma estável – estabilidade. Secção do ligamento para fazer a cirurgia de aumento de pênis, porém pode causar problemas futuros ao paciente. Vascularização Arterial Superficial (pele): artérias superficiais (ramos da artéria pudenda externa). Profunda: artérias dorsais, profundas e bulbar (todas são ramos da artéria pudenda interna). Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Venosa Superficial (pele): veia dorsal superficial (tributária da veia pudenda externa). Profunda: veia dorsal profunda do pênis (tributária do plexo nervoso da próstata/ de Santorini). Inervação Superficial (pele) – ramos do nervo ilioinguinal. Profunda – nervo dorsal do pênis (ramo do nervo pudendo). Ereção – nervos cavernosos (ramos parassimpáticos do plexo prostático) – controlar a dilatação/ contração da artéria profunda/ cavernosa do pênis, assim, controlando o fluxo e ereção do pênis. Ondas de estresse ativam o sistema simpático, de modo que anule a ação do parassimpático, ou seja, anule a ação dos nervos cavernosos, impedindo a ereção. Ereção Relaxamento do músculo liso dos sinusóides e entrada de sangue. A contração do músculo liso dos sinusóides impede a entrada de sangue, portanto para que seja possível o aumento do fluxo sanguíneo é necessário que os sinusóides relaxem (descarga parassimpática). Nervos cavernosos (ramos parassimpáticos do plexo prostático). Sinusóides – transição do sangue arterial para o venoso. Saco fibromuscular com função de armazenar os testículos e o cordão espermático. A bolsa escrotal é a fusão embriológica das eminências lábio-escrotais (rafe mediana, do prepúcio ao ânus). Divisão interna pelo septo do escroto. Ambiente com temperatura corporal inferior – capacidade de afastar e aproximar o testículo do corpo de acordo com a temperatura. Abaixo da pele existem várias camadas até chegar ao testículo. Pele Fáscia Superficial (composta pelo músculo Dartos) Fáscia Espermática externa (oriunda do músculo oblíquo externo) Músculo Cremaster (oriundo do músculo oblíquo interno) – abraça o testículo, responsável pela contração que traz o testículo junto ao corpo. Fáscia Espermática interna (vem do músculo transverso) Túnica vaginal – composta pelo mesmo tecido do peritônio – produz líquido. Essas camadas têm origem de músculos abdominais devido a origem embriológica. Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Produzidos no retroperitônio durante a fase fetal. Testosterona estimula a descida dos testículos em direção a bolsa escrotal, de modo que ao passar pelo canal inguinal, “leve” consigo tecidos, em razão disso que as camadas da bolsa escrotal são originadas de tecidos abdominais. Gubernáculo – estrutura que está no polo inferior dos testículos e tem receptores de testosterona, ou seja, é onde age a testosterona e, consequentemente, migra os testículos para a bolsa escrotal. Órgãos responsáveispela produção de espermatozoides (pelas células de Sertoli) e testosterona (pelas células de Leydig). Suspensos na bolsa escrotal pelo funículo espermático, o qual possui dentro de si vasos sanguíneos, nervos e ducto deferente. Posteriormente em contato com epidídimo. Formação embriológica abdominal e descida para a bolsa escrotal com estímulos hormonais. Túnica vaginal –> visceral e parietal. Hidrocele é quando ocorre aumento da produção de líquido pela túnica vaginal, de modo que cause um excesso desse líquido entre a camada visceral e a parietal. Túnica albugínea – protege o testículo contra traumas, porém não o aumenta que nem ocorre no pênis. Epidídimo. No testículo há emaranhado de trajetos onde os espermatozoides vão percorrer e amadurecer concomitantemente. Túbulos Seminíferos –> Septos –> Rete Testis (mediastino) –> Epidídimo (cabeça, corpo e cauda) –> Ducto Deferente Urologia Júlia Rosendo Winkelmann ATM 25/2 Vascularização Artéria Testicular direita e esquerda (ramos da Aorta abdominal). Plexo Pampiniforme e Veia Testicular (tributárias da veia cava inferior [direita] e veia renal esquerda [esquerda]). A veia testicular é única, porém a partir de determinado ponto começa a sofrer ramificações, de modo que junto ao testículo seja um emaranhado de veias – esse emaranhado é chamado de Plexo Pampiniforme – isso ocorre para facilitar a perda de calor. Linfonodos (retroperitoneais) pré-aórticos e lombares.