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Odontologia hospitalar

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 HISTÓRICO E CONCEITOS 
1.1 ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM AMBIENTE HOSPITALAR 
1.2 CAMPOS DE ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA NOS SERVIÇOS 
ODONTOLÓGICOS HOSPITALARES 
2 LEGISLAÇÃO APLICADA À ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
3 EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES 
3.1 CITOLOGIA ESFOLIATIVA BUCAL 
3.2 BIÓPSIA 
3.3 PBA (PUNÇÃO-BIÓPSIA ASPIRATIVA) POR AGULHA FINA 
3.4 EXAMES ANATOMOPATOLÓGICOS 
3.5 EXAMES MICROBIOLÓGICOS 
3.5.1 Identificação Bacteriana no Laboratório 
3.5.2 Passos no Isolamento e Identificação de uma Bactéria 
3.5.3 A Coloração de Gram 
3.6 EXAMES BIOQUÍMICOS E HEMATOLÓGICOS 
3.6.1 Eritrograma 
3.6.2 Leucograma 
3.6.3 Série Plaquetária 
3.6.3.1 Tempo de sangramento 
3.6.3.2 Tempo de protrombina 
3.6.3.3 Tempo de tromboplastina parcial ativada 
4 EXAMES COMPLEMENTARES: RADIOLOGIA (RADIOGRAFIAS 
CONVENCIONAIS, TOMOGRAFIA MÉDICA, TOMOGRAFIA 
COMPUTADORIZADA, FEIXE CÔNICO, ULTRASSONOGRAFIA, RESSONÂNCIA 
MAGNÉTICA) 
4.1 RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS 
4.1.1 Panorâmicas 
4.1.2 Intraorais 
4.1.3 Laterais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
4.2 TOMOGRAFIAS 
4.2.1 Tomografia Linear 
4.2.2 Computadorizada Cone Beam 
4.2.3 Computadorizada 
4.3.4 Ultrassonografia 
4.3.5 Ressonância Nuclear Magnética 
5 NOÇÕES GERAIS DO ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL 
 
 
MÓDULO II 
6 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES HIPERTENSOS E 
CARDIOPATAS 
6.1 PRINCIPAIS CAUSAS DAS CARDIOPATIAS 
6.2 PREPARO PARA CIRURGIA CARDÍACA 
6.3 INFECÇÃO DAS VÁLVULAS CARDÍACAS OU TECIDOS ENDOTELIAIS DO 
CORAÇÃO 
6.4 ANTICOAGULAÇÃO 
6.5 USO DE ANESTÉSICOS EM PACIENTES CARDIOPATAS 
7 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES PNEUMOPATAS 
8 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES DIABÉTICOS 
9 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES NEFROPATAS 
9.1 TRANSPLANTE RENAL 
9.1.1 No Período Pré-Transplante 
9.1.2 No Período Pós-Transplante 
10 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES HEPATOPATAS 
11 ODONTOLOGIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
11.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 
11.2 OBJETIVOS PARA ELABORAÇÃO DE PADRONIZAÇÕES DE HIGIENE ORAL 
11.3 AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
12 PRINCÍPIOS DE QUIMIOTERAPIA, RADIOTERAPIA E TRANSPLANTE DE 
MEDULA ÓSSEA 
12.1 RADIOTERAPIA 
12.1.1 Mecanismos de Lesão Celular 
12.2 QUIMIOTERAPIA 
12.2.1 Tipos e Finalidades da Quimioterapia 
12.2.2 Principais Drogas Utilizadas no Tratamento do Câncer 
12.3 TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS 
12.3.1 Medula-Óssea 
12.3.2 Sangue Periférico 
12.3.3 Tipos de TCTH, Fontes e Característica do Doador 
13 EXAMES LABORATORIAIS DE INTERESSE NO ATENDIMENTO 
ODONTOLÓGICO EM ONCO-HEMATOLOGIA 
14 PREPARO BUCAL E ATENÇÃO ODONTOLÓGICA EM: QUIMIOTERAPIA, 
UTILIZAÇÃO DE CATÉTERES VENOSOS, ENDOPRÓTESES NOS TUMORES 
ÓSSEOS, RADIOTERAPIA, TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA 
14.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 
14.2 ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA 
14.3 PACIENTES QUE FARÃO USO DE ENDOPRÓTESES 
14.4 PACIENTES QUE FARÃO USO DE CATETERES ENDOVENOSOS 
14.4.1 Cateter Venoso Central de Longa Permanência Totalmente Implantado 
14.4.2 Cateter Venoso Central de Longa Permanência Semi-Implantado 
14.4.3 Complicações dos Cateteres Venosos Centrais de Longa Permanência 
15 INFECÇÕES VIRAIS, FÚNGICAS E BACTERIANAS EM CAVIDADE ORAL 
15.1 INFECÇÃO VIRAL 
15.2 INFECÇÃO FÚNGICA 
15.3 INFECÇÃO BACTERIANA 
16 XEROSTOMIA 
17 CÁRIE DE IRRADIAÇÃO 
18 TRISMO 
19 SANGRAMENTOS EM CAVIDADE ORAL 
20 NEUROTOXICIDADE 
21 MUCOSITE ORAL 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
22 OSTERORADIONECROSE 
23 ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO FACIAL DOS PACIENTES 
IRRADIADOS EM REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO NA INFÂNCIA E NA 
ADOLESCÊNCIA E POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO ODONTOLÓGICA 
 
 
MÓDULO IV 
24 QUANDO SUSPEITAR DE CÂNCER: NEOPLASIAS 
PRIMÁRIAS/SECUNDÁRIAS COM MANIFESTAÇÃO EM CAVIDADE ORAL 
24.1 SINAIS PRECOCES 
24.1.1 Hipertrofia Gengival 
24.1.2 Sangramento 
24.1.3 Tumefações 
24.1.4 Parestesia e Paralisia Facial 
24.1.5 Edema e Aumento de Volume 
25 ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE COM DOENÇA 
HEMATOLÓGICA CRÔNICA, COM ÊNFASE EM HEMOFILIA, DOENÇA DE WON 
VILLEBRAND, DOENÇA FALCIFORME, TALASSEMIA, ESFEROCITOSE, 
AGRANULOCITOSE, PÚRPURAS, ANEMIA APLÁSICA E OUTRAS ANEMIAS 
CRÔNICAS 
25.1 HEMOFILIA 
25.2 DOENÇA DE VON WILLEBRAND 
25.3 MÉTODOS AUXILIARES NA HEMOSTASIA DA CAVIDADE BUCAL 
25.3.1 Antifibrinolíticos 
25.3.2 Agentes Cauterizantes 
25.3.3 Recomendações para Uso de Fatores de Coagulação em Tratamento 
Odontológico 
25.3.4 Técnicas Anestésicas e de Controle da Dor 
25.3.5 Tratamento Restaurador/Protético 
25.3.6 Tratamento Endodôntico 
25.3.7 Tratamento Ortodôntico 
25.3.8 Exodontias 
25.4 ANEMIAS 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
25.4.1 Anemia Falciforme 
25.4.1.1 Manifestações orofaciais mais frequentes da Doença Falciforme 
25.4.1.1.1 Neuropatia do nervo mandibular 
25.4.1.1.2 Necrose pulpar assintomática 
25.4.1.1.3 Dor orofacial 
25.4.1.2 Analgesia e anestesia 
25.4.1.3 Antibióticos 
25.4.2 Talassemia 
25.4.2.1 Tipos de Talassemia 
25.4.3 Esferocitose 
25.4.4 Aplasia de Medula 
25.4.4.1 Tipos 
25.4.5 Agranulocitose Congênita 
25.4.6 Púrpuras 
25.4.6.1 Etiologia 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
MÓDULO I 
 
 
1 HISTÓRICO E CONCEITOS 
 
 
A Odontologia Hospitalar, apesar de não estar listada no Conselho Federal 
de Odontologia como uma especialidade, atualmente é uma área que se destaca 
pelo seu embasamento científico. É o campo de atuação do cirurgião-dentista 
generalista ou especialista em ambiente hospitalar, seja executando procedimento 
odontológico de baixa, média ou alta complexidade em pacientes internados ou não, 
seja visando participar do processo terapêutico de cura ou melhora da qualidade de 
vida, independentemente da doença que acomete o paciente (SILVA SANTOS e 
VALENTE JÚNIOR, 2013). 
Pode ser definida como o conjunto de ações preventivas, diagnósticas, 
terapêuticas e paliativas em saúde bucal, executadas em ambiente hospitalar, em 
consonância com a missão do hospital, e inseridas no contexto de atuação da 
equipe multidisciplinar. Seu principal foco é o atendimento em saúde bucal ao 
paciente em nível terciário (GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 
2012). 
Há décadas atrás, o tratamento do paciente era baseado somente na 
atuação médica. Uma das razões para essa prática é que a Medicina, durante muito 
tempo, foi confundida com a própria saúde. Ao longo dos anos, houve uma mudança 
no paradigma do cuidado à saúde, com a redefinição do papel do médico. A 
perspectiva do cuidado integral, em que várias profissões passaram a integrar a 
equipe de atenção ao paciente, ganhou espaço e foi incorporada às práticas em 
saúde. 
Na época atual, as profissões da saúde ocupam uma situação de destaque 
na sociedade moderna, que busca, de forma paulatina, a promoção da saúde como 
um todo. (QUELUZ e PALUMBRO, 2000). A inclusão dos diferentes grupos 
profissionais, com a consequente valorização dos diferentes saberes, propiciou 
melhora da qualidade do tratamento oferecido aos pacientes. Sem dúvida, um 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
paciente que recebe os cuidadosrespeitando-se a especificidade de cada área de 
atuação, sem perder o foco da integralidade, tem maiores chances de ser 
adequadamente tratado do ponto de vista biopsicossocial. 
Quando se fala em Odontologia integrada em uma equipe multiprofissional, 
deve-se ter em mente a abordagem do paciente como um todo e não somente nos 
aspectos relacionados aos cuidados com a cavidade bucal. Embora possa parecer 
redundante, é importante destacar uma expressão amplamente divulgada nos 
últimos anos em relação à Odontologia: “a boca faz parte do corpo”! Não nos 
esqueçamos disso! 
A atuação odontológica em nível hospitalar requer conhecimentos que 
permitam a condução do caso baseada em discussões que englobem os diferentes 
profissionais envolvidos. Muitas vezes, como por exemplo, no caso de pacientes que 
serão submetidos à radioterapia em região de cabeça e pescoço, o cuidado 
odontológico proporciona a diminuição de complicações agudas e tardias 
relacionadas à doença e sua terapia. Esse assunto será discutido com mais 
detalhes posteriormente, mas ilustra uma das possibilidades de intervenção da 
Odontologia. 
Além disso, o cirurgião-dentista preparado para a realização de 
procedimentos em nível hospitalar como internações, solicitações e interpretação de 
exames complementares e controle de infecções, auxilia de forma direta na 
diminuição de custos e na média de permanência do paciente no hospital. 
As alterações orais são frequentes e podem ser os primeiros sinais e 
sintomas de doenças ou de alterações sistêmicas relacionadas a determinadas 
terapias. Doenças infecciosas, autoimunes, metabólicas, neoplasias e quadros 
sindrômicos, dentre outros, se encaixam no escopo de doenças cujo tratamento 
odontológico requer o planejamento em conjunto com o médico responsável pelo 
paciente. 
De forma geral, pacientes que apresentem distúrbios orgânicos de origem 
sistêmica ou adquiridos são candidatos ao atendimento em ambiente hospitalar, 
dependendo de suas características clínicas. Outros pacientes que necessitam de 
atendimento em ambiente específico são aqueles que sofreram trauma envolvendo 
região de face. O atendimento hospitalar possibilita a realização dos procedimentos 
odontológicos necessários, permitindo: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
 Atendimento com maior segurança de pacientes com risco cirúrgico. 
 Solicitação de exames específicos e mais detalhados, por parte do 
profissional. 
 Facilidade para o paciente impossibilitado de frequentar o consultório 
odontológico. 
 Oferecimento de acompanhamento clínico e específico. 
 Relacionamento integral entre paciente, equipe e instituição (GODOI et al., 
2009). 
 
 
1.1 ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM AMBIENTE HOSPITALAR 
 
 
O entendimento de que não se pode cuidar do paciente, de forma integral, 
sem o respeito às diferentes formações e saberes, facilita a compreensão das 
atribuições do dentista no ambiente hospitalar. Mas quais são elas? 
• Cuidado ao paciente cuja doença sistêmica possa ser fator de risco para 
agravamento e/ou instalação de doença bucal, ou cuja doença bucal possa ser fator 
de risco para agravamento e/ou instalação de doença sistêmica. 
• Participação nas decisões da equipe multiprofissional, incluindo internação, 
diagnóstico, solicitação de exames, prescrição, intervenção odontológica, 
acompanhamento e alta, sendo responsável por tomada de decisão em intervenção 
na cavidade bucal em consonância com essa equipe. 
• Realização de registro e acesso em prontuário médico, em consonância 
com as normativas do hospital. 
• Orientação das ações em saúde bucal e supervisão da equipe sob sua 
responsabilidade (GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
1.2 CAMPOS DE ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA NOS SERVIÇOS 
ODONTOLÓGICOS HOSPITALARES 
 
 
Os campos de atuação do cirurgião-dentista nos serviços odontológicos 
hospitalares incluem: 
• Diagnóstico de lesões bucais e auxílio no tratamento de manifestações 
bucais oriundas de doenças sistêmicas. 
• Diagnóstico e tratamento das condições bucais que possam acarretar 
complicações infecciosas, hemorrágicas, neurológicas ou cardiovasculares, seja em 
função das condições locais e sistêmicas, seja em decorrência de tratamento ao 
qual o paciente está submetido. 
• Diagnóstico e tratamento das condições bucais que possam colaborar para 
a manutenção ou piora de desordens sistêmicas graves. 
• Atuação prévia a terapias que possam acarretar complicações orofaciais 
ou sistêmicas futuras. 
• Atendimento a pacientes internados que apresentem dor e/ou infecção de 
origem odontológica. 
• Atendimento de quaisquer condições que justifiquem intervenção em 
ambiente hospitalar, em função do risco de complicações infecciosas ou 
hemorrágicas tanto em nível local quanto sistêmico (GRUPO TÉCNICO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 2012). 
 
 
2 LEGISLAÇÃO APLICADA À ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
Assim como em outras áreas, a Odontologia Hospitalar possui 
regulamentações próprias. Por se tratar de uma área de atuação relativamente 
recente, alguns princípios legais norteadores ainda estão em construção e 
aprimoramento. Muitos deles estão inseridos dentro da atuação da Odontologia, 
como um todo. 
Segundo o artigo 26 do Código de Ética Odontológico (aprovado pela 
Resolução CFO-118/2012), que trata da Odontologia hospitalar, compete ao 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
cirurgião-dentista internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com 
e sem caráter filantrópico, respeitadas as normas técnico-administrativas das 
instituições. 
 
“CAPÍTULO X - DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
Art. 26. Compete ao cirurgião-dentista internar e assistir paciente em 
hospitais públicos e privados, com ou sem caráter filantrópico, respeitadas 
as normas técnico-administrativas das instituições. 
Art. 27. As atividades odontológicas exercidas em hospital obedecerão às 
normatizações pertinentes. 
Art. 28. Constitui infração ética: 
I - fazer qualquer intervenção fora do âmbito legal da Odontologia; e, 
II - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, 
sem deixar outro cirurgião-dentista encarregado do atendimento de seus 
pacientes internados ou em estado grave.” 
 
 
A Agência Nacional de Saúde (ANS), que regulamenta e fiscaliza a saúde 
suplementar no Brasil, emitiu a Resolução nº 211, que passou a vigorar em junho de 
2010, prevendo a cobertura de estrutura hospitalar para tratamento odontológico, 
quando o mesmo não possa ser realizado em consultório convencional. 
Outra publicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a 
RDC nº 7, de fevereiro de 2010, dispõe sobre os requisitos mínimos para 
funcionamento das UTIs, estabelecendo que devem ser garantidos diversos serviços 
à beira do leito, entre eles assistência odontológica, que deve estar integrada às 
demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discutidas 
conjuntamente pela equipe multiprofissional. 
O Projeto de Lei 2776/08, de autoria do deputado Neilton Mulim (PR-RJ) 
torna obrigatória em todo o país a presença destes profissionais em Unidades de 
Tratamento Intensivo e clínicas e hospitais, públicos ou privados, que tenham 
pacientes internados. Em 18 de abril de 2012 foi aprovado, na forma de substitutivo 
a esse, o Projeto de Lei nº 363, que torna obrigatória a prestação de assistência 
odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar; aos portadores de 
doenças crônicas, e, ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade 
home care. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
3 EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES 
 
 
Na primeira consulta odontológica, além do exame clínico da cavidade oral e 
estruturas adjacentes, é necessário que o profissional realize cuidadosa anamnese 
do paciente. Neste momento, conheceremos o perfil do paciente, seu histórico 
familiare suas condições atuais de saúde. Em algumas situações, devem ser 
requisitados exames complementares para definição do diagnóstico e elaboração do 
plano de tratamento, respeitando-se as necessidades de cada paciente. Os exames 
complementares fornecem informações importantes e devem ser direcionados 
considerando as informações previamente obtidas. 
 
 
3.1 CITOLOGIA ESFOLIATIVA BUCAL 
 
 
A citologia esfoliativa bucal (CEB) é uma técnica de fácil aplicação, baixo 
custo e pouca expectativa de dor. Pode ser utilizada na identificação de atipias 
celulares relacionadas a lesões potencialmente malignizáveis (leucoplasias, queilite 
actínica, e outras) ou não, e ainda, de neoplasias. 
Outra área de utilização dessa técnica é a pesquisa de micro-organismos. 
Para citar dois exemplos dessa possibilidade de aplicação, destacamos a pesquisa 
do Paracoccidioides brasiliensis, que é o fungo causador da Paracoccidioidomicose. 
O outro exemplo é sobre a pesquisa do Herpes Simplex virus tipo 1 (HSV-1) em 
lesões de mucosite na cavidade oral de pacientes em tratamento antineoplásico, que 
abordaremos nos módulos posteriores. 
A CEB consiste na raspagem da superfície mucosa e transferência do 
conteúdo obtido para a superfície de uma lâmina de vidro, obtendo-se um esfregaço. 
O material deve ser imediatamente fixado em álcool e posteriormente corado. O 
procedimento é destinado à análise microscópica de células superficiais da mucosa 
bucal e, quando necessário, complementado por biópsia. Pode ser indicado para 
avaliação do grau de atipia celular no caso de suspeita de lesões neoplásicas, bem 
como para caracterização de tipos de exsudatos ou para visualização/identificação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
de agentes infecciosos ou parasitários (KIGNEL, 2007; GRUPO TÉCNICO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 2012). 
A coleta do material pode ser realizada com espátula de madeira, de metal 
ou de escovas, chamadas cytobrushes. O patologista orientará a realização de 
determinada coloração, dependendo da hipótese diagnóstica (SILVA SANTOS e 
VALENTE JÚNIOR, 2013). 
 
 
3.2 BIÓPSIA 
 
 
O conceito da palavra biópsia vem do latim (bio = vida) e do grego (opsis = 
observação) (KIGNEL, 2007). A biópsia é uma prática bastante difundida na 
Medicina, mas menos utilizada na Odontologia. Embora seja um procedimento 
simples e rápido, deve ser realizada por um profissional com habilidade capaz de 
selecionar corretamente a área a ser biopsiada, respeitar a anatomia do local, 
armazenar e transportar corretamente a amostra. 
Neste procedimento, ocorre a remoção cirúrgica de fragmento de tecido em 
um indivíduo vivo. O material deve ser imediatamente imerso em formol a 10% e 
encaminhado ao laboratório anatomopatológico, no qual será submetido à análise 
macroscópica e microscópica, que visa identificar a lesão por meio do diagnóstico 
histopatológico. No caso de biópsia para outros tipos de avaliação (cultura, reação 
de polimerase em cadeia, imunofluorescência, dentre outros), o preparo do material 
deverá ser feito conforme orientação do laboratório (GRUPO TÉCNICO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 2012). 
Diferentes técnicas de biópsia podem ser utilizadas dependendo do local, 
tamanho e aspecto da lesão. A biópsia pode ser incisional, em que há retirada de 
parte representativa da lesão, ou excisional, na qual a lesão inteira é cirurgicamente 
retirada. A biópsia incisional deve ser realizada em duas situações: nos casos de 
lesões muito extensas ou múltiplas e quando existe suspeita de malignidade, visto 
que as lesões malignas necessitam de margens cirúrgicas e a biópsia excisional 
pode dificultar tratamentos futuros, uma vez que se corre o risco de perder a 
referência do local exato e do limite da lesão. A biópsia excisional pode ser realizada 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
em lesões bem delimitadas, de dimensões modestas e que não sugiram malignidade 
(SILVA SANTOS e VALENTE JÚNIOR, 2013). 
 
 
3.3 PBA (PUNÇÃO-BIÓPSIA ASPIRATIVA) POR AGULHA FINA 
 
 
A PBA é uma técnica pouco utilizada pelo dentista no dia a dia, no entanto é 
bastante empregada pelos cirurgiões de cabeça e pescoço. É feita a aspiração de 
células por meio de agulha fina acoplada a um sistema a vácuo. O exame tem por 
objetivo a identificação de padrões morfológicos celulares, bem como a detecção de 
infecções por intermédio da cultura microbiana do material coletado. Em região de 
cabeça e pescoço é mais utilizada para diagnóstico de lesões em linfonodos, 
glândulas salivares maiores e tireoide, mas existem relatos de emprego da técnica 
para diagnóstico de suspeitas de tumores odontogênicos, lesões intraosseas e em 
glândulas salivares menores (GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA 
HOSPITALAR, 2012). 
A técnica é simples, pouco invasiva, indolor, mas exige certa prática por 
parte de quem a realiza. Uma agulha de até 1mm de diâmetro exterior é introduzida 
na lesão com a seringa em posição de repouso e, em seguida, provoca-se a sucção 
de tecido com o movimento de retração da seringa. Após a remoção do tecido, as 
lâminas são submersas em material fixador (álcool a 95%) e enviadas ao laboratório 
para coloração e análise (SILVA SANTOS e VALENTE JÚNIOR, 2013). 
 
 
3.4 EXAMES ANATOMOPATOLÓGICOS 
 
 
Os exames anatomopatológicos são realizados a partir da observação 
macroscópica e microscópica de fragmentos de tecidos e órgãos obtidos nos 
procedimentos cirúrgicos. Sempre que se realiza a biópsia é necessário o 
encaminhamento da amostra para realização do exame, com o objetivo de se definir 
o diagnóstico, de maneira precisa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
O patologista pode indicar a complementação do exame com técnicas de 
imuno-histoquímica, imunofluorescência, colorações especiais para identificação de 
microrganismos e de estruturas teciduais específicas. Em geral, seus resultados são 
incluídos no laudo anatomopatológico. 
 
 
3.5 EXAMES MICROBIOLÓGICOS 
 
 
As características da cavidade oral, como alta umidade, temperatura 
relativamente constante (34 a 36°C), pH próximo da neutralidade e grande 
disponibilidade de nutrientes, permitem o estabelecimento de uma microbiota 
altamente complexa, composta por grupos bacterianos que habitam, seletivamente, 
as diversas áreas da boca. 
A composição da microbiota oral varia com a idade do hospedeiro, hábitos 
alimentares, hormônios, fluxo salivar, condições imunológicas e outros fatores, como 
higienização e alcoolismo. Podem ser encontrados micro-organismos Gram-
positivos, Gram-negativos e anaeróbios. 
A microbiota da cavidade oral é colonizada por cerca de 400 a 500 
diferentes tipos de micro-organismos, distribuídos no epitélio bucal, dorso da língua, 
superfície dental e epitélio do sulco gengival (ANDRADE et al., 2011). A microbiota 
oral pode variar quantitativa e qualitativamente, dependendo da localização na 
cavidade oral. Na mucosa oral jugal há predomínio de tipos facultativos, 
principalmente Streptococcus viridans. 
Na gengiva predominam anaeróbios e micro-organismo facultativos. A 
superfície dentária tem características que facilitam a instalação de agentes 
aeróbios, anaeróbios e micro-organismos facultativos. Embora a circulação do ar na 
cavidade oral pareça excluir a possibilidade de crescimento de agentes anaeróbios, 
as tensões do oxigênio variam nos diferentes sítios intraorais. Assim, espécies 
anaeróbias podem ser encontradas, frequentemente, nas placas subgengivais, nos 
sulcos periodontais e capuzes pericoronários (MACHADO, 1993; NISENGARD e 
NEWMAN, 1994). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
Na placa dentária podem ser encontrados Streptococcus facultativos, 
Difteroides facultativos, Leptotrichia buccallis, Veillonella spp, Fusobacterium e 
Neisseria. As superfícies dentárias favorecem o desenvolvimento de Streptococcus 
sanguis e mutans, Nocardia e Actinomyces. Um ambiente de baixa tensão de 
oxigênio e rico em nutrientes,como o do sulco periodontal, cria condições favoráveis 
para o crescimento e proliferação de anaeróbios, espiroquetas, Fusobacterium, 
bacteróides, Peptostreptococcus, Actonomyces e outras formas facultativas 
(MACHADO, 1993; NISENGARD e NEWMAN, 1994). 
A microbiota encontrada na língua é constituída por Streptococcus 
facultativos (principalmente S. salivarius e S. mittis), Veillonella spp, Sthaphilococcus 
spp, Bacteroides, Neisseria, Fusobacterium e alguns cocos e bastonetes gram-
negativos. Já a microbiota da saliva é resultante do deslocamento de micro-
organismos a partir das outras estruturas da cavidade oral. O estreptococo mais 
frequente na saliva é o S. salivarius (MACHADO, 1993). 
Os Streptococcus são micro-organismos gram-positivos e constituem a 
principal população de agentes da cavidade oral, com espécies distintas associadas 
a diferentes nichos na boca. Por exemplo, Streptococcus sanguis e S. mutans são 
encontrados na placa dentária, enquanto o S. salivarius é achado principalmente na 
língua e S. mitis, em outros tecidos mucosos. Outro grupo de micro-organismos 
gram-positivos, frequentemente localizados na cavidade oral são os Staphylococcus. 
As duas principais espécies de Staphylococcus são o S. aureus e S. epidermidis. O 
S. aureus é um patógeno potencial e pode ser encontrado assintomaticamente na 
nasofaringe dos indivíduos. É, provavelmente, a partir desse sítio que a bactéria 
alcança a cavidade oral. Essa espécie não possui papel patogênico significativo nas 
infecções intraorais. 
 
 
3.5.1 Identificação Bacteriana no Laboratório 
 
 
O isolamento e a identificação de bactérias auxiliam o tratamento, pois 
quando se suspeita que pacientes estejam com uma infecção bacteriana, é usual 
proceder-se ao isolamento de colônias visíveis em cultura pura, em placas de meio 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
de cultura sólido e, então, identificar o micro-organismo. A identificação é baseada 
em princípios taxonômicos aplicados à situação microbiológica em curso. Os 
métodos clássicos para a identificação de bactérias são baseados em características 
morfológicas e bioquímicas. Técnicas de biologia molecular, para a caracterização 
de genes específicos ou segmentos, estão se tornando comuns nos laboratórios de 
diagnóstico. 
 
 
FIGURA 1 - CRESCIMENTO DE MICRO-ORGANISMOS GRAM POSITIVOS E 
GRAM NEGATIVOS EM MEIO DE ÁGAR CHOCOLATE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: MENDONÇA, 2008. 
 
 
FIGURA 2 - CRESCIMENTO DE MICRO-ORGANISMOS GRAM POSITIVOS EM 
MEIO DE ÁGAR SANGUE 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Mendonça, 2008 
 
FONTE: MENDONÇA, 2008. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
FIGURA 3 - CRESCIMENTO DE MICRO-ORGANISMOS GRAM NEGATIVOS EM 
MEIO DE ÁGAR MCCONKEY 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: MENDONÇA, 2008. 
 
 
Termos taxonômicos (classificação) 
 Família: um grupo de gêneros relacionados. 
 Gênero: um grupo de espécies relacionadas. 
 Espécies: um grupo de linhagens relacionadas. 
 Tipo: um conjunto de linhagens dentro de uma espécie (biótipo, 
sorotipo). 
 Linhagem: um isolado específico dentro de uma espécie particular. 
 
O termo mais comumente usado é o nome da espécie, por 
exemplo, Streptococcus pyogenes, cuja abreviação é S. pyogenes. A primeira define 
o gênero, no caso, Streptococcus, e a segunda a espécie, neste caso, pyogenes. A 
primeira letra do nome do gênero é sempre maiúscula, mas o nome da espécie é 
todo em minúsculas. Ambos os nomes são italizados ou grifados. 
 
 
3.5.2 Passos no Isolamento e Identificação de uma Bactéria 
 
 
Passo 1: amostras de fluidos orgânicos são espalhadas em placas contendo 
meio de cultura sólido e colônias isoladas de bactérias (visíveis a olho nu) aparecem 
após a incubação das placas por um a vários dias. Cada colônia consiste de milhões 
 
 
 
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 20 
de células de bactérias. A observação das características dessas colônias em 
relação a tamanho, forma, textura, cor e reações de hemólise (se crescidas em meio 
Agar sangue) é altamente importante como o primeiro passo na identificação 
bacteriana. Outra importante característica para a identificação é se a bactéria 
requer ou não oxigênio para crescer. 
Passo 2: as colônias isoladas são coradas pelo método de Gram e células 
individuais de bactérias são observadas ao microscópio. 
Passo 3: as bactérias são identificadas usando-se colônias isoladas. Isto 
frequentemente requer outras 24 horas de incubação adicional. 
 
 
3.5.3 A Coloração de Gram 
 
 
A colônia é dessecada sobre uma lâmina e tratada como segue. 
Passo 1: coloração com cristal violeta 
Passo 2: fixação com lugol, que estabiliza a coloração com o cristal violeta. 
Todas as bactérias se coram em azul ou púrpura. 
Passo 3: extração com álcool ou outro solvente, que descora algumas 
bactérias (gram negativas) e não outras (gram positivas). 
Passo 4: coloração secundária com safranina. As bactérias gram positivas já 
estão coradas com o cristal violeta e permanecem azuis. As bactérias gram 
negativas se coram em rosa. 
 
Ao observarmos a aparência das bactérias ao microscópio, perguntamos: 
 Elas são gram positivas ou negativas? 
 Qual a sua morfologia (bacilos, cocos, espiraladas, pleomórficas, etc.)? 
 As células ocorrem de forma isolada, em cadeias ou em pares? 
 Qual o tamanho das células? 
Além da coloração de Gram, há outros métodos de coloração menos 
comumente empregados, por exemplo, a coloração de esporos ou cápsulas (FOX, 
2013). 
 
 
 
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 21 
A detecção e identificação de agentes antimicrobianos, seja em infecções 
localizadas ou em infecções sistêmicas, dependem dos seguintes fatores: 
 Tratamento prévio com antimicrobianos. 
 Coleta de amostra representativa. 
 Tipo de infecção e repercussão clínica. 
 Transporte por meio que garanta a viabilidade dos micro-organismos. 
 Semeadura em meios adequados e suficientes para o crescimento. 
 Isolamento e antibiograma de bactérias representativas para a hipótese 
diagnóstica (NIGRO e HARADA, 2013). 
 
 
3.6 EXAMES BIOQUÍMICOS E HEMATOLÓGICOS 
 
 
O hemograma é o exame complementar mais solicitado e destina-se à 
avaliação qualitativa e quantitativa dos elementos figurados do sangue. É um 
conjunto de avaliações das células do sangue que, reunido aos dados clínicos, 
permite conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de patologias. 
As variações neste exame podem ter impacto direto na prática odontológica. 
Embora seja um exame que apresente limitações do ponto de vista diagnóstico, 
seus resultados podem identificar ou sugerir algumas alterações na condição 
imunológica, quadros de anemia (que podem interferir na cicatrização) e no 
processo de coagulação do paciente. 
Como exame complementar, indica apenas as alterações nos desvios de 
normalidade, mas não pode indicar o local onde ocorre o distúrbio que provoca as 
alterações, sendo, portanto, um exame inespecífico. Normalmente, do hemograma 
constam subsídios de três ordens: 1 - distúrbios da série vermelha, 2 - distúrbios da 
série branca e, 3 - dados sobre as plaquetas (LOPES, 2007; GRUPO TÉCNICO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 2012). 
 
 
 
 
 
 
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 22 
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA HEMATOPOÉTICO 
 
FONTE: Autor desconhecido. Disponível em: 
<http://www.ingoh.com.br/site/materia.php?CodMateria=14>. Acesso em: 15 jan. 2014. 
 
 
Hemograma Completo 
 Série vermelha (eritrócitos) 
– Hemácias 
– Hemoglobina 
– Hematócrito 
 
 Série branca (Leucócitos) 
– Neutrófilos 
– Eosinófilos 
– Basófilos 
– Linfócitos 
– Monócitos 
 
 
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 23 
 Plaquetas 
 
 
3.6.1 Eritrograma 
 
 
É o estudo da série vermelha (eritrócitos ou hemácias). Em indivíduos 
normais, as hemácias possuem tamanho mais ou menos uniforme. Quando uma 
hemácia tem tamanho normal ela é chamada de normocítica. Quando ela apresenta 
coloraçãonormal é chamada de normocrômica. 
Simplificando o processo de trocas de oxigênio e dióxido de carbono que 
ocorre em nosso organismo, é correto dizer que as hemácias são responsáveis por 
levar oxigênio aos tecidos do corpo. Esses elementos apresentam a forma de um 
disco bicôncavo e possuem membrana maleável, que permite seu trânsito tanto 
dentro nos grandes vasos quanto nos pequenos capilares. No seu interior, 
encontramos a hemoglobina, que é uma proteína que se fixa ao oxigênio disponível 
no pulmão, formando a oxi-hemoglobina. Ao chegar aos tecidos, o oxigênio é 
liberado e é utilizado pelas células. 
 
Avaliação do Eritrograma 
Os resultados a serem avaliados variam com o sexo e idade. 
 Número de glóbulos vermelhos - valores normais: 
– Homem de 4.600.000 - 6.200.000 
– Mulher de 4.200.000 - 5.400.000 
 Hematócrito: índice calculado em porcentagem, definido pelo volume 
total das hemácias ocupado em 100mL de sangue. Além de fornecer certas 
medidas médias dos eritrócitos, o hematócrito fornece a chamada relação 
plasma-glóbulo, isto é, quanto de eritrócitos e de plasma existe em uma 
determinada quantidade de sangue. 
 
A contagem eritrocitária ou hematimetria é de 4.500.000 a 6.500.000 
glóbulos vermelhos por mm3 de sangue no homem, de 4.000.000 a 5.600.000 nas 
mulheres não grávidas e de 3.900.000 a 5.600.000 nas grávidas. Em recém-
 
 
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 24 
nascidos, a contagem é de 4.000.000 a 5.600.000 e nas crianças de 3 meses a 12 
anos a contagem varia de 4.500.000 a 4.700.000 glóbulos vermelhos por mm3 de 
sangue. Um glóbulo vermelho tem a vida média de 120 dias e apresenta como 
função conhecida, o transporte da molécula de hemoglobina, sem dispêndio de 
energia (LOPES, 2007; GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR, 
2012). 
 
Valores de hematócrito 
– Homem de 42 - 50% 
– Mulher de 40 - 48% 
– Recém-nascidos tem valores altos que vão abaixando com a idade até o 
valor normal de um adulto. 
 Hemoglobina: a medida do valor da hemoglobina define a anemia. 
Segundo a OMS é considerado anemia quando um adulto apresentar Hb < 
12,5g/dl 
 
Valores 
– Homens: 13-18gdl 
– Mulheres: 12-15gdl 
A partir dos valores de eritrócitos, da porcentagem de hemoglobina e do 
hematócrito, é possível o cálculo de outras medidas chamadas de índices 
hematimétricos. Os mais importantes são: 
 
Volume corpuscular médio (VCM) 
VCM = hematócrito X 10 
 número de hemácias 
 em milhões 
Os valores normais oscilam entre 78 e 90 µ3. 
 
Hemoglobina corpuscular média (HbCM) 
HbCM = hematócrito X 10 
 hematócrito 
 
 
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 25 
Os valores normais são de 24-34 pg em crianças, 27-34 pg em mulheres e 
27-34 pg em homens. 
 
Concentração da Hemoglobina corpuscular média (CHbCM) 
CHbCM = hemoglobina X 10 
 hematócrito 
 
Os valores normais são de 24 a 37% em crianças, 31,5 a 36% em mulheres 
e 31,5 a 36% em homens (LOPES, 2007; GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA 
HOSPITALAR, 2012). 
 
A identificação de valores da hemoglobina abaixo das taxas de normalidade 
aumenta a chance de ocorrência de dificuldade de cicatrização após procedimentos 
odontológicos, pois é necessário que o nível de oxigênio nos tecidos seja capaz de 
suprir as necessidades celulares no processo cicatricial. Outro aspecto de 
importância relacionado aos níveis de hemoglobina na prática odontológica diz 
respeito aos pacientes com hemoglobinopatias. Esses pacientes podem apresentar 
alterações no crescimento facial, que discutiremos posteriormente. 
 
 
3.6.2 Leucograma 
 
 
É o estudo da série branca ou leucócitos. Os leucócitos representam um 
grupo heterogêneo de células que têm como função proteger o organismo de 
processos infecciosos. Como a cavidade oral é um ambiente rico em micro-
organismos, variações na capacidade de defesa orgânica podem permitir o 
desenvolvimento de infecções. Essa situação pode ser observada, por exemplo, em 
pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. 
Normalmente convivemos de maneira “pacífica” com as bactérias 
encontradas no sulco periodontal, mas nos estados de imunossupressão observam-
se frequentemente processos infecciosos periodontais acometendo margens 
gengivais e causados por bactérias anaeróbias. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
 O adulto normalmente apresenta de 5.000 - 10.000 leucócitos por 100mL de 
sangue. Esses valores podem ser afetados pelo gênero e idade da pessoa. Outras 
variantes podem ser a condição física do indivíduo, menstruação, gravidez, etc. Em 
presença de valores acima de 10.000leucócitos/ mm3 caracteriza-se um quadro de 
leucocitose e abaixo de 4.000leucócitos/ mm3, de leucopenia. 
Em um paciente normal, observam-se os seguintes tipos de leucócitos: 
- Monócitos 
- Linfócitos 
- Eosinófilos 
- Basófilos 
- Neutrófilos 
 
Leucograma - Contagem diferencial 
- Monócito: é um leucócito agranulócito e uma das maiores células da série 
branca; podem ter vacúolos, em função da recente fagocitose. São consideradas 
células ainda não totalmente maduras, circulantes e somente atingem o estado final 
de desenvolvimento quando saem da corrente sanguínea para os tecidos, 
transformando-se então em macrófagos tissulares ou histiócitos. Os macrófagos 
constituem sistema de defesa contra agentes infecciosos. 
 
- Linfócito: é um leucócito agranulócito e a célula predominante nas crianças. 
Seu aumento é chamado de linfocitose. Em adultos, seu aumento pode ser indício 
de infecção viral ou leucemia linfocítica crônica. 
As células maduras são encontradas no sangue circulante em porcentagens 
variáveis, podendo ser encontradas ainda nos órgãos linfoides primários e 
secundários. 
Os órgãos linfoides primários são a medula óssea e o timo. Nesses locais, 
ocorre a linfocitopoese em que células hematopoéticas pluripotentes encontram 
condições próprias para se fixar e proliferar. Já os órgãos linfoides secundários são 
representados pelos linfonodos, pelo baço e por outros agrupamentos linfoides como 
as placas de Peyer e as tonsilas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 27 
- Eosinófilo: é um leucócito granulócito; quando seu número aumenta é 
chamado de eosinofilia, e ocorre em casos de processos alérgicos ou parasitoses. 
- Basófilo: é um leucócito granulócito e, em um indivíduo normal, só é 
encontrada até uma célula (em termos percentuais). 
- Neutrófilo: é um leucócito granulócito e também a célula mais encontrada 
em adultos. Seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar 
aumentada em infecção viral. Os neutrófilos são importantes armas de defesa do 
organismo, sendo por isso bastante numerosos no sangue circulante (de 58 a 65% 
do todos os leucócitos). São capazes de fazer fagocitose, englobando partículas de 
pequenas dimensões (LOPES, 2007; GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA 
HOSPITALAR, 2012). 
 
 
QUADRO 1 - REAÇÃO ESCALONADA NO HEMOGRAMA 
Granulócitos Porcentagem Valores absolutos 
Neutrófilos 58 a 65% 3.200 a 6.000 
Promielócitos 0 0 
Mielócitos 0 0 
Metamielócitos 0 0 
Bastonetes 2 a 5% 100 a 200 
Segmentados 5 a 6% 370 a 400 
 Eosinófilos 2 a 4% 150 a 240 
 Basófilos 0 a 1% 40 a 80 
Granulócitos Porcentagem Valores absolutos 
Linfócitos 
 Adulto: 20 a 30% 1.200/ mm3 
 Crianças: 25 a 45% 2.000 a 3.500/ mm3 
FONTE: LOPES, A. Exames Complementares – Parte A: Hemograma. In: KIGNEL, S. Estomatologia 
– Bases do diagnóstico para o clínico geral. Santos: Santos, 2007. p. 57-67. 
 
 
Inclusões anormais no Leucograma 
 
 Blastos: células precursoras 
 
 
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 28 
– Linfoblastos: leucemia linfoide, linfoma 
– Mieloblastos: leucemia mieloide 
 
 Inclusões citoplasmáticas que podem ser encontradas em neutrófilos: 
- Granulações tóxicas: quando há um aumento na produção dos 
granulócitos, há uma diminuição no tempo da maturação das células precursoras 
dosneutrófilos. Por isso, os neutrófilos aparecem no sangue com os grânulos 
primários. Estão presentes em casos de infecções. 
- Vacúolos: são estruturas resultantes da fagocitose. Podem aparecer nos 
neutrófilos e monócitos. Seu relato só é importante quando aparece nos neutrófilos e 
estão presentes em casos de infecções graves. 
 
 
3.6.3 Série Plaquetária 
 
 
No hemograma, as plaquetas são observadas em relação à quantidade e ao 
seu tamanho. Seu número normal é de 150.000 a 400.000 por microlitro de sangue. 
Em valores menores que 150.000, observamos quadros de plaquetopenia, que se 
relacionam com riscos aumentados de sangramento. 
Definimos hemostasia como o conjunto de mecanismos fisiológicos que têm 
por finalidade a manutenção do sangue no interior dos vasos sanguíneos. Em uma 
pessoa normal, observa-se o equilíbrio entre a formação e a degradação dos 
coágulos decorrentes das injúrias vasculares. Para verificação de eventuais 
distúrbios de hemostasia, solicitam-se os seguintes exames, além da contagem de 
plaquetas: 
 
 
3.6.3.1 Tempo de sangramento 
 
 
Expressa de forma menos sensível a avaliação qualitativa e quantitativa das 
plaquetas. É utilizado para avaliar anormalidades da interação plaqueta-parede 
 
 
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 29 
vascular, quer seja realizado pelo Teste de Duke ou pelo de Ivy; o TS é um teste 
pouco reprodutível e sujeito à grande número de variáveis. A solicitação de 
contagem das plaquetas é mais adequada, pois somente contagens abaixo de 
90.000/mL alteram o tempo de sangramento. Atualmente, a realização dos exames 
de Tempo de Protrombina e Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada praticamente 
extinguiu a solicitação do TS, por serem mais sensíveis. 
 
 
3.6.3.2 Tempo de protrombina 
 
 
Possibilita avaliar a via extrínseca da cascata de coagulação. O princípio do 
teste baseia-se na adição no plasma de Ca (CaCl) e fator tecidual com posterior 
mensuração do tempo necessário para a formação do coágulo. 
Razão do tempo de protrombina = tempo de protrombina do paciente 
 tempo do pool (normal) 
 
Para a padronização dos resultados emitidos por laboratórios diferentes (em 
função de diferentes kits), estabeleceu-se o International Normalizatted Ratio (INR). 
O ISI (Índice de Sensibilidade) varia de acordo com o kit utilizado. 
Valores de referência: 3 a 9 minutos 
 
 
3.6.3.3 Tempo de tromboplastina parcial ativada 
 
 
É utilizado para o estudo da via extrínseca e comum da coagulação. O 
princípio do teste baseia-se na adição no plasma de Ca (CaCl) e fosfolípides 
purificados com posterior mensuração do tempo necessário para a formação do 
coágulo. A detecção pode ser feita de forma visual, mecânica ou óptica 
automatizada. Desta forma, os valores de referência podem variar conforme kit e 
população, situando-se geralmente entre 25 e 34 segundos. 
Para fins comparativos, calcula-se a Razão de Protrombina (RT). 
 
 
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 30 
Razão de Protrombina = Tempo de tromboplastina do paciente 
 Tempo do pool (normal) 
Valores de referência: inferior a 60s (Nigro e Harada, 2013). 
 
Outros exames complementares que podem auxiliar no diagnóstico são 
provas de função renal (uria, creatinina) e hepática (proteínas séricas totais, 
transaminase glutâmico-pirúvica – TGP; transaminase glutâmico-oxalacética – TGO; 
bilirrubinas; gamaglutamiltransferase – GAMA - GT, hemoglobina glicada (Hb A1c), 
provas sorológicas para identificação de doenças infecciosas, inflamatórias e 
autoimunes, dentre outras condições (GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA 
HOSPITALAR, 2012). 
 
 
4 EXAMES COMPLEMENTARES: RADIOLOGIA (RADIOGRAFIAS 
CONVENCIONAIS, TOMOGRAFIA MÉDICA, TOMOGRAFIA 
COMPUTADORIZADA, FEIXE CÔNICO, ULTRASSONOGRAFIA, RESSONÂNCIA 
MAGNÉTICA) 
 
 
Os exames de imagem desempenham papel fundamental no diagnóstico ou 
no acompanhamento da resposta terapêutica de diversas doenças. Os exames de 
imagem que utilizam radiação ionizante devem ser solicitados com rigoroso critério 
de indicação, uma vez que a exposição a esse tipo de radiação pode causar 
alterações teciduais. 
Os efeitos biológicos nos tecidos podem ser classificados em 
determinísticos, que levam à morte celular, ou estocásticos, que ocorrem em função 
da alteração aleatória no DNA de uma única célula que continua a se reproduzir. 
 
Segundo Mancusi Sobrinho (2013), os exames de raios-X de crânio podem 
ser divididos em: 
 
 
 
 
 
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 31 
4.1 RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS 
 
 
4.1.1 Panorâmicas 
 
 
A ampla cobertura de área examinada, a baixa dose de radiação e o pouco 
custo financeiro para o paciente são algumas das razões para a sua crescente 
aceitação. Em pacientes com alterações posturais, impossibilidade de locomoção e 
demências, a técnica é inviável, pois depende da colaboração do paciente. 
 
 
4.1.2 Intraorais 
 
 
São as tomadas radiográficas na qual o filme é colocado no interior da 
cavidade oral para obtenção da radiografia. Apresentam dificuldade de realização 
em crianças, pacientes com dificuldade de compreensão ou com movimentos 
espásticos, no entanto podem ser utilizados recursos estabilizadores, como os 
posicionadores de filmes radiográficos, para facilitar a execução da técnica. 
 
Técnicas periapicais 
*Bissetriz: técnica na qual o feixe de raios-X deve incidir perpendicularmente 
à bissetriz do ângulo formado entre o filme e o dente. 
*Paralelismo: técnica na qual o feixe de raios-X deve incidir 
perpendicularmente ao filme e ao longo eixo dos dentes. Para isso são utilizados 
posicionadores para manter o filme paralelo ao longo eixo do dente. 
*Técnica interproximal: também conhecida como técnica de Bite-wing, por 
usar um filme provido de uma asa de mordida. Essas radiografias permitem melhor 
observação das faces mesial e distal dos molares e pré-molares, e de suas cristas 
marginais. Auxilia no diagnóstico de cáries e adaptações cervicais de restaurações 
proximais. 
 
 
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 32 
Técnica oclusal: geralmente é indicada como um exame complementar aos 
achados obtidos quando do emprego das técnicas periapicais. A radiografia oclusal 
permite melhor verificação dos tecidos ósseos das arcadas e da localização 
vestibular/palato. Pode ser utilizada no estudo de fraturas dos maxilares, pesquisa 
de sialolitos nos condutos de Wharton, nas mensurações ortodônticas para 
determinação do tamanho dos maxilares e no estudo de fendas palatinas. Podem 
ainda detectar supranumerários, corpos estranhos, lesões císticas, etc... 
 
 
4.1.3 Laterais 
 
 
Tomadas radiológicas da mandíbula para o ângulo e ramo, da mandíbula 
para o corpo, da cabeça e lateral cefalométrica. São indicadas para avaliar lesões 
em corpo, ângulo e ramo ascendente da mandíbula. 
Posteroanteriores (PA): 
 PA de mandíbula: utilizada para o diagnóstico de fraturas na cabeça da 
mandíbula, pois o tracionamento medial do côndilo é facilmente observado em 
tomada posteroanterior. 
 PA de seios da face: indicada para diagnóstico de sinusopatias, 
especialmente em pacientes internados com dor em região maxilar ou neutropênico, 
na presença de dentes íntegros. 
Cefalométricas: solicitadas frequentemente pelos ortodontistas e raramente 
encontradas em hospitais. 
Axial para a base do crânio: axial invertida de Hirtz ou submento vértex. 
Oferece boa visibilidade da cabeça da mandíbula, sendo indicada quando um trismo 
impede a abertura da boca para PA de mandíbula e o objetivo é observar os 
côndilos. Permite ainda observação da base do crânio com nitidez. 
 
 
 
 
 
 
 
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 33 
4.2 TOMOGRAFIAS 
 
 
4.2.1 Tomografia Linear 
 
 
Também conhecida como tomografia convencional, esta modalidade foi o 
primeiro método de obtenção de imagens tomográficas. 
Suas principaiscaracterísticas são formação da imagem diretamente em filmes 
radiográficos e várias projeções no mesmo filme. 
 
 
4.2.2 Computadorizada Cone Beam 
 
 
Esse tipo de tomografia é realizado em tomógrafos específicos para crânio, 
como o Newton 3D e o Icat. O desenvolvimento desta nova tecnologia está 
provendo à Odontologia a reprodução da imagem tridimensional dos tecidos 
mineralizados maxilofaciais, com mínima distorção e dose de radiação 
significantemente reduzida em comparação à TC tradicional (SCARFE et al., 2006). 
 
 
4.2.3 Computadorizada 
 
 
É um exame no qual a radiação emitida em torno de um plano anatômico do 
paciente é medida por um conjunto de detectores e processada por um computador. 
Dados numéricos de imagens contidos em cortes tomográficos adquiridos 
sequencialmente, no plano axial, permitem a reconstrução em outros planos 
(PARKS, 2000). Geram imagens em três dimensões, ajudando a observar os limites 
e dimensões das lesões. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
4.3.4 Ultrassonografia 
 
 
A ultrassonografia (US) ou ecografia é um método exclusivamente 
anatômico, propiciando a realização da “macroscopia patológica” in vivo por meio de 
vibrações de alta frequência 7-10MHz que se refletem nas interfaces de tecidos de 
diferentes densidades. Essa técnica é utilizada principalmente nas patologias das 
glândulas tireoide e paratireoide, glândulas salivares e massas cervicais 
(FOP/UNICAMP, 2013) e as intensidades utilizadas para fins diagnósticos não 
produzem alterações nos tecidos que atravessa. 
 
 
4.3.5 Ressonância Nuclear Magnética 
 
 
É considerada como um dos maiores avanços da medicina em matéria de 
diagnóstico por imagem neste século. Seus princípios são bastante complexos e 
envolvem conhecimentos nas mais diversas áreas das ciências exatas. A grande 
vantagem da RNM está na segurança, já que não usa radiação ionizante. Os 
prótons dos tecidos são submetidos a um campo magnético e tendem a alinharem-
se contra ou a favor desse campo. 
O contraste da imagem em RNM é baseado nas diferenças de sinal entre 
distintas áreas ou estruturas que comporão a imagem. A RNM tem a capacidade de 
mostrar características dos diferentes tecidos do corpo com um contraste superior à 
tomografia computadorizada na resolução de tecidos ou partes moles. Apesar de 
grande aplicabilidade, a RNM tem algumas desvantagens. Por utilizar campos 
magnéticos de altíssima magnitude, é potencialmente perigosa para aqueles 
pacientes que possuem implantes metálicos em seus organismos, sejam marca-
passos, pinos ósseos de sustentação, clips vasculares, etc. 
Esses pacientes devem ser minuciosamente interrogados e advertidos dos 
riscos de aproximarem-se de um campo magnético e apenas em alguns casos, com 
muita observação, os exames podem ser permitidos. Outra desvantagem está na 
pouca definição de imagem que a RNM tem de tecidos ósseos normais, se 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
comparada à tomografia computadorizada, pois esses emitem pouco sinal 
(FOP/UNICAMP, 2013). 
 
 
5 NOÇÕES GERAIS DO ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL 
 
 
Segundo Veloso (2005), o crescimento exponencial do conhecimento criou 
novas necessidades no mundo do trabalho. O autor destaca que, na Antiguidade, os 
sábios eram ao mesmo tempo filósofos, matemáticos, astrônomos, engenheiros, 
artistas, escritores, etc. Na área da saúde, até a primeira metade do século passado, 
poucos profissionais formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e 
exerciam todas as ações do setor. 
Nos tempos atuais, é totalmente impossível que apenas alguns profissionais 
exerçam, com toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das ações 
de saúde. As necessidades da demanda de saúde e o crescente desenvolvimento 
científico e tecnológico produziram estratégias e mecanismos para efetivar o 
trabalho em equipe, com qualidade e eficiência. 
Uma equipe de saúde pode ser definida basicamente como a associação de 
profissionais de formação distinta com o propósito básico de promover o cuidado de 
indivíduos em termos da saúde global dos mesmos. Nos últimos anos, o trabalho em 
equipe tem sido particularmente valorizado no contexto hospitalar, uma vez que a 
assistência a pacientes internados envolve a integração de práticas que demandam 
habilidades técnicas complementares (PERES et al., 2011). 
O trabalho em equipe consiste em uma modalidade de trabalho coletivo que 
se configura na relação recíproca entre intervenções técnicas e a interação dos 
agentes. No processo de trabalho em saúde, os profissionais constroem consensos 
que configuram um projeto assistencial comum, em torno do qual se dá a integração 
da equipe de trabalho (PEDUZZI, 2001; CAMELO, 2011). Este tipo de trabalho 
enseja a oportunidade de se construir uma visão global de cada situação, mediante 
uma interlocução entre os diferentes profissionais envolvidos no seguimento 
terapêutico, contribuindo para alcançar um melhor prognóstico para os pacientes 
hospitalizados. Profissionais com formação e tempo de experiência diferentes 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
podem contribuir de forma diversa para o desenvolvimento do trabalho em equipe 
(QUEIROZ e ARAÚJO, 2009; CAMELO, 2011). 
Podemos exemplificar a articulação das ações e dos saberes que se busca 
no trabalho multiprofissional a partir da descrição do caso hipotético de um paciente 
com Doença Falciforme, que é uma hemoglobinopatia. Sua sintomatologia varia de 
acordo com o genótipo da doença, mas se observam, com frequência, crises álgicas 
nos pacientes. 
Então vamos lá: temos uma criança de três anos de idade, que mama 
durante toda a noite, ingere alimentos com grande teor de açúcar e a mãe só escova 
os seus dentinhos uma vez por dia! Essa criança tem mais dois irmãos com a 
doença, que demandam internações constantes e a mãe se sente sobrecarregada. 
Como podemos conscientizar essa mãe quanto aos cuidados de higiene oral e sua 
importância? A única esperança é trabalhando multiprofissionalmente, com uma 
abordagem integrada. O envolvimento do psicólogo, médico, nutricionista e 
assistente social pode amenizar o impacto da doença nessa família e facilitar a 
assimilação e a disposição para que a mãe tenha maior cuidado com a condição oral 
da criança. 
Situações similares a esta se repetem diariamente nas instituições 
hospitalares. Os pacientes frequentemente agregam as dificuldades do seu cotidiano 
ao seu tratamento de saúde. A recuperação da dimensão cuidadora e a busca da 
integralidade na atenção à saúde são desafios colocados para a organização do 
cuidado no interior dos hospitais. 
Dentro do hospital, a atenção integral depende da conjugação do trabalho de 
vários profissionais, ou seja, o cuidado recebido pelo paciente é produto de grande 
número de pequenos cuidados parciais que vão se complementando, a partir da 
interação entre os vários cuidadores que operam no hospital (FUEERWERKER e 
CECÍLIO, 2007). 
O trabalho em equipe só é possível quando os trabalhadores constroem uma 
interação entre si, trocando conhecimentos e articulando um campo de produção do 
cuidado, já que este é comum à maioria dos trabalhadores de um hospital. Esse 
campo de cuidado, além da interação, possibilita, a cada um, usar todo o seu 
potencial criativo na relação com o usuário/paciente, para juntos produzirem o 
cuidado (FRANCO e MERHY, 2003, CAMELO, 2011). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
Os cuidados com o equilíbrio e a autorregulação do organismo de um 
indivíduo no meio hospitalar exigem o trabalho de profissionais de diversas áreas da 
saúde, inclusive do Cirurgião-Dentista, que receberá destaque neste curso. A 
Odontologia Hospitalar permite melhor desempenho no compromisso de assistência 
ao paciente, uma vez que a prática visa aos cuidados das alterações bucais que 
demandam intervenções de equipes multiprofissionais nos atendimentos de alta 
complexidade.A Odontologia em si não poderia se isolar de outras profissões, e sim com-
partilhar a sua responsabilidade com outros profissionais da saúde. Desde o início, a 
prática das profissões da área da saúde teve como objetivo diagnosticar e promover 
o tratamento das enfermidades. A expressão “arte de curar”, que todos costumam 
citar atribuindo-a à profissão médica, explica essa orientação. Portanto as profissões 
de saúde, além deste objetivo, buscam de forma paulatina a promoção de saúde 
como um todo, e, para tanto, é necessário uma gama de equipes multidisciplinares 
com enfoque preventivo (ARANEGA et al., 2012). 
Concordamos com Euzébio et al. (2013), que consideram que a 
incorporação do cirurgião-dentista à equipe multiprofissional pode contribuir para a 
visão holística que deve ser oferecida ao paciente hospitalizado, a fim de 
proporcionar o seu bem-estar e dignidade, prevenindo infecções, diminuindo o 
tempo de internação e o uso de medicamentos, tendo em vista que os problemas 
bucais interferem na saúde geral do indivíduo, assim como as alterações sistêmicas 
podem se manifestar na cavidade bucal. 
É imprescindível que, cada vez mais, a formação dos profissionais de saúde 
e, no âmbito deste texto, do cirurgião-dentista, contemple o “olhar” ao paciente como 
um todo, valorizando a perspectiva do respeito à multiprofissionalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 38 
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 38 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 
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 39 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ODONTOLOGIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 40 
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 40 
 
 
MÓDULO II 
 
 
6 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES HIPERTENSOS E 
CARDIOPATAS 
 
 
As cardiopatias constituem um grupo de doenças que afetam a capacidade 
do coração, como um todo, podendo ser classificadas como congênitas ou 
adquiridas. Esse grupo de doenças é responsável por altas taxas de mortalidade. 
Além disso, a morbidade associada compromete a qualidade de vida do paciente e o 
coloca em risco, no caso da realização de intervenções clínicas sem que o 
profissional possua o conhecimento adequado sobre seu quadro. 
 
 
6.1 PRINCIPAIS CAUSAS DAS CARDIOPATIAS 
 
 
1) Doença coronariana crônica; 
2) Doença coronariana aguda; 
3) Hipertensão arterial; 
4) Doenças valvares; 
5) Insuficiência mitral; 
6) Doenças da valva aórtica; 
7) Insuficiência aórtica. 
 
Não há um sintoma específico que permita a identificação precisa de uma 
cardiopatia, no entanto ao se avaliar o conjunto de sintomas e histórico do paciente 
é possível estabelecer uma hipótese diagnóstica consistente. O paciente que 
apresenta comprometimento cardiovascular necessita ser cuidadosamente avaliado 
pelos profissionais envolvidos no seu cuidado. No caso de intervenções 
odontológicas, todas as informações relativas à sua condição clínica devem ser 
 
 41 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
atualizadas e, sempre que necessário, a programação para os procedimentos deve 
ser feita em conjunto com o cardiologista. Neste momento é importante avaliar os 
fatores de risco associados ao quadro preexistente, como história familiar de 
cardiopatias, estresse, obesidade, sedentarismo, dentre outras condições. 
Vale a pena chamarmos a atenção para o fato de que o atendimento 
odontológico provoca, em muitos pacientes, uma situação de ansiedade e estresse, 
que pode desencadear complicações nos pacientes cardiopatas, mesmo os 
assintomáticos. O cirurgião-dentista deve estar atento também para as condições do 
atendimento ao paciente cardiopata. Aspectos relacionados ao controle da dor, 
posicionamento da cadeira odontológica e a transmissão de conforto e segurança ao 
paciente pelo profissional terão impacto positivo no atendimento. 
 
 
6.2 PREPARO PARA CIRURGIA CARDÍACA 
 
 
Em caso de pré-cirurgias de valvas cardíacas, pré-cirurgias paliativas ou de 
correção de cardiopatias congênitas, e ainda em pré-transplante cardíaco e/ou 
pulmonar, o cirurgião-dentista da equipe de odontologia hospitalar deve: 
• Realizar anamnese e exame clínico. 
• Solicitar exame de imagem. É essencial a radiografia panorâmica; as 
radiografias periapicais e a tomografia computadorizada são de caráter 
complementar. 
• Estabelecer plano de tratamento. 
 
Os pacientes que serão submetidos a cirurgias cardíacas devem estar com a 
cavidade oral livre de potenciais focos de infecção. A presença de cáries e 
comprometimento endodôntico ou periodontal pode levar à disseminação por via 
sanguínea dos micro-organismos envolvidos nesses casos e provocar septicemia, 
colocando o sucesso do tratamento e a vida do paciente em risco. 
O preparo odontológico prévio requer, além dos procedimentos curativos, a 
orientação ao paciente, incluindo sempre que possível um familiar, sobre os 
cuidados de higiene oral e modificações de hábitos deletérios para a saúde bucal. 
 
 42 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
6.3 INFECÇÃO DAS VÁLVULAS CARDÍACAS OU TECIDOS ENDOTELIAIS DO 
CORAÇÃO 
 
 
Outra condição que merece atenção na prática odontológica é a 
possibilidade de ocorrência da endocardite bacteriana, pois infecções de origem 
odontológica estão entre possíveis causas da endocardite infecciosa. Procedimentos 
odontológicos, como cirurgias (exodontia, cirurgia periodontal) ou raspagem, 
provocam bacteremia e podem ser responsáveis pelo processo infeccioso. 
A endocardite bacteriana pode ser causada pela infecção do endotélio das 
válvulas ou das câmaras cardíacas, das artérias ou das próteses valvares. A 
patogenia da endocardite infecciosa envolve a formação de endocardite trombótica, 
a qual é posteriormente colonizada por bactérias, que podem ser oriundas de 
bacteremia. 
Os micro-organismos frequentemente envolvidos são Streptococcus 
viridans, Streptococcus bovis, estafilococos e enterococcus. As reações de defesa 
contra essa colonização completam o quadro. Protocolos de profilaxia antibiótica 
ainda são discutíveis, embora muitas instituições adotem as recomendações da 
Associação Americana de Cardiologia (GRUPO TÉCNICO DE ODONTOLOGIA 
HOSPITALAR, 2012; BORTOLOTTO et al., 2013). 
 
 
6.4 ANTICOAGULAÇÃO 
 
 
Os anticoagulantes são medicamentos indicados para uso em situações 
como acidente vascular cerebral, trombose venosa profunda, fibrilação atrial, 
cardiopatias isquêmicas e válvulas cardíacas protéticas. Esses pacientes 
apresentam alto risco de hemorragias e, dependendo do procedimento, o uso do 
anticoagulante deve ser descontinuado alguns dias antes do tratamento 
odontológico, após discussão e planejamento em conjunto com o médico 
responsável pelo paciente. Os procedimentos odontológicos cirúrgicos precisam ser 
planejados de modo que o cirurgião-dentista tenha em mãos o exame RNI (índice de 
 
 43 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
normalização internacional) recente. Se o RNI apresentar valor superior a 3,0 os 
procedimentos cirúrgicos odontológicos devem ser adiados e a dose deverá ser 
ajustada pelo médico. 
Deve ser realizada profilaxia antibiótica, no entanto é importante avaliar a 
possibilidade de interação dos antibióticos (bem como de anti-inflamatórios e 
analgésicos) com o anticoagulante. 
 
 
QUADRO 2 - CONTROLE DE ANTICOAGULAÇÃO ORAL PRÉ-INTERVENÇÃO 
ODONTOLÓGICA 
PROCEDIMENTO PRAZO RNI 
Dentística Não há necessidade de avaliaro RNI - 
Necropulpectomia Não há necessidade de avaliar o RNI - 
Biopulpectomia 30 dias até 3,0 
Raspagem subgengival 15 dias até 3,0 
Cirurgia periodontal 15 dias até 3,0 
Cirurgia bucal 15 dias até 3,0 
FONTE: BORTOLOTTO, L. A.; NEVES, I. L. I.; MONTANO, T. C. P. Cardiopatias: Complexidades 
envolvidas com procedimentos odontológicos. In: SILVA, Santos P. S.; VALENTE, Júnior L. A. 
Medicina Bucal: A Prática na Odontologia Hospitalar. São Paulo: Santos, 2013. p. 155-182. 
 
 
A hipertensão arterial sistêmica é um problema grave de saúde pública no 
Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o 
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo 
responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 
25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 
50% dos casos de insuficiência renal terminal. 
Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 
mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 
43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. Pacientes com 
hipertensão arterial sistêmica não diagnosticada ou mal controlada apresentam risco 
para sangramento após procedimentos cirúrgicos. Aqueles que necessitam de 
tratamento odontológico devem estar com a pressão arterial controlada, de 
 
 44 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
preferência com níveis pressóricos inferiores a 140/90 mmHg (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2006). 
As sessões de atendimento devem ser curtas e a pressão arterial deve ser 
aferida, bem como a frequência cardíaca. É fundamental que seja realizado o 
controle da dor para que a pressão arterial não se eleve, tanto durante quanto após 
o procedimento. Para isso, precisamos que a técnica anestésica seja bem 
executada e o paciente tenha o adequado suporte medicamentoso, 
respectivamente. O uso dos anti-inflamatórios não esteroidais, frequentemente 
indicados após procedimentos odontológicos cruentos, requer cuidados, pois seu 
uso prolongado pode reduzir a efetividade da ação anti-hipertensiva de alguns 
medicamentos. 
 
 
6.5 USO DE ANESTÉSICOS EM PACIENTES CARDIOPATAS 
 
 
A utilização de anestésicos não é uma contraindicação absoluta no caso de 
pacientes com algum tipo de cardiopatia. Nos casos em que o paciente apresenta 
risco elevado de complicações, como por exemplo, insuficiência cardíaca 
descompensada, recomenda-se a utilização de anestésicos sem vasoconstritores. 
No entanto, algumas desvantagens são associadas a esse procedimento, pois a 
ausência do vasoconstrictor pode aumentar o tempo de sangramento e diminuir o 
controle da dor, aumentando o tempo do procedimento e gerando mais tensão para 
o paciente. 
Por isso, sempre que for possível o uso do vasoconstrictor, deve-se dar 
preferência por sua utilização. Procedimentos clínicos e cirúrgicos podem ser 
realizados com lidocaína a 2%, com ou sem vasoconstrictor, avaliadas as razões 
para incluir a administração do vasoconstrictor. A escolha do uso do anestésico deve 
basear-se em: 
- tempo do procedimento; 
- necessidade de redução do sangramento local, para adequada 
visualização; 
- necessidade de prolongamento do período do bloqueio anestésico; 
 
 45 
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 45 
- histórico clínico do paciente (BORTOLOTTO et al., 2013). 
 
 
7 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES PNEUMOPATAS 
 
 
Os pacientes pneumopatas são aqueles que apresentam algum tipo de 
doença respiratória, com aumento progressivo na dificuldade de realizar atividades 
diárias. Frequentemente a doença associa-se com cansaço e falta de ar, por isso é 
importante considerarmos esses sintomas no planejamento do atendimento ao 
paciente com alguma pneumopatia. 
No caso do paciente apresentar alterações respiratórias leves, recomenda-
se que a cadeira odontológica esteja posicionada a 45°, facilitando a respiração pelo 
alívio da pressão sobre o tórax, o que permite que os pulmões se inflem de maneira 
adequada. Em algumas circunstâncias, não é possível realizar o atendimento em 
consultório sem a presença de oxigênio suplementar e nessas situações o 
tratamento deve ser realizado em ambiente hospitalar. 
A anamnese desse perfil de paciente precisa verificar, além da condição 
clínica atual, o uso de medicamentos como broncodilatadores ou corticoide, e a 
presença de outras comorbidades. Assim como em outros tipos de transplantes, os 
pacientes que serão submetidos ao transplante pulmonar deverão receber 
tratamento odontológico e orientação rigorosa no sentido da manutenção da saúde 
oral, com o objetivo de erradicar potenciais focos de infecção. 
Para os pacientes já transplantados, é necessário lembrarmos que: 
 A avaliação médica é de fundamental importância para a realização de 
um plano de tratamento odontológico seguro; 
 Pacientes apresentam aumento da susceptibilidade às infecções, pelo 
uso de medicações imunossupressoras; 
 Recomenda-se a profilaxia antibiótica antes de procedimentos invasivos. 
 
 
 
 
 
 46 
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 46 
8 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES DIABÉTICOS 
 
 
O Diabetes Mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas 
caracterizadas, principalmente, pelo aumento excessivo da quantidade de glicose no 
sangue, fato que geralmente ocorre por conta da deficiência na produção de insulina 
pelo organismo, ou presença em menor quantidade de receptores de glicose nas 
células do corpo (CARNEIRO NETO et al., 2012). 
As manifestações orais variam segundo o estágio da doença e fatores como 
o controle do tratamento podem influenciar, sendo frequentemente observados: 
e hipossalivação; 
e ardência bucal; 
 
; 
; 
; 
; 
; 
; 
; 
; 
. 
 
Durante a consulta inicial é necessário identificar o tipo de diabetes e 
classificar o paciente de acordo o grau de risco para a conduta odontológica. 
Conhecer o nível glicêmico, a frequência de episódios de hipoglicemia e a pressão 
arterial do paciente são condições obrigatórias para evitar complicações. 
Um cuidado simples, mas que pode diminuir o estresse é o agendamento 
das consultas no início da manhã e com programação de tempo de atendimento 
curto. Em caso de consultas demoradas, devemos incluir na programação a 
interrupção do atendimento para refeição rápida e ida ao banheiro e avisar ao 
paciente para manter sua dieta e terapêutica normais antes da consulta, evitando 
quadros de hipoglicemia. 
 
 47 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
É necessário assegurar que o paciente esteja tomando suas medicações. 
Por exemplo, se o paciente evita tomar o café da manhã, mas toma a dose normal 
de insulina, o risco de um episódio de hipoglicemia aumenta. Para alguns 
procedimentos, como a sedação consciente, o cirurgião-dentista pode requisitar que 
o paciente altere sua dieta normal antes do procedimento. Nestes casos, a dose da 
medicação pode necessitar ser modificada em consulta com o médico do paciente 
(FERNANDES et al., 2010). 
Ainda em relação às medicações, devemos sempre nos manter atualizados 
quanto às doses utilizadas e tempo de uso. Não podemos nos esquecer de também 
verificar se algum medicamento prescrito pelo cirurgião-dentista pode apresentar 
interação com a insulina. Podemos citar como exemplo que a utilização de anti-
inflamatórios não esteroidais tem a capacidade de ocasionar quadros de 
hipoglicemia pela potencialização da ação da insulina. Quando for necessário 
prescrever analgésicos, devemos dar preferência à Dipirona ou ao Paracetamol. 
Outro aspecto de grande relevância no tratamento é que a glicemia capilar e 
a pressão arterial devem ser aferidas no início de cada consulta odontológica. 
Pacientes em jejum e com glicemia menor ou igual a 70mg/dl devem ter suas 
consultas remarcadas. Se o paciente não estiver com a doença controlada, o 
cirurgião-dentista não deverá executar nenhum procedimento eletivo. 
O uso de anestésicoscom vasoconstrictores é aconselhável, pelo seu efeito 
anestésico mais duradouro, diminuindo o estresse do paciente. Estes podem ser 
empregados com segurança na maioria dos pacientes diabéticos em condições 
estáveis. Entretanto, Barcellos et al. (2000) não recomendam o uso de soluções 
anestésicas contendo adrenalina, uma vez que este hormônio provoca a quebra do 
glicogênio em glicose, podendo ocasionar hiperglicemia. 
Além disso, como o paciente diabético está sujeito à isquemia por causa da 
microangiopatia, esta condição pode agravar-se quando a adrenalina for 
administrada. Vasoconstritores sintéticos do tipo felipressina (ANDRADE, 2000) ou 
anestésicos locais sem vasoconstritores podem ser utilizados com mais segurança. 
Quanto ao uso de antibióticos, este não é necessário nos procedimentos 
odontológicos de rotina, mas na presença de infecções bucais devem ser prescritos, 
pois frequentemente esses pacientes apresentam baixa resistência e retardo da 
cicatrização (FERNANDES et al., 2010). 
 
 48 
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 48 
 Antibióticos: 
 Tratamento odontológico: 
 - Pacientes compensados - não é indicada profilaxia antibiótica. 
 - Doença mal controlada - mesmo na ausência de sinais de infecção, 
preconiza-se profilaxia antibiótica. 
 - Não devem ser prescritos antibióticos sob a forma de suspensão oral que 
contenham glicose na sua composição (CARNEIRO NETO et al., 2012, REZENDE 
et al., 2013). Preferencialmente, indica-se o uso de Penicilina associada ou não, ao 
Metronidazol. No caso de pacientes com alergia à Penicilina, podemos lançar mão 
da Eritromicina ou da Clindamicina. 
 
 
9 ABORDAGEM ODONTOLÓGICA EM PACIENTES NEFROPATAS 
 
 
O termo nefropatia refere-se à designação genérica de doença renal. Dentre 
elas, a insuficiência renal crônica é a mais grave e a que produz maior impacto ao 
organismo (SILVA et al., 2013). Esses pacientes requerem bastante atenção do 
cirurgião-dentista, pois apresentam, com frequência, diminuição na imunidade e 
consequente aumento no alto risco a infecções. 
Quando consideramos que a cavidade oral é sítio de grande variedade e 
quantidade de micro-organismos, esta região pode funcionar como porta de entrada 
dos mesmos – principalmente em presença de processos endodônticos, cáries e 
lesões periodontais – causando quadros de bacteremia e colocando a vida do 
paciente em risco. 
Além das manifestações sistêmicas que acometem o paciente com quadro 
de nefropatia, a cavidade oral pode ser diretamente afetada pelas alterações 
metabólicas e fisiopatológicas associadas à patologia e às suas modalidades 
terapêuticas. Várias alterações têm sido associadas à insuficiência renal e 
correlacionam-se com a gravidade da condição. Estima-se que 90% dos pacientes 
renais apresentarão sintomas orais (COSTA FILHO et al., 2006). 
 
 
 
 49 
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 49 
Manifestações orais: 
 
 
ões do paladar 
 
 
 
 
 
 
pseudomembrana, que desaparece quando os níveis de ureia retornam ao normal) 
 
A partir do conhecimento da fisiopatologia da doença e compreendendo a 
complexidade do tratamento desses pacientes, o cirurgião-dentista da equipe de 
odontologia hospitalar deve: 
• Realizar diagnóstico e tratamento de lesões bucais decorrentes da 
disfunção renal. 
• Instituir programa de prevenção de cárie nos casos de xerostomia grave 
em pacientes dialíticos. 
• Caso haja necessidade de execução de procedimentos curativos, o 
cirurgião-dentista do serviço de odontologia hospitalar deve encaminhar o paciente 
para o serviço de odontologia de contrarreferência. 
 
A execução de procedimentos curativos deve ser feita no próprio hospital 
nos casos de urgência e/ou nos casos que suscitarem limitações locais e sistêmicas 
que justifiquem o atendimento hospitalar. Para procedimentos eletivos ou sem outras 
contra indicações formais, o atendimento pode ser realizado em consultório 
odontológico, desde que se faça o planejamento em conjunto com o médico 
responsável pelo paciente. 
Como a Odontologia é uma área que frequentemente se utiliza de fármacos 
em sua prática, é importante destacar que a insuficiência renal crônica está 
 
 50 
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 50 
associada a alterações significativas na prescrição e no metabolismo de 
medicamentos. Grande número de drogas é eliminado do corpo pela excreção renal, 
que envolve filtração, secreção e reabsorção. A ligação de certas drogas a proteínas 
plasmáticas está reduzida na insuficiência renal ou pela redução na concentração de 
proteínas plasmáticas. Desta forma o nível total de droga pode ter uma variação 
terapêutica e a quantidade de droga livre (forma ativa) pode estar elevada (COSTA 
FILHO et al., 2006). 
 
 
9.1 TRANSPLANTE RENAL 
 
 
9.1.1 No Período Pré-Transplante 
 
 
O cirurgião-dentista da equipe de odontologia hospitalar deve: 
• Solicitar exame de imagem. É essencial a radiografia panorâmica; as 
radiografias periapicais e a tomografia computadorizada são de caráter 
complementar. 
• Realizar anamnese e exame clínico. 
• Estabelecer plano de tratamento. 
 
 Caso haja necessidade de execução de procedimentos curativos que 
representem risco de complicações para o paciente durante e após o transplante, o 
cirurgião-dentista do serviço de odontologia hospitalar deve encaminhar o paciente 
para o serviço de odontologia de contrarreferência. É indicada avaliação 
odontológica pelo profissional do serviço de odontologia hospitalar após a conclusão 
do tratamento na unidade básica saúde/centro de especialidade odontológica e 
previamente ao início do transplante, com objetivo de confirmar a realização integral 
do procedimento odontológico solicitado. 
 
 
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 A execução de procedimentos curativos deve ser feita no próprio 
hospital nos casos de urgência e/ou nos casos que suscitarem limitações locais e 
sistêmicas que justifiquem o atendimento hospitalar. 
 
9.1.2 No Período Pós-Transplante 
 
 
O cirurgião-dentista da equipe de odontologia hospitalar deve: 
• Realizar diagnóstico de lesões bucais nos pacientes imunossuprimidos. 
• Em caso de agravos na cavidade bucal que representem risco de 
complicações para o paciente nos primeiros seis meses após o transplante, executar 
os procedimentos nos casos de urgência e/ou nos casos que suscitarem limitações 
locais e sistêmicas que justifiquem o atendimento hospitalar. 
• Após seis meses do transplante, encaminhar o paciente para o serviço de 
odontologia de contrarreferência (unidade básica de saúde/centro de especialidades 
odontológicas). 
 
Alguns cuidados exercem papel fundamental na segurança do atendimento 
oferecido ao paciente com nefropatia. Um deles é, no caso de pacientes que são 
submetidos à diálise, que não se deve realizar procedimentos invasivos no mesmo 
dia. Essa orientação se deve ao fato de que se utiliza heparina durante o 
procedimento de diálise, com o objetivo de obter ação anticoagulante. 
Com relação à prescrição de antibióticos, é recomendável utilizar a menor 
dose efetiva, pelo menor tempo possível. A indicação é optar por antibióticos que 
tenham sua excreção por via hepática, como azitromicina e clindamicina. Por outro 
lado, a cefalexina e a penicilina devem ser evitadas, pois são excretadas pelos rins. 
Alguns medicamentos podem apresentar interação, comprometendo o 
sucesso da terapêutica e aumentando a morbimortalidade nos pacientes. O uso 
simultâneo de eritromicina e ciclosporina é contraindicado, visto que a eritromicina 
provoca um aumento na toxicidade da ciclosporina, provavelmente devido ao 
aumento da sua absorção. O uso concomitante de metronidazol e ciclosporina 
também é contraindicado, uma vez que o metronidazol reduz o metabolismo da 
ciclosporina, podendo resultar em nefrotoxidade (COSTA FILHO et al., 2006). 
 
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 AN02FREV001/REV 4.0 
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Os anti-inflamatórios não esteroides devem ser evitados, pois

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