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REBECA KRUSE MED10 Pericardiopatias INTRODUÇÃO: O QUE É PERICÁRDIO? Duas membranas (visceral e parietal) Líquido seroso claro (15-50ml) Reservatório de modulares parácrino: Tônus simpático e coronário FC e PA Possível papel imunológico CAUSAS: Causa primária: do próprio órgão Causa secundária a doenças sistêmicas PRINCIPAIS: Pericardites: aguda, subaguda, crônica e recorrente Derrame pericárdico Tamponamento cardíaco Pericardite constrictiva Massas pericárdicas ETIOLOGIA/ EPIDEMIOLOGIA: Depende da população, clínica Idiopáticos: não se tem uma virose comprovada Drogas: tto de câncer, radiação Síndromes pericárdicas: PERICARDITE AGUDA: O QUE É PERICARDITE? Processo inflamatório do pericárdio Causa primária Secundária a doenças sistêmicas Pericárdio fica mais inflamado e posteriormente produz mais líquido (podendo levar ao derrame pericárdico) CLASSIFICAÇÃO: Aguda: primeiro episódio da doença Incessante: >4-6 semanas, porém <3 meses Recorrente: recorrência após a remissão inicial (4-6 semanas...) Crônica SINAIS E SINTOMAS: 2 dos 4 critérios (diagnóstico) 1. Dor torácica 2. Atrito pericárdico 3. Alterações eletrocardiográficas evolutivas 4. Derrame pericárdico Dor torácica: Início súbito com pródromos infecciosos (sinais e sintomas que antecedem a doença: febre, congestão nasal) Retroesternal, precordial ou epigástrica Dor pleurítico: piora com a respiração (pleura inflamada) Irradiação: MSE/ ombro/ trapézio Melhora reclinado para frente (posição de Blechman) ou em pé Piora em decúbito dorsal Tipo A: anginosa/coronariana (dor típica em aperto) Tipo B: provavelmente coronariana (exames p/ confirmar) REBECA KRUSE MED10 Tipo C: provavelmente não coronariana (exames p/ excluir) Tipo D: tipicamente não coronariana Atrito pericárdico: 85% (clássico) Ruído inconstante com alta frequência, mais audível no final da expiração Gerado pelo espessamento do pericárdio Pode ser confundido com sopro sistólico (manda mudar de posição → separar as membranas) Alterações de ECG: Estágio I (horas a dias): supradesnível côncavo difuso ST + infra PR (pode ser confundido com SCA pelo supra de ST) Estágio II (1ª semana): retorno do ST e PR aos padrões normais Estágio III: inversão difusa da onda T Estágio IV: retorno da onda T ao normal Derrame pericárdico: Líquido entre os dois folhetos >50ml × Transudato (hidropericárdio) × Exsudato × Piopericárdico × Hemopericárdio EXAMES DIAGNÓSTICOS: Eletrocardiograma (ECG) Ecocardiograma RX tórax Exames laboratoriais TC, RNM e medicina nuclear Pericariocentese Biópsia pericárdica ECG: 80% Supra de ST + infra de PR (17% cateterismo precoce sem indicação) ECG infarto x pericardite aguda: Ecocardiograma: Pode revelar alterações da função e contratilidade miocárdica – perimiocardite Avalia comorbidades Avalia características do pericárdio (>3mm) Avalia comprometimento hemodinâmico – colapso do AD (sinal de tamponamento) Radiografia de tórax: Visível se >200ml Pode ser normal (maioria das virais) Exames laboratoriais: Hemograna PCR e eritrossedimentação elevadas Biomarcadores: troponina e CKMB Bioquímica: função renal, iono, tireoide, etc Outros métodos de imagem: Angiotomografia de tórax: diagnóstico diferencial Tomografia do coração: espessamento > 2mm, DP (derrame pericárdico) localizado, constricção. Estruturas adjacentes Ressonância cardíaca: espessura e DP. Edema relacionado à lesão aguda Imagem: REBECA KRUSE MED10 Derrame pequeno na parte posterior do coração, não foi visualizado no ECO Medicina nuclear: avaliação de dor torácica e pericardites relacionadas a doenças sistêmicas / TP RNM: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: AINH: AAS ou ibuprofeno AAS 750-1000mg 8/8h 1-2 semanas ou 3-4 semanas. Preferível no IAM. Regressão 250- 500mg/semana Ibuprofeno 400 a 800mg 8/8h. 1-2 semana sou 3-4 semanas. Regressão 600mg/semana Colchicina (associar) 0,5mg 12/12h ou 24/24h. 3 meses Em estudos: diminuição de recorrência Prednisona (não respondedores. Associar colchicina): 0,2-1mg/Kg/dia por 3 meses EA: efeitos gástricos Restrição de exercício PROGNÓSTICO: Bom Mas 15-30% dos pacientes se tornam pericardite recorrente ou crônica (em pacientes que não fizeram uso da colchicina) PERICARDITE RECORRENTE: Episódios incessantes ou intermitentes – 30% Principais causas: Tratamento inadequado do 1° episódio Viral/ idiopática Pós pericardiotomia Pós-IAM DIAGNÓSTICO: Pericardite aguda prévia documentada + dor torácica + 1 dos seguintes critérios: Alterações do ECG Atrito pericárdico Derrame pericárdico novo ou piora PCR e VSH elevadas Leucocitose TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Igual ao da pericardite aguda, o que muda é o tempo: é mais longo, podendo chegar até 6 meses Deve ser sempre associado a colchicina AAS: 500 - 1000 mg 6 - 8 h. Semanas a meses Ibuprofeno: 600 mg 8/8 h. Semanas a meses Indometacina: 25-50 mg 8/8 h. Semanas a meses Colchicina: 0,5 de 12/12 ou 24 h - 6 meses. Sempre associar, se não houver contra indicação, exceto tuberculose, neoplasia, bacteriana e miopericardite Corticóides (prednisolona) - falha terapêutica ou contra indicação aos AINHs, indicados na autoimune Outros imunossupressores, imunoglobulina humana, pericardiectomia (em casos mais raros) COMPLICAÇÕES: Crises repetidas Efeitos colaterais das drogas Tamponamento cardíaco e pericardite constrictiva (raro) REBECA KRUSE MED10 PERICARDITE CRÔNICA: DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO: Sintomas menos intensos >3 meses ECG RX Ecocardiograma RNM: padrão ouro TRATAMENTO: Alívio dos sintomas Melhora na qualidade de vida Prevenção de complicações Investigação etiológica Geralmente evolui para derrame pericárdico DERRAME PERICÁRDICO: Espaço pericárdico normal: 15-50ml ETIOLOGIA: Infeccioso Neoplásico Doenças reumatológicas Doenças metabólicas Dissecção aórtica Trauma CLASSIFICAÇÃO: Início: Agudo <1 semana Subagudo: 1 semana a 3 meses Crônico: > 3 meses Tamanho: mede o tamanho do pericárdio p/ coração Pequeno: <10mm Médio: 10-20mm Grande: > 20mm Distribuição: Loculado Circunferencial Efeito hemodinâmico: Sem tamponamento Com tamponamento Constrictivo Tipo: Exsudato Transudato Hidropericárdio Hemopericárdio QUADRO CLÍNICO: Depende da: → Etiologia → Velocidade de enchimento → Tamanho Agudos: derrames rápidos – choque cardiogênico e PCR Crônicos: sintomas IC Alerta para o tamponamento cardíaco! EXAMES COMPLEMENTARES: ECG: Taquicardia sinusal (antes do colapso) Complexos QRS baixa voltagem: funciona como uma barreira Alternância elétrica (swinging heart syndrome) REBECA KRUSE MED10 RX tórax: Pode ser normal (para ver no RX > 200ml) Forma globosa (coração em moringa ou frasco de Erlenmayer) Ecocardiograma: Mais importante (porém é operador dependente) Determina o tamanho do derrame e o tamponamento cardíaco precocemente (sinais) TC e RNM: TRATAMENTO: Pequenos: avaliação clínica e ECO seriado Moderados ou grandes: pesquisar causa AINH ou colchicina Importante ou tamponamento: drenagem (análise do líquido). Atuar rapidamente PERIOCARDIOCENTESE: Grandes derrames: alívio e diagnóstico Hemopericárdio pós trauma Avaliação do líquido pericárdico (citologia, cultura, pesquisa de células neoplásicas, PCR viral e ADA) Ideal: guiada com um ECO BIÓPSIA PERICÁRDICA: Quadros persistentes sem diagnóstico Grandes derrames recidivantes Moderado a severo → avaliar comprometimentohemodinâmico TAMPONAMENTO CARDÍACO: Síndrome clínico-hemodinâmica devido a compressão cardíaca por derrame pericárdico moderado a severo CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Turgência jugular Taquicardia Taquipneia (pulmões limpos) Hipotensão arterial Pulso paradoxal: queda da PAS ≥ 10mmHg durante a inspiração Tríade de Beck: turgência jugular, hipotensão arterial e bulhas abafadas REBECA KRUSE MED10 PERICARDITE CONSTRICTIVA: INFLAMAÇÃO CRÔNICA DO PERICÁRDIO: Coração não contrai nem relaxa adequadamente Pericárdio espessado e calcificado Restrição do enchimento diastólico Queda do volume sistólico Baixo débito PRINCIPAIS CAUSAS: Idiopática Infecciosa: TB, viral, etc Pós-radioterapia Pós-cirurgia cardíaca ou pós-trauma Neoplasia, colagenose, etc FISIOPATOLOGIA: Restrição ao enchimento das câmaras cardíacas → elevação e equilíbrio das pressões de enchimento → congestão QUADRO CLÍNICO: IC direita: Náusea + desconforto abdominal Edema MMII Ascite desproporcional ao edema IC esquerda: Dispneia progressiva Baixo débito: Fadiga Caquexia cardíaca EXAME FÍSICO: Distensão venosa jugular Sinal de Kussmaul: não há diminuição da pressão venosa na inspiração Aumento da turgência jugular ou das pulsações venosas durante a inspiração Pulso arterial paradoxal: 1/3 dos casos Pressão de pulso pode estar reduzida Hepatomegalia congestiva ACV: Bulhas abafadas (pericárdio “duro”) Ictus atenuado Knock pericárdico logo após B2 → redução súbita do enchimento ventricular pela constrição EXAMES COMPLEMENTARES: ECG: fibrilação atrial pode estar presente BNP: normal ou pouco elevado (DD) RX de tórax: calcificações pericárdicas + derrame pleural (1/3) ECO: baixa sensibilidade TC e RNM: padrão ouro DD com cardiomiopatia restritiva: REBECA KRUSE MED10 TRATAMENTO: Clínico: Diuréticos Evitar betabloqueador (aumenta o tempo de diástole) Pericardirectomia Prognóstico: Variável
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