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Universidade Independente de Angola Faculdade de Economia e Gestão Material de Apoio Da Disciplina de Desenvolvimento e Gestão de Marcas e Produtos Iº Semestre Luanda/2020 ÍNDICE GERAL 1 ABORDAGEM SOBRE O MARKETING................................................................. 6 1.1 Marketing – Pontos fundamentais ........................................................................ 6 1.1.1 Necessidades humanas .................................................................................. 6 1.1.2 Desejos ......................................................................................................... 7 1.1.3 Preferências................................................................................................... 7 1.1.4 Exigências ..................................................................................................... 8 1.1.5 Utilidade ....................................................................................................... 9 1.1.6 Valor ............................................................................................................. 9 1.1.7 Satisfação .................................................................................................... 10 1.1.8 Processo de compra ..................................................................................... 11 1.1.9 Avaliações pós-compra e reacções das empresas ......................................... 12 1.1.10 Relacionamento ......................................................................................... 12 1.2 Mix de marketing .............................................................................................. 13 1.2.1 Produto ....................................................................................................... 13 1.2.2 Preço ........................................................................................................... 14 1.2.3 Praça ........................................................................................................... 15 1.2.3.1 Abordagem sobre os canais de distribuição ............................................... 15 1.2.3.1.1 As funções da distribuição ..................................................................... 17 1.2.3.1.2 Profundidade dos canais de distribuição................................................. 17 1.2.3.1.3 Formas de organização dos canais de distribuição.................................. 18 1.2.3.1.4 Avaliação e a escolha de um canal de distribuição ................................. 19 1.2.4 Promoção........................................................................................................ 21 2 PRODUTO .............................................................................................................. 24 2.1 Agregação de valor aos produtos ....................................................................... 24 2.2 Classificação de produtos .................................................................................. 26 2.2.3 Especificidades quando o produto é um serviço .............................................. 31 2.3 Gestão de produtos ............................................................................................ 38 2.3.1 Decisões sobre produtos individuais ............................................................ 38 2.3.1.1 Atributos do produto ................................................................................ 38 2.3.1.2 Marcas ..................................................................................................... 41 2.3.1.3 Embalagem .............................................................................................. 41 2.3.1.3 Rótulo ...................................................................................................... 42 2.3.1.5 Serviços de apoio ao produto .................................................................... 42 2.3.2 Decisões sobre linhas de produtos ................................................................... 43 2.3.2.1 Extensão da linha de produtos .................................................................. 43 2.3.2.2 Modernização da linha de produtos .......................................................... 44 2.3.3 Decisões sobre o composto de produtos .......................................................... 44 3 GESTÃO DE MARCAS .......................................................................................... 45 3.1 Origem e evolução das marcas ........................................................................... 45 3.2 Enquadramento conceptual ................................................................................ 46 3.3 Marca como comunicação poderosa ................................................................... 50 3.4 Gestão de produtos e marcas .............................................................................. 52 3.4.1 As extensões da marca .................................................................................... 54 3.4.2 Relacionamento com as marcas....................................................................... 56 3.4.3 A marca como símbolo de lealdade ................................................................. 56 3.4.4 Os processos de criação de marcas .................................................................. 58 3.4.5 Jingles e slogans elementos para o fortalecimento da marca ............................ 62 4 EMBALAGEM E ROTULAGEM DE PRODUTOS ................................................ 63 4.1 Conceptualização ............................................................................................... 63 4.2 Desenvolvimento da embalagem e rotulagem .................................................... 63 4.3 Estratégias de embalagem e a rotulagem ............................................................ 68 4.4 Estratégias de embalagem para posicionamento de líder .................................... 69 4.5 Estratégias de embalagem para posicionamento de desafiador ........................... 69 4.6 Estratégias de embalagem para posicionamento de seguidor .............................. 69 4.7 Design de tampas e dispositivos de abertura e fechamento ................................. 70 4.8 A cor e a forma no estudo das embalagens ......................................................... 71 5 DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E PLANEJAMENTO DE PRODUTOS ...... 73 5.1 O Processo de Desenvolvimento de Produtos ..................................................... 73 5.2 Inovação e Novos Produtos ................................................................................ 75 5.3 Lançamento de novos produtos .......................................................................... 78 5.4 Ciclo de vida do produto .................................................................................... 79 5.5 O papel de um gerente de produto ...................................................................... 81 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................. 83 ÍNDICE DE TABELAS Tabela nº 1 Expressão da necessidade e desejo .............................................................. 7 Tabela nº 2 Expressão da necessidade, desejo e preferência........................................... 8 Tabela nº 3 Expressão da necessidade, desejo, preferência e exigências ........................ 9 Tabela nº 4 Descrição dos itens do conjunto da marca ................................................. 47 ÍNDICE DE FIGURAS Figura nº 1 Exemplo de canais de distribuição ............................................................. 16 Figura nº 2 Níveis de canais de distribuição ................................................................ 17 Figura nº 3 Níveis de produto ......................................................................................25 Figura nº 4 Características do serviço .......................................................................... 32 Figura nº 5 Decisões sobre produtos individuais .......................................................... 38 Figura nº 6 Diferença entre estilo e design ................................................................... 41 Figura nº 7 Ampliação da linha de produtos ................................................................ 44 Figura nº 8 Logotipo da Coca-Cola ............................................................................. 48 Figura nº 9 Logotipo da FIAT ..................................................................................... 48 Figura nº 10 Símbolo da Chevrolet .............................................................................. 49 Figura nº 11 Símbolo da Mercedes - Benz ................................................................... 49 Figura nº 12 Logomarca da Adidas ............................................................................. 49 Figura nº 13 Exemplo de símbolo figurativo ............................................................... 50 Figura nº 14 Exemplo de símbolo abstrato .................................................................. 50 Figura nº 15 Níveis de reconhecimento da marca ........................................................ 53 Figura nº 16 Níveis de lealdade do comprador às marcas............................................. 57 Figura nº 17 Ciclo de vida do produto ......................................................................... 81 file:///C:/Users/Big/Documents/AULAS%20DE%20GESTAO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS-UNIA/GESTÃO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS%20UNIA%201-%20AULAS.docx%23_Toc457690688 file:///C:/Users/Big/Documents/AULAS%20DE%20GESTAO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS-UNIA/GESTÃO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS%20UNIA%201-%20AULAS.docx%23_Toc457690689 file:///C:/Users/Big/Documents/AULAS%20DE%20GESTAO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS-UNIA/GESTÃO%20DE%20MARCAS%20E%20PRODUTOS%20UNIA%201-%20AULAS.docx%23_Toc457690693 6 1 ABORDAGEM SOBRE O MARKETING 1.1 Marketing – Pontos fundamentais Popularizou-se o conceito de que ‹‹o Marketing é um conjunto de métodos e meios de que uma organização dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos›› (LENDREVIE et al, 2015: 34) Defende-se também que, O marketing é nada mais do que mercado em movimento. Acompanhar este movimento, as oscilações, um novo concorrente que aparece, uma alteração de preços, uma nova moda, pois o mercado não para porque estamos sempre em transformação e em constante adaptação. (CAETANO; RASQUILHA, 2010: 7) Pois entende-se também que o ‹‹marketing é um processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio de criação, da oferta e da livre troca de produtos de valor entre si››. (KOTLER; KELLER, 2012:4). JÁ (BOON; KURTZ, 2009: 8) citados por (BLUME; LEDERMANN, 2009) entendem que «Marketing é o processo de planear e executar a concepção, a fixação de preço, a promoção e a distribuição de ideias, produtos e serviços, organizações e eventos para criar e manter relacionamentos que satisfarão objectivos individuais e organizacionais». Compreendemos que os aspectos que giram em torno do marketing visam em primeira instância atingir objectivos organizacionais por intermédio dos produtos ou serviços oferecidos pelas mesmas. 1.1.1 Necessidades humanas Uma necessidade humana é pré-existente ao marketing e pode caracterizar-se de forma físico/fisiológica, social ou sentimental. Podemos, por resposta orgânica, sentir fome ou sede mas o marketing não nos cria nem fome, nem sede. Uma necessidade absoluta de estar com os amigos, ou com os familiares e de ser amado por eles mas o marketing também não nos induz nenhum desses sentimentos. Questões de pertença, aceitação ou de afirmação podem levar-nos a desejar um bem ou serviço. Mas não há nada de marketing em torno do desencadear de um estado de privação. 7 As necessidades humanas são assim um ponto de partida do marketing, um dado e um elemento importante com o qual trabalha. Pois entende-se que necessidade é vista também como ‹‹caracter do que é indispensável ou imprescindível›› (PERFEITO et al, 2013: 113). 1.1.2 Desejos Um desejo corresponde a algo que esta subjacente a uma necessidade e manifesta um querer, sobre qualquer coisa cuja a existência se conhece e da qual se sabe poder trazer satisfação de uma necessidade. Os desejos podem assim reportar-se a bens e a serviços específicos que satisfazem necessidades adicionais que estão claramente para além da mera necessidade de sobrevivência. É sobretudo a nível do mecanismo dos desejos que o marketing influencia e actua, orientando o consumidor para a escolhas. O muito bom marketeer, não consegue criar sede em ninguém, mas pode orientar o desejo para o consumo de água. Assim, Varias opções se apresentam ao cliente em matéria de consumo para satisfazer a necessidade “sede”: água, vinho, cerveja, refrigerantes, etc. se o consumidor vai optar por uma ou por outra, já é uma tarefa do marketing o qual utiliza mecanismos influenciadores e de persuasão que alinham o comportamento dos consumidores. (CAETANO 2010) Tabela nº 1 Expressão da necessidade e desejo Expressão de Necessidade “Tenho muita sede” “Tenho a garganta seca” “Estou desesperado de sede” “Eu morro de sede” “Quero que ela goste de mim,” etc Expressão do Desejo “Preciso de beber… água, ou então uma cerveja gelada” “Que boa impressão vou causar com este fato,”etc. Fonte: CAETANO, Joaquim et al “Marketing e Comunicação” pag 69 1.1.3 Preferências Outro conceito que nos auxilia a descodificação da problemática do marketing leva-nos já a um patamar de racionalidade. As preferências implicam uma escolha racional pelo consumidor como forma de: 8 Corresponder ao desejo; e Satisfazer uma dada necessidade. Esta preferência requer conhecimento da existência de bens, de produtos e de serviços. É uma escolha que pode ser apoiada em experiências prévias próprias, ou de terceiros e sobretudo na livre vontade, além da capacidade de os adquirir. O conceito de preferência implica assim conhecimento e opções. Suporta-se na liberdade de escolha dos consumidores e na vontade de adquirir determinados bens, produtos ou serviços que são do seu conhecimento. Tabela nº 2 Expressão da necessidade, desejo e preferência Expressão de Necessidade “Tenho muita sede” “Tenho a garganta seca” “Estou desesperado de sede” “Eu morro de sede” “Quero que ela goste de mim,” etc Expressão do Desejo “Preciso de beber… água, ou então uma cerveja gelada” “Que boa impressão vou causar com este fato,”etc. Expressão das preferências “Quero uma garrafa de água luso” “Dê-me uma sagres bem gelada” “Uma Coca-Cola com gelo e limão” etc. Fonte: CAETANO, Joaquim et al “Marketing e Comunicação” pag 70 1.1.4 Exigências Trata-se de outro conceito importante para o marketing e que define sobretudo um conjunto de parâmetros que caracterizam uma condição, ou condições imprescindíveis que os produtos, bens ou serviços tem imperiosamente que cumprir, de forma a merecerem aprovação por parte de quem os utiliza ou adquiriu. O padrão de exigências dos consumidores relaciona-se com o seu nível de expectativas sobre tudo, o local de consumo, etc. 9 Tabela nº 3 Expressão da necessidade, desejo, preferência e exigências Expressão de Necessidade “Tenho muita sede” “Tenho a garganta seca” “Estou desesperado de sede” “Eu morro de sede” “Quero que ela goste de mim,” etc Expressão do Desejo “Preciso de beber… água, ou então uma cerveja gelada” “Que boa impressão vou causarcom este fato,”etc. Expressão das preferências “Quero uma garrafa de água luso” “Dê-me uma sagres bem gelada” “Uma Coca-Cola com gelo e limão” etc. Expressão das Exigências “Esta água sabe mal! Não pago” “Este fato fica todo deformado. Não volto lá”etc. Fonte: CAETANO, Joaquim et al “Marketing e Comunicação” pag 71 1.1.5 Utilidade O conceito central de utilidade é visto como ‹‹o princípio segundo o qual toda a acção, qualquer que ela seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função da sua tendência em aumentar o reduzir o bem-estar das partes afectadas pela acção›› (CAETANO, Citando BENTHAM, 2011: 71). Um dos traços mais característicos e fundamentais do utilitarismo reside na sua “racionalidade”. Para o conceito de utilidade, os actos humanos não são inocentes nem provêm por acaso, mas são calculados. A utilidade remete-nos para o conceito de que a aquisição de cada produto, bem ou serviço é analisada à luz de um conjunto de atributos que aproximem o mesmo dos atributos do produto ou serviço considerado como “ideal”, ou seja, que maximize o bem-estar individual. O marketing moderno preocupa-se em trabalhar os atributos da função utilidade de forma a proporcionar aos consumidores “valor e satisfação”. 1.1.6 Valor Entende-se que ‹‹o valor de um produto em questões de marketing corresponderá à expectativa do consumidor quanto aos seus benefícios expressos na maior proporção 10 das dimensões de utilidade esperadas em relação à quantia real paga pelo produto››. (BROCHADO et al, 2013: 69) Estamos perante a um dos conceitos mais utilizados nos dias de hoje, em matéria de gestão. O mesmo é um conceito racional que sugere que o consumidor atribuirá uma razão financeira a cada uma das características de utilidade de um produto. Um consumidor racional tenderá assim a optar por bens cujas as características ofereçam mais relativamente ao seu preço, maximizando assim a sua utilidade. O valor de um produto em questões de marketing corresponderá a expectativa do consumidor quanto aos seus benefícios expressos na maior proporção das dimensões de Utilidade esperadas em relação a quantia real paga pelo produto ou serviço. 1.1.7 Satisfação A grande ambição de todos os marketeers é de satisfazer os seus clientes/consumidores, procurando que eles se mantenham assim por longo tempo com ligação às suas propostas de valor. Mas isso não é tarefa fácil. E não é fácil pois para a satisfação concorrem uma série de aspectos que podem não estar directamente relacionados com o produto, bem ou serviço. A satisfação é pois uma manifestação do agrado do cliente com o resultado do desempenho e utilidade do produto face às suas expectativas, contribuindo para situações de permanência e recompra ou para o seu afastamento e litigância. Nota-se também que, A satisfação é no entanto, um factor difícil de controlar pelo marketeer, mas fundamental de gerir em matéria de processo. Por um lado a satisfação do cliente pode ser influenciada por factores endógenos, intrínsecos a um deficiente procedimento de fabrico ou de utilização de matérias-primas de inferior qualidade. (MFUMUANSUKA 2012) No entanto, e a nivel do circuito comercial e sobretudo quando existem intermediários externos no processo, ocorrem factores exógenos, externos ao controle da equipa de gestão e que podem reduzir esta mesma satisfação ou destruir todo o trabalho: deficiente manuseamento em loja, fraca prestação de serviço no ponto de venda, impreparação dos vendedores para o atendimento, deficiente informação sobre stocks e ocorrência de rupturas, fraca ou inexistente gestão de reclamações. Etc. 11 1.1.8 Processo de compra O processo de compra do consumidor inclui cinco etapas: reconhecimento de necessidades, busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e avaliação pós compra. Reconhecimento de uma necessidade é o desencadeador do processo de busca, resume-se na compra de um bem ou serviço que a satisfaça. Esta necessidade pode vir de uma sensação íntima ou de um estímulo externo. Quando os consumidores percebem que têm uma necessidade, o impulso íntimo para atendê-la é chamada de motivação. Assim ‹‹o papel dos profissionais de marketing é identificar o que motiva os consumidores para que possam atender as suas motivações››. (CHURCHILL 2000: 147) Vale dizer que, a importância dos profissionais perceberem que as necessidades podem estar relacionadas a bens físicos e materiais (necessidades utilitárias) e a desejos de prazer e auto-expressão (necessidades hidemônicas). Busca de informações de como satisfazer suas necessidades como fonte de informações se tem a análise de como satisfez a necessidade no passado. Caso seja realizada esta consideração enfatiza a importância das empresas de satisfazerem ou encantarem seus clientes visando fazer com que sirva de referencial na realização de novas compras. Nesta tarefa de levantamento de informações, ‹‹dois pontos são importantes para as empresas na obtenção de vantagens competitivas que são o conhecimento da marca e o posicionamento do produto na mente do consumidor››. (CHURCHILL 2000:149-150) Análise das alternativas obtidas, os consumidores buscam identificar aquelas cujas características e recursos atendam ao que deseja. Em outros termos, os clientes buscam o maior valor onde analisam os benefícios oferecidos e os riscos percebidos, que engloba ‹‹aspectos financeiros, funcionais, de segurança, social e psicológico››. (NICKELS 1999:107) Ressalta-se a importância da interação adequada entre vendedores e clientes que conceitua ‹‹como momento de verdade em que a eficiência e a eficácia deste é fundamental no posicionamento da empresa como melhor alternativa, como opção que 12 não pode desapontar a expectativa do consumidor em relação à empresa››. (VAVRA 1993:107-120). Realizada esta avaliação, o consumidor irá decidir se irá ou não realizar a compra. E ainda o que, onde, quando comprar e como pagar caso decida efectuar a compra. Depois de adquirirem o produto, os consumidores fazem uma avaliação de sua compra. Nesta etapa é comum se identificar um comportamento que os psicólogos chamam de “dissonância cognitiva“ que envolve dúvidas quanto a ter escolhido ou não a decisão correcta. 1.1.9 Avaliações pós-compra e reacções das empresas A satisfação ou insatisfação dos consumidores quando os mesmos experimentam o produto ou serviço influenciam seu comportamento subsequente. Ficando satisfeito, os clientes terão maior possibilidade de procurar o produto novamente ou recomendar a outros o que é de grande valor para as empresas já que ‹‹os custos de se atrair clientes é cinco vezes maior ao de mantê-los›› (KOTLER, 1998:58) Os consumidores insatisfeitos respondem abandonando ou devolvendo o produto ou, ainda, advertindo amigos. Assim (KOTLER, 1998:184-186): Algumas opções de reações a esta situação podem ser adotadas visando favorecer uma optimização do comportamento do consumidor em relação à empresa como: enviar cartas cumprimentando-os por ter escolhido um equipamento de excelente qualidade, ou colocar anúncios mostrando compradores satisfeitos com a marca, ou estabelecer canais que agilizem o atendimento das queixas e o envio de sugestões de melhorias. 1.1.10 Relacionamento Segundo (BLUME; LEDERMANN, 2009: 20), Relacionamento promove a fidelização, a lealdade, a manutenção de clientes e os bons depoimentos a respeito da organização, produtos e marcas. Empresas que respeitam seus consumidores, sem iludi-los, menosprezá-los e desrespeitá-los, possuem uma enorme vantagem competitiva sobre as demais. Vivemos numa sociedade que é cada vez mais uma ligação de redes de relacionamentos. Nos relacionamos com um número cada vez maior de pessoas e, em cada relacionamento, está envolvida uma série de relações de troca,incluindo a permuta de informações sobre trocas realizadas de forma bem ou malsucedida. O relacionamento saudável entre quem oferece determinado bem ou serviço e quem procura o mesmo, é extremamente importante pois desta relação poderá nascer outras 13 relações, como: as relações de fidelização, retenção, e até mesmo poderá gerar uma situação de promoção e defesa do tal produto ou serviço por parte do comprador. O relacionamento quando bem gerido, gera vantagem competitiva e suporta de forma significativa o aumento da quota de mercado de quem oferece. 1.2 Mix de marketing O mix de marketing é um grupo de variáveis do ambiente interno e, portanto, controlável, que o marketing da organização emprega para produzir a resposta que deseja no mercado alvo. O mix de marketing consiste em todas as ações da empresa com a intenção de influenciar a demanda de seus produtos. É constituído pelo conjunto das seguintes variáveis: Produto, Preço, Praça e Promoção. 1.2.1 Produto Kotler e Armstrong (1999) afirmam que as pessoas satisfazem suas necessidades e desejos adquirindo produtos. É comum pensarmos em produto apenas como um bem físico, que pode ser tocado, olhado, experimentado, como um carro, uma moto, uma televisão. A definição de produto, contudo, extrapola os limites da tangibilidade. Enganam-se os que definem produto somente como o que pode ser visto, contemplado. Kotler e Armstrong (1999) afirmam que o conceito de produto não se limita a objetos físicos. Para estes autores, produto é qualquer coisa que possa ser oferecida ao mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo. Para gravar: “qualquer coisa que possa ser oferecida ao mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo”. Produto, portanto, pode ser um bem físico, como uma bola de futebol, mas também pode ser um serviço, como um atendimento médico, e uma ideia, como a criação de um novo sistema de suspensão traseira para automóveis. Um produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e para satisfazer uma necessidade ou desejo. Os produtos comercializados incluem bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). 14 1.2.2 Preço As decisões de preço devem, segundo (CZINKOTA et al, 2001: 31), devem «apoiar a estratégia de marketing de um produto; realizar as metas financeiras da organização; e ajustar-se às realidades do ambiente do mercado». Para (CHURCHILL Jr. e PETER, 2005:20), o elemento preço está relacionado «à quantidade de dinheiro ou outros recursos que os profissionais de marketing pedem por aquilo que oferecem». No entender de (COBRA, 1992:43), afirma que é preciso que o preço, «divulgado pelas listas de preços a clientes e a consumidores, seja justo e proporcione descontos estimulantes à compra dos produtos ou serviços ofertados, com subsídios adequados e períodos (prazos) de pagamento e termos de crédito efetivamente atractivos». O preço é um elemento muito complexo e extremamente sensível, pois afecta diretamente a receita e o lucro das empresas. É um dos elementos do mix de marketing que mais produz receita, devido ao seu carácter monetário. Às vezes não é o factor preponderante para a escolha do consumidor, pois quando este diz que está caro, frequentemente quer dizer muitas outras coisas como: “não tenho dinheiro agora”, “não gosto da imagem do produto”, “não tenho necessidade do produto”, “não posso decidir sozinho”, “não acredito que vale tanto”, “tenho opções mais acessíveis”. O preço é uma variável que deve, assim como os demais componentes do mix de marketing, ser tratado estrategicamente pelos gestores. Na sequência do estudo, citamos algumas estratégias de preço que podem ser empregadas pelas empresas: Estratégia Premium: para produtos de alta qualidade. Nesse caso, pode-se praticar um preço alto, visando a atingir faixas de rendas mais altas do mercado. Estratégia de Penetração: para produtos de alta qualidade. Pratica-se um preço médio tentando obter uma rápida penetração de mercado. Estratégia de Barganha: produto de qualidade média a um preço baixo. Uma das explicações pode ser um acordo entre distribuidores e consumidores. Estratégia de Superbarganha: produto de alta qualidade a preço baixo. Terá uma rápida introdução no mercado. 15 Estratégia de Preço Alto: produto de qualidade média e preço alto. É uma estratégia que valoriza o produto, visando a lucratividade a curto prazo. Estratégia de Qualidade Média ou Comum: preço compatível com a qualidade do produto, objectivando uma participação aceitável do mercado. Estratégia de “Bater e Correr”: preço alto com qualidade baixa. Tem-se uma vantagem inicial e, após, há uma retirada rápida do mercado. Estratégia de Artigos de Qualidade Inferior: preço médio para um produto de baixa qualidade. “Artigos de confecção com defeitos de fábrica, vendidos a preços médios como sendo de boa qualidade”. Estratégia de Preços Baixos: preço baixo e baixa qualidade. Procura-se vender com esta estratégia simplesmente quantidade. 1.2.3 Praça A denominação de praça refere-se a PDV – ponto-de-venda– local onde os produtos são comercializados. Com o tempo passou a englobar novas concepções, e a denominação mais adequada às atribuições contemporâneas desta variável é “distribuição”. (BLUME; LEDERMANN, 2009:23) Para os mesmos autores, distribuição é uma forma de se referir a um conjunto complexo de elementos que visa a tornar o produto disponível para o consumidor onde e quando ele o desejar, e isso inclui elementos importantes como canais de distribuição, logística de mercado e as variáveis que integram esses elementos. No entendimento de (COBRA 1992: 44), a distribuição «precisa levar o produto certo ao lugar certo através dos canais de distribuição adequados, com uma cobertura que não deixe faltar produto em nenhum mercado importante», encontrando para isso fábricas, depósitos, distribuidores e dispondo de um registro de estoques para preencher as necessidades de consumo através de recursos de transporte apropriado. 1.2.3.1 Abordagem sobre os canais de distribuição Distribuir produtos ou serviços é entrega-los no local certo, em quantidade suficiente, com as características pretendidas, no momento exacto e com os serviços necessários à sua venda, consumo e, em alguns casos, manutenção. 16 Canais de distribuição, também chamados de canais de marketing, podem ser vistos, de acordo com (COUGHLAN et al, 2002:20), como «um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo». Para (RICHARS 2000:251), «os canais de distribuição são todas as vias que um productor ou intermediário de bens ou serviços utiliza para facilitar o acesso dos compradores a esses (…) bens». Ainda, segundo este autor, o uso dessas vias implica em uma série de responsabilidades que irão passar pelo canal, a logística do canal, o padrão do atendimento e a administração do serviço pós-venda. Assim entendo que canais de distribuição, é o percurso de um produto ou serviço desde a sua idealização até chegar ao consumidor final. Segundo (LENDREVIE et al, 2015:301), A política de distribuição foi, durante décadas, menosprezada pela indústria tradicional, seguindo uma orientação incapaz de compreender que, nos mercados mais desenvolvidos e perante uma economia de excesso de oferta, os canais de distribuição desempenham um papel de filtro desde a produção até ao momento em que o produto ou serviço chega as mãos do consumidor final. Compreendemos que, nesta era em que vivemos, de bastante complexidade económica, de várias incertezas, e de elevada dificuldade de atender as expectativas dos consumidores por causa da elevadacompetitividade os canais de distribuição tornam-se bastante preponderantes para a criação de uma determinada vantagem competitiva bem como serve de apogeu para uma benéfica gestão de expectativas junto do consumidor final e não só. Um canal de distribuição é constituído, por diversas categorias de intermediários, que medeiam entre o produtor e o destinatário final. Exemplos de canais de distribuição: Produtor Grossista Grossista Agente Vendedores de rua Retalhista Instalador Importador Retalhista Consumidor Figura nº 1 Exemplo de canais de distribuição Fonte: LENDREVIE (2015) 17 1.2.3.1.1 As funções da distribuição Independentemente de serem realizadas por intermediários ou pelos próprios produtores, as funções da distribuição podem dividir-se em dois tipos principais segundo LENDREVIE (2015:305): a distribuição física e os serviços. Para além das funções apontadas na figura acima, existem outras que variam com o sector de actividade, de que são exemplos os serviços. A decomposição das funções de distribuição põe em evidência a questão central dessa mesma distribuição – saber qual é o agente económico que se encontra em melhores condições para assegurar essas funções: O próprio produtor; Os armazenistas; Os prestadores de serviços, como os transportadores; Os retalhistas e etc. Todas as grandes alterações verificadas nos aparelhos comercias têm procurado melhorar a eficácia do conjunto. Essa melhoria pode traduzir-se, em preços mais baixos para o consumidor, em maior volume de vendas para os produtores ou uma oferta mais diversificada e num melhor serviço para os consumidores. 1.2.3.1.2 Profundidade dos canais de distribuição Pode medir-se a profundidade de um canal de distribuição pelo número de níveis de intermediários que o constituem. Como na figura abaixo. Nível 0 Produtor Consumidor Nível 1 Produtor Retalhista Consumidor Nível 2 Nível 3 Produtor Grossista Produtor Consumidor Consumidor Retalhista Grossista Grossista especializado Retalhista Figura nº 2 Níveis de canais de distribuição Fonte: Adaptado de LENDREVIE (2015) 18 A profundidade do canal de distribuição é, quase sempre, uma questão polémica, já que, ao contrário do que comummente se pensa, um maior número de intermediários não implica necessariamente um preço mais elevado ao consumidor final. 1.2.3.1.3 Formas de organização dos canais de distribuição A procura de maior racionalidade económica nos canais de distribuição e, simultaneamente, a luta de poder pelo seu controlo têm feito evoluir os canais. É possível identificar, para além dos circuitos tradicionais (em que produtores, grossistas e retalhistas negoceiam o melhor possível as condições de venda e de compra), outras formas de organização: Os sistemas verticais de marketing; Os sistemas horizontais de marketing. a) Sistemas verticais de marketing Sistemas verticais de marketing são circuitos centralizados e profissionalmente geridos, por forma a reduzir os custos de exploração e a ter o maior impacto possível sobre o mercado. Os sistemas verticais podem ser integrados, controlados e contratuais. No sistema integrado, os diferentes níveis de produção e distribuição pertencem à mesma empresa. No sistema controlado, existe uma coordenação entre os diferentes níveis que não resulta de uma participação em capital, mas da predominância de uma das partes do sistema. No sistema contratual, existe uma coordenação de programas de acção, através de uma contratual, de que o franchising é um bom exemplo. De acordo com a Federação Francesa de Franchising é um metódo de colaboração entre uma empresa – o franchisador e várias empresas – os franchisados – para explorar um conceito de comercialização. O conceito de franchising desenvolvido pelo franchisador integra três componentes: O direito de utilizar uma marca e sua sinalética; A partilha de uma experiência e de um know-how postos à disposição pelo franchisador; 19 Um conjunto de produtos, serviços ou tecnologias. É possível distinguir três formas de franchising: Franchising de distribuição: o franchisador produz ou concebe os produtos que são distribuídos pela rede de distribuição. Franchising de serviços: é habitual na hotelaria e no imobiliário. O franchisador concede a exploração da sua insígnia e comunica o seu know- how em métodos de gestão. Franchising industrial: o franchisador cede o seu know-how, uma licença de fabricação e o direito de comercializar um produto ou uma tecnologia. b) Sistemas horizontais de marketing Os sistemas horizontais de marketing são constituídos por alianças provisórias ou permanentes entre várias empresas que trabalham no mesmo sector e no mesmo nível. Estas alianças podem ter a forma de colaboração em determinadas funções. Ou mesmo a possibilidade de criação de filiais comuns. 1.2.3.1.4 Avaliação e a escolha de um canal de distribuição A abordagem e os critérios propostos para a selecção de um novo canal de distribuição podem também ser utilizados na avaliação de um canal já existente. a) A sequência do processo de escolha de um canal de distribuição Esta sequência inclui três etapas principais: Análise das funções de distribuição para cada produto ou gama de produtos; Determinação das escolhas possíveis em função das limitações existentes; Escolha de uma solução, em função dos critérios de avaliação de um circuito. b) A análise das funções de distribuição A importância das funções de distribuição (distribuição física, venda, serviços comerciais e serviços financeiros) está habitualmente dependente de: Objectivos e estratégia de marketing do produtor; Características dos clientes, dimensão e natureza do mercado; Características dos produtos (peso, dimensão, duração, grau de tecnicidade e consequente serviço, valor unitário). 20 c) As limitações Depois de precisar as funções de distribuição necessárias e a importância de cada uma, o problema consiste em determinar quem as vai realizar dentro do canal, desde o produtor ao consumidor. O número de soluções possíveis para a escolha de canais está, regra geral, sujeitos a diversos tipos de limitações. 1º Limitações legais Alguns canais são obrigatórios para determinados produtos. Outros têm várias restrições ou ainda a existência de disposições gerais aplicáveis a todas a as formas de venda, como a proibição de recusa da mesma. 2º Limitações financeiras O custo de instalação e funcionamento de um canal de distribuição deve ser avaliado a priori, quanto menores forem os recursos financeiros de uma empresa, mais ela terá tendência para subcontratar a intermediários as funções de distribuição. 3º Limitações dos circuitos existentes Até certo ponto, a empresa está dependente dos circuitos existentes e das respectivas formas de actuação (prazos de entrega, armazenamento, margens, etc.). Estas limitações são especialmente fortes na exportação, dado que cada país tem o seu próprio aparelho comercial, com as suas práticas. d) Critérios de avaliação de um canal de distribuição A avaliação dos canais com vista à selecção de um sistema de distribuição deve ser feita segundo sete critérios principais: 1º Cobertura do alvo e potencial de venda dos canais Cobertura. O canal permite atingir uma parte importante do mercado? Os compradores regulares e importantes fazem parte da clientela do canal? O canal está bem adoptado a uma eventual sazonalidade das vendas? Potencial. Qual é o potencial do canal? 21 2º Competência do circuito e adaptação da sua política de marketing ao marketing do produtor O canal já tem experiência de venda do produto ou serviço em causa? As políticas de marketing estão adaptadas às necessidades do produtor, designadamentenos casos de produtos que exigem aconselhamento e garantias? 3º Imagem do canal, dinamismo e capacidade promocional 4º Controlo da distribuição As relações entre produtores e distribuidores são equilibradas ou desequilibradas? Quais as condições comerciais (descontos, prazos de pagamento) que os distribuidores podem impor? Que conflitos podem surgir? Há flexibilidade nos canais? Qual o custo? Qual a dificuldade de se fazer referenciar? Quais são as condições de referenciamento? 5º Compatibilidade entre canais Muitos distribuidores especializados opõem-se a que o produtor venda para diferentes canais. Por isso algumas marcas, estão especializadas por canal. 6º Custo de distribuição 7º Evolução provável dos canais Alguns canais são muito flexíveis, tendo a capacidade de se adaptar à evolução do mercado; este critério é particularmente importante, porque a opção por um canal costuma ser feita a longo prazo. 1.2.4 Promoção As decisões de promoção comunicam a estratégia de marketing utilizada pela empresa para os clientes e membros do canal que agenciam a distribuição do produto para o mercado. Os elementos que fazem parte do composto promocional são: publicidade, vendas pessoal, relações públicas e a promoção das vendas. (CZINKOTA et al:2001). 22 No entender de Churchill Jr. e Peter (2005:20), o elemento promoção ou comunicação “refere-se a como os profissionais de marketing informam, convencem e lembram os clientes sobre produtos e serviços”. Embora a propaganda seja o elemento central num programa de promoção, normalmente não é o único, pois o composto de promoção é constituído por mais cinco ferramentas promocionais: promoção de vendas, relações públicas, venda pessoal, marketing directo e merchandising. Vamos ver do que cada uma delas trata (BLUME; LEDERMANN:26): Propaganda: qualquer forma paga de apresentação impessoal e promoção de ideias, bens ou serviços por um patrocinador identificado. Anúncios de rádio, TV, jornal e outdoors, são alguns exemplos de propaganda. Promoção de vendas: incentivos de curto prazo para encorajar a compra ou venda de um produto ou serviço. Brindes, sorteios de prêmios, concursos, adição de outro produto à oferta básica e descontos, são alguns exemplos de promoção de vendas. Relações públicas: desenvolvimento de boas relações com os vários públicos da empresa pela obtenção de publicidade e comentários favoráveis, em especial dos formadores de opinião. Variedade de programas e eventos, preparados para promover e/ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos individuais. Envio de mensagens periódicas, visitas de cortesia, lançamentos, entrevistas colectivas, promoção e participação em eventos, são exemplos de algumas actividades que podem ser desenvolvidas pelas relações públicas na variável Promoção, do mix de marketing. Venda pessoal: apresentação pessoal da força de vendas da empresa com o propósito de promover e as efectivar e estabelecer relações com os clientes e influenciadores das vendas. Marketing direto: ferramentas de contacto impessoal para comunicar ou solicitar resposta directa de consumidores activos e potenciais. A mala directa impressa ou eletrônica e o telemarketing, são exemplos de ações de marketing direto. Merchandising: acções tácticas efectuadas no ponto de venda ou em editoriais dos veículos de comunicação de massa, para se oferecer ao mercado o produto certo, na quantidade certa, no preço certo, no tempo certo, com o impacto visual adequado e na exposição certa. 23 Uma aparição do produto ou da fachada do estabelecimento durante um filme, programa ou novela, é um exemplo do merchandising editorial. Displays na prateleira do supermercado, stand com exposição e/ou demonstração de produtos ou marca, são exemplos de merchandising no ponto-de-venda. 24 2 PRODUTO É consensual a ideia, de que as empresas oferecem produtos ou serviços aos consumidores finais e é por intermédio destes, que inicialmente os mesmos conseguem fazer uma análise parcial ou minuciosa sobre a empresa que ofereceu tal produto ou tal serviço. Um produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e para satisfazer uma necessidade ou desejo. Os produtos comercializados incluem bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias (KOTLER; ARMSTRONG, 2003). Muitas são as concepções sobre o produto, (KOTLER; KELLER, 2006:366) afirmam que a respeito de produtos os mesmos respondem três questões ao mesmo tempo: «muitas pessoas acham que um produto é uma oferta tangível, mas ele pode ser muito mais do que isso. Um produto é tudo que possa ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo». Já (ROCHA;CHRISTENSEN, 1999) declaram que produto é muito mais que um produto físico que o comprador irá utilizar. É um conjunto de características, tangíveis e intangíveis, que constituem o produto, tais como marca, status, garantias, serviços, embalagem e acessórios. 2.1 Agregação de valor aos produtos É desejável que se conheça as formas de agregar valor aos produtos, de maneiras a satisfazer e fidelizar os consumidores por meio da criação, desenvolvimento e comercialização de produtos que os satisfaçam plenamente. Utilizaremos como referência a proposta de (KOTLER; KELLER:2006) que criaram o que podemos denominar de hierarquia de valor para o cliente, dividida em cinco níveis fundamentais. 25 Figura nº 3 Níveis de produto Se analisarmos algumas definições de marketing expostas neste material, podemos afirmar que os consumidores não compram produtos, mas benefícios proporcionados por tais produtos que satisfaçam suas necessidades e desejos. Produtos são, portanto, conjuntos de benefícios. Quando alguém decide passar uma semana de férias em um hotel, não está comprando necessariamente a estadia, mas talvez descanso e entretenimento, ou seja, está adquirindo os benefícios que o hotel oferece. É coerente afirmar que empresas bem-sucedidas são as que oferecem os melhores benefícios aos consumidores. Diante disso, vamos aos cinco níveis de produto definidos por (KOTLER; KELLER:2006). Para exemplificar esta situação, utilizaremos como exemplo a situação de compra de um automóvel novo. Benefício central: é o benefício que o cliente realmente está comprando. O benefício central de um automóvel pode ser transporte, locomoção, status, poder, economia. Produto básico: é a transformação do benefício central no produto básico. Um automóvel deve ter, no mínimo, rodas, volante, motor, sistema de freios, espelhos, bancos, vidros, sistema de embraiagem, entre outros. Produto esperado: é o conjunto de atributos ou condições que os compradores esperam. O comprador de um veículo espera que os pneus sejam novos, que não haja problemas mecânicos tão cedo, que os bancos não estejam rasgados, que os Beneficío Central Produto Básico Produto Esperado Produto Ampliado Produto Potencial Fonte: Adaptado de (KOTLER;KELLER:2006) 26 vidros tenham acionamento eléctrico e que os sistemas de freios e embraiagem funcionem perfeitamente, sem colocar em risco a vida dos ocupantes do carro. Produto ampliado: é o conjunto de atributos do bem e serviços associados concebidos para atender às expectativas dos potenciais compradores. Quando se compra algo, além do produto básico e esperado, adquire-se uma série de benefícios que acompanham o bem. No caso do automóvel, podemos citar as garantias oferecidas, Sistema de Atendimento ao Cliente (SAC), consertos rápidos quando necessário, assistência e orientação técnica. Algumas considerações devem ser feitas com relação ao produto ampliado. Primeiro, praticamente todaa ampliação gera custos, que são repassados e absorvidos geralmente pelos clientes. Sistemas de Atendimento aos Consumidores (SACs) requerem investimentos por parte das indústrias automobilísticas em tecnologia e em pessoal, e quem paga essa conta é o cliente. Segundo, produtos ampliados em pouco tempo tornam-se produtos esperados. Quando uma concessionária de automóveis disponibiliza aos clientes reparo rápido não esperado, terá que disponibilizar este mesmo serviço, com a mesma qualidade, em processos de compra subsequentes, pois esta será a expectativa dos compradores. Caso isso não ocorra, o resultado pode ser catastrófico para a empresa, com a migração dos compradores para a concorrência. Terceiro, à medida que as empresas elevam o preço de seus produtos, os concorrentes podem oferecer versões mais simples e mais baratas. Dessa forma, ao mesmo tempo em que podemos nos deparar com o crescimento das vendas de carros de luxo, podemos ver o aparecimento de versões mais básicas de veículos. Produto potencial: é o conjunto de todos os aumentos e transformações que podem ser agregados ao produto no futuro. É nesse âmbito que várias empresas procuram novas formas de satisfazer seus clientes e diferenciar sua oferta. 2.2 Classificação de produtos De acordo com (KOTLER; KELLER:2006), existem duas formas de classificação: quanto à durabilidade e tangibilidade, e quanto ao uso (produtos de consumo e produtos industriais). Os produtos podem ser sub-divididos em três grupos quanto à durabilidade e tangibilidade: a) bens não-duráveis, b) bens duráveis e c) serviços. 27 Bens não-duráveis: são bens tangíveis, comprados, usados e consumidos de forma rápida e frequentemente. A tendência é que tenham preços baixos, pequena margem de lucro, distribuição de massa e utilização de propaganda maciça. São exemplos deste tipo de bens: cerveja, refrigerante, leite, carne, creme dental, artigos de higiene e limpeza, entre outros. Bens duráveis: são bens tangíveis, que levam um tempo maior para serem consumidos, em comparação com os bens não-duráveis. Seus preços e suas margens são mais altos e requerem serviços agregados, tais como garantia e assistência técnica especializada. Propaganda, promoção de vendas e venda pessoal, são as ferramentas de promoção mais indicadas para esses tipos de produtos. São exemplos desse tipo de bens: geleiras, equipamentos de informática, carro, casa, apartamento, produtos de vestuário e outros. Serviços: são transações de mercado nas quais o objectivo de troca é algo diferente da simples transferência de uma mercadoria tangível. Os bens são produzidos e os serviços são executados. São exemplos de serviços: assessoria empresarial, atendimento médico, corte de cabelo, serviço de ensino, curso de capacitação, entre outros. Quanto ao uso, os produtos são sub-divididos em: a) produtos de consumo e b) produtos industriais ou empresariais. a) Produtos de consumo São os produtos comprados pelo consumidor para seu próprio uso ou para o uso de outrem. São produtos destinados ao consumidor final. Se alguém adquirir 1kg de carne para o consumo próprio, de sua família ou de outra pessoa, podemos afirmar que está adquirindo um produto de consumo. Nesta categoria temos outra sub-divisão: 1) produtos de conveniência, 2) produtos de comparação, 3) produtos de especialidades e 4) produtos não procurados, conforme o hábito de compra dos consumidores. 1) Produtos de conveniência Produtos de conveniência referem-se a produtos que os consumidores compram frequentemente, com um esforço mínimo de comparação e trabalho e baixo envolvimento do comprador. Geralmente seus preços são mais baixos e estão disponíveis em vários pontos-de-vendas. São divididos em três categorias: produtos básicos ou de primeiras necessidades, produtos de impulso e produtos de emergência. 28 Os produtos básicos ou de primeiras necessidades são aqueles comprados com grande regularidade. Podemos citar como exemplos de produtos pertencentes a esta categoria o creme dental, papel higiênico, sabão em pó, sabonete, artigos do vestuário e assim por diante. São itens indispensáveis para qualquer consumidor. Os produtos de impulso são aqueles adquiridos sem nenhum planeamento. Quando você vai ao supermercado e compra algo que não estava na sua lista, nem nos seus planos, isso pode ser chamado de “compra por impulso”. Nos supermercados, aqueles produtos colocados estrategicamente ao lado de onde se formam as filas dos check-outs, como as balas em embalagens pequenas e atrativas, sorvetes, refrigerantes, revistas, etc., são produtos de impulso. Por que será que cada vez mais gôndolas com balas, chocolates, revistas, jornais, CDs, aparelhos de barbear e preservativos ficam junto aos caixas de supermercados? A resposta é simples: para potencializar a compra por impulso. Geralmente os fabricantes desses produtos disponibilizam-nos no maior número possível de pontos, dentro do mesmo estabelecimento. Um dos motivos que levou a Coca-Cola à liderança de mercado foi esse: ninguém percorre distâncias muito grandes para adquirir um refrigerante dessa marca. Em qualquer bar, restaurante ou supermercado podemos encontrar Coca-Cola. Já os produtos de emergência, como a própria expressão já menciona, são bens que são comprados em situações de extrema necessidade. Várias pessoas compram guarda-chuvas durante uma tempestade para não se molharem, assim como torcedores compram capas de chuva quando começa a chover nos estádios, ou nos autódromos. Devido a essa situação emergencial, os produtos devem estar ao alcance dos consumidores e o sistema de distribuição indicado para esse caso é o de massa ou intensiva. 2) Produtos de comparação São produtos comprados com menos frequência e cuidadosamente comparados em termos de adequação, qualidade, preço, durabilidade, economia, desempenho e modelo. Exemplos desses tipos de produtos são automóveis, motocicletas, eletrodomésticos, televisores, móveis, roupas, equipamentos de informática e moradias. Os consumidores têm mais trabalho e levam mais tempo buscando informações e comparando produtos até efectivarem a aquisição do bem. Os produtos de comparação podem ser divididos em homogêneos e heterogêneos. Homogêneos são produtos com qualidade semelhante, mas com diferenças significativas de preços que justificam a comparação. Os compradores consideram, 29 nesse caso, o preço mais importante do que as características do produto. Quem trabalha com produtos homogêneos, portanto, deve ter uma equipe de vendas bem preparada, que esclareça o custo-benefício da aquisição do bem. O vendedor tem que vender o preço ao comprador, como um dos grandes atributos do produto. Ao comprarem produtos heterogêneos, os compradores consideram as características do produto mais importantes do que o preço. Dessa forma, quem trabalha com produtos de comparação heterogêneos deve oferecer maior variedade de artigos para satisfazer às necessidades e desejos individuais e uma equipe de vendas bem preparada para informar e orientar os clientes sobre os detalhes de cada escolha. 3) Produtos de especialidade São produtos diferenciados, exclusivos. Possuem características únicas e são voltados a um seleto número de consumidores, identificado com a marca do produto e que fazem um grande esforço para adquiri-lo. Devido ao carácter exclusivo, produtores desse tipo de bem não se utilizam de propaganda de massa para promover os produtos. A promoção é direcionada ao público- alvo de interesse da empresa. Estas empresas investem em outras estratégias de promoção, tais como venda pessoal, relações públicas e promoção da marca em eventos marcantes para seus públicos. 4) Produtos não-procurados Em um primeiro momento parece um tanto estranho mencionar a existência de produtos não-procurados. Produtos não-procurados sãoprodutos que o consumidor não conhece, ou, se conhece, não tem a intenção de comprar. Enquadram-se nessa classificação as inovações, ou seja, produtos que são comercializados para consumidores que talvez ainda não reconheçam qualquer necessidade deles. Poucos produtos encaixam-se nessa categoria, pois esta é a classificação, por exemplo, dos serviços funerários, os seguros de vida, os coquetéis de medicamentos para tratamentos de doenças muito graves e os cuidados médicos de longo prazo. 5) Produtos industriais ou empresariais Diferentemente dos produtos de consumo, os produtos industriais não são destinados ao consumidor final. São comprados para serem processados ou empregados na confecção de outro bem. 30 Produtos industriais podem ser divididos em três grupos: 1) materiais e peças, 2) bens de capital e 3) suprimentos e serviços empresariais. 1) Materiais e peças São bens que entram no processo de fabricação dos produtos manufaturados. São componentes que fazem parte de um produto maior e se dividem em duas classes: as matérias-primas e os materiais manufacturados. As matérias-primas, por sua vez, subdividem-se em dois grupos: materiais agropecuários e produtos naturais. Como materiais agropecuários podemos citar o trigo, o algodão, os legumes, as verduras e o gado, que comporão um produto maior. Por exemplo: o trigo é utilizado para fabricar farinha, que é usada no beneficiamento de pães, massas e bolos. O algodão é empregado na produção de tecidos que, por sua vez será utilizado na produção de vestuário. Os legumes, as verduras e o gado são usados na produção de alimentos. Ainda como exemplos de produtos naturais temos os peixes, que são empregados na produção de alimentos; a madeira, usada na produção de móveis; e o minério de ferro, utilizado na fabricação de componentes para a indústria automotiva. Os materiais e peças manufacturados dividem-se em duas categorias: materiais componentes e peças componentes. Os materiais componentes, tais como ferro, fibras têxteis, cimento e fios condutores, são os submetidos a processos de transformação adicionais. Por exemplo: o ferro-gusa é transformado em aço, as fibras têxteis são transformadas em tecidos e o cimento é transformado em massa para a construção civil. As peças componentes são aquelas que compõem o produto acabado com pouca modificação, como pneus, volantes e bancos. 2) Bens de capital São produtos que fazem parte da produção ou das operações de quem o compra. São bens que constituem o capital da empresa. Dividem-se em instalações e equipamentos acessórios. São consideradas instalações as construções e os equipamentos pesados, como os geradores, prensas, tornos, aparelhos de solda e elevadores mecânicos, entre outros. Os equipamentos acessórios incluem utilidades para escritórios, como computadores, mesas, prateleiras, cadeiras, telefone, aparelhos de fax e máquinas e ferramentas portáteis, como ferramentas de mão, empilhadeiras, caminhões. Estes 31 equipamentos têm vida mais curta do que as instalações e auxiliam no processo de produção. 3) Suprimentos e serviços empresariais São bens de curta duração que facilitam o desenvolvimento do produto acabado, mas que não fazem parte dele. Existem dois tipos de suprimentos: os operacionais, do qual fazem parte os lubrificantes, papel, canetas, cartuchos de impressora, e os de manutenção e reparos, que incluem tintas, pregos e vassouras, por exemplo. Dos serviços empresariais fazem parte os serviços de reparo e manutenção (limpeza, manutenção de computadores e copiadoras, manutenção de tornos, prensas e elevadores, etc.) e os serviços de consultoria empresarial (consultoria jurídica, financeira, de produção, de recursos humanos, de marketing, etc.). 2.2.3 Especificidades quando o produto é um serviço (KOTLER; KELLER:2006) afirmam, que produto é tudo o que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer um desejo ou necessidade. Serviços prestados também satisfazem desejos e necessidades do mercado alvo e, portanto, também podem ser considerados produtos. a) Natureza dos serviços (KOTLER;KELLER:2006) definem «serviço como toda actividade ou benefício intangível que uma parte pode oferecer a outra e que não resulte na posse de um bem». Os serviços podem acompanhar ou virem acompanhados de um bem tangível. O componente serviço pode ser uma parte secundária ou a parte principal de uma oferta ao mercado. Torna-se importante, então, conhecer as cinco categorias de oferta de mercado. 1) Bem tangível: é o bem que pode ser tocado, visualizado, sentido, como sabão, creme dental e sal, quando nenhum serviço acompanha o produto. 2) Bem tangível associado a serviços: a oferta é acompanhada por um ou mais serviços para ampliar seu apelo ao consumo. Por exemplo: um fabricante de automóveis vende seu produto com uma garantia, instruções de manutenção e assistência técnica. Quanto mais sofisticado tecnologicamente é o produto, como automóveis e computadores, mais suas vendas dependem da qualidade e disponibilidade de serviços ao consumidor (entrega e manutenção, instruções de uso, treinamento e garantias). 32 3) Híbrida: nesse caso, a oferta consiste tanto em bens como em serviços. Por exemplo: as pessoas frequentam restaurantes pelo serviço (qualidade do atendimento) e pela comida e bebida oferecida. 4) Serviço principal associado a bens ou serviços secundários: aqui a oferta consiste em um serviço principal junto com alguns serviços adicionais e/ou bens de apoio. Por exemplo: os passageiros de aviões compram serviços de transporte, chegam ao destino sem ter nada tangível para mostrar. A viagem, contudo, inclui coisas tangíveis, como alimentos, bebidas, a passagem e a revista de bordo. A viagem requer um avião para sua realização, mas o item principal é um serviço. 5) Serviço puro: a oferta consiste única e exclusivamente em serviços. Não há um bem tangível associado. São exemplos dessa categoria de serviços a psicoterapia e as massagens. b) Características de um serviço Serviços apresentam algumas particularidades se comparados a produtos concretos. Via de regra, os serviços apresentam quatro características principais, conforme ilustrado na figura abaixo: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. Figura nº 4 Características do serviço Fonte: (KOTLER;ARMSTRONG, 1996:456) Citado por BLUME; LEDERMANN 33 1) Intangibilidade Ao contrário dos produtos físicos, os serviços são intangíveis porque não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados. Por exemplo: quem se submete a uma lipoaspiração não pode ver o resultado antes da execução do serviço. Da mesma forma, ao contratar um advogado, o cliente não tem a certeza se o mesmo irá ter êxito no processo judicial. Como reduzir, entretanto, tal incerteza? Invariavelmente os consumidores procuram evidências da qualidade de serviço. Buscam informações com quem já utilizou o serviço, além de observar o lugar, as pessoas, o equipamento, o material de comunicação e o preço. Cabe, então, às empresas prestadoras de serviços acrescentarem tangibilidade às ofertas intangíveis e uma das formas mais eficientes é garantir bons depoimentos favoráveis, prestados por clientes já atendidos. Por exemplo: se um restaurante quer transmitir a ideia de que seus produtos não estão contaminados e não provocam algum tipo de intoxicação alimentar, algumas medidas podem ser tomadas: a) a cozinha deve ser panorâmica, para que os clientes possam ver o preparo dos alimentos; b) os cozinheiros devem usar toucas brancas, para os cabelos não se misturarem aos alimentos; c) também devem usar luvas, para que não haja contaminação; d) e, ainda, calças, jalecos e calçados brancos para mostrar que o ambiente é limpo. Do mesmo modo, se um banco quer transmitir a ideia de um serviço rápido e eficiente,o seu ambiente físico deve sugerir serviços rápidos e eficientes; o fluxo de pessoas deve ser planeado, as filas devem ser curtas ou, preferencialmente, não existirem, os equipamentos devem ter uma aparência moderna e os funcionários devem estar bem vestidos e ocupados. 2) Inseparabilidade O princípio da inseparabilidade prega que os serviços são primeiro vendidos, depois produzidos e consumidos ao mesmo tempo. Produção e consumo são simultâneos. Além disso, quem executa o serviço é parte dele. Quando o executor comete um erro, o cliente já recebe o serviço defeituoso. Não há como testar o serviço antes da execução. Além disso, parte dos serviços é executada na presença dos clientes. A interação fornecedor- cliente é uma característica específica do marketing de serviços. Isso quer dizer que tanto quem presta o serviço quanto quem o compra interfere no seu resultado. 34 3) Variabilidade Os serviços são variáveis por que sua qualidade depende de quem, onde e quando são proporcionados. Por exemplo: determinado Banco tem fama de oferecer atendimento qualificado, comparando com outros bancos. Isso se deve, entre outras coisas, ao desempenho de seus colaboradores. Em uma determinada agência bancária podemos encontrar funcionários eficientes e agradáveis, enquanto outro empregado da mesma agência pode ser desagradável e ineficiente. Além disso, a qualidade do serviço do funcionário considerado eficiente e simpático pode variar de um dia para outro, dependendo da sua energia e disposição. Quando falamos em variabilidade de serviços, estamos falando da oscilação de sua qualidade. (KOTLER; KELLER:2006) entendem que as organizações prestadoras de serviços podem tomar três providências para controlar a qualidade de seus serviços: a) investir em processos de contratação e treinamento de funcionários, b) padronizar o processo de execução dos serviços, e c) acompanhar a satisfação dos clientes mediante pesquisas com a clientela. 4) Perecibilidade Quando afirma-se que os serviços são perecíveis, estamos querendo dizer que os mesmos não podem ser estocados para venda ou uso futuro, ou seja, precisam ser consumidos no mesmo instante que são produzidos. Esta característica se torna um problema para as empresas, quando a demanda é oscilante. Vamos citar o exemplo de uma empresa de transporte coletivo. Nos períodos em que há uma maior demanda pelo serviço de transporte (início da manhã, meio-dia e final da tarde), a empresa deve disponibilizar um maior número de ônibus e, consequentemente, de funcionários, para atender tal demanda. Em outros períodos do dia, no entanto, a demanda cai, mas a empresa continua tendo que manter o mesmo número de carros e de colaboradores contratados, mesmo que não estejam em actividade. c) Estratégias de marketing para empresas de serviços Como os serviços diferem dos bens tangíveis, porém, muitas vezes exigem estratégias de marketing diferentes. Nas empresas de bens de consumo, os produtos são padronizados e, invariavelmente, ficam expostos em locais acessíveis ao consumidor, esperando-o para a aquisição. O contrário acontece com os serviços. Enquanto que nos bens concretos a ênfase está no consumidor, o serviço enfatiza e dá o mesmo valor aos 35 clientes e aos empregados. Os clientes e os empregados da linha de frente interagem para criar o serviço. Os prestadores de serviços têm de laborar eficazmente para criar um valor maior as suas ofertas, e isso depende muito da eficiência, da qualificação e da motivação de seus colaboradores. (KOTLER; ARMSTRONG:1999) criaram o que chamaram de cadeia de lucros de serviços, que atrela os lucros da empresa à satisfação do empregado e do consumidor, consistindo em cinco vínculos: 1) Lucros e crescimento de serviços saudáveis – que é o desempenho de alta qualidade da empresa de serviço que resulta de consumidores satisfeitos e leais. 2) Consumidores satisfeitos que se mantêm leais, repetem a compra e indicam outros consumidores, o que resulta de maior valor de serviço. 3) Criação de valor mais eficiente e eficaz e prestação de serviços, o que resulta de empregados de serviços satisfeitos e produtivos. 4) Empregados mais satisfeitos, leais e que trabalham duro, o que resulta de qualidade de serviço interno. 5) Seleção e treinamento de qualidade para ter bons profissionais e um bom ambiente de trabalho. Isso mostra que as empresas de serviços devem treinar e motivar seus empregados, com maior ênfase naqueles que contactam com os clientes e no pessoal de serviço de apoio, para que todos trabalhem em equipe. O foco do treinamento deve ser o cliente, ou seja, todos os funcionários devem ser orientados para o cliente. Não basta operar da forma tradicional, criando um departamento de marketing. Todos na empresa e, consequentemente, todas as acções da corporação, devem ser orientadas à satisfação dos clientes. Surge, então, a seguinte indagação: como as organizações prestadoras de serviços podem obter vantagem competitiva em um ambiente marcado pela crescente concorrência? A resposta é a seguinte: aumentar sua diferenciação competitiva, sua qualidade de serviço e sua produtividade. O marketing de serviços é o ambiente propício para a criatividade, para a agregação de valor, diferenciando serviços, aumentando a fidelidade e construindo relacionamentos. Estas são as armas mais poderosas que se pode ter para enfrentar a concorrência. 36 Diferenciação competitiva Para que tal aconteça é necessário que o fornecimento de serviços seja diferenciado de três maneiras: por meio das pessoas, do ambiente físico e do processo. A empresa pode contratar ou capacitar seus empregados para que tenham um desempenho melhor que os empregados da concorrência. A empresa também pode desenvolver um ambiente físico de qualidade superior onde são prestados os serviços, ou pode criar um processo de distribuição de serviços superior, gerando maior conveniência e fidelidade do que os processos da concorrência. Qualidade de serviço Uma das formas eficazes de a empresa diferenciar-se é oferecer um serviço com qualidade superior à de seus concorrentes. Muitas empresas que aderiram a programas de qualidade total, descobriram que serviços de excelente qualidade lhes renderam uma grande vantagem competitiva. O segredo é superar as expectativas dos consumidores com a qualidade dos serviços, prometendo somente o que puder fornecer e fornecer mais do que prometeu. Explicaremos esta situação com o seguinte exemplo: determinado cliente percebeu que seu refrigerador não estava resfriando os alimentos como devia. Além disso, observou que a conta de energia eléctrica havia aumentado significativamente nos últimos meses. Procurou uma empresa de refrigeração que lhe prometeu solucionar os problemas em cinco dias. Esta situação pode ter três finais: insatisfação, satisfação ou encantamento do cliente. Insatisfação: (1) a empresa entrega o refrigerador em cinco dias, mas não resolve o problema do cliente. (2) A empresa resolve o problema, mas entrega o produto em sete dias, sendo que o acordo previa cinco dias. Satisfação: a empresa resolve o problema e entrega o produto no prazo preestabelecido. Encantamento: a empresa resolve o problema e entrega o produto antes do prazo preestabelecido. Encantar o cliente é o que todas as empresas devem objectivar, pois gera fidelização e o cliente encantado torna-se um divulgador dos serviços da empresa. Essas expectativas surgem de experiências passadas, da propaganda boca a boca e da propaganda da empresa de serviços. Na sequência apresentaremos algumas ações que geram satisfação e encantamento por parte dos clientes. Receber telefonema de retorno quando prometido. Receber uma explicação sobre um problema ocorrido. 37 Receber informação sobre números de telefone para que o cliente possa entrar emcontacto. Ser prontamente contactado assim que o problema estiver resolvido. Poder falar com alguém que tenha autoridade. Saber quanto tempo levará para que o problema seja resolvido. Receber informações sobre alternativas viáveis quando o problema não pode ser resolvido. Ser tratado como um ser humano, não como um número. Ser informado sobre as maneiras de evitar um problema futuro. Ser informado sobre a situação, quando o problema não pode ser resolvido de imediato. À primeira vista parece fácil satisfazer e encantar os clientes. Porque, porém, muitas empresas de serviços, apesar de terem estes propósitos, não conseguem concretizá-los. Três fatores destacam-se nesse sentido: 1) não conhecem as expectativas de seu público- alvo, 2) não capacitam seus funcionários e 3) não definem padrões de qualidade. Para satisfazer às expectativas dos clientes, é necessária a organização de um sistema de informações capaz de extrair dados dos clientes e processá-los para uma futura ação. É necessário conhecê-los, saber quem são, quais são seus perfis pessoais, como são seus hábitos de consumo, o que pensam e o que esperam da empresa, suas marcas e seus produtos. Outra maneira de alcançar a qualidade em serviços é dar aos empregados responsabilidade e incentivos para que eles possam reconhecer, preocupar-se e se voltar para as necessidades dos clientes. E isso consegue-se com muito treinamento. Por fim, a terceira forma de obter qualidade em serviços é definir padrões de qualidade. Por exemplo: (KOTLER; ARMSTRONG,1999) citam o caso do Citibank, que estabeleceu como um dos padrões de qualidade responder chamadas telefônicas em 10 segundos. É muito importante entender, todavia, que qualidade superior é uma condição que se efectiva somente com a percepção do cliente. Para obter resultados, é fundamental que todos os processos de melhoria da qualidade dos serviços tenha como foco valorizar a percepção do cliente sobre a empresa, os serviços e a marca. Produtividade de serviço Com os custos dos serviços elevando-se constantemente, as empresas buscam cada vez mais aumentar sua produtividade. Com a diminuição das margens de lucro, é importante ganhar na quantidade de serviços executados. Isso pode ser alcançado de várias 38 maneiras: a) treinar melhor os funcionários actuais ou contratar novos; b) aumentar o número de serviços, o que pode prejudicar a qualidade do serviço prestado; e c) projetar serviços mais eficazes. 2.3 Gestão de produtos 2.3.1 Decisões sobre produtos individuais O produto é muito mais do que a oferta básica, na qual muitas empresas, cujos gestores possuem visão restrita, concentram-se. Para desenvolver uma boa gestão de produtos, é preciso entender que produto é um conjunto que visa a gerar uma percepção melhor ao cliente, do que o conjunto ofertado pelos competidores. Existem aspectos de marketing relactivos ao desenvolvimento de acções relacionadas a produtos individuais. Que segundo (KOTLER; ARMSTRONG,1999), destacam-se com os seguintes pontos: atributos do produto, marca, embalagem, rótulo e serviços de apoio ao produto. Figura nº 5 Decisões sobre produtos individuais Por intermédio da figura acima, consegue-se perceber que o produto é muito mais do que a oferta básica, na qual muitas empresas, cujos gestores possuem visão restrita, concentram-se. Para desenvolver uma boa gestão de produtos, é preciso entender que produto é um conjunto que visa gerar uma percepção melhor ao cliente, do que o conjunto ofertado pelos competidores. 2.3.1.1 Atributos do produto Antes de iniciarmos os estudos sobre atributos do produto, é importante entendermos o significado da palavra “atributo”. Atributo pode assumir o significado de “característica”, ou seja, de algo que distingue uma coisa da outra. Pode também assumir o significado de “qualidade” e de “benefício” daquilo que mais se destaca em algo ou alguma coisa. Podemos afirmar, então, que gerir um produto implica defini-lo e interferir favoravelmente nos benefícios que este irá proporcionar aos seus Atributos do produto Marca Embalagem Rótulo Serviço de apoio ao produto Fonte: (KOTLER;ARMSTRONG, 1999:192) 39 compradores. Esses benefícios são fornecidos por quatro atributos básicos: a) qualidade (do produto e percebida pelo cliente), b) forma, c) características, e d) estilo e design do produto. a) Qualidade Quando questionados sobre o que diferencia suas empresas das corporações concorrentes, a maioria dos gestores é categórica ao afirmar que é a qualidade dos produtos. O que vem, no entanto, a ser qualidade? (KOTLER; ARMSTRONG,1999) entendem que qualidade é a capacidade do produto de desempenhar suas funções. Já (ROCHA; CHRISTENSEN,1999) têm uma visão mais mercadológica e definem qualidade como tudo o que o consumidor acha que é. Para (KOTLER; KELLER,2006), existem dois tipos de qualidade: a de desempenho e a de conformidade. Qualidade de desempenho é o nível no qual o produto opera. Existem quatro níveis de qualidade de desempenho: 1) baixo, 2) médio, 3) alto e 4) superior. O nível de qualidade de um produto deve ser determinado pelo fabricante e deve se basear nas características do mercado-alvo e no desempenho dos concorrentes. Geralmente a melhoria contínua de um produto, ou seja, investimentos em programas de qualidade, cujo objectivo é ter qualidade alta ou superior em produtos, traz maiores retornos financeiros e maior participação de mercado às empresas. Por outro lado, reduzir a qualidade para compensar custos de produção implica sérias consequências, como a perda de credibilidade e a consequente redução da participação de mercado. A qualidade de conformidade significa padronização, ou seja, todas as unidades produzidas devem ser idênticas, atendendo às especificações prometidas. Qualidade do Produto Podemos citar 3 características que dizem respeito a essa qualidade: durabilidade, confiabilidade e facilidade com que os produtos são concentrados. Durabilidade é a mensuração da vida operacional do bem. Em outras palavras, é o tempo de vida de um produto. Geralmente os compradores pagam mais por produtos de maior reputação e durabilidade. Isso, contudo, vem mudando gradativamente devido à rápida obsolescência tecnológica, como é o caso dos computadores pessoais, câmaras de fotografia e vídeo, televisores e celulares, entre outros produtos. A confiabilidade é a mensuração da probabilidade de um produto não deixar de funcionar ou não apresentar defeitos durante certo período de tempo. 40 A facilidade com que os produtos são consertados também é um indicador de qualidade de produto. A facilidade de reparo ideal seria se os próprios usuários pudessem consertar seus produtos. Quando o conserto do produto é impossível de ser realizado unicamente pelo comprador, algumas empresas disponibilizam serviços de reparo via e-mail e por telefone, para orientar o usuário sobre como resolvê-lo. Qualidade percebida pelo cliente A diferença de percepção de qualidade entre a visão da empresa e a visão do cliente, pode ser muito grande. Aquilo que as empresas julgam ser qualidade e a forma como os consumidores percebem aquele produto, podem ser bastante distintas. Empresas que não conhecem a percepção de qualidade das pessoas que compõem seu público-alvo, estão dando um grande passo ao fracasso. Desenvolver e produzir o produto que o cliente deseja e espera é mais lógico, mais fácil e garante bons negócios. Voltamos agora ao segundo dos quatro atributos que podem identificar um produto (qualidade, forma, características e estilo e design). b) Forma Alguns produtos podem ser oferecidos sob várias formas, tamanhos ou formatos. c) Características Produtos também podem ser oferecidos com características variáveis. Vão desde o modelo básico, sem quaisquer acessórios, até modelos de alto
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