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FÁRMACOS USADOS NA DISLIPIDEMIA TRATAMENTO DIETÉTICO DA HIPERLIPOPROTEINEMIA As medidas dietéticas são as primeiras a serem instituídas − a não ser que o paciente tenha doença coronariana ou vascular periférica evidente − e possa obviar a falta de fármacos. Os pacientes com hipercolesterolemia familiar ou hiperlipidemia combinada familiar sempre necessitam de terapia farmacológica. O colesterol e as gorduras saturadas e trans constituem os principais fatores que aumentam os níveis de LDL, ao passo que a gordura total, o consumo de álcool e as calorias em excesso aumentam os triglicerídeos. A sacarose e, em particular, a frutose aumentam as VLDL. O álcool pode causar hipertrigliceridemia significativa ao aumentar a secreção hepática de VLDL. A síntese e a secreção de VLDL são aumentadas pelo excesso de calorias. Durante a perda de peso, os níveis de LDL e VLDL podem diminuir muito, ficando abaixo daqueles que podem ser mantidos durante o equilíbrio calórico neutro. E a conclusão de que a dieta é suficiente para o tratamento só é possível após a estabilização do peso corporal durante pelo menos um mês. As recomendações gerais consistem em limitar as calorias totais provenientes das gorduras de 20 a 25% do consumo diário, as gorduras saturadas a menos de 7%, e o colesterol a menos de 200 miligramas por dia. Com esse esquema, são obtidas reduções dos níveis séricos de colesterol na faixa de 10 a 20%. Recomenda-se o uso de carboidratos complexos e fibras, com predomínio das gorduras cis- monoinsaturadas. A redução do peso corporal, a restrição calórica e a abstinência de álcool são particularmente importantes em pacientes com níveis elevados de VLDL e IDL. O efeito das gorduras dietéticas na trigliceridemia depende do processamento das ligações duplas dos ácidos graxos. Os ácidos graxos encontrados nos óleos de peixe, sem ser aqueles de fontes vegetais, ativam o receptor do proliferador dos peroxissomos alfa (PPAR-α) e podem induzir uma redução acentuada dos triglicerídeos em alguns pacientes. Além disso, possuem atividades anti-inflamatórias e antiarrítmicas. Os ácidos graxos ômega-3 estão disponíveis como produtos de venda livre, como triglicerídeos de origem marinha ou como medicamento exigindo prescrição médica, que contém etil ésteres de ácidos graxos ômega-3. A dose recomendada do medicamento é de 4 grama por dia. É necessário determinar o conteúdo de ácido do-cosa-hexaenoico e de ácido eicosapentaenoico nas preparações de venda livre. Quantidades apropriadas devem ser ingeridas para o fornecimento de até 3 a 4 gramas desses ácidos graxos por dia. É importante selecionar preparações sem mercúrio ou outros contaminantes. Os ácidos graxos ômega 6 presentes nos óleos vegetais podem causar aumento dos triglicerídeos. Os pacientes com quilomicronemia primária e alguns indivíduos com lipemia mista precisam consumir uma dieta com rigorosa restrição de gordura total (10 a 20 gramas por dia, dos quais 5 gramas devem consistir de óleos vegetais ricos em ácidos graxos essenciais), e devem-se administrar vitaminas lipossolúveis. A homocisteína que desencadeia alterações pró-aterogênicas no endotélio pode ser reduzida em muitos pacientes pela restrição da ingestão total de proteínas para a quantidade necessária para a reposição de aminoácidos. E indicado também na homocisteinemia grave a suplementação com ácido fólico mais outras vitaminas B e a administração de betaína. O consumo de carne vermelha deve ser reduzido ao máximo para diminuir a produção pelo bioma intestinal do óxido de tetrametilamina, um composto que lesiona as artérias. FARMACOLOGIA BÁSICA E CLÍNICA DOS FÁRMACOS USADOS NA HIPERLIPIDEMIA A decisão quanto ao uso de terapia farmacológica para a hiperlipidemia baseia-se no defeito metabólico específico e no seu potencial de causar aterosclerose ou pancreatite. A dieta deve ser mantida para a obtenção de todo o potencial do esquema farmacológico. Esses fármacos devem ser evitados em mulheres grávidas e durante o aleitamento, como também naquelas passíveis de engravidar. Todos os fármacos que alteram as concentrações plasmáticas de lipoproteínas podem exigir um ajuste das doses dos anticoagulantes varfarina e indandiona. As crianças com hipercolesterolemia familiar heterozigota podem ser tratadas com uma resina ou um inibidor da redutase, em geral depois dos 7 ou 8 anos, quando a mielinização do sistema nervoso central (SNC) está praticamente concluída. A decisão de tratar uma criança deve basear-se nos níveis de LDL, em outros fatores de risco, na história familiar e na idade da criança. Os fármacos raramente estão indicados antes dos 16 anos na ausência de múltiplos fatores de risco ou dislipidemias genéticas compostas. INIBIDORES COMPETITIVOS DA HMG- COA REDUTASE (INIBIDORES DA REDUTASE; “ESTATINAS”) Esses compostos são análogos estruturais da HMG-CoA (3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A). A lovastatina, a atorvastatina, a fluvastatina, a pravastatina, a sinvatatina, a rosuvastatina e a pitavastatina pertencem a essa classe. Eles são mais efetivos na redução dos níveis de LDL. Outros efeitos são a diminuição do estresse oxidativo e da inflamação vascular, com aumento da estabilidade das lesões ateroscleróticas. Tornou padrão iniciar a terapia com a redutase de imediato após a ocorrência de síndromes coronarianas agudas, independentemente dos níveis de lipídeos. QUÍMICA E FARMACOCINÉTICA A lovastatina e a sinvastatina são pro- fármacos da lactona inativos, que são hidrolisados no trato gastrintestinal aos derivados βeta-hidroxila ativos, já a pravastatina possui um anel de lactona aberto e ativo. A atorvastatina, a fluvastatina e a rosuvastatina são congêneres que contêm flúor e são ativas quando administradas. A absorção das doses ingeridas dos inibidores da redutase varia de 40 a 75%, uma exceção é a fluvastatina que tem uma absorção quase completa. Todos esses fármacos sofrem elevada extração de primeira passagem pelo fígado. A maior parte da dose absorvida é excretada na bile; 5 a 20% são excretados na urina. A meia-vida plasmática desses fármacos varia de 1 a 3 horas, à exceção da atorvastatina (14 horas), da pitavastatina (12 horas) e da rosuvastatina (19 horas). MECANISMO DE AÇÃO A HMG-CoA redutase medeia a primeira etapa comprometida da biossíntese de esteróis. As formas ativas dos inibidores da redutase consistem em análogos estruturais do intermediário da HMG-CoA, que é formado pela HMG-CoA redutase na síntese de mevalonato. Esses análogos causam inibição parcial da enzima e, então, podem comprometer a síntese de isoprenoides, como a ubiquinona e o dolicol, e também a prenilação das proteínas. Só que não se sabe se esse processo tem algum significado biológico. Mas, os inibidores da redutase induzem um aumento dos receptores de LDL de alta afinidade. Esse efeito aumenta tanto o catabolismo fracional das LDL como a extração hepática dos precursores das LDL (remanescentes de VLDL) do sangue, reduzindo assim os níveis de LDL. Devido à acentuada excreção hepática de primeira passagem, o efeito principal é observado no fígado. Ocorre também uma redução modesta dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e uma pequena elevação das HDL. Estudos clínicos envolvendo muitas das estatinas demonstraram uma redução significativa de novos eventos coronarianos e acidente vascular encefálico (AVE) aterotrombótico, e outrosmecanismos, além da redução dos níveis de lipoproteína, parecem estar envolvidos. A disponibilidade de grupos isoprenil da via da HMG-CoA para a prenilação de proteínas é reduzida pelas estatinas, com consequente redução da prenilação das proteínas Rho e Rab. A proteína Rho prenilada ativa a Rho cinase, que medeia diversos mecanismos na biologia vascular. A observação de que a redução de novos eventos coronarianos ocorre com mais rapidez do que as alterações na morfologia das placas arteriais sugere que esses efeitos pleiotrópicos podem ser importantes. De forma semelhante, a prenilação diminuída da proteína Rab reduz o acúmulo de proteína Aβeta nos neurônios, possivelmente reduzindo as manifestações da doença de Alzheimer. As estatinas parecem aumentar o efluxo de colesterol dos macrófagos, reduzindo potencialmente o seu acúmulo na parede arterial. USOS TERAPÊUTICOS E DOSAGEM Os inibidores da redutase mostram-se úteis isoladamente ou com resina, niacina ou ezetimiba na redução dos níveis de LDL. Esses agentes não devem ser administrados a mulheres com hiperlipidemia que estejam grávidas, em fase de lactação ou sejam passíveis de engravidar. O uso em crianças restringe-se aos casos selecionados de pacientes com hipercolesterolemia familiar ou hiperlipidemia combinada familiar. Como a síntese de colesterol ocorre predominantemente à noite, os inibidores da redutase – à exceção da atorvastatina, rosuvastatina e pitavastatina – devem ser administrados à noite. Em geral, a absorção (à exceção da pravastatina e pitavastatina) aumenta com a ingestão de alimentos. As doses diárias de lovastatina variam de 10 a 80 miligramas. A pravastatina é quase tão potente quanto a lovastatina em uma base de massa, com uma dose diária máxima recomendada de 80 miligramas. A sinvastatina é duas vezes mais potente, sendo administrada em doses de 5 a 80 miligramas ao dia. Devido ao risco aumentado de miopatia com a dose de 80 miligramas por dia, a FDA publicou uma rotulagem para a dosagem escalonada da sinvastatina e da associação sinvastatina/ezetimiba, em 2011. A pitavastatina é administrada em doses de 1 a 4 miligramas ao dia. A fluvastatina parece ter cerca da metade da potência da lovastatina em uma base de massa, sendo administrada em doses de 10 a 80 miligramas ao dia. A atorvastatina é administrada em doses de 10 a 80 miligramas por dia, e a rosuvastatina é um agente muito eficaz no tratamento da hipercolesterolemia grave, em doses de 5 a 40 miligramas por dia. As curvas de dose-resposta da pravastatina e, em particular, da fluvastatina tendem a nivelar-se na parte superior da faixa posológica em pacientes com hipercolesterolemia moderada a grave. As curvas de outras estatinas são um pouco mais lineares. TOXICIDADE Em alguns pacientes, ocorrem elevações na atividade da aminotransferase sérica (até três vezes o normal). Esse aumento costuma ser intermitente e, em geral, não está associado a outras evidências de hepatotoxicidade. A terapia pode ser mantida nesses pacientes na ausência de sintomas se os níveis de aminotransferase forem monitorados e estáveis. Em alguns pacientes, que podem apresentar doença hepática subjacente ou história de abuso de álcool, os níveis podem ultrapassar três vezes os valores de referência. Esse achado está associado a uma hepatotoxicidade mais grave. Esses pacientes podem apresentar mal-estar, anorexia e reduções abruptas dos níveis de LDL. A medicação deve ser imediatamente suspensa nesses pacientes, bem como nos pacientes assintomáticos cuja atividade de aminotransferase permanece persistentemente elevada acima de três vezes o limite superior da normalidade. Esses fármacos devem ser usados com cautela e em dose reduzida em pacientes com doença hepática parenquimatosa, asiáticos e idosos. A presença de doença hepática grave pode impedir o seu uso. Em geral, a atividade da aminotransferase deve ser medida em condições basais em 1 a 2 meses e, em seguida, a cada 6 a 12 meses (quando estável). A monitoração das enzimas hepáticas deve ser mais frequente se o paciente estiver em uso de outros fármacos que apresentam interações potenciais com as estatinas. O consumo excessivo de álcool tende a agravar os efeitos hepatotóxicos das estatinas. Os níveis plasmáticos de glicose em jejum tendem a aumentar em 5 a 7 miligramas por decilitro com o tratamento com estatinas. Estudos de longo prazo mostraram um aumento pequeno, porém significativo, na incidência de diabetes tipo 2 em pacientes tratados com estatinas, cuja maioria apresentava achados de pré-diabetes antes do início do tratamento. São observados aumentos discretos da atividade da creatina-cinase (CK) no plasma de alguns pacientes em uso de inibidores da redutase, com frequência em associação a uma atividade física intensa. E também vem com frequência acompanhadas de desconforto generalizado ou fraqueza nos músculos esqueléticos. Se o fármaco não for interrompido, pode ocorrer mioglobinúria, levando à lesão renal. Pode ocorrer miopatia com a monoterapia, com uma incidência aumentada em pacientes também em uso de outros fármacos. A variação genética no transportador de ânions (OATP1B1) está associada à miopatia e à rabdomiólise graves induzidas pelas estatinas. Atualmente, podem ser avaliadas variantes no gene (SLCO1B1) que codifica essa proteína. O catabolismo da lovastatina, da sinvastatina e da atorvastatina ocorre principalmente pela CYP3A4, ao passo que o da fluvastatina e da rosuvastatina, e em menor grau da pitavastatina, é mediado pela CYP2C9. A pravastatina é catabolizada por outras vias, incluindo sulfatação. Os inibidores da redutase dependentes de 3A4 tendem a acumular-se no plasma na presença de fármacos que inibem o citocromo 3A4 ou que competem com ele. Esses fármacos incluem antibióticos macrolídeos, ciclosporina, cetoconazol e seus congêneres, alguns inibidores da protease do HIV, tacrolimo, nefazodona, fibratos, paroxetina, venlafaxina e outros. O uso concomitante de inibidores da redutase com amiodarona e verapamil resulta em risco aumentado de miopatia. Em contrapartida, certos fármacos, como a fenitoína, a griseofulvina, os barbitúricos, a rifampicina e as tiazolidinedionas, aumentam a expressão da CYP3A4 e podem reduzir as concentrações plasmáticas dos inibidores da redutase dependentes de 3A4. Os inibidores da CYP2C9, como o cetoconazol e seus congêneres, o metronidazol, a sulfimpirazona, a amiodarona e a cimetidina, podem aumentar os níveis plasmáticos de fluvastatina e de rosuvastatina. A pravastatina e a rosuvastatina parecem ser as estatinas de escolha para uso com verapamil, o grupo de agentes antifúngicos como o cetoconazol, macrolídeos e ciclosporina. As doses devem ser mantidas baixas, e o paciente deve ser avaliado com frequência. Os níveis plasmáticos de lovastatina, sinvastatina e atorvastatina podem estar elevados em pacientes que ingerem mais de 1 L de suco de pomelo (grapefruit ou toranja) por dia. Todas as estatinas sofrem glicosilação, criando assim uma interação com a genfibrozila. Deve-se medir a atividade da CK em pacientes em uso de combinações de fármacos com interação potencial. Em todos os pacientes, os níveis de CK devem ser mantidos em condições basais. Se houver dor, hipersensibilidade ou fraqueza musculares, deve-se determinar a CK imediatamente, e o fármaco deve ser interrompido se for constatada uma elevação significativa da atividade enzimática acima dos valores basais. Em geral, a miopatia regride prontamente com a interrupção da terapia. Se a associação não estiver bem definida, o paciente pode receberde novo o fármaco sob estreita vigilância. Pode ocorrer miopatia na ausência de elevação da CK. Raramente, foram relatadas síndromes de hipersensibilidade, incluindo um distúrbio semelhante ao lúpus e neuropatia periférica Os inibidores da redutase podem ser temporariamente interrompidos em caso de doença grave, traumatismo ou cirurgia de grande porte para reduzir ao máximo o potencial de hepatotoxicidade e toxicidade muscular. O uso de levedura vermelha de arroz, um produto de fermentação que contém atividade de estatina, não é recomendado, visto que o conteúdo de estatina é muito variável, e algumas preparações contêm uma nefrotoxina, a citrinina. A segurança em longo prazo desses preparados, que frequentemente contêm um grande número de compostos orgânicos pouco estudados, ainda não foi estabelecida. DERIVADOS DO ÁCIDO FÍBRICO (FIBRATOS) A genfibrozila e o fenofibrato diminuem os níveis de VLDL e, em alguns pacientes, de LDL também. Outro fibrato, o bezafibrato, mas ele ainda não está disponível nos Estados Unidos. QUÍMICA E FARMACOCINÉTICA A genfibrozila é absorvida de modo quantitativo pelo intestino e liga-se fortemente às proteínas plasmáticas. Sofre circulação êntero-hepática e atravessa a placenta com facilidade. A meia-vida plasmática é de 1,5 hora. Ocorre eliminação de 70% pelos rins, a maior parte em sua forma inalterada. O fígado modifica parte do fármaco a derivados hidroximetila, carboxila ou quinol. O fenofibrato é um éster isopropil totalmente hidrolisado no intestino. A sua meia-vida plasmática é de 20 horas. Ocorre excreção de 60% na urina, na forma de glicuronídeo, ao passo que cerca de 25% são excretados nas fezes. MECANISMO DE AÇÃO Os fibratos atuam principalmente como ligantes do receptor de transcrição nuclear, o PPAR-α. Esses fármacos suprarregulam em nível de transcrição a LPL, a apo A-I e a apo A-II, ao mesmo tempo em que infrarregulam a apo C-III, um inibidor da lipólise. Um efeito importante consiste no aumento da oxidação dos ácidos graxos no fígado e nos músculos estriados. Os fibratos aumentam a lipólise dos triglicerídeos das lipoproteínas pela LPL. A lipólise intracelular no tecido adiposo encontra-se diminuída. Os níveis de VLDL diminuem, devido, em parte, à secreção diminuída pelo fígado. Na maioria dos pacientes, ocorrem reduções apenas moderadas das LDL. Em outros, particularmente os que apresentam hiperlipidemia combinada, os níveis de LDL costumam aumentar quando os triglicerídeos estão reduzidos. Os níveis de HDL-colesterol aumentam de forma moderada. Parte dessa elevação aparente representa uma consequência da redução dos níveis plasmáticos de triglicerídeos, resultando em diminuição da troca de triglicerídeos em HLD, em lugar de ésteres de colesterol. USOS TERAPÊUTICOS E DOSAGEM Os fibratos são fármacos úteis nas hipertrigliceridemias em que predominam as VLDL e na disbetalipoproteinemia. Além disso, podem ser benéficos no tratamento da hipertrigliceridemia que surge em decorrência do tratamento com inibidores das proteases virais. A dose habitual de genfibrozila é de 600 miligramas por via oral, 1 ou 2 vezes ao dia. A dose de fenofibrato é de 1 a 3 comprimidos de 48 miligramas (ou um único comprimido de 145 miligramas) ao dia. A absorção da genfibrozila melhora quando o fármaco é tomado com alimento. TOXICIDADE Os efeitos adversos raros dos fibratos consistem em exantemas, sintomas gastrintestinais, miopatia, arritmias, hipopotassemia e níveis sanguíneos elevados de aminotransferases ou fosfatase alcalina. Alguns pacientes apresentam reduções da contagem de leucócitos ou do hematócrito. Ambos os fármacos potencializam a ação dos anticoagulantes cumarínicos e da indanediona, devendo-se ajustar a dose desses agentes. Raras vezes, foi constatada a ocorrência de rabdomiólise. O risco de miopatia aumenta quando os fibratos são administrados com inibidores da redutase. Os fibratos devem ser evitados em pacientes com disfunção hepática ou renal. Parece haver um aumento moderado no risco de cálculos biliares de colesterol, refletindo um aumento no conteúdo de colesterol da bile. Então, os fibratos devem ser usados com cautela em pacientes com doença do trato biliar ou naqueles que apresentam alto risco dessa condição, como mulheres, pacientes obesos e índios norte-americanos. NIACINA (ACIDO NICOTÍNICO) A niacina (mas não a niacinamida) diminui os níveis de triglicerídeos e LDL, bem como de Lp(a), na maioria dos pacientes. Com frequência, aumenta de forma significativa os níveis de HDL. Historicamente, a terapia de combinação com niacina incluída foi associada a uma regressão das lesões coronarianas ateroscleróticas em três ensaios clínicos de angiografia, bem como a um prolongamento da sobrevida em um ensaio clínico de grande porte no qual os pacientes só receberam niacina. Recentemente, em um ensaio clínico randomizado prospectivo, o HPS2-THRIVE, foram acrescentados 2 gramas de niacina de liberação prolongada a um inibidor do receptor de prostanoide (laropipranto) e a uma estatina. Não foi observada nenhuma redução significativa dos principais eventos vasculares no grupo tratado com niacina/laropipranto vs. no grupo que foi tratado apenas com estatina, mas houve aumento no risco de eventos adversos. O ensaio clínico não abordou adequadamente os indivíduos com níveis muito elevados com triglicerídios ou Lp(a) ou com níveis muito baixos de HDL. É provável que a niacina ofereça algum benefício terapêutico para esses pacientes, bem como para aqueles com intolerância às estatinas. QUÍMICA E FARMACOCINÉTICA Em sua função como vitamina, a niacina (vitamina B3) é convertida no organismo em amida, que é incorporada ao niacinamida adenina dinucleotídeo (NAD), que por sua vez, desempenha um papel essencial no metabolismo energético. Em doses farmacológicas, a niacina exerce efeitos importantes sobre o metabolismo dos lipídeos, que não estão bem elucidados É excretada na urina em sua forma inalterada, bem como na forma de vários metabólitos. Um deles, a N-metil nicotinamida, cria uma retirada dos grupos metila, o que pode, algumas vezes, resultar em macrocitose eritrocitária, semelhante à deficiência de folato ou de vitamina B12. MECANISMO DE AÇÃO A niacina inibe a secreção de VLDL, o que, por sua vez, diminui a produção de LDL. A depuração aumentada das VLDL pela LPL contribui para a redução dos triglicerídeos. A excreção de esteróis neutros nas fezes aumenta muito quando o colesterol é mobilizado dos reservatórios teciduais, e um novo estado de equilíbrio dinâmico é alcançado. O catabolismo das HDL diminui. Os níveis de fibrinogênio estão reduzidos, e os níveis do ativador do plasminogênio tecidual parecem aumentar. A niacina inibe a lipase intracelular do tecido adiposo por meio de sinalização mediada por receptores, possivelmente reduzindo a produção de VLDL ao diminuir o fluxo de ácidos graxos livres para o fígado. Mas, não foi estabelecida uma inibição sustentada da lipólise. USOS TERAPÊUTICOS E DOSAGEM Quando associada a uma resina ou a um inibidor da redutase, a niacina normaliza os níveis de LDL na maioria dos pacientes com hipercolesterolemia familiar heterozigota e outras formas de hipercolesterolemia. Essas associações também estão indicadas para alguns casos de nefrose. Na lipemia mista grave que não responde por completo à dieta, a niacina frequentemente produz uma redução acentuada dostriglicerídeos, um efeito potencializado pelos ácidos graxos ômega-3 de origem marinha. A niacina mostra-se útil em pacientes com hiperlipidemia combinada, e também naqueles com disbetalipoproteinemia. Ele é o agente mais efetivo para aumentar os níveis de HLD e o único agente disponível capaz de reduzir a Lp(a). Para o tratamento da hipercolesterolemia familiar heterozigota, a maioria dos pacientes necessita de 2 a 6 gramas de niacina ao dia, e não se deve ultrapassar essa dose. Para outros tipos de hipercolesterolemia e para a hipertrigliceridemia, com frequência a administração diária de 1,5 a 3,5 gramas é suficiente. A niacina cristalina deve ser administrada em doses fracionadas nas refeições, começando com 100 miligramas, duas ou três vezes ao dia, e aumentando de modo gradual. TOXICIDADE A maioria dos indivíduos apresenta vasodilatação cutânea inócua e sensação de calor após cada dose, quando se inicia a niacina, ou quando se aumenta a dose. A administração de 81 a 325 miligramas de ácido acetilsalicílico meia-hora antes atenua esse efeito mediado pelas prostaglandinas. Em geral, ocorre taquifilaxia ao rubor dentro de poucos dias, com doses acima de 1,5 a 3 grama ao dia. Os pacientes devem ser alertados quanto ao aparecimento de rubor e devem compreender que se trata de um efeito colateral inócuo. Foi relatada a ocorrência de prurido, exantemas, ressecamento da pele ou das mucosas e acantose nigricans. Esta última também exige a interrupção da niacina, em virtude de sua associação à resistência à insulina. Alguns pacientes apresentam náuseas e desconforto abdominal. Muitos conseguem continuar o fármaco em doses reduzidas, com o uso de inibidores da secreção de ácido gástrico ou de antiácido que não contenha alumínio. Deve-se evitar o uso de niacina em pacientes com doença péptica significativa. Podem ocorrer elevações reversíveis de até duas vezes o normal nos níveis de aminotransferases, que geralmente não estão associadas a hepatotoxicidade. Então, deve-se monitorar a função hepática em condições basais e a intervalos apropriados. Raramente, pode ocorrer hepatotoxicidade verdadeira, e, nessa situação, o fármaco deve ser interrompido. Foi relatada a associação entre disfunção hepática grave e o uso de preparações de venda livre de niacina de liberação retardada. Esse efeito não foi observado até o momento com uma preparação de liberação prolongada, administrada ao deitar, em doses de 2 gramas ou menos. A tolerância aos carboidratos pode estar moderadamente comprometida, em especial em pacientes obesos, mas esse distúrbio costuma ser reversível, exceto em alguns pacientes com diabetes latente. A niacina pode ser administrada a pacientes diabéticos em uso de insulina e a alguns que recebem agentes orais; mas, pode aumentar a resistência à insulina. Esse problema frequentemente pode ser solucionado com o aumento da dose de insulina ou dos agentes orais. Ocorre hiperuricemia em alguns pacientes, precipitando, em certas ocasiões, o desenvolvimento de gota. Pode-se administrar alopurinol com niacina, se necessário. A macrocitose eritrocitária não constitui uma indicação para interromper o tratamento. Raramente, pode ocorrer deficiência significativa das plaquetas, o que é reversível com a interrupção do tratamento. Raras vezes, a niacina está associada a arritmias, em sua maioria atriais, e a edema macular. Os pacientes devem ser instruídos a relatar a ocorrência de turvação da visão a distância. A niacina pode potencializar a ação dos agentes anti-hipertensivos, exigindo um ajuste das doses. RESINAS DE LIGAÇÃO DE ÁCIDOS BILIARES O colestipol, a colestiramina e o colesevelam mostram-se úteis apenas em casos de elevações isoladas da LDL. Em pacientes que apresentam hipertrigliceridemia, os níveis de VLDL podem aumentar ainda mais durante o tratamento com resinas. QUÍMICA E FARMACOCINÉTICA Os agentes de ligação de ácidos biliares consistem em grandes resinas poliméricas permutadoras de cátions, que são insolúveis em água. Ligam-se aos ácidos biliares no lúmen intestinal, impedindo a sua reabsorção. A própria resina não é absorvida. MECANISMO DE AÇÃO Os ácidos biliares, os metabólitos do colesterol, normalmente são reabsorvidos de modo eficiente no jejuno e no íleo. Sua excreção aumenta até 10 vezes quando se administram resinas, resultando em redução aumentada de colesterol e ácidos biliares no fígado por 7αlfa-hidroxilação, que costuma ser controlada pelos ácidos biliares por retroalimentação negativa. A ativação diminuída do receptor FXR pelos ácidos biliares pode resultar em elevação modesta dos níveis plasmáticos de triglicerídeos, mas também pode melhorar o metabolismo da glicose em pacientes com diabetes. Este último efeito decorre da secreção aumentada do peptídeo semelhante ao glucagon 1, a incretina, pelo intestino, aumentando assim a secreção de insulina. O aumento da captação das LDL e IDL do plasma resulta da suprarregulação dos receptores de LDL, em especial no fígado. Por conseguinte, as resinas carecem de efeitos em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigota que não apresentam receptores funcionais, ao mesmo tempo em que podem ser úteis para pacientes com alguma função residual dos receptores, bem como naqueles com estados heterozigotos combinados com deficiência de receptores. USOS TERAPÊUTICOS E DOSAGEM As resinas são usadas no tratamento de pacientes com hipercolesterolemia primária, produzindo uma redução de cerca de 20% nos níveis de LDL e colesterol quando administradas em dose máxima. Se forem usadas no tratamento das elevações de LDL em indivíduos com hiperlipidemia combinada, podem causar aumento das VLDL, exigindo a adição de um segundo agente, como niacina. As resinas também são utilizadas em associação a outros fármacos para obter maior efeito hipercolesterolêmico. Podem ser úteis para aliviar o prurido em pacientes que apresentam colestase e acúmulo de sais biliares. Como as resinas ligam-se aos glicosídeos digitálicos, podem ser úteis na intoxicação digitálica. O colestipol e a colestiramina estão disponíveis em preparações granuladas. Recomenda-se um aumento gradual na dose de grânulos de 4 ou 5 gramas por dia para 20 gramas por dia. Podem ser necessárias doses totais de 30 a 32 gramas por dia para a obtenção de um efeito máximo. A dose habitual para crianças é de 10 a 20 gramas por dia. As resinas granuladas são misturadas com suco ou com água, devendo- se esperar um minuto para sua hidratação. O colestipol também está disponível em comprimidos de 1 grama, que devem ser deglutidos, com dose máxima de 16 g ao dia. O colesevelam está disponível em comprimidos de 625 miligramas e na forma de suspensão (envelopes de 1.875 miligramas ou 3.750 miligramas). A dose máxima é de seis comprimidos ou três mil setecentos e cinquenta (3.750) miligramas como suspensão, diariamente. As resinas devem ser tomadas em duas ou três doses com as refeições. TOXICIDADE As queixas comuns consistem em constipação intestinal de distensão abdominal, que habitualmente são aliviadas com o aumento das fibras dietéticas. Deve-se evitar o uso de resinas em pacientes com diverticulite. Em certas ocasiões, foi relatada a ocorrência de pirose e diarreia. Em pacientes com doença intestinal preexistente ou com colestase, pode ocorrer esteatorreia. Raramente, verifica-se a ocorrência de má- absorção de vitamina K, resultando em hipoprotrombinemia. O tempode protrombina deve ser medido com frequência em pacientes em uso de resinas e anticoagulante. Raras vezes, foi relatada a ocorrência de má-absorção de ácido fólico. A formação aumentada de cálculos biliares, em especial em indivíduos obesos, era um efeito colateral antecipado, mas que raramente tem ocorrido na prática. As resinas podem comprometer a absorção de certos fármacos, incluindo os que possuem carga neutra ou catiônica, bem como ânions (Esses fármacos incluem glicosídeos digitálicos, tiazídicos, varfarina, tetraciclina, tiroxina, sais de ferro, pravastatina, fluvastatina, ezetimiba, ácido fólico, fenilbutazona, ácido acetilsalicílico e ácido ascórbico, entre outros) Em geral, a medicação adicional (à exceção da niacina) deve ser administrada 1 hora antes ou pelo menos 2 horas depois da resina, de modo a assegurar uma absorção adequada. O colesevelam não se liga à digoxina, à varfarina ou aos inibidores da redutase. INIBIDORES DA ABSORÇÃO INTESTINAL DE ESTERÓIS A ezetimiba inibe a absorção intestinal de fitoesteróis e do colesterol. Seu principal efeito clínico consiste em redução dos níveis de LDL. Em um estudo clínico, pacientes tratados com ezetimiba em associação a sinvastatina tiveram um aumento marginal, porém não estatisticamente significativo, da espessura da íntima média (EIM) da carótida, em comparação com aqueles que receberam apenas sinvastatina. A interpretação desse achado é difícil por vários motivos, incluindo o fato de que a espessura da íntima média (EIM) em condições basais era inesperadamente pequena, muito provável devido à terapia anterior de redução de lipídeos. Como a redução dos níveis de LDL por quase todas as modalidades tem sido associada a uma diminuição do risco de eventos coronarianos, é razoável supor que a redução dos níveis de LDL pela ezetimiba deverá ter um impacto semelhante. QUÍMICA E FARMACOCINÉTICA A ezetimiba é absorvida com rapidez e conjugada no intestino a um glicuronídeo ativo, alcançando níveis sanguíneos máximos em 12 a 14 horas. Sofre circulação êntero- hepática e sua meia-vida é de 22 horas. Cerca de 80% do fármaco é excretado nas fezes. As concentrações plasmáticas de ezetimiba aumentam de modo significativo quando o fármaco é administrado com fibratos e diminuem quando é administrado com colestiramina. Outras resinas também podem diminuir sua absorção. Não há qualquer interação significativa com a varfarina ou a digoxina. MECANISMO DE AÇÃO A ezetimiba inibe seletivamente a absorção intestinal de colesterol e de fitoesteróis. Uma proteína transportadora, a NPC1L1 constitui o alvo do fármaco. A ezetimiba é eficaz na ausência de colesterol dietético, visto que ela também inibe a reabsorção do colesterol excretado na bile. USOS TERAPÊUTICOS E DOSAGEM O efeito da ezetimiba na absorção do colesterol é constante em uma faixa posológica de 5 a 20 miligramas por dia. Então, é usado uma dose diária de 10 miligramas. Em pacientes com hipercolesterolemia primária, a redução média do LDL-colesterol com a administração isolada de ezetimiba é de cerca de 18%, com aumentos mínimos do HDL-colesterol. A ezetimiba também é efetiva em pacientes com fitosterolemia. O fármaco mostra-se sinérgico com inibidores da redutase, produzindo reduções de até 25% do LDL-colesterol além daquelas obtidas com o uso isolado de inibidores da redutase. TOXICIDADE A ezetimiba não parece ser um substrato das enzimas do citocromo P450. A experiência até o momento revela uma baixa incidência de comprometimento reversível da função hepática, com pequeno aumento na incidência quando o fármaco é administrado com um inibidor da redutase. Raras vezes, foi relatada a incidência de miosite. NOVOS AGENTES PARA O TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA INIBIÇÃO DA PROTEÍNA DE TRANSFERÊNCIA DE TRIGLICERÍDEOS MICROSSÔMICA A proteína de transferência de triglicerídeos microssômica (MTP) desempenha uma função essencial na adição de triglicerídeos às VLDL nascentes no fígado, como também aos quilomícrons no intestino. Sua inibição diminui a secreção de VLDL e, consequentemente, o acúmulo de LDL no plasma. Dispõe-se de um inibidor da MTP, a lomitapida; mas, esse fármaco está atualmente limitado a pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigota. Provoca acúmulo de triglicerídeos no fígado de alguns indivíduos. Podem ocorrer elevações das transaminases. Os pacientes precisam manter uma dieta com baixo teor de gordura para evitar a esteatorreia, mas devem tomar medidas para reduzir ao máximo a deficiência de nutrientes lipossolúveis. A lomitapida é administrada por via oral em doses gradualmente crescentes em cápsulas de 5 a 60 miligramas, uma vez ao dia, 2 horas antes da refeição da noite. Está disponível apenas em um programa restrito (REMS). INIBIÇÃO ANTISSENTIDO DA SÍNTESE DE APO B-100 O mipomerseno é um oligonucleotídeo antissentido da apo B-20-mer direcionado para a apo B-100, principalmente no fígado. As injeções subcutâneas de mipomerseno reduzem os níveis de LDL e de Lp(a). Podem ocorrer reações discretas a moderadas no local de injeção e sintomas de tipo gripal. O fármaco está apenas disponível para uso na hipercolesterolemia familiar homozigota por meio de um programa restrito (REMS). É importante assinalar que o gene da apo B- 100 também é transcrito na retina e nos cardiomiócitos. INIBIDORES DA PROTEÍNA DE TRANSFERÊNCIA DE ÉSTERES DE COLESTEROL (CETP) Os inibidores da proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP) estão em fase de investigação ativa. O primeiro fármaco dessa classe, o torcetrapibe, despertou grande interesse por sua capacidade de aumentar acentuadamente os níveis de HDL e reduzir os níveis de LDL. Mas ele, foi retirado dos estudos clínicos devido a um aumento de eventos cardiovasculares e morte no grupo de tratamento. O anacetrapide e o evacetrapibe são análogos que atualmente estão em fase 3 nos ensaios clínicos INIBIÇÃO DA PCSK9 O desenvolvimento de inibidores da pró- proteína convertase subtilisina/quexina tipo 9 (PCSK9) resulta da observação de que a ocorrência de mutações com perda de função resulta em níveis muito baixos de LDL-C, sem morbidade aparente. Os agentes terapêuticos atuais incluem anticorpos (p. ex., evolocumabe, alirocumabe) e oligonucleotídeos antissentido. Foram obtidas reduções de LDL-C de até 70% após doses mais altas com um desses agentes, quando administradas por via parenteral, duas vezes por semana. Houve também uma redução substancial de triglicerídeos, apo B-100 e Lp(a). Não foi relatado nenhum efeito colateral grave nos ensaios clínicos em andamento. Pequenas moléculas com essa ação também estão sendo também desenvolvidas. Os estudos dessa estratégia devem ser conduzidos com cautela, devido à função estabelecida da PCSK9 na apoptose neuronal normal e desenvolvimento cerebral. ATIVAÇÃO DA AMP CINASE A proteína-cinase ativada por AMP atua como sensor do estado energético nas células. Quando há necessidade de quantidades aumentadas disponíveis de ATP, a AMP cinase aumenta a oxidação dos ácidos graxos e a sensibilidade à insulina e inibe a biossíntese de colesterol e triglicerídeos. Mesmo que os ensaios clínicos conduzidos até o momento tenham sido direcionados para a redução dos níveis de LDL-C, a ativação da AMP cinase pode ser benéfica para o tratamento da síndrome metabólica e diabetes. Um agente combinando a ativação da AMP cinase e inibição da ATP citrato liase está em estudos clínicos TRATAMENTO COM ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOSA terapia com associação de fármacos mostra-se útil quando (1) os níveis de VLDL estão significativamente elevados durante o tratamento da hipercolesterolemia com resina; (2) os níveis de LDL e VLDL estão elevados a princípio; (3) os níveis de LDL ou VLDL não se normalizam com a administração de um único fármaco; ou (4) observa-se a coexistência de níveis elevados de Lp(a) ou de deficiência de HDL com outras hiperlipidemias. As doses mais baixas efetivas devem ser usadas na terapia com associação de fármacos, e o paciente deve ser monitorado mais rigorosamente à procura de efeitos tóxicos. DERIVADOS DO ÁCIDO FÍBRICO E RESINAS DE LIGAÇÃO DE ÁCIDOS BILIARES Algumas vezes, essa associação mostra-se útil no tratamento de pacientes com hiperlipidemia combinada familiar que não toleram a niacina ou as estatinas. Mas ela pode aumentar o risco de colelitíase. INIBIDORES DA HMG-COA REDUTASE E RESINAS DE LIGAÇÃO DE ÁCIDOS BILIARES Essa associação sinérgica mostra-se útil no tratamento da hipercolesterolemia familiar, mas pode não controlar os níveis de VLDL em alguns pacientes com hiperlipoproteinemia combinada familiar (HCF). As estatinas devem ser administradas 1 hora antes ou pelo menos 2 horas depois da resina, a fim de assegurar sua absorção. NIACINA E RESINAS DE LIGAÇÃO DE ÁCIDOS BILIARES Essa associação controla de forma efetiva os níveis de VLDL durante a terapia com resinas para o tratamento de hiperlipoproteinemia combinada familiar (HCF) ou de outros distúrbios envolvendo níveis elevados de VLDL e LDL. Quando os níveis de VLDL e LDL estão inicialmente elevados, a niacina em doses baixas de apenas 1 a 3 gramas por dia pode ser suficiente em associação com uma resina. A associação niacina-resina mostra-se efetiva no tratamento da hipercolesterolemia familiar heterozigota. Os fármacos podem ser tomados ao mesmo tempo, visto que a niacina não se liga às resinas. NIACINA E INIBIDORES DA REDUTASE Se a dose máxima tolerada de estatina não conseguir alcançar a meta do LDL colesterol em um paciente com hipercolesterolemia, a niacina pode ser útil. Essa combinação pode ter utilidade no tratamento da hiperlipoproteinemia combinada familiar (HCF). INIBIDORES DA REDUTASE E EZETIMIBA Essa associação mostra-se altamente sinérgica no tratamento da hipercolesterolemia primária e tem alguma aplicação no tratamento de pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigota que apresentam alguma função dos receptores. INIBIDORES DA REDUTASE E FENOFIBRATO O fenofibrato parece ser complementar com a maioria das estatinas no tratamento da hiperlipoproteinemia combinada familiar (HCF) e de outras condições envolvendo elevações tanto das LDL como das VLDL. A associação de fenofibrato com rosuvastatina parece ser bem tolerada. Algumas outras estatinas podem não interagir de modo favorável, devido aos efeitos no metabolismo do citocromo P450. De qualquer modo, indica-se uma vigilância cuidadosa para a hepatotoxicidade e a toxicidade muscular. COMBINAÇÕES DE RESINAS, EZETIMIBA, NIACINA E INIBIDORES DA REDUTASE Esses fármacos atuam de modo complementar, normalizando os níveis de colesterol em pacientes com distúrbios graves, envolvendo níveis elevados de LDL. Os efeitos são duradouros, e foi observada pouca toxicidade combinada. As doses efetivas de cada um dos fármacos podem ser mais baixas do que quando cada um deles é usado de forma isolada; um exemplo é que, apenas 1 a 2 gramas de niacina podem aumentar substancialmente os efeitos dos outros agentes.
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