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INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA 1. Instrumentos de diérese A diérese é a manobra cirúrgica destinada a promover uma via de acesso através dos tecidos, ou seja, atra- vés dela ocorre a separação dos tecidos, ou dos pla- nos anatômicos para abordagem de certa região. Des- ta forma, serão necessários instrumentais cortantes ou perfurantes, os quais serão a tesoura e o bisturi. Em alguns procedimentos peculiares, o trépano e a rugina, por exemplo, podem ser considerados materi- ais de diérese. a) Bisturi É utilizado para incisões ou dissecções de estruturas. Caracterizado por um cabo reto, com uma extremida- de mais estreita (colo), no qual é acoplada uma varie- dade de lâminas descartáveis e removíveis. O tama- nho e o formato das lâminas e dos colos dos cabos dos bisturis são adaptados aos diversos tipos de inci- sões, sendo principalmente utilizados os cabos de número 3 e 4. O cabo nº 3 é destinado para lâminas pequenas, (10 a 15), em incisões mais delicadas. Já o cabo número 4 é destinado para lâminas maiores (20 a 25). Existem duas formas principais de se empunhar um bisturi, são elas: tipo lápis (incisões pequenas) e tipo arco de violino (incisões longas, retilíneas ou de curvas suaves). Empunhadura do bisturi do tipo lápis. Empunhadu- ra do bisturi do tipo violino. b) Tesouras Tem como função principal efetuar cortes ou divulsão de tecidos orgânicos, além de cortar materiais como gaze, fios, borracha, entre outros. As tesouras variam no tamanho (grande, média e pequena), no formato da ponta (pontiaguda e romba), na curvatura (curva e reta) e em outros pormenores. Cada tesoura possui uma finalidade específica adequada a cada fase do ato operatório e à especialidade cirúrgica. Tesoura de Mayo: pode ser reta ou curva. Utilizada para secção de fios e outros materiais cirúrgicos na superfície ou em cavidades. Esta é considerada uma tesoura mais traumática, pois sua parte cortante é proporcional à parte não cortante. As tesouras de Mayo-Stille de ponta romba são comumente utilizadas na Cirurgia Geral para desbridar e cortar tecidos mais den- sos, como: fáscia e músculos. Podem ser retas ou curvas e, também, usadas para cortar fios ci- rúrgicos e bandagens, entretanto, não são indi- cadas para o corte de fio de aço. Tesoura de Metzembaum: pode ser reta ou curva. Utilizada para diérese de tecidos or- gânicos por ser considerada menos traumáti- ca, pois apresenta sua porção cortante mais curta do que a não cortante. Tesoura angulada de ponta fina: Indi- cada para cortes de estruturas delicadas. Tesoura cortadora de fio de aço: Indi- cada para corte de fio de aço. Tesoura de Mayo. Tesoura de Metzenbaum. Tesoura angulada de ponta fina. Tesoura cortadora de fio de aço. 2. Instrumentos de hemostasia A hemostasia é um dos tempos fundamentais da ci- rurgia. Tem por objetivo prevenir ou corrigir as he- morragias, evitando, dessa maneira, o comprometi- mento hemodinâmico do paciente, além de impedir a formação de coleções sanguíneas e coágulos no perí- odo pós-operatório, complicações que predispõe o paciente a infecções. Os instrumentais utilizados nas hemostasias são as pinças hemostáticas, essas se apresentam em vários modelos e tamanhos. São bem semelhantes estruturalmente às tesouras, porém possuem uma característica bem relevante, que é uma cremalheira entre as argolas. Cremalheira é uma estrutura que tem por finalidade manter o instrumen- tal fechado de maneira autoestática, oferecendo dife- rentes níveis de pressão de fechamento. Pode ser classificada como temporária ou definitiva, além de preventiva ou corretiva. A hemostasia tempo- rária ocorre quando o fluxo sanguíneo é reduzido ou suprimido temporariamente, durante o ato operató- rio. No caso da definitiva há a oclusão permanente do lúmen do vaso sangrante. Estes procedimentos po- dem ser realizados com o objetivo de prevenir uma hemorragia, dito preventivo, ou impedir sangramen- tos já instalados, corretivos. Pinça de Kelly: pode ser reta ou curva e apresenta ranhuras transversais até a metade da face interna de suas pontas. A reta é utili- zada para pinçamento de materiais cirúrgicos como fios e drenos de borracha; a curva é uti- lizada para o pinçamento de vasos e tecidos pouco grosseiros. Além disso, é empregada em cirurgias infantis, face, pescoço ou abdo- minais. Pinça de Crille: pode ser reta ou curva e apresenta ranhuras em toda face interna de suas pontas. Sua utilização é semelhante à pinça de Kelly. Pinça de Halsted ou pinça mosquito: Apresenta serrilhado transversal delicado em toda sua parte preensora, com ou sem den- tes. É semelhante à pinça de Crile, mas são menores (11 a 13 cm de comprimento). Utili- zada muitas vezes para pinçamento de vasos de menor calibre e reparo de fios. Pinça de Mixter: conhecida também como pinça em “J”, ponta em ângulo reto, serrilha- do transversal na metade distal da garra, com 18 a 35 cm de comprimento. São largamente utilizadas na passagem de fios ao redor de va- sos para ligaduras, assim como na dissecção de vasos e outras estruturas, como no traba- lho em pedículos hepático, renal e pulmonar. Pinça de Kocher: Inicialmente era utilizada para hemostasia, entretanto, por ser muito traumática, atualmente é usada no clampe grosseiro e no reparo de tecidos fibrosos, co- mo aponeurose. Possui pontas longas e ro- bustas, com estrias transversais e dente-de- rato, podendo apresentar-se reta ou curva. Pinça de Kocher atraumática intesti- nal: Pinça gastrointestinal longa utilizada nas técnicas de ressecção de segmentos do tubo digestivo para evitar a passagem de secreções para a área que está sendo manuseada. Adici- onalmente, determinam hemostasia temporá- ria nos vasos das paredes dos órgãos. Pinça de Kelly. Pinça de Crille. Pinça de Halsted ou pinça mosquito. Pinça Mixter. Pinça Kocher. Pinça Kocher atraumática intestinal. *Instrumentos especiais Esses materiais são utilizados para finalidades especí- ficas nos tempos operatórios propriamente ditos. Existem inúmeros tipos e variam de acordo com a especialidade cirúrgica. pc Destacar pc Destacar pc Destacar Pinça de Allis: apresenta edentações na sua extremidade distal, o que a torna conside- ravelmente traumática, sendo utilizada, por- tanto, em tecidos grosseiros ou naqueles que irão sofrer a exérese, ou seja, os que serão re- tirados do organismo. Pinça de Duval: apresenta a extremidade distal semelhante ao formato de uma letra “D”, com ranhuras longitudinais ao longo da face interna da sua ponta. Por apresentar am- pla superfície de contato, é utilizada em diver- sas estruturas, a exemplo das alças intestinais. Pinça de Babcock: possui argolas e crema- lheiras. Na extremidade distal possui uma pe- quena superfície de contato o que a torna pouco traumática. Dessa forma, pode ser uti- lizada na manipulação de alças intestinais. Pinça de fixação de campos Backaus: tem por finalidade fixar o campo, fenestrado ou não, impedindo que a sua posição seja al- terada durante o ato cirúrgico. Também fixa elementos, como: mangueiras de sucção, ca- bos de eletrocautério e outros equipamentos necessários. Pinça Foerster: reta ou curva, com 18 a 25 cm de comprimento, longas, usada como transportadora de gazes para curativos em profundidade e para preensão de vísceras ocas. Pinça Collin oval: pinça de 16 a 23 cm de comprimento, em forma de coração. Pode ser utilizada em preensão de tecidos e como pin- ça de antissepsia. Pinça Rochester-Pean: serrilhado total; forte, grosseiro e grande. Possui a capacidade de preensão de vasos e massas. Pinça Walsham: Utilizada para cirurgias do septo nasal. Clampes de Satinsky: clampes longos (20 a 27 cm de comprimento) e atraumática utiliza- da principalmente em cirurgias cardiovascula- res,no controle do sangramento do apêndice auricular. Pinça Pozzi: usada em operações uterinas. Clampe Bulldog: clampe cirúrgico curvo, reto ou angulado com 5,5 a 12 cm de com- primento. Possui um sistema de molas com preensão automática e é utilizado em diversas ocasiões operatórias, como no manuseio de pequenos vasos em locais de difícil acesso. Dentre os clampes "bulldogs" destacam-se os de De Bakey, Dietrich, Glever e Wood, que va- riam pelo formato dos dentes, comprimento e curvatura do instrumento. Pinça de Cheron: utilizada para realização da antissepsia do paciente por possuir hastes longas, assegurando que o instrumentador não se contamine. Apresenta cremalheiras e angulação em suas hastes. As garras são ligei- ramente ovais e com ranhuras para a fixação das gazes. Usada como transportadora de ga- zes para curativos em profundidade. Pinça de Allis. Pinça de Duval. Pinça de Babcock. Clampe de fixação de campos Backaus. Pinça Foerster. Pinça Collin oval. Pinça Rochester-Pean. Pinça de Walsham. Clampes de Satinsky. Pinça Pozzi. Clampe Bulldog. Pinça de Cheron. 3. Instrumentos de síntese A síntese normalmente é o tempo final da cirurgia e consiste na aproximação dos tecidos seccionados no decorrer do ato operatório com o intuito de favorecer a cicatrização dos tecidos de maneira estética, evitar herniações de vísceras e minimizar os riscos de infec- ções no pós-operatório. Estes instrumentos são os responsáveis pelas mano- bras destinadas à reconstituição anatômica e/ou fun- cional. Para isto são utilizadas agulhas e pinças espe- ciais para conduzi-las, denominadas porta-agulhas. São fundamentais para a confecção das suturas. Outros materiais são utilizados também para a sínte- se, como: os grampos, a cola cirúrgica, as pinças de dissecção anatômica (e com dente). Os grampeadores mecânicos, por exemplo, são apare- lhos acionados pelo cirurgião para aplicação de gram- pos metálicos. As fitas adesivas podem ser utilizadas em feridas su- jeitas às tensões mínimas e sua escolha baseia-se, principalmente, por sua capacidade adesiva e por sua porosidade. Porta-agulha de Mayo-Hegar: estrutu- ralmente semelhante às tesouras e às hemos- táticas. Apresentam cremalheira para fixação e é mais utilizado para síntese em cavidades. Características: face interna marcada por ra- nhuras em xadrez, as quais evitam o desliza- mento da agulha, melhorando, dessa forma, sua fixação, e um sulco longitudinal também na face interna, o qual possui a mesma finali- dade das ranhuras. Os outros materiais utili- zados para síntese são os fios, agulhas e fios agulhados. Pinça de Adson Brown: é utilizada em ci- rurgias pediátricas, pois possui um tamanho reduzido. Pode ser traumática (apresenta dentes na extremidade) ou atraumática (pos- sui ranhuras transversais e finas na face inter- na de suas pontas). Pinça anatômica: pinça preensora, com marcações estriadas em suas pontas, também é chamada de pinça de dissecção. Utilizada para dissecção e manipulação de tecidos deli- cados, como: vasos, nervos e parede visceral. Pinça dente de rato: utilizada para preen- são de tecidos mais grosseiros, como aponeu- rose muscular. É muito utilizada para fazer su- turas, pois proporciona uma maior estabilida- de. Possui dentes em suas extremidades, o que a torna traumática. *obs.: Por ser considerada um material auxiliar, a pinça geralmente é empunhada na mão não dominan- te. Utiliza-se a empunhadura tipo lápis, porém neste caso o dedo indicador é o responsável pelo movimen- to de fechamento da pinça enquanto que o médio e o polegar servem de apoio. Porta-agulha de Mayo-Hegar; Pinça de Adson Brown. Pinça anatômica. Pinça dente de rato. 4. Afastadores São elementos mecânicos destinados a facilitar a ex- posição do campo operatório, afastando as bordas da ferida cirúrgica e estruturas adjacentes de forma a permitir a melhor visualização dos planos anatômicos ou órgãos subjacentes, facilitando, assim, o ato opera- tório. a) Dinâmicos: são de posicionamento variado, alte- rado pela necessidade do momento operatório. O manuseio é feito pelo próprio cirurgião, ou seja, esse deve segurar o afastador durante todo o ato cirúrgico. Afastador de Deaver: amplamente utili- zado em cirurgias torácicas por apresentar em sua extremidade distal uma forma de semilua, podendo também ser utilizado em cirurgias abdominais. Afastador de Farabeuf: Afastador dinâ- mico de mão, com hastes de comprimento e largura variadas constituídas basicamente de uma lâmina metálica dobrada no formato da letra “C”, usado para afastar pele, subcutâneo e músculos superficiais. Afastador (válvula) de Doyen: Por apresentar-se em ângulo reto e ter ampla su- perfície de contato, a válvula é utilizada pri- mordialmente em cirurgias abdominais. Espátula de Haberer: Por ser flexível, é adaptável a qualquer necessidade operatória. Pode também servir de proteção das vísceras durante suturas na parede da cavidade ab- dominal. b) Estáticos: mantêm uma posição predeterminada durante todo o procedimento operatório. Sem au- xílio de terceiros, mantêm as estruturas afastadas e estáveis. Eles são mais utilizados em cirurgias to- rácicas e abdominais. Afastador de Finochietto: utilizado em cirurgia do tórax para abertura dos espaços intercostais ou mediosternal, possuindo en- grenagem em barra transversa. Afastador de Gosset: usado para afastar parede abdominal. Apresenta duas hastes pa- ralelas apoiadas em uma barra lisa, sem me- canismo de catraca. Afastador de Deaver; Afastador de Farabeuf. Afastador de Doyen; Espátula de Haberer. Afastador de Finochietto. Afastador de Gosset. 5. Outros instrumentos Aspirador Yankaver: utilizado para aspirar secreções e fluidos. Cuba rim: utilizada para preparação de tintu- ras, cremes e loções, além de ser reservatório de soluções, etc. Cuba redonda: cuba em aço inox usada principalmente para assepsia.
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