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PROSPECÇÃO E PESQUISA MINERAL CURSO DE ENGENHARIA GEOLÓGICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS GEOLOGIA DE MINA E MODELAGEM GEOLÓGICA Prof. Dr. Adelir José Strieder Cursos de Engenharia Geológica e Engenharia de Petróleo CENTRO DE ENGENHARIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 2019 Geologia de mina e modelagem geológica i SUMÁRIO 1. Introdução 1 2. Mapeamento geológico-estrutural de mina 2 2.1. Técnicas de mapeamento 2 2.1.1. Mapeamento em superfície 3 2.1.1.1 Mapeamento em escalas regional e semi-regional 4 2.1.1.2 Mapeamento em escalas de detalhe ou de mina 11 2.1.2. Mapeamento de trincheiras, poços e galerias 18 2.1.3. Descrição de testemunhos de sondagem 21 2.2. Mapeamento de feições geomecânicas em maciços rochosos 25 2.2.1. Tipos de descontinuidades geomecânicas 26 2.2.2. Características das descontinuidades geomecânicas de maciços rochosos 28 2.2.3. Métodos de levantamento de descontinuidade geomecânicas 33 2.2.3.1 Mapeamento preliminar de descontinuidades por fotogrametria terrestre 33 2.2.3.2 Descrição (caracterização) geomecânica de afloramentos 37 2.2.3.2.1 O método da scanline 37 2.2.3.3 Caracterização geomecânica a partir de testemunhos de sondagem 38 2.2.4. Caracterização de maciços rochosos por meio do levantamento de descontinuidades geomecânicas 40 2.3 Mapeamento de estruturas deformacionais 42 2.3.1 Mapeamento de estruturas deformacionais planares 43 2.3.2 Mapeamento de dobras 46 2.3.3 Mapeamento de estruturas lineares 49 3. Estruturas controladoras de depósitos minerais (guias de minérios) 51 3.1. Tipos de estruturas controladoras 51 3.2. Mapeamento das estruturas controladoras 56 3.3. Geometria, distribuição espacial e persistência dos corpos de minério 60 3.3.1 Corpos de minério aproximadamente equidimensionais 61 3.3.2 Corpos alongados e/ou cilíndricos de minério 64 3.3.3 Corpos tabulares de minério 65 3.3.4 Corpos irregulares de minério 66 3.4. Levantamentos geofísicos aplicados em escala de mina 66 3.4.1 Métodos de campo potencial 67 3.4.2 Métodos de resistividade e polarização induzida 68 3.4.3 Métodos eletromagnéticos 71 3.4.4 Georradar 72 3.4.5 Métodos sísmicos 72 3.4.6 Perfilagem geofísica 73 4. Geologia exploratória e de frente de lavra 77 4.1. Amostragem de minério 77 4.1.1 Erros de amostragem 78 4.1.2 Tipos de amostgragem 78 4.1.2.1 Amostragem geológica ou primária 79 Geologia de mina e modelagem geológica ii 4.1.3 Teoria da amostragem 81 4.1.3.1 Teoria da amostgragem de Gy 81 4.1.3.2 Teoria da amostragem de Kazhdan 82 4.2 Aplicação das teorias de amostragem aos depósitos de ágata do Distrito Mineiro de Salto do Jacuí (RS) 83 4.2.1 Técnicas de extração dos geodos de ágata 84 4.2.2 Caracterização do minério 85 4.2.3 Determinação dos teores de referência em depósitos de ágata 86 4.2.4 Definição do volume amostral mínimo para os depósitos de ágata 87 4.2.4.1 Volume amostral pela Teoria de Kazhdan 88 4.2.4.2 Volume amostral pela Teoria de Gy 89 4.2.4.3 Volume amostral mínimo para os depósitos de geodos de ágata 91 4.3 Levantamentos geológicos continuados, acompanhamento da lavra e controle de teores 91 4.3.1 Metodologias utilizadas para estimativa de teor dos blocos 92 4.4 Estudo de caso sobre controle de teores para a esgotada Mina de San Gregório (Uruguay) 94 4.4.1 Operações de controle de teor e mapeamento de acompanhamento da lavra 96 4.4.1.1 Sondagens para desmonte 97 4.4.1.2 Amostragem 97 4.4.1.3 Topografia 97 4.4.1.4 Análise química 97 4.4.1.5 Construção de banco de dados 97 4.4.1.6 Preparação do banco de dados para o controle de teor 98 4.4.1.7 Controle de teor 98 4.4.1.8 Demarcação dos blocos de lavra 98 4.4.1.9 Mapa de controle de teor 98 4.4.1.10 Supervisão do material extraído 100 4.4.2 Resultados obtidos 100 4.5. Estudos químicos, físicos e petrográficos do minério e de suas encaixantes 100 5. Elementos de modelagem de depósitos minerais 108 5.1 Modelos exploratórios 108 5.1.1. Classes de modelos de depósitos minerais 110 5.1.1.1 Modelos empíricos, descritivos e genéticos 110 5.1.1.2 Modelo DPC (data process criteria) 112 5.1.1.3 Modelo teor/tonelagem 113 5.1.1.4 Modelo de probabilidade de ocorrência 113 5.2 Modelos geométricos de depósitos minerais para planejamento de lavra 114 5.2.1. Wireframe models 115 5.2.2. Block models 116 5.3 Modelagem geológica aplicada a diferentes tipos de geometria de depósitos min 117 5.3.1. Depósitos de carvão 117 5.3.2 Depósitos do tipo Cu-pórfiro 118 5.3.3. Veios de quartzo-ouro em zonas de cisalhamento 118 6. Processamento e interpretação geológica dos dados de mapeamento e sondagens 120 6.1 Interpolação (interpretação, correlação) de estruturas geológicas 120 6.2 Elementos básicos da correlação geológica e da modelagem geométrica 122 6.2.1 Modelagem geométrica e superfícies delimitantes de depósitos minerais 124 Geologia de mina e modelagem geológica iii 6.3 Mapas de contorno estrutural: preparação e análise 127 6.3.1 Elaboração do mapa geológico a partir do conhecimento da atitude de contatos 127 6.3.2 Modelagem geológica a partir de afloramentos completos 129 6.3.3 Modelagem geológica a partir de sondagens 135 6.4 Análise de elementos estruturais para investigação de seções geológicas 138 6.5. Correlação de dados e ajuste de mapas para programação de lavra 146 Referências bibliográficas 149 Geologia de mina e modelagem geológica 1 1. Introdução A Geologia de Mina envolve uma série de atividades de pesquisa exploratória e de acompanhamento da lavra de quaisquer tipos de depósitos minerais. O objetivo desse material didático é discutir as principais atividades geológicas em relação às fases de pesquisa mineral de detalhe para a modelagem geológica e a cubagem do corpo de minério e de geologia e amostragem de minério em uma frente de lavra. Envolvem, ainda, o levantamento de dados para a caracterização geomecânica dos maciços rochosos para fins de dimensionamento de galerias e de estruturas de contenção em minas subterrâneas, e dimensionamento de taludes em minas a céu aberto. Dentro desse contexto, as principais atividades podem ser preliminarmente resumidas em: mapeamento geológico-estrutural em diferentes escalas, amostragem de minério, modelagem geológico-estrutural dos corpos de minério e cubagem dos corpos de minério. As principais técnicas de mapeamento utilizadas em geologia de mina buscam realizar o reconhecimento, a sistematização e a caracterização das estruturas geológicas que controlam diretamente a geometria e a extensão dos corpos de minério. Neste sentido, o tema pode ser desenvolvido em duas etapas: (i) técnicas de mapeamento geológico de superfície e (ií) técnicas de mapeamento da continuidade estrutural em sub-superfície. A implantação de um projeto de mineração exige a integração de diversas metodologias e informações, desde a fase de reconhecimento até a fase de execução da lavra. O estágio de detalhamento envolve a execução de sondagens e mapeamentos estruturais de detalhe das áreas de maior interesse. O objetivo do mapeamento geológico-estrutural de detalhe é o de caracterizar todos os elementos estruturais (lineares ou planares) presentes no corpo de minério e em suas encaixantes, de forma a possibilitar uma definição precisa da geometria e da continuidade espacial do depósito, bem como orientar o planejamento e o desenvolvimento da lavra. A completa caracterização das estruturas associadas ao depósito mineral é de extrema importância em termos de planejamento da lavra, tanto em minas de céu aberto quanto em minas subterrâneas. Essas estruturas influenciam não só no seqüenciamento da lavra, mas influem diretamente no comportamento geomecânico do maciço rochosono qual está circunscrito o depósito. Nessa perspectiva, deverá ser observada a precisão com que os levantamentos de dados geológicos e estrutrurais dos corpos de minério e de suas encaixantes estão sendo conduzidos. Essa precisão é fundamental para que se alcance, ao final do processo de lavra de cada bloco, uma reconciliação de teores satisfatória. Essa precisão é a precisão exigida em qualquer tipo de mapeamento e cartografia geológica, onde o erro de locação deve ser menor do que 0,2mm na escala dos mapas (e = 0,0002*Módulo da escala). É com esse objetivo que se reproduz uma frase emblemática de um dos maiores Geólogos de Mina: “Pencils used for detailed geological mapping and logging must be kept extremely sharp” Ahrens, E.H. 1992. Practical mining geology. IN: Applied Mining Geology, A.J. Erickson Jr., R.A. Metz and D.E. Ranta Eds., Society of Mining, Metallurgy and Exploration of the American Institute of Mining, Metallurgical and Petroleum Engineers Inc., Littleton, CO- USA, pp. 73-82 Geologia de mina e modelagem geológica 2 2. Mapeamento geológico-estrutural de mina As principais técnicas de mapeamento utilizadas em geologia de mina buscam realizar o reconhecimento, a sistematização e a caracterização das estruturas geológicas que controlam diretamente a geometria e a extensão dos corpos de minério. Neste sentido, o tema pode ser desenvolvido em duas etapas: i) técnicas de mapeamento geológico de superfície e ii) técnicas de mapeamento da continuidade estrutural em sub-superfície. A implantação de um projeto de mineração exige a integração de diversas metodologias e informações, desde a fase de reconhecimento até a fase de execução da lavra. Os principais procedimentos utilizados na etapa de reconhecimento são a análise de produtos de sensoriamento remoto, o mapeamento geológico e os métodos geoquímicos e geofísicos de prospecção. Esta etapa da pesquisa objetiva, portanto, a delimitação das áreas potencialmente favoráveis para estudos geológicos mais detalhados, que visam à cubagem do depósito mineral e viabilização da mina. O estágio de detalhamento envolve a execução de sondagens e mapeamentos estruturais de detalhe das áreas de maior interesse. O objetivo do mapeamento estrutural de detalhe é o de caracterizar todos os elementos estruturais (lineares ou planares) presentes no corpo de minério e em suas encaixantes, de forma a possibilitar uma definição precisa da geometria e da continuidade espacial do depósito, bem como orientar o planejamento e o desenvolvimento da lavra. A completa caracterização das estruturas associadas ao depósito mineral é de extrema importância em termos de planejamento da lavra, tanto em minas de céu aberto quanto em minas subterrâneas. Essas estruturas influenciam não só no seqüenciamento da lavra, mas influem diretamente no comportamento geomecânico do maciço rochoso no qual está circunscrito o depósito. As técnicas de mapeamento aqui descritas focam principalmente os levantamentos geológicos de detalhe (cubagem e acompanhamento de lavra), já que o objetivo do curso é a Geologia de Minas e a Modelagem Geológica. Assim, as técnicas de mapeamento de caráter mais regional, ou de semi-detalhe, que se utilizam do sensoriamento remoto e da geofísica regional e/ou semi-detalhe como produtos auxiliares para definir zonas potencialmente favoráveis à existência de depósitos minerais, serão abordadas sumariamente. A discussão contida em cada um dos itens sobre Técnicas de mapeamento abaixo é baseada principalmente nos livros textos produzidos por Maranhão (1983) e por Kuzvart & Böhmer (1986). As técnicas de mapeamento de detalhe (item 2.1.1.2) foram baseadas principalmente nos livros e textos compilados por McKinstry (1948) e por Lacy (1983). As técnicas de mapeamento propostos e descritos nesses livros foram, no entanto, profundamente revisadas, principalmente no caso dos mapeamentos geológicos de detalhe (e de mina), devido à incorporação corriqueira de novas ferramentas auxiliares. 2.1. Técnicas de mapeamento O mapeamento geológico significa a produção de cartas (mapas) ou plantas onde estejam detalhadamente representadas todas as estruturas geológicas e litologias que ocorrem na área sob investigação. Nesse sentido, as perguntas mais comuns dos geólogos e engenheiros de mina parecem ser: quais elementos representar? e como representar os elementos de espessura muito pequena? De um modo geral, essas perguntas se referem ao grau de resolução que deve ser empregado na produção dos mapas mineiros nas diferentes escalas. Geologia de mina e modelagem geológica 3 O grau de resolução a ser empregado depende da escala de cada mapa. O cálculo dessa resolução é simples e está relacionado com a acuidade visual adotada na cartografia: 0,2mm. Esse valor é a menor separação entre linhas dessa espessura que o olho humano pode distinguir. Desta forma, é fácil determinar a resolução para qualquer escala de mapa. Tome-se como exemplo um mapa em escala 1:100.000; isso significa que 1 cm no mapa representa uma espessura de 100.000cm (1.000m) no terreno; logo, 0,2mm no mapa representam 20m no terreno. Portanto, qualquer estrutura geológica com mais de 20 m de espessura alcança representatividade no mapa em escala 1:100.000. Considere, agora, um mapa na escala 1:2.500; 1cm no mapa representa 2.500cm (25m) no terreno, o que implica que 0,2mm no mapa representam uma espessura de 0,5m no terreno. Portanto, no mapa em escala 1:2.500, qualquer unidade/estrutura geológica com espessura maior do que 0,5m alcança representatividade. Com o objetivo de facilitar a adequação de escala, pode-se propor a seguinte equação para determinar a escala, ou definir o grau de resolução de uma escala: r M 5000 ou r ≤ 0,0002M (Equação 2.1) onde: r = a resolução em metros; M = o módulo da escala; e 1/5000 = 0,0002 = fator de redução de 0,2mm a metros. Essa proposição pode ser aplicada para qualquer escala de levantamento; basta que se tenha clareza das dimensões mínimas das estruturas de interesse de representação. A partir desse parâmetro de resolução, pode-se deduzir que os mapas geológicos devem expressar toda a variabilidade litológica e estrutural capaz de ser representada na escala escolhida para a sua produção. O geólogo e/ou engenheiro de mina devem escolher a escala adequada para representar todas as feições geológicas de importância para a atividade fim de sua investigação. A escala a ser escolhida para o mapeamento em cada fase de investigação mineira deve possibilitar a representação principalmente das estruturas geológicas que controlam os corpos de minérios e as suas rochas encaixantes imediatas. Os mapas geológicos, nas diferentes escalas, podem possuir e normalmente possuem indicações de algumas feições estruturais cuja representação está fora da resolução do referido mapa. Esse é normalmente o caso das representações de falhas, as quais devem ser representadas com certo exagero de escala (largura do traço) somente quando deslocam contatos geológicos e mostram claramente o rejeito das unidades adjacentes. Representar quaisquer estruturas em exagero de escala, sem que tal estrutura tenha um significado geológico importante para ser representada na escala contribui para que o mapa geológico final fique sobrecarregado de informações e dificulte a visualização e interpretação das estruturas que realmente importam àquela escala. 2.1.1. Mapeamento em superfície O mapeamento de feições e estruturas geológicas e litologias em superfície pode ser executado em qualquer escala. Usualmente, divide-se o mapeamento em três etapas sucessivas de aprofundamento do conhecimento geológico de uma área sob investigação: i) exploração geológica regional, ii) exploração geológica semi-regional (ou semi-detalhe), iii) escala de exploração geológica de detalhe.Poder-se-ia, ainda, definir uma escala de mapeamento de mina, como um aprofundamento e detalhamento das estruturas geológicas que controlam a mina propriamente dita; essa investigação em escala de mina é particularmente importante para corpos de minério cuja geometria e/ou controle é dado estritamente por feições estruturais (dobras, falhas, p.ex.) complexas. Geologia de mina e modelagem geológica 4 2.1.1.1. Mapeamento em escalas regional e semi-regional O mapeamento geológico regional e semi-regional são ferramentas importantes para que se reconheçam as litologias e as estruturas regionais que controlam o posicionamento geológico de ocorrências minerais e de depósitos minerais conhecidos. Tais mapas assumem grande importância quando as empresas de mineração buscam aumentar as reservas minerais e, conseqüentemente, a vida útil dos empreendimentos. O mapeamento geológico regional usualmente utiliza escalas menores do que 1:100.000 e, eventualmente, escalas de 1:50.000. Em algumas regiões, mapas de escala 1:250.000 têm sido utilizados. A base cartográfica pode ser tomada dos mapas topográficos da Divisão de Levantamento do Ministério do Exército (DL-MEx), ou do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, quando da realização dos trabalhos de campo que busquem identificar os controles geológicos da mineralização, deve-se ter sempre em mente que as resoluções cartográficas nas escalas 1:100.000 e 1:50.000 são respectivamente 20 m e 10 m. O mapeamento geológico regional em escala 1:100.000 é aconselhado para áreas de baixo conhecimento geológico que tenham entre 4.000 a 8.000km2. Áreas de baixo conhecimento geológico com 1.000 a 4.000km2 podem ser mapeadas em escala 1:50.000. Nessas escalas de investigação geológica, os principais elementos a serem mapeados são as litologias, as falhas e as dobras geológicas de grande expressão. A base cartográfica dos mapas geológicos de escala regional também pode ser executada a partir de imagens do satélite ASTER (restituição fotogramétrica das bandas 3N e 3B). No entanto, para a execução dessa restituição é imprescindível que sejam identificados vários pontos de controle na imagem e seus respectivos pontos no terreno (GCPs, ground control points). Esses pontos de controle no terreno devem ser ocupados com receptores GPS geodésicos (L1 ou L1, L2) no método estático relativo, de maneira a definir as suas coordenadas com a precisão e acurácia necessária para a obtenção da resolução desejada. Se os pontos ocupados forem RN’s (referências de nível) oficiais do IBGE ou de altitude conhecida, poder-se-á obter uma carta topográfica com alturas ortométricas. Se os pontos rastreados não tiverem as suas altitudes conhecidas, também é possível se obter as suas alturas ortométricas com o emprego do programa MAPGEO2004 do IBGE. A exatidão das altitudes, assim obtidas é da ordem de 2m, o que é perfeitamente aceitável quando se deseja representá- las nas escalas aqui estabelecidas (Ver Decreto 89.817/84 - Instruções Reguladoras das Normas Técnicas da Cartografia Nacional). A representação em mapa deve privilegiar as estruturas de interesse no controle da mineralização. Isso posto, o mapeamento de campo deve se concentrar nos elementos geológicos de interesse e na sua representação preferencial nos mapas. Assim, com a devida referência na legenda dos mapas, pode-se detalhar a constituição interna de determinadas formações geológicas (grupos de litologias) e expressar tal variabilidade nos mapas de acordo com a sua resolução de escala. As formações geológicas que não possuem estruturas mineralizadas, por seu turno, podem ser representadas sem a sua variabilidade interna. Nessa escala de mapeamento (regional), para fins de informação e visualização das estruturas controladoras do minério, pode-se permitir algum exagero de escala na representação de certos elementos geológicos, principalmente falhas e posicionamento de dobras. Mesmo determinadas unidades litológicas podem receber exagero de representação em sua espessura, principalmente se a unidade constituir o controle litológico do minério. Porém, tal exagero de escala de representação deve ser informado na legendo do respectivo mapa (Figura 2.1). A execução do mapeamento geológico regional deve se valer das ferramentas tradicionais e daquelas que estão atualmente disponíveis: fotografias aéreas, imagens de satélite e levantamentos aerogeofísicos. Tais ferramentas permitem o traçado mais preciso dos contatos geológicos (Fig. 2.2, 2.3) e das estruturas geológicas que são normalmente difíceis de Geologia de mina e modelagem geológica 5 mapear continuamente por meio mapeamento de superfície (Fig. 2.4). Os elementos geológicos individualizados por meio dessas ferramentas direcionam (focam) os trabalhos de campo para as áreas de maior interesse, na medida em que as localizações geográficas podem ser buscadas em campo com o auxílio de simples GPS de navegação. Os receptores GPS de navegação, que operam a partir do código C/A, fornecem uma média global previsível de acurácia horizontal de 13 metros, em 95 % dos casos, conforme o estabelecido pelo Global Positioning System Standard Positioning Service Performance Standard (2001), do Departamento de Defesa dos EUA, o que está compatível, na maioria dos casos, com a resolução de escala dos mapas 1:50.000. Figura 2.1 – Mapa geológico regional exemplificando a representação detalhada de litologias que controlam a mineralização dentro de determinada formação geológica. Coordenadas estão ajustadas ao sistema Transverso de Mercator Local (LTM). Geologia de mina e modelagem geológica 6 Figura 2.2 – Mapa de lineamentos penetrativos tipo 1 retirados de imagens de satélite LANDSAT, sobreposto ao mapa geológico preliminar na região de Porto Nacional (TO) (modificado de Gottardo, 2003). Coordenadas estão ajustadas ao sistema Universal Transverso de Mercator (UTM). Geologia de mina e modelagem geológica 7 Figura 2.3 – Composição colorida de três canais (K-Th-U) de levantamento aerogeofísico evidenciando os limites das principais unidades geológicas na região de Lavras do Sul, Rio Grande do Sul (modificado de Roldão, 2000). Geologia de mina e modelagem geológica 8 Figura 2.4 – Imagem da primeira derivada vertical da magnetometria em levantamento aerogeofísico mostrando as estruturas deformacionais (falhas do Sistema Duplex Irapuã) na região de Lavras do Sul, Rio Grande do Sul (modificado de Roldão, 2000). A qualidade dos mapas geológicos produzidos depende fundamentalmente do cuidado do profissional na representação dos elementos geológicos (limites de unidades geológicas, Geologia de mina e modelagem geológica 9 falhas, dobras, etc...) que estão sendo representados. Além disso, essa qualidade também depende da quantidade de pontos amostrados, ou seja, do número de afloramentos rochosos descritos a analisados no mapa. Em termos gerais, considera-se como número razoável, a descrição/exame de 1 afloramento (ponto) para cada 1cm2 de mapa. Isso implica que, na escala de 1:100.000 (1cm = 1000m no terreno), devem ser examinados 1 afloramento para cada 1km2; na escala 1:50.000, devem ser examinados 4 afloramentos por 1km2. Essa densidade amostral para a confecção dos mapas geológicos pode ser otimizada quando se emprega, adicionalmente, elementos como fotografias aéreas, imagens de satélite de boa resolução e levantamentos aerogeofísicos. A otimização da densidade amostral significa que os pontos amostrais podem ser dispostos em perfis de levantamento dispostos perpendicularmente às estruturas geológicas. As fotografias aéreas e as imagens de satélite e de levantamentos aerogeofísicos permitem desvendar a continuidade espacial das estruturas geológicas e, assim, posicionar os perfis de levantamento em campo perpendicularmente àsestruturas. A correlação entre as observações efetuadas em cada perfil é realizada novamente com base nas ferramentas de apoio já utilizadas. O mapeamento geológico de semi-detalhe (semi-regional) utiliza escalas 1:25.000 a 1:10.000. As resoluções cartográficas nessas escalas são respectivamente 5m e 2m. Nessas escalas de levantamento geológico, podem ser mapeadas áreas entre 100 e 1.000km2 e entre 10 e 100km2, respectivamente. A base cartográfica dos mapas em escala 1:25.000 ainda pode ser executada, com alguma restrição de resolução, a partir de imagens do satélite ASTER. No entanto, de acordo com o interesse e a importância dada ao aumento de reservas minerais na área de investigação, recomenda-se a execução de mapas topográficos a partir da restituição de fotografias aéreas em escala adequada à resolução desejada no mapeamento, ou por meio de LIDAR (light detection and ranging: método de levantamento topográfico por meio de ondas EM – laser, Fig. 2.5). Figura 2.5 – Representação esquemática do levantamento topográfico por LIDAR. Sistema GPS do avião mede coordenadas (X,Y,Z). Unidade inercial de medida (IUM) registra diferença de nivelamento das asas e da proa-popa do avião, além da altura do solo. O mapeamento geológico de semi-detalhe já conta com a localização e delineação dos afloramentos rochosos em mapa; também podem ser delineados em mapa trabalhos mineiros Geologia de mina e modelagem geológica 10 como: trincheiras e poços. Esse detalhamento permite com que as estruturas geológicas específicas, a partir de um mapa topográfico de qualidade (cf. definido no Decreto 89.817/84), possam ter sua continuidade espacial (3-D) avaliada para fins de planejamento de sondagens, poços e/ou trincheiras que busquem o detalhamento das estruturas mineralizadas. Nessa escala de investigação geológica, somente falhas, veios, diques, por exemplo, podem ter sua espessura exagerada para fins de representação no mapa geológico em construção. A espessura e a variabilidade das unidades litológicas, pelo menos nas formações de interesse, devem ser representadas na verdadeira escala. Assim, a escolha da escala para produção dos mapas geológicos de semi-detalhe devem seguir as mesmas recomendações oferecidas na tabela 2.1. O mapeamento geológico de semi-detalhe deve contar com receptores GPS para localização e posicionamento das estruturas geológicas encontradas em afloramentos superficiais, poços e/ou trincheiras, pois a resolução cartográfica requerida é 5m e 2m para as escalas de 1:25.000 e 1:10.000, respectivamente. É importante notar que, em escala de semi- detalhe, a precisão requerida (0,2mm na escala) somente pode ser alcançada com o uso de receptores GPS de uma ou duas freqüências (L1 e L2) no método estático relativo, e empregados segundo o especificado pelos fabricantes, A densidade amostral requerida para a confecção dos mapas geológicos de semi- detalhe é de 16 afloramentos, ou 100 afloramentos por 1km2, respectivamente (escalas 1:25.000 e 1:10.000). Em muitas situações brasileiras, no entanto, onde a cobertura de solos é espessa e contínua, pode ser difícil alcançar tal número de afloramentos rochoso por km2. Nesse caso, os afloramentos existentes devem ser demarcados em relação às áreas que possuem cobertura de solo; a mesma demarcação é exigida para trincheira e poços já existentes. Deste modo, o uso de técnicas de modelagem 3-D normalmente empregadas em escala de mina é a solução para o detalhamento geológico em faixas de maior interesse, como a continuidade espacial de determinada litologia controladora da mineralização. A identificação da continuidade de tais estruturas geológicas por sob o manto de solo pode ser, então, examinada pela abertura de trincheiras especificamente posicionadas. Com estes procedimentos, a qualidade dos mapas geológicos pode ser mantida dentro dos requisitos da escala empregada. Os mapas geológicos de escala regional e de semi-detalhe não devem restringir a sua investigação às áreas, ou faixas potencialmente mineralizada, embora possam ressaltar os guias e controles da mineralização. A continuidade espacial das estruturas, mineralizadas e não mineralizadas, nessa escala de investigação, pode constituir em excelente guia para futuros prospectos que impliquem no aumento das reservas minerais. Desta forma, os mapas finais executados nessas escalas devem conter pelo menos as seguintes informações: a) as litologias presentes nas diferentes unidades geológicas cartografadas (formações, grupos, etc...). A representação das litologias fica limitada a espessuras (em planta) maiores do que 2mm para o caso de corpos rochosos tabulares a lentiformes, ou a 4mm de diâmetro para corpos aproximadamente circulares. O tipo de contato entre as diferentes litologias deve ser assinalado (abrupto, gradacional); b) a sucessão estratigráfica e a história estrutural que estão relacionadas à mineralização, tanto em seu caráter de agente mineralizador, como no caso de segmentação de uma unidade litológica contínua em blocos com diferentes rejeitos; c) o contorno dos diferentes corpos mineralizados e de suas zonas de afloramento; d) os principais elementos estruturais, como falhas e eixos de dobras. Os mapas geológicos de escala regional e de semi-detalhe, além dessas informações, também incluem uma série de informações que resultam de métodos de pesquisa mineral adequados à escala considerada, tais como: - prospecção litogeoquímica; Geologia de mina e modelagem geológica 11 - prospecção geoquímica em solos; - prospecção geoquímica em sedimentos de corrente; - prospecção hidro-geoquímica; - prospecção biogeoquímica e geobotânica; - prospecção aerogeofísica. Todos esses dados/informações podem ser avaliados separadamente (em mapas específicos) por meio dos antigos métodos de mesas de luz, ou podem ser “cruzados” par a par, ou em conjuntos específicos por meio dos Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIGs) que utilizam/possuam ferramentas de “álgebra de mapas” (dispositivos de lógica matemática) em suas plataformas. O objetivo desse cruzamento de informações é, e sempre foi, a identificação de pequenas áreas mais favoráveis à localização de um depósito mineral, de modo que as técnicas de pesquisa mineral de detalhe e de geologia de mina possam ser empregadas na avaliação de depósito mineral e no planejamento dos trabalhos de extração mineral. 2.1.1.2. Mapeamento em escalas de detalhe ou de mina O mapeamento geológico de detalhe, ou mapeamento de mina propriamente dito, constitui instrumento fundamental para a cubagem de jazidas e para o planejamento de lavra. Por isso, o foco da investigação deve ser a rocha ou a zona mineralizada; nesse objeto, importam todas as características geológicas da mineralização, bem como das suas rochas encaixantes imediatas. O mapeamento geológico de mina, usualmente, utiliza escalas maiores do que 1:5.000, dependendo do tipo e das dimensões do depósito mineral, ou das dimensões da zona mineralizada. Nessas escalas maiores, tanto as Normas Brasileiras (ABNT), como o IBGE consideram esses mapeamentos como plantas, pois a representação se restringe a uma área muito limitada e suficientemente restrita para que a curvatura terrestre possa ser desconsiderada e a escala seja constante. Assim, a base cartográfica dos mapas em escala de mina são plantas e se trabalha no plano topográfico local. No entanto, esse plano topográfico deverá estar ligado ao Sistema Geodésico Brasileiro a partir da definição das coordenadas geodésicas de dois pontos integrantes do levantamento topográfico (definição da origem do plano e da orientação de um alinhamento). Essas coordenadas, nos dias atuais, são obtidas através do rastreio de satélites do GNSS no método relativo estático, seguindo o que é recomendado para o equipamentoempregado. Tal procedimento permite que, a qualquer momento, o levantamento topográfico do mapeamento geológico de mina possa ser anexado aos levantamentos em escala menores e executados em projeções cartográficas (UTM). Outra alternativa, porém mais complexa, consiste em se executar esse trabalho, também em projeção cartográfica de menor deformação, como é o caso da projeção Local Transversa de Mercator (LTM). Um procedimento que começou a ser empregado e que facilita as transformações entre o sistema geodésico e o sistema topográfico local consiste em operações matemáticas de translação e rotação entre os sistemas. O programa computacional TRANSGEOLOCAL é um exemplo da aplicação dessas transformações (www.ufsm.br/geo-giap). Essas transformações de coordenadas geodésicas (latitude, longitude e altura elipsoidal) em coordenadas locais (x, y, z) são especialmente requeridas para os casos de vários depósitos minerais isolados compondo um distrito mineiro. Estas transformações permitem correlacionar as estruturas geológicas controladoras da mineralização dentro de uma mesma base cartográfica que opera no plano topográfico local. A resolução cartográfica, a quantidade de pontos amostrais e as dimensões das áreas mapeadas obedecem aos mesmos critérios discutidos anteriormente para o mapeamento em escalas regional e semi-detalhe. Esses parâmetros estão sintetizados na tabela 2.1 abaixo. Os parâmetros de escala apresentados na tabela 2.2 devem ser considerados com cuidado, principalmente em escalas maiores do que 1:1.000, na medida em que um traço de 0,2mm no http://www.ufsm.br/geo-giap) Geologia de mina e modelagem geológica 12 mapa corresponde a uma distância de 10cm no terreno. Nesse grau de resolução, quaisquer zonas de fratura presentes na área de investigação alcançam representatividade no mapa. Assim, esses mapas têm grande importância em mecânica das rochas, quer na estabilidade de taludes, quer na definição de escoramentos para galerias e vias subterrâneas. Tabela 2.1 – Parâmetros de qualidade para os mapas geológicos produzidos em escala de mina. * Considerada uma área de desenho para folhas tamanho A0 (118,9 x 84,1 cm). Escala Resolução cartográfica (0,2mm) Quantidade de pontos amostrais (/1km2) Tamanho das áreas de mapeamento (km2) * 1:5.000 1m 400 5 – 25 km2 1:2.500 0,5m 1600 1 – 5 km2 1:1.000 0,2m 10.000 0,25 – 1 km2 1:500 0,1m 40.000 0,06 – 0,25 km2 1:250 0,05m 160.000 0,01 – 0,0625 km2 1:100 0,02m 1/m2 < 0,01 km2 O mapeamento de mina, ou mapeamento de detalhe, deve estar direcionado, portanto, tanto para as características geológicas da mineralização e das suas rochas encaixantes imediatas, quanto para as necessidades das investigações de mecânica de rochas. Isso não significa que o mesmo mapa geológico busque representar todas as feições geológicas presentes na área da mina; tal procedimento resultaria em um mapa sobrecarregado de informações e de difícil leitura. Devem, sim, ser produzidos mapas específicos para cada objetivo, onde determinados dados geológicos possam ser omitidos, ou representados de forma resumida de acordo com o objetivo principal de cada mapa. Esse procedimento é simplificado pela adoção de sistemas computacionais de modelagem de mina, que permitam a criação de camadas (layers) distintas para os diferentes tipos de elementos geológicos. O mapeamento de mina, nos estágios de avaliação de depósito, está concentrado no levantamento de feições geológicas observadas em afloramentos, em trincheiras e em sondagens; eventualmente, alguns poços, ou galerias pioneiras podem ser abertos para investigação mais detalhada. Em termos gerais, pode-se dizer que o mapeamento geológico detalhado de áreas que contenham depósitos endógenos deve levar em conta principalmente as feições estruturais. Para o caso de áreas com depósitos minerais relacionados ao metamorfismo, a atenção deve estar mais voltada às relações petrográficas das rochas (paragêneses metmórficas, fácies metamórficas), do que às unidades geológicas propriamente ditas, embora tais unidades possam ter funcionado como canais ou barreiras para a localização final do depósito mineral; além disso, em depósitos relacionados ou afetados pelo metamorfismo, deve-se observar as relações do minério com superfiícies de deformação (foliações, xistosidade, superposição de xistosidades, crenulações, etc...). Em terrenos que possuam depósitos do tipo exógenos, o mapeamento deve focar principalmente as relações entre litologias e fácies sedimentares. Em qualquer dos casos, o objetivo principal é a descoberta de depósitos “escondidos”. No mapeamento em escala de detalhe, a base topográfica é fundamental para o adequado planejamento da exploração, o que inclui a abertura de trincheiras, poços e sondagens. O método mais clássico de mapeamento em escala de detalhe utiliza a demarcação de uma grade (quadrada ou retangular) desenhada sobre a planta topográfica (Figura 2.6). A grade quadrada é empregada quando as estruturas geológicas são horizontais; a grade retangular é empregada nas áreas em que as estruturas geológicas apresentam mergulho, de modo que os nós menos espaçados da grade estejam localizados perpendicularmente à direção das estruturas geológicas. No entanto, a demarcação de uma malha quadrada inicial, em qualquer situação, pode ser efetuada, apenas levando em conta que um dos alinhamentos será Geologia de mina e modelagem geológica 13 desprezado inicialmente, mas poderá ser utilizado nos trabalhos de aprofundamento das investigações geológicas para a delimitação e definição do depósito mineral. Figura 2.6 – Mapa topográfico e grade delimitada para o levantamento geológico de detalhe. As coordenadas estão no sistema LTM com origem em marco geodésico do Sistema Geodésico Brasileiro. Geologia de mina e modelagem geológica 14 A grade de referência para os trabalhos de mapeamento e modelagem geológica e para a programação da pesquisa mineral de detalhe sobre o depósito mineral, em alguns casos, pode ser construída sem que haja relação com os sistemas geodésicos. Nesse caso, que era particularmente utilizado no passado, a referência básica para o traçado da grade é a estrutura geológica específica; ou seja, as linhas da grade de referência são paralelas e perpendiculares às estruturas geológicas (Figura 2.7). Nessa situação, a confecção de mapas de compilação dos trabalhos mineiros desenvolvidos em diferentes áreas pode ser dificultada pela inexistência de pontos de amarração comuns. Como forma de transpor essa limitação, é aconselhável a definição de um marco comum de referência topográfica, conforme apresentado na figura 2.8. Esse último sistema, mesmo que sem amarração a um sistema Geodésico, permite uma correlação mais apropriada entre os sistemas de veios que formam as áreas mineralizadas, além de uma interpretação mais direta dos mecanismos e das estruturas que controlam o depósito mineral. Há que se lembrar, no entanto, que existem no mercado estações total (taqueômetros digitais) com GPS de dupla freqüência acoplado, o que permite levantamentos planimétricos e altimétricos de grande precisão e rapidez para esse tipo de trabalho de exploração mineral. Figura 2.7 – Grades de referência para os trabalhos de pesquisa mineral em área onde a mineralização é do tipo lode gold veins. Notar que cada conjunto de veios recebe uma grade de referência específica e independente. Geologia de mina e modelagem geológica 15 Figura 2.8 – Grade topográfica de referência que possui um único marco inicial para as coordenadas, onde serão aplicados os trabalhos de pesquisa mineral e de modelagem geológica dos corpos de minério do tipo lode gold veins. O primeiro passo do mapeamento de detalhe consiste em demarcar sobre o mapa topográfico e sobre a grade de referência todos os afloramentos rochososexistentes na área de Geologia de mina e modelagem geológica 16 pesquisa (Figura 2.9). Essa demarcação deve ser acompanhada pela descrição do afloramento, incluindo tipos de rochas, tipos de contatos, localização dos contatos na grade (mapa topográfico), medidas das atitudes dos elementos geológicos (contatos, fraturas, foliações, etc...). Esses dados geológicos devem constar no mapa que está sendo produzido. O mapeamento geológico de detalhe, tanto em nível superficial, quanto em nível subterrâneo, foi grandemente facilitado com o advento das modernas estações total. O próprio mapeamento topográfico de superfície e subterrâneo conta ainda com os modernos equipamentos tipo Scanner Laser 3D e pelas modernas estações total que usam técnicas de medida de distância sem o uso de prismas. A utilização desses equipamentos vem mudar definitivamente as técnicas de mapeamento de mina discutidas por McKinstry (1948), Lacy (1983) e ainda em Erickson Jr. et al. (1992). Aquelas técnicas estavam baseadas no uso de pranchetas, alidades e estadímetros. Devido à natureza daqueles instrumentos, as operações de mapeamento de mina, tanto em superfície, quanto no subterrâneo, consumiam um grande tempo para serem realizadas e o nível de precisão no posicionamento das estruturas geológicas ficava grandemente dependente do fator humano. O mapeamento geológico de detalhe com o uso de estações total permite que as estruturas geológicas (contatos, falhas, etc...) sejam demarcados de modo preciso e detalhado durante o mesmo levantamento plani- altimétrico da área de pesquisa; ou, mesmo que os levantamentos plani-altimétrico e geológico sejam executados em etapas separadas, eles podem e devem usar os mesmos marcos (estações), de modo que todas os elementos de mapeamento estejam posicionados num mesmo georreferencial. A partir da observação do mapa geológico de afloramentos (Figura 2.9), pode-se, então, partir para uma etapa de correlação das estruturas geológicas entre os afloramentos descritos. Essa correlação não pode ser feita de modo direto; ela deve levar em conta, fundamentalmente, a topografia da área e as atitudes médias dos contatos litológicos (022-25) e das falhas (124-53 para a falha sul; 304-70 para a falha norte). Esses elementos geológicos têm suas posições de afloramento controladas pela conhecida “regra dos Vs”; o seja, projetam-se em planta de acordo com a relação angular entre o caimento da topografia e o caimento das estruturas geológicas. O segundo passo, portanto, é (re)construir o mapa geológico de superfície a partir dos elementos geológicos mapeados em afloramento. Essa (re)construção é fundamental para o planejamento e execução dos trabalhos de pesquisa mineral que se seguem. Assim, digamos que o objetivo do mapeamento é, inicialmente, mapear em planta e em perfis geológicos a continuidade espacial da camada E, preferencialmente, e C. A camada E e o seu contato com a camada F indicam a possível existência de um depósitos mineral clássico (VMS: volcanogenic massive sulfide); do mesmo modo, alguns indícios sugerem a existência desse tipo de mineralização também na camada C e em seu contato com a camada D. De outro modo, o objetivo também poderia ser o mapeamento da continuidade espacial (planta e sub- superfície) da camada E, pois o avançado estado de intemperismo das rochas, em especial nos tufos e cinzas andesíticas, determinou a formação de uma camada de argila com excelentes propriedades cerâmicas. Esse trabalho de (re)construção do mapa geológico de superfície requer o emprego de técnicas de projeções baseadas em geometria descritiva e constitui o elemento básico da correlação e interpretação de dados geológicos e da modelagem geológica. Este trabalho constitui a Atividade 3 da disciplina de Geologia de Mina e Modelagem Geológica e as etapas de procedimento estão descritas no formulário específico anexo. Dado à organização deste conteúdo e ao estudo das diferentes questões relacionadas, a (re)construção do mapa em tais situações será abordada no capítulo 6 (Processamento e interpretação geológica). Geologia de mina e modelagem geológica 17 Geologia de mina e modelagem geológica 18 Figura 2.9 – Mapa de afloramentos da área de pesquisa geológica de detalhe. Notar o posicionamento dos contatos das litologias e falhas identificadas em afloramento em relação às curvas de nível e à grade de referência. Atitude dos contatos e das falhas indicadas em cada posição de afloramento segundo a regra da mão esquerda (ou braço direito inglês). 2.1.2. Mapeamento de trincheiras, poços e galerias O mapeamento de trincheiras, poços e galerias oferecem melhores condições de identificação e visualização 3D das estruturas geológicas relacionadas com o depósito mineral. Isso ocorre devido ao fato de que estão disponíveis mais de 1 face (plano) de observação dessa estrutura mineralizada. No caso das trincheiras, estão disponíveis duas faces (planos) paralelos e o plano “horizontal” do fundo da trincheira. No caso de poços, estão disponíveis 2 conjuntos de faces (planos) ortogonais entre si. No caso de galerias, duas faces (planos) paralelos e a face (plano) de teto da galeria. As trincheiras (valas) são escavações lineares à céu aberto, que possuem largura e profundidade menores do que o comprimento. A largura das trincheiras está em torno de 1,0m, enquanto a profundidade varia entre 1,0m a 6,0-7,0 m, conforme a espessura do manto de intemperismo e o objetivo do mapeamento (Maranhão, 1982). Assim, para o caso de minérios primários, a profundidade das trincheiras deve ultrapassar os horizontes A e B do solo e adentrar, o mais prossível, no horizonte C, onde ainda são reconhecidos elementos geológicos importantes passiveis de mapeamento, como: tipo de rocha, atitude dos contatos das diferentes litologias, presença de vênulas ou de veios e do tipo de alteração hidrotermal associada, atitude das vênulas e dos veios, etc... O comprimento das trincheiras deve ser definido de forma a ultrapassar a espessura dos corpos de minério e adentrar nas rochas encaixantes. As trincheiras devem ser abertas de modo que o seu comprimento seja perpendicular às estruturas geológicas, de tal modo que toda a variabilidade do corpo de minérios e das rochas encaixantes possa ser avaliada. Em corpos de minério com geometria complexa e orientação variável, as trincheiras devem ter a sua direção definida a partir de uma orientação média para o(s) corpo(s). As trincheiras constituem um instrumento de pesquisa mineral de superfície para corpos de minérios com geometria tabular inclinada (camadas inclinadas, zonas de veios, diques, etc...). A abertura de trincheiras justifica-se em áreas com poucos afloramentos rochosos, onde se faz necessária complementação de informações sobre a estrutura do corpo de minérios e de suas encaixantes para a modelagem geológica do mesmo e o planejamento seqüencial da pesquisa e cubagem. O espaçamento das trincheiras, na fase inicial dos trabalhos, está normalmente entre 100 e 50m; dependendo da variabilidade (geométrica e de teores) dos corpos de minérios e dos resultados promissores das primeiras análises (geológica e geoquímica), o espaçamento entre as trincheiras pode ser diminuído para intervalos de 25 a Geologia de mina e modelagem geológica 19 10m, por meio da intercalação de trincheiras de segunda etapa, entre as trincheiras abertas na etapa inicial. Os poços também são escavações à céu aberto, que permitem o acesso direto ao(s) corpo(s) de minério em profundidade. Os poços são mais indicados para o caso de corpos tabulares (minério estratiforme e/ou stratabound) horizontalizados ou com pequeno mergulho e que estão localizados a uma pequena profundidade (até 6,0 a 7,0m). Alguns poços de pesquisa são sempre necessários em situações onde existam poucos afloramentos do minério ehaja necessidade de investigações mais detalhadas quanto à sua estrutura geológica e à sua variabilidade geométrica e composicional. De outro modo, a abertura de poços de pesquisa é justificada quando há necessidade de investigações mais detalhadas das estruturas geológicas ligadas com a mineralização do que aquelas fornecidas por sondagens; nesse aspecto, é importante perceber que as sondagens constituem amostragens pontuais, em que determinadas feições e estruturas geológicas não podem ser apropriadamente definidas. Os poços para pesquisa mineral devem apresentar diferentes seções horizontais, conforme a profundidade requerida pela investigação. Assim, por exemplo, poços com até 2m de profundidade podem apresentar uma seção quadrada de 1m de lado; poços com profundidade entre 2,0 a 4,0m podem possuir seção retangular de 1,2 x 2,0m; e, poços com profundidade de mais de 4,0m devem possuir seções quadradas mínimas de 2,0m de lado (Maranhão, 1982). A abertura de poços com profundidade superior a 2,0m deve ser feita de forma escalonada (vista em perfil), de tal forma de a parte superior do poço tenha uma seção horizontal maior do que a parte inferior (de seção horizontal mais reduzida). Tal procedimento justifica-se principalmente em áreas com manto de intemperismo (horizontes A, B e C) muito espessos, ou em poços abertos em materiais inconsolidados (areias, cascalhos, argilas, p.ex.). Além disso, tanto para o caso de poços, quanto para as trincheiras profundas, é importante considerar a utilização de estruturas de contenção para o caso de rompimento de taludes. O mapeamento geológico de trincheiras, de poços e de galerias segue, em geral, os mesmos critérios do mapeamento de detalhe em superfície. Duas diferenças básicas se apresentam, no entanto: 1) está-se mapeando uma superfície de afloramento contínuo e 2) o plano de representação é uma face da trincheira, ou do poço, ou da galeria (plano vertical). Assim, o plano (seção) vertical da trincheira, do poço, ou da galeria deve ser perfeitamente localizado no mapa de referência, incluindo ai a sua orientação. No caso de mapeamento de trincheira, é sempre aconselhável ter o fundo da trincheira também mapeado, principalmente quando será executada amostragem de canal no fundo da trincheira (Figura 2.10). O fundo da trincheira, sempre que possível, também deve ser alvo de levantamento topográfico. Figura 2.10 – Mapa geológico de uma trincheira. A) Seção vertical. B) Mapa do fundo da trincheira. Geologia de mina e modelagem geológica 20 Como se pode observar na figura 2.10, o mapeamento de trincheiras, poços e galerias deve representar na seção vertical todas as relações entre diferentes litologias, estruturas geológicas deformacionais, tipos de contato (brusco, ou gradacional), zonas de alteração hidrotermal e suas paragêneses, relações de truncamento de estruturas geológicas (p.ex.: veios e vênulas) e as suas respectivas paragêneses minerais. Em depósitos minerais complexos, tipo lode gold veins por exemplo, ou mesmo depósitos minerais relacionados a dobras, é necessário atenção especial para as relações de truncamento de veios e vênulas. Nesse tipo de depósito mineral, o processo de mineralização normalmente ocorre em pulsos (3-6 pulsos com paragêneses distintas) e apenas alguns dos pulsos estão relacionados com a precipitação de minério (p.ex. Quadros e Koppe, 1996). O exemplo da figura 2.10 mostra que os veios de quartzo com paragênese py-cpy-gal-esfal-carbonato-clorita são truncados pelos veios com paragênese py-gal-carbonato-sericita; mostram, portanto, a existência de pelo menos 2 pulsos de mineralização e de alteração hidrotermal associada. A seção vertical resultante do mapeamento de galerias deve ser amarrada com o mapa topográfico superficial e a grade de referência de coordenadas. A profundidade da galeria deve ser explicitamente informada para que as correlações e a modelagem geológicas possam ser apropriadamente executadas. Nos demais quesitos, o mapeamento de galerias segue os mesmos princípios do mapeamento de trincheira, conforme pode ser visualizado na figura 2.11 abaixo. Para efeito de mapeamento de estruturas inclinadas como é o caso da figura 2.11, pode-se usar duas trenas, estendidas uma próxima ao teto e outra próximo ao chão, como artifício para melhor posicionar os elementos geológicos em mapeamento. Esse artifício, porém, não dispensa a medida direta da atitude dos elementos geológicos. Uma observação importante deve ser ainda feita, principalmente para o caso dos mapas (seções verticais) de trincheira e de galerias. Deve-se, sempre que possível, manter idênticas as escala horizontal e vertical. No caso de trincheiras e de galerias muito longas, há a natural tendência de confeccionar seções com exagero vertical de escala; ou seja, a escala vertical e 2 a 3 vezes maior do que a escala horizontal! Nessa situação, os mergulhos das estruturas geológicas são proporcionalmente aumentados e uma medida direta de mergulho nas seções geológicas não é possível; há que se fazer a correção, segundo ábacos disponíveis em livros de geologia estrutural (p.ex.: Lahee, 1952; Forrester, 1961). Além disso, é importante sempre prestar atenção na existência de exageros verticais de escala ao se digitalizar tais seções em softwares aplicativos de mineração; a inserção de seções com diferentes magnitudes de exagero vertical produzirá problemas sérios de correlação e de modelagem geológica dos corpos de minério. Figura 2.11 – Mapa geológico de uma galeria. Simbologia igual àquela da figura 2.10 O mapeamento geológico dos poços é executado em duas das seções verticais e ortogonais entre si, de modo que a estruturação geológica das unidades litológicas e do(s) corpo(s) de minérios possa ser corretamente interpretada (Figura 2.12). O desenho geológico das seções verticais de poços de pesquisa, como conseqüência da proporção relativa entre profundidade e largura, normalmente não é representado com exagero vertical. Os atributos geológicos necessários de mapeamento e representação no caso de poços de pesquisa são os mesmos levantados durante o mapeamento de trincheiras e de galerias. As faces do(s) poço(s) de pesquisa na grade de referência topográfica devem ser adequadamente posicionadas para fins de correlação geológica e modelagem dos depósitos e das suas encaixantes. Geologia de mina e modelagem geológica 21 Figura 2.12 – Mapa geológico de um poço de pesquisa mineral executado em rochas com limite de elasticidade elevado. Notar que as paredes do poço de pesquisa são levemente inclinadas, para diminuir a possibilidade de ruptura. 2.1.3. Descrição de testemunhos de sondagem As sondagens e as amostras coletadas por meio delas representam informações pontuais de sub-superfície. Essas informações devem ser organizadas de tal modo que possam ser utilizadas corretamente nos processos de interpretação e modelagem dos corpos de minério e de suas encaixantes. Assim, as coordenadas topográficas (SN ; WE ; cota altimétrica) da “boca” dos furos de sondagem devem ser necessariamente acompanhadas pelas seguintes informações mínimas: i) inclinação e direção do furo de sondagem, ii) comprimento total do furo, iii) recuperação parcial dos furos em cada etapa de acoplamento de novos barriletes, iv) diâmetro do furo e do testemunho. A descrição dos testemunhos de sondagem, principalmente para o caso de cilindros obtidos por sondagens diamantadas, segue os mesmos quesitos discutidos para o mapeamento de trincheiras, poços e galerias. Poder-se-ia, grosso modo, comparar a descrição dos testemunhos de sondagem com o mapeamento de uma galeria, ou de uma trincheira onde Geologia de mina e modelagem geológica 22 fosse esticada uma trena métrica à meia altura e a descrição das feições geológicas ficasse restrita apenas às proximidades da trena. Nessesentido, os testemunhos de sondagem representam, pontualmente, a intersecção das feições geológicas de sub-superfície com uma linha vertical ou inclinada. A descrição dos testemunhos de sondagem, então, deve discriminar as diferentes litologias, tipos de contato (brusco, ou gradacional), estruturas geológicas deformacionais, zonas de alteração hidrotermal e suas paragêneses, relações de truncamento de estruturas geológicas (p.ex.: veios e vênulas) e as suas respectivas paragêneses minerais. Em depósitos minerais complexos, é necessário atenção especial para as relações de truncamento de vênulas com diferentes paragêneses, pois indicam a existência de pulsos de mineralização. Nas descrições de testemunhos de sondagens rotativas, deve-se prestar atenção à existência de zonas fortemente cisalhadas, ou onde há problemas de recuperação (recuperação de fragmentos de rochas apenas), pois podem corresponder a zonas de falha. O ângulo que as principais feições geológicas (contatos, xistosidade, p.ex.) fazem com o eixo dos testemunhos pode ser uma informação útil para os trabalhos de correlação e de meodelagem geológica dos depósitos minerais. Está claro, porém, que o testemunho experimenta rotações dentro do barrilete e que, então, não se pode precisar a sua posição original. No entanto, esse ângulo representa o mergulho (M) de uma feição planar, tipo contato entre camadas rochosas, e pode usado no processo de correlação entre os furos de sondagem para a modelagem do corpo de minérios e de suas encaixantes. Adicionalmente, é preciso fazer notar que esse ângulo de mergulho somente é verdadeiro (mergulho máximo do plano) se a sondagem é vertical, ou se a sondagem inclinada for perpendicular à estrutura geológica; sondagens inclinadas não perpendiculares à estrutura geológica resultam em ângulos de mergulho aparentes, menores do que o mergulho máximo. O ângulo entre as feições geológicas planares e o eixo do testemunho pode ser facilmente determinado com o uso de um transferidor. A determinação do ângulo de mergulho a partir do ângulo entre o eixo do testemunho e o plano geológico pode ser vista na figura 2.13 abaixo. Figura 2.13 – Representação esquemática do método para determinar o mergulho (M) de feições geológicas planares a partir do ângulo entre o eixo do testemunho e o plano geológico (modificado de Maranhão, 1982). Geologia de mina e modelagem geológica 23 Um exemplo de boletim de descrição de sondagem é apresentado na figura 2.14 abaixo. As informações e detalhes desse tipo de boletim de descrição podem variar conforme o tipo de mineralização que está sendo investigada. Figura 2.14 – Exemplo de boletim de descrição de testemunho de sondagem diamantada. Geologia de mina e modelagem geológica 24 Outro exemplo de boletim de descrição de sondagem é apresentado na figura 2.15 abaixo. Esse boletim de descrição constitui o resultado de um ensaio de SPT em leito de rio; ou seja, um típico boletim de sondagem geotécnica. Figura 2.15 – Exemplo de um boletim de descrição de sondagem geotécnica (SPT) em leito de rio. Geologia de mina e modelagem geológica 25 2.2. Mapeamento de feições geomecânicas em maciços rochosos As rochas diferem dos materiais normalmente avaliados na engenharia pelo fato de conterem vários tipos de estruturas planares e/ou lineares formadas pelos processos geológicos aos quais foram submetidas. Essas estruturas são, do ponto de vista da engenharia, vistas como descontinuidades. Segundo a definição da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM, 1978), descontinuidade é o termo genérico para qualquer feição mecânica do maciço rochoso que apresente baixa ou nenhuma resistência à tração. Desta forma, "descontinuidade" é um termo coletivo para a maioria dos tipos de juntas, planos de estratificação, planos de xistosidade mais fracos, zonas de fraqueza, falhas, fissuras e microfissuras. O termo geral descontinuidade, no entanto, permite desdobramentos de classificação quanto à coesão dos planos ou estruturas geológicas consideradas. Assim, neste trabalho, as descontinuidades presentes nas rochas serão classificadas em dois grupos: a) descontinuidades disjuntivas: são constituídas pelos planos de fraturas não selados pela cristalização de minerais. Os blocos de rocha definidos pelas fraturas disjuntivas não apresentam qualquer tipo de coesão quando isolados do meio rochoso onde se encontram; b) descontinuidades (variavelmente) coesivas: são constituídas por planos de falhas cimentados pela cristalização de minerais, estratificação de rochas sedimentares, ou ígneas, foliações e xistosidades, gnaissosidades, bem como estruturas lineares formadas por alguns processos geológicos (lineações de estiramento, ou magmáticas). Tais descontinuidades apresentam uma coesão variável de acordo com o grau de cristalização dos minerais contituintes durante o processo geológico que as formou, ou de acordo com o grau de superposição de alterações intempéricas nessas estruturas. As descontinuidades podem apresentar uma coesão variável de acordo com o tipo de material que preenche um plano de fratura. Nesse sentido, por exemplo, um plano de fratura preenchido por quartzo, principalmente, apresenta uma coesão maior do que um plano de fratura preenchido por carbonato; essa diferença será maior se ambos os tipos de fraturas estiverem submetidos a condições intempéricas de clima tropical a equatorial úmido, onde a dissolução de carbonatos é mais intensa do que a reação das soluções aquosas com o quartzo. A cristalização de minerais filossilicatos (micas, argilo-minerais) em um plano de fratura pode ensejar condições que facilitem a concentração de movimentação nos planos de fratura existentes, pois tais minerais, em condições intempéricas, podem dar origem a minerais secundários que atuam no sentido de diminuir o atrito entre os blocos separados pelos planos de fratura. As descontinuidades que usualmente apresentam boa coesão (como gnaissosidades, xistosidades) também podem, sob condições de intemperismo tropical a equatorial úmido, ter a sua coesão diminuída pela transformação dos minerais micáceos, ou mesmo dos feldspatos, em argilo-minerais que diminuem o atrito entre os blocos de rocha separados pelas descontuidades. Essas condições normalmente são acentuadas em rochas que possuem um bandamento diferencial bem definido entre os minerais micáceos e os minerais quartzo-feldspáticos (gnaisses) e nas rochas onde há predomínio de minerais micáceos sobre os minerais quartzo- feldspáticos. No estudo das descontuidades rochosas para fins geomecânicos, cabe ainda realizar uma distinção importante: a) material rochoso: termo utilizado para descrever ama rocha intacta, que pode ser representada por uma amostra de mão, ou por um testemunho de sondagem; b) maciço rochoso: constitui o meio rochoso com um todo, que será estudado em vários pontos para fins de caracterização geomecânica. O maciço rochoso contém as descontuidades que são alvo de investigação e essas descontinuidades não precisam Geologia de mina e modelagem geológica 26 mostrar (e geralmente não apresentam) um comportamento homogêneoe regular em todos os pontos de estudo. Assim, os maciços rochosos são normalmente vistos como unidades anisotrópicas e heterogêneas. A natureza e distribuição espacial das desconinuidades no maciço rochoso sob investigação são conhecidas como estrutura do maciço rochoso. Essa estrutura tem efeito dominante na resposta do maciço rochoso aos trabalhos de escavação e pode influenciar fortemente na escolha do método de mineração e no projeto geral da mina a ser implantado. Isso se deve ao controle que ele exerce sobre escoramentos, subsidências, fragmentações, rompimentos e movimentos de massa, e comportamento geomecânico em geral. Em áreas pouco profundas e com ausência de tensões tectônicas,o controle exercido pela estrutura pode ser o fator determinante para o projeto das escavações. Em grandes profundidades e em áreas de alta concentração de tensão tectônicas, por outro lado, a influência dessa estrutura pode eventualmente ser menos marcada. 2.2.1. Tipos de descontinuidades geomecânicas Os principais tipos de descontinuidades geomecânicas podem ser assim distinguidos: a) fraturas: é o termo geológico genérico que define uma descontinuidade disjuntiva formada pela ruptura da rocha. As fraturas podem ocorrer de forma isolada ou concentradas em zonas preferenciais de espessura variável. As fraturas podem, ainda, ser divididas em dois grupos: 1) juntas: são fraturas ao longo das quais não é visível nenhum deslocamento relativo entre os blocos de rocha. Várias juntas paralelas compõem uma familia de juntas (Joint set) e um conjunto de famílias de diferentes orientações formam um sistema de juntas (Joint system). As juntas são as estruturas mais comuns e, via de regra, as mais significativas do ponto de vista geomecânico; 2) falhas: são fraturas nas quais é possível identificar o deslocamento relativos entre os blocos de rocha. A espessura das falhas pode variar de vários metros, no caso de estruturas regionais, até alguns milímetros, no caso de falhas locais que são compostas por um único plano. A superfície das falhas freqüentemente apresenta espelhos estriados de falha (slinckensides) e, às vezes, pode estar recoberta com minerais que possuem baixa resistência ao atrito (clorita, argilo-minerais, micas). As zonas de falha também podem conter brechas de falhas (sem estrutura planar), ou milonitos (com estrutura planar tipo foliação). As vizinhanças das falhas podem ser perturbadas e apresentarem fraturas ramificadas e associadas com a falha principal. Estes fatores acarretam que áreas de falhas normalmente mostrem baixa resistência ao cisalhamento e, nessas áreas, podem eventualmente ocorrer deslocamentos. b) zonas de (falha) cisalhamento: são faixas de material rochoso, desde milimétricas até kilométricas, onde a rocha original foi completamente fragmentada e recristalizada pelos movimento relativo dos blocos. As zonas de cisalhamento constituem zonas de falha onde a deformação do material rochoso foi tal que permitiu a formação de novas estruturas (foliação milonítica) e texturas (texturas miloníticas observadas em microscópio petrográfico e em amostras de mão). A anisotropia introduzida pelas zonas de (falha) cisalhamento ainda inclui a presença de lineações de estiramento, que normalmente são fragmentos pouco deformados da rocha original e muito adelgaçados (alongados, estirados); tais lineações podem ter escala milimétrica a métrica. A deformação da rocha original está quase que completamente concentrada nas zonas de falhas e a recristalização dos minerais originais ocorre devido às condições de temperatura e pressão do local onde a zonas de falha está e ao calor gerado pelo atrito dos blocos rochosos. A foliação milonítica introduz uma anisotropia planar (descontinuidade) de baixa coesão; no entnato, Geologia de mina e modelagem geológica 27 muitas zonas de cisalhamento podem estar variavelmente impregnadas pela re- cristalização de quartzo, o que garante um aumento de coesão nessas estruturas. As zonas de cisalhamento (o material rochoso que as compõem) apresentam uma resistência ao cisalhamento mais baixa do que o material rochoso original fora das zonas; c) (foliação) xistosidade: constitui uma estrutura penetrativa planar marcada pelo alinhamento preferencial de mica e de outros minerais filossilicáticos, bem como no alinhamento de minerais prismáticos de forma a conferir uma estrutura foliada à rocha. O termo foliação é comumente aplicado à estrutura penetrativa que ainda mantém delgados restos (como lâminas) da rocha original anteriormente à deformação; a foliação normalmente mostra um caráter anastomosado ao redor dos pods da rocha reliquiar. A xistosidade, por outro lado, é comumente aplicada à estrutura penetrativa regular, onde quase não mais existem relictos da rocha original. Em termos geológicos, a foliação e a xistosidade desenvolvem-se no plano axial de dobras locais e regionais; a foliação normalmente mostra uma distribuição em leque na dobra, uma vez que essa dobra não está completamente fechada; a xistosidade, por outro lado, aparecer claramente quando a dobra foi totalmente fechada e a estrutura original está sendo transposta (“apagada”) pela nova textura e estrutura planar. Nesse contexto, podem ser formadas estruturas lineares penetrativas, que marcam o eixo do dobramento: as lineações de eixo de dobra e os rods (estruturas lineares formadas pela intersecção de planos de foliação e planos espaçados de estratificação); d) gnaissosidade: constitui a estrutura planar marcada pela segregação dos minerais que estão sendo formados pelo metamorfismo em bandas de composição distintas; por exemplo: bandas compostas por feldspatos+quartzo intercaladas por bandas compostas por anfibólios+mica. Nesse exemplo, alternam-se bandas de minerais félsicos (claros) e bandas de minerais máficos (escuros), o que é, muitas vezes, uma característica distintiva da gnaissosidade. Assim como a passagem da foliação à xistosidade pode ocorrer gradativamente, a formação da gnaissosidade também pode ocorrer gradativamente a partir da xistosidade. O bandamento gnáissico também pode conter estruturas lineares penetrativas, formadas por lineações minerais, ou mesmo por lineações reliquiares da rocha original. A resisitência ao cisalhamento da foliação, da xistosidade e da gnaissodidade é dada pelo atrito e pelo grau de coesão alcançado pelos diferentes planos durante a cristalização. e) planos de estratificação: constituem estrutura planar penetrativa que forma as delgadas camadas ou estratos formados durante o processo de sedimentação. Os planos de estratificação representam interrupções no curso de deposição sedimentar que formou a rocha. A resistência das rochas sedimentares estratificadas é dada principalmente pela coesão entre os estratos e a resistência ao cisalhamento é devida quase que exclusivamente ao atrito. Além disso, o processo deposicional pode produzir uma orientação preferencial das partículas (clastos) na rocha, o que propicia o aparecimento de planos de fraqueza paralelos à estratificação. f) acamadamento e/ou bandamento ígneo: cosntitui uma estrutura planar penetrativa que marca um processo de diferenciação de minerais durante o fluxo do magma (tanto na superfície, como lava, quanto em profundidade). Essa estrutura ocorre tanto em rochas vulcânica (de textura afanítica a fina), quanto em rochas plutônicas (textura fanerítica); assim, pode-se verificar que as estrutura de bandamento ígneo podem ser distinguidas em várias escalas. A resistência ao cisalhamento é normalmente elevada, devido à ligação dos minerais estabelecida durante a cristalização dos magmas (lavas); no entanto, quando colocadas em superfície, tais rochas podem desenvolver uma disjunção horizontal (fraturas horizontais) paralela ao bandamento; nesse caso, a resistência ao cisalhamento é fortemente reduzida e essas estruturas merecem cuidados especiais da avaliação do maciço rochoso. Geologia de mina e modelagem geológica 28 g) dobras: são estruturas nas quais as atitudes (orientação e mergulho) das camadas, das foliações, da xistosidade e/ou da gnaissosidade foram alteradas pela flambagem resultante da aplicação de forças tectônicas. Elas podem ser estruturas de escala microscópica (alguns milímetros a centímetros), de escala mesoscópica (alguns metros), de escala da mina (dezenas a centenas de metros), ou de escala regional (do distrito mineiro todo). A modificação da atitude das feições planares é um problema que deve ser cuidadosamente avaliado na abertura de galerias e no planejamento da lavra principalmentequando as dobras têm escala mesoscópica e/ou escala de mina. Além disso, deve ser considerado o fato do processo de dobramento dar origem a estruturas lineares (rods, por exemplo), clivagens de fratura, foliações e mesmo novas xistosidades que possam, de alguma forma, interferir da estabilidade de taludes, ou de excavações subterrâneas. Dependendo do processo de flambagem (dobramento) sofrido pela rocha, sistemas específicos de fratura podem ser formados; tais sistemas de fratura, uma vez definidos, podem ser facilmente previstos durante o avanço das aberturas superficiais ou subterrâneas. h) diques: são corpos tabulares, intrusivos, geralmente compostos por rochas ígneas de granulação fina. A sua atitude é normalmente vertical a sub-vertical. A largura pode variar desde alguns centímetros, até alguns metros. As margens dos diques são freqüentemente fraruradas e alteradas por processos hidrotermais; são, nesses casos, áreas potenciais para a concentração de movimentos do maciço rochoso. 2.2.2. Características das descontinuidades geomecânicas Para descrever as descontinuidades presentes nos maciços rochosos foi necessário o desenvolvimento de parâmetros concretos pela ISRM (1978) e aceito pelo Comité Brasileiro de Mecânica das Rochas, de forma que todos os trabalhos de investigação realizados pelos diferentes pesquisadores e profissionais tivessem uma base comum. Os seguintes parâmetros têm sido utilizados: a) direção e mergulho: atitude da descontinuidade no espaço tridimensional. A atitude das descontinuidades relativamente às faces da escavação exerce poder dominante sobre o potencial de instabilidade, devido às quedas de blocos e aos deslizamentos; b) espaçamento: é a distância entre descontinuidades adjacentes medida perpendicularmente ao seu plano. Algumas importantes propriedades do maciço rochoso, como deslizamentos, fragmentação e permeabilidade, também variam com o espaçamento entre as descontinuidades. Os seguintes parâmetros são sugeridos como base para classificação do espaçamento (Tabela 2.2); Tabela 2.2 – Classificação do espaçamento das descontinuidades segundo ISRM (1978). Descrição Espaçamento (mm) Extremamente pequeno < 20 Muito pequeno 20 - 60 Pequeno 60 - 200 Moderado 200 - 600 Grande 600 -2000 Muito grande 2000 - 6000 Extremamente grande > 6000 c) persistência: é a extensão (comprimento) do traço de uma descontinuidade conforme observado num afloramento, num talude, ou numa face de galeria (Figura 2.15). A persistência é um parâmetro importante, mas também um dos mais difíceis de ser Geologia de mina e modelagem geológica 29 determinado com precisão, pois sempre há uma limitação da área exposta para a medida total do comprimento do traço da descontinuidade. A persistência é determinada para cada família ou sistema de descontuidade e constitui o comprimento modal do traço na face disponível para medida (Tabela 2.3). Tabela 2.3 – Classificação da persistência segundo proposição do ISRM (1978). Classificação Comprimento (m) Persistência muito pequena < 1 Persistência pequena 1 - 3 Persistência média 3 - 10 Persistência grande 10-20 Persistência muito grande > 20 Figura 2.15 – Ilustração exemplificando a persistência de famílias de descontinuidades. A até D ilustram a diminuição da persistência de muito grande para muito pequena ao longo de uma face exposta para medida. E e F também ilustram a persistência de muito pequena até muito grande em bloco diagramas. G ilustra diferentes persistências para diferentes famílias de descontinuidades. d) rugosidade: é o grau de ondulação da superfície relativa do plano médio de uma descontinuidade. A rugosidade e a ondulação contribuem para a resistência ao cisalhamento, pois maior a rugosidade, maior o atrito entre os blocos de rocha separados pela descontinuidade. A tabela 2.4 e a figura 2.16 apresentam o sistema proposto para classificação da rugosidade de acordo com a Comissão ISRM (1978). Tabela 2.4 – Parâmetros de rugosidade para classificação, de acordo com ISRM (1978). Classe Descrição da rugosidade I Rugosa ou irregular, em degraus II Suave em degraus III Estriada (slickensided), em degraus IV Rugosa ou irregular, ondulada V Suave, ondulada VI Estriada, ondulada VII Rugosa ou irregular, planar VIII Suave, planar IX Estriada, planar Geologia de mina e modelagem geológica 30 Figura 2.16 – Ilustração dos tipos de rugosidade segundo as classes definidas pela Comissão ISRM (1978). Modificado a partir de Brady & Brown (1985). A rugosidade, no entanto, também pode ser expressa por outros parâmetros, quer quantitativos, quer estimados (ver Hoeck, 2007x, cap. 3). A rugosidade tem um papel fundamental na estimativa da resistência ao cisalhamento de um maciço rochoso. Nesse sentido, Barton e seus colaboradores publicaram uma série de artigos que tratam da estimativa de campo para a rugosidade; Barton & Choubey (1977) consolidaram uma tabela de referência para a estimativa de um índice de rugosidade relacionado com fraturas (JRC, joint roughness coefficient). O coeficiente de rugosidade é um número que pode ser estimado pela comparação entre a aparência da superfície de descontinuidade e o perfil padrão publicado (Fig. 2.17). d) resistência das paredes: é a resistência à compressão das paredes adjacentes de uma descontinuidade. Essa resistência é normalmente menor do que a resistência da rocha sã, devido a própria existência da descontinuidade. Ao ângulo interno de fricção da descontinuidade, soma-se a asperidade da superfície da descontinuidade considerada até o ponto em que o deslocamento dos blocos de rocha elimine, pelo cisalhamento, tais asperidades; nesse ponto, o deslocamento nos planos de descontinuidade serão condicionados somented pelo ângulo interno de fricção. A asperidade das superfícies das descontinuidade é designada pelo coeficiente JCS (Joint wall compressive strength) e a ISRM (1978) fornece alguns índices e tabelas padrões para definição dessa resistência. No entanto, esse parâmetro tem sido difícil de padronizar, pois grandes variações são incorporadas quando se o intemperismo das paredes, a alteração das paredes, a abertura (separação) das paredes, a percolação de água, por exemplo. Assim, observar tais caracterrística (intemperismo, ou alteração) nas adjacências das descontuidades tem sido um elemento mais importante a considerar, principalmente quando se percebe que está sistematicamente associado a determinado tipo de descontinuidade no maciço rochoso; e) abertura: é a distância perpendicular entre paredes adjacentes de uma dada descontinuidade. O espaço aberto está normalmente preenchido por ar, ou por água; f) preenchimento: é o material que preenche as aberturas de uma descontinuidade e que usualmente apresenta uma resisitência menor do que a resistência da rocha encaixante (p. ex. areia, silte, argila, brecha e milonito, quartzo, calcita, etc...). O comportamento das descontinuidades preenchidas depende em grande parte da propriedades do material de preenchimento. Algumas destas propriedades são as seguintes: - a mineralogia do material de preenchimento; Geologia de mina e modelagem geológica 31 - a granulometria das partículas; - o teor de umidade e permeabilidade e - a espessura do preenchimento. Figura 2.17 – Perfil padrão de rugosidade para a superfície das descontinuidades tipo fraturas, para estimar o coeficiente de rugosidade (JRC) (Barton & Choubey, 1977). d) percolação: o fluxo de água e de umidade, visíveis em descontinuidades individuais, ou no maciço rochoso como um todo é um fator importante de ser observado, pois aumenta a alteração da rocha nas adjacência da descontinuidade e, portanto, diminui o atrito entre os Geologia de mina e modelagem geológica 32 blocos; e) número de famílias: é o número de famílias de
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