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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DA EDUCAÇÃO Disciplina: Didática de licenciatura - TB Amanda Otone (Física - Licenciatura) Pedro Ivo (Química - Licenciatura) Peterson Fernandes (Matemática - Licenciatura) Pietra Zanni (Física - Licenciatura) Robson Alfredo (Geografia - Licenciatura) SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O COMBATE AO MOVIMENTO ANTIVACINA E AS FAKE NEWS EM TEMPOS DE PANDEMIA Professora: Maria Flores Belo Horizonte, 20 de Janeiro de 2022 Introdução A proposta da nossa sequência didática é fazer um trabalho interdisciplinar que envolva as disciplinas de Matemática, Física, Química e Geografia, abordando o tema "O combate ao movimento anti-vacina e às Fake News em tempos de pandemia". O tema foi escolhido pensando no grau de desinformação que vem sendo difundido no Brasil e em todo o mundo nesse período de pandemia da COVID-19, como observado nas redes sociais, mesmo tendo estudos que mostram riscos anteriores a essa data, como o artigo de 2019 intitulado “A Ciência e a Mídia: A propagação de Fake News e sua relação com o movimento anti-vacina no Brasil”. Pensamos nessa sequência didática para uma turma de 1ª série do Ensino Médio de uma escola pública, em que temos estudantes com uma pluralidade cultural diversa, mas sabendo que o tema poderia e deveria ser trabalho em todas as escolas do Brasil. Na área da Matemática, iremos explorar o mundo das funções e gráficos para entender a gravidade da COVID-19 e a importância das medidas de contenção como isolamento social, uso de máscaras e vacinação em massa, concluindo que a propagação de Fake News é um desserviço para a sociedade e que gera um impacto negativo na saúde e na vida das pessoas. Na área da Física vamos aprofundar na mecânica newtoniana, em que se estuda o movimento a partir de modelos com várias variáveis que afetam o sistema, onde de maneira análoga temos a participação do físico no estudo da COVID-19 que estuda a caracterização do vírus e a dinâmica de contágio do vírus a partir de modelos do comportamento do vírus que leva igualmente em conta diversas possíveis variáveis que alteram no resultado final prevendo seu comportamento e embasando através da ciência as recomendações corretas de saúde a serem seguidas. Na área da química trabalharemos a bioquímica das vacinas, um pouco do seu processo de produção, mas com enfoque em explicar a diferença de ação de cada uma no organismo, a importância da vacinação em massa e também um pouco do surgimento das variantes. Também será abordado, uma Fake News muito recorrente que mostra a ação de produtos alcalinos no combate da COVID-19, essa notícia falsa está exemplificada na imagem ao lado. No âmbito da geografia, iremos trabalhar com o perfil daqueles que se negam a se vacinar e a partir desse ponto analisar os reflexos desse movimento no espaço, à medida que essas informações são popularizadas algumas regiões são mais propícias à aceitação? Quais grupos sociais são mais vulneráveis às Fake News? A proposta é usar a abordagem sociocultural no nosso trabalho, pois o principal objetivo dessa sequência didática é desenvolver os pensamentos de Paulo Freire, divulgados em suas famosas obras, como em “Pedagogia do Oprimido”. Podemos destacar que o pedagogo pensa na educação como libertadora, sendo ferramenta poderosa para que o sujeito desenvolva seu senso crítico e sua consciência política. Nesse sentido, espera-se colocar em prática essas ideias, para que os alunos façam uma autorreflexão acerca do tema, tirem suas conclusões, com base em estudos teóricos e técnicos e agreguem ao debate usando conceitos importantes, como em “Freire, Paulo. Extensão ou comunicação. 8ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. Página 45”, quando o autor traz o conceito de comunicação, sendo uma ação que implica numa reciprocidade que não pode ser rompida, ou seja, não existindo sujeito passivo nessa relação. A ferramenta usada para comunicação entre alunos e professores será o “Google Classroom”, pois além de ser uma das plataformas que mais foram usadas nesse contexto de pandemia, ou seja, os meninos já estão habituados a usá-la, ela também consegue organizar muito bem todos os tópicos na aba de “Atividades”. Ela também será eficaz pois sabemos que as aulas esse ano serão presenciais, mas alunos que estiverem com algum sintoma de COVID-19, terão que se ausentar até o fim dos sintomas. Nesse sentido, o registro no “Google Classroom” não exclui o aluno, caso ele tenha acesso à internet. Na pior das hipóteses, caso o aluno não tenha acesso à plataforma, o material usado poderá ser impresso e retirado na escola. A habilidade principal que pretendemos contemplar ao final da sequência didática é a seguinte: (EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos. Sequência didática: O combate ao movimento anti-vacina e às Fake News em tempos de pandemia Competências específicas que pretendemos atingir ao final da sequência: - Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioeconômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral. - Propor ou participar de ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de problemas sociais, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, mobilizando e articulando conceitos, procedimentos e linguagens próprios da Matemática. - Analisar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Para desenvolver essas três competências e atingir a habilidade supracitada, a nossa sequência será dividida em 8 aulas síncronas, com cada professor assumindo uma aula referente ao tema da sua disciplina. A primeira aula será contemplada pela Matemática, seguida por Física, Química e Geografia, nessa sequência. Ao final de cada aula específica faremos uma avaliação sobre o tema proposto, e ao final da sequência didática, faremos uma avaliação geral em formato de redação dissertativa argumentativa. Estima-se que o desenvolvimento da sequência didática, tanto em relação às aulas, quanto em relação ao processo de avaliação, seja desenvolvido em 2 semanas. Aula 1 - Entendendo matematicamente a transmissão da COVID-19 e a importância das medidas de contenção e da vacinação Duração: 2 aulas síncronas de 50 minutos Objetivos: Compreender como funciona a transmissão da COVID-19 e a importância das medidas de contenção e da vacinação, usando conteúdos matemáticos, como função e gráficos. Metodologia: Aula investigativa, aula expositiva e interpretação de dados científicos. Desenvolvimento: Durante a primeira aula, iremos fazer um experimento para entender como funciona a transmissão do COVID-19. Nesse sentido, espalharemos uma fofoca para duas pessoas, cada uma delas passará para mais duas pessoas e assim repetindo o ciclo. A partir disso, entenderemos o quão rápida é a transmissão do vírus quando ele se dá a uma taxa 2, que foi a taxa calculada no início da pandemia, de acordo com estudos do Imperial College London. Após o experimento, estaremos mostrando graficamente o que significa uma função f(x) = x², como a figura abaixo, ou seja, o gráfico de uma situação em que a taxa de crescimento é igual a 2. Podemos notar como ela cresce sem controle: Após o entendimento desse gráfico, veremos como é o comportamentode uma função quando a taxa é 1 (de azul) e quando é menor que 1 (de verde): Nesse sentido, graficamente os alunos entenderão que é interessante manter a taxa menor que 1, pois conseguimos controlar a curva de transmissão. Para concluir, chegamos no motivo da importância das medidas de contenção, como uso de máscaras e isolamento, principalmente em momentos de descontrole da curva. Na segunda aula, faremos uma análise de gráficos para entender a importância da vacinação para frear o número de internações e óbitos em certo local. Fonte: FioCruz Esse gráfico mostra que em abril tivemos o pico no número de óbitos e, com o avanço da vacinação, o número de óbitos caiu numa proporção bem parecida. Além disso, podemos fazer comparações com outros países que não estão muito avançados com a vacinação em relação ao Brasil: Em laranja temos o Brasil e em roxo temos a Rússia. Vemos claramente que o Brasil teve um pico bem grande entre os dias 353 e 397, que converges àqueles meses entre março e maio do ano passado e o número começa a cair bastante com o avanço da vacinação (vale lembrar que o Brasil já completou a vacinação completa em 70% da população). Em contrapartida, a Rússia tem apenas 40% da sua população imunizada, o que afirma os dados do gráfico. Esses números são divulgados pela Our World in Data. Avaliação: Para consolidar os ensinamentos dessa primeira parte da nossa sequência didática, propomos um debate entre os alunos sobre a importância das medidas de contenção e da vacinação para o combate à pandemia. Aula 2 - Compreendendo a ciência por trás das recomendações de saúde contra a covid-19. Duração - 2 aulas síncronas de 40 minutos. Objetivos - Através de conteúdos midiáticos mostrar a importância do uso da máscara com a utilização de princípios físicos relacionados; entender como a relação entre conhecimento de diferentes áreas nos ajuda a compreender o comportamento e funcionamento de vírus como o da Covid-19. Metodologia - Aula expositiva e exibição de conteúdo midiático. Desenvolvimento - Durante a primeira aula iremos estudar como é feito a caracterização de vírus como o da Covid-19 com o auxílio da tecnologia utilizando conceitos físicos. Com um projetor será apresentado uma série de slides, onde, inicialmente os alunos irão ser questionados se já precisaram fazer Raio X alguma vez na vida? Essa pergunta inicial servirá para descontração da turma e ver o quão familiarizados os alunos estão com o tema. Após as respostas recebidas, o professor pode perguntar se alguém tem noção de como as imagens do Raio X são geradas? Essa segunda pergunta servirá para nortear o conteúdo abordado, começando com o surgimento do Raio X em 1895, por Röetgen, sendo o primeiro a receber o Prêmio Nobel de Física em 1901 após a publicação de seu artigo em 1895: “Sobre uma nova espécie de raios” e também será mostrado a primeira imagem obtida com o auxílio da radiografia tirado por Röetgen da mão de sua esposa. Posteriormente, utilizando os conceitos de ondas já apreendidos na parte de óptica, será dado um breve resumo sobre ondas eletromagnéticas que ajudarão no entendimento do que são as ondas de Raios X e como elas se comportam. Após entendido o funcionamento do Raio X e sua relação para obtenção de imagens, será apresentada técnicas utilizadas atualmente durante a pandemia da covid-19, por físicos que trabalham em parceria com biólogos, químicos e muitos outros profissionais em laboratórios buscando entender características do funcionamento do vírus para saber como lidar com tal ameaça à vida humana. O físico auxilia nesse processo buscando fazer a caracterização do vírus de maneira a entender como ele é, sua composição, seu tamanho e como ele se comporta através de imagens obtidas por técnicas que usam princípios físicos. Serão apresentadas duas técnicas utilizadas atualmente: a difração de Raios X e a Microscopia Crioeletrônica. Em um primeiro momento trabalharemos a difração de Raios X, que consiste na emissão de um jato de Raios X em direção ao vírus, sendo que o comprimento de onda desses raios é bem próximo da distância dos átomos que compõem aquele vírus. Quando o Raio X passa por esses átomos eles funcionam como fendas, ou seja, essa onda de raio entra entre os átomos e se espalha dentro do vírus (o Raio X é difratado). Com o espalhamento do Raio X é possível construir uma imagem que leva em conta a distância entre os átomos e o ângulo entre as ligações químicas possibilitando ter uma noção de como é o vírus de uma forma atômica molecular e espacial. Em um segundo momento, trabalharemos com a microscopia crioeletrônica, que segue o mesmo padrão da técnica de difração de Raio X porém são lançados feixes de elétrons ao invés feixes de Raio X, essa técnica permite imagens com maior qualidade e em tempo real nos permite estudar o enovelamento das proteínas, o movimento das proteínas para o vírus se conectar as células do corpo humano, sendo esse um conhecimento chave para desenvolvimento das vacinas. As técnicas abordam conhecimentos na área de óptica o que possibilita o aluno relacionar conceitos previamente estudados ao mesmo tempo que compreende a caracterização do vírus da COVID-19 e sua importância no desenvolvimento de vacinas. Na segunda aula, também utilizaremos slides para apresentar o conteúdo. Nesta aula, buscaremos entender como esse vírus se espalha, sua dinâmica, sua estabilidade química e medidas adotadas para evitar o contágio. Uma vez que os alunos compreenderão que o vírus é uma molécula, ou seja, uma proteína que possui uma sequência de aminoácidos, fazendo-se necessário o estudo de suas características físicas e químicas para entender como ocorre seu funcionamento, a infecção em células do corpo humano para assim propor ações que reduzam o quadro de infectados pelo vírus. Com isso, começaremos a aula mostrando um vídeo no Youtube, disponível em: <https://youtu.be/kYJvU81DKgk> que mostra lado a lado a comparação de um mesmo homem com e sem máscara em diversos momentos comuns no nosso dia a dia falando, respirando e tossindo. Sendo comprovada essa como a principal maneira de transmissão do coronavírus de pessoa para pessoa através de pequenas gotículas criadas pela respiração, espirro ou tosse demonstrando que estamos transmitindo esse vírus em forma de gotículas para o ar, tendo como base dessa afirmação um estudo feito no MIT. O estudo mostra que quando tossimos conseguimos lançar esse jato de gotículas para o ar em uma distância de 5m e quando espirramos essa distância aumenta para 8m, sendo que em 1 único jato de espirro podemos lançar até 40 mil gotículas para o ar com uma velocidade média de 320 km/h, para demonstrar essa distância aos alunos será apresentado nos slides distâncias de coisas conhecidas do dia a dia para que eles vejam a distância que eles precisariam estar de alguém caso eles se encontrem sem máscara para evitar a contaminação. A partir da compreensão do contágio do vírus, iremos abordar as principais medidas de segurança adotadas como máscaras e distanciamento social. Acerca das máscaras abordaremos as diferenças entre máscaras de pano, máscaras cirúrgicas e PFF2. Ressaltando que todas as máscaras são importantes para o controle do vírus já que todas as máscaras diminuem a quantidade de gotículas que vão para o ambiente, mesmo as mais simples, porém não diminuem o suficiente em alguns casos e aí entra o diferencial das PFF’s. Os modelos tipo PFF não bloqueiam apenas a saída de gotículas pela pessoa que está utilizando a máscara, mas também impedem que as gotículas que estão no ar sejam aspiradas. Além disso, esses respiradores protegem também contra aerossóis contendo vírus e bactérias. Os aerossóis são diferentes das gotículas, pois possuem partículas menores e que permanecem mais tempo no ar, logo quando inaladas podem penetrar mais profundamente no trato respiratório. Por isso as máscaras PFF vão além de um sistema de filtragem comum. Elas têm a capacidade de filtrar partículas que normalmente passariam em máscaras de pano o que sedeve a sua propriedade eletrostática. Para observar essa propriedade eletrostática um experimento bem simples pode ser feito com os alunos em sala de aula, peça que eles retiram um pedaço de papel do caderno e recorte esse pedaço em vários pedacinhos menores (quanto menor o pedaço de papel mais fácil de observar), leve um saco de balão para a aula e distribua um balão para cada aluno e peça para que eles encham o balão de ar e amarre para que o ar não saia, quando todos os alunos disporem dos pedacinhos de papel e de um balão peça pra eles aproximarem o balão dos pedacinhos de papel (nada irá acontecer). Depois peça que os alunos esfregam o balão no cabelo provocando fricção/atrito fazendo com que o balão passe a ficar eletrizado, com o balão eletrizado peça que os alunos o aproximem novamente dos pedacinhos de papel (que estão eletricamente neutros), que dessa vez serão atraídos para o balão, sendo possível notar que os pedacinhos de papel se grudam no balão, devido à eletrostática. Acontece esse mesmo fenômeno nas máscaras PFF, pois, na sua confecção, os fabricantes aplicam um tratamento que faz com que parte das fibras da máscara tenham essa camada eletrizada fazendo que os microorganismos “grudem” por lá e não avancem até o rosto da pessoa, logo não sendo inalados. Ao fim, mencionar que as máscaras PFF tem um grande custo financeiro e que muitas pessoas optaram por utilizar máscaras de panos por serem uma opção mais barata. Entretanto vale reforçar a importância do uso da máscara mesmo em locais abertos e em locais fechados como ônibus, por exemplo se possível utilizar duas máscaras (uma em cima da outra) para aumentar ainda mais a proteção caso a pessoa esteja utilizando uma máscara diferente da PFF que não possui essa filtração adequada. No fim das aulas o aluno compreenderá a física por trás dos parâmetros de segurança sugeridos, associando a trajetória das gotículas com a mecânica newtoniana estudada em sala de aula e a eletrostática por trás das máscaras PFF2 através do experimento proposto. Avaliação - Ao final das duas aulas, iniciaremos uma discussão avaliativa acerca do vírus da COVID-19 e suas recomendações de segurança conforme abordado em aula, enquanto discorremos o tópico vamos relacionando-o com conteúdos de óptica e mecânica newtoniana introduzindo perguntas acerca da matéria vista. Os pontos serão distribuídos por participação, coerência e demonstração de conhecimentos adquiridos. Aula 3 - Principais métodos para o combate ao Covid-19 Duração - 2 aulas síncronas de 50 minutos não conjugadas e feitas em dias diferentes. Objetivos - Em princípio, essa parte da sequência didática, tem como objetivo conhecer os principais meios de combater o Covid-19, tendo como foco as vacinas e seus métodos de imunização e na segunda parte da aula trabalharemos com uma fake news e evidências científicas que descredibilizam essa notícia. Metodologia - A primeira aula será uma exposição, com o professor em foco. Já na segunda será trabalhado em formato de mesa redonda onde os alunos terão maior tempo de fala. Desenvolvimento - A primeira aula será feita através de uma apresentação de informações sobre a Covid-19, passando rápido pelos métodos de contágio e o principal combate dele, para então falar da vacina e como sua ação preventiva pode ajudar o indivíduo que se contaminou com esse vírus, usando o gráfico usado na aula 1 para reforçar essa informação. Fonte: Fiocruz No segundo momento será apresentado as vacinas apresentaremos o mecanismo de ação das vacinas, sendo que todas tendem a formar os anticorpos, sendo apresentada a função de cada uma das vacinas e a rota formadora de anticorpos de cada uma. Todas as três vacinas têm como alvo fazer com que seu corpo produza anticorpos contra a proteína S do vírus da Covid, proteína essa que é responsável pela ligação e penetração em nossas células. O método do vírus inativo injeta um vírus morto ou semi morto nas células para que elas matem o vírus e aprendam com a proteína S desse vírus. No método vetor viral, a proteína S é produzida em outro corpo ou artificialmente e está contida na vacina que é administrada, fazendo com que o corpo já aprenda a fabricar os anticorpos necessários com ela. Por último temos a vacina de mais requinte técnico, onde é aplicada diretamente o RNA-mensageiro nas células que já tem a fórmula para produzir o anticorpo e combater a proteína S do vírus. A imagem ao lado demonstra ludicamente a ação do anticorpo no vírus, tendo uma representação chave-fechadura do anticorpo para proteína do exterior do vírus. O quadro a seguir sintetiza as informações sobre as vacinas. CoronaVac Astrazeneca Pfizer Janssen Tecnologia Vírus inativado Vetor viral RNA mensageiro Vetor viral Eficácia A eficácia global pode chegar a 62,3% 76% após a primeira dose e 81% após a segunda 95% após a segunda dose 66,9% de eficácia para casos leves e moderados, e 76,7% contra casos graves Intervalo entre doses 14 a 28 dias 12 semanas 12 semanas Dose única Armazenamento De 2 a 8ºC De 2 a 8ºC De 2 a 8ºC por 5 dias -25 e -15ºC por até 2 semanas De 2 a 8ºC No terceiro momento dessa primeira aula será pedido para que formem duplas ou trios para que pesquisem sobre o panfleto veiculado nas redes sociais. Será pedido para eles pesquisarem sobre quais informações poderiam estar erradas e que trouxessem para a próxima aula informações para serem discutidas em uma roda de conversa sobre a veracidade desse método de combate ao Covid-19 e outros combates que não foram mencionados na aula. Na segunda aula, forma-se um círculo com as cadeiras na sala para que os alunos tragam as informações, essas informações serão trazidas e apresentadas, preferencialmente em formato digital (slides, diagramas, etc), para os demais alunos e professor , sendo que o professor tem a função de guiar a discussão sobre as informações falsas e os argumentos expostos pelos alunos, bem como novas propostas de combate ao Covid-19. Ao final dessa aula será elaborado uma tabela com os principais pontos que descredibilizam as informações falsas, criando um passo a passo para avaliar se a informação é verdadeira ou não, esse trabalho será feito pelo professor, após a discussão, englobando e sintetizando as informações discutidas pelos alunos. Avaliação - A avaliação será feita na mesa redonda, os alunos discutirão seus pontos e argumentos propostos, onde o professor mediará para que a conversa não saia do foco, onde será avaliada a compreensão dos alunos dos métodos de combate contra o Covid-19 e seus argumentos provando os mitos da notícia. Aula 4: Organização espacial dos hesitantes à vacinação no mundo. Duração: 02 aulas de 50 minutos. Objetivos: Conhecer quem são as pessoas que hesitam ou deixam de se vacinar, a fim de identificar lugares com maior resistência à vacinação e possíveis fatores. Metodologia: A proposta é que se inicie com uma aula expositiva, apresentando dados e pesquisas realizadas a nível nacional e internacional, nesse sentido os alunos teriam um pólo norteador para realizar uma pesquisa em grupos, e na segunda aula realizar um seminário a respeito do tema. Desenvolvimento: Durante a primeira aula, tendo o projetor como ferramenta didática, acontecerá uma exposição de pesquisas que evidenciam quais países têm maior resistência à vacinação, para possibilitar uma maior compreensão a respeito do tema, serão apresentados também mapas temáticos. As pesquisas evidenciam que países considerados desenvolvidos possuem maiores taxas de hesitantes à vacinação, e maior adesão dos ideais negacionistas, em relação aos países subdesenvolvidos. Ao comparar os dados, Carvalho, Massarani, Macedo-Rouet (2021, p. 499) apontam que “Na França, 41% dos entrevistados veem as vacinas como inseguras, enquanto a média mundial é 13%. Em contrapartida, no Brasil, 97% da população acredita que é importante que as crianças sejam vacinadas (Wellcome Trust, 2018).”. Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/confianca-em-vacinas-menor-em-paises-ricos-indica-pesquisa-23752021Uma das hipóteses que os pesquisadores apontam para esse fenômeno, é o fato de países ricos portarem um melhor e abrangente sistema de saúde e saneamento básico, o que possibilita a erradicação e o controle sistemático de doenças, diminuindo assim o contágio, entretanto mesmo que pessoas não vacinadas sejam expostas e contaminadas, devido a melhor qualidade e infraestrutura nos serviços de saúde, acabam por usufruírem de uma recuperação acelerada diminuindo assim as taxas de óbito e o alerta geral da população. Já nos países periféricos o movimento é inverso, pois em decorrência dos precários serviços de saúde é adensamento populacional como em favelas e cortiços, o risco de se expor e ficar doente é superior, e a população pode ver de perto o resultado de não se vacinar, o que facilmente leva a óbito, como evidenciado por pesquisadores da USP na plataforma Info Tracker, 79,7% dos que vieram a falecer por covid 19, entre 1° de março e 15 de novembro de 2021, não haviam recebido nenhuma dose do imunizante. Um dado importante levantado pelo Instituto Butantan, através do “Projeto S”, que tinha como objetivo “entender, na prática, como a estratégia de oferecer a vacina adsorvida covid-19 (inativada) para a população adulta de uma cidade pode modificar a epidemia.”(Butantan, 2021), sobre o estudo de caso da cidade de Serrana em São Paulo, que ao atingir cerca de 75% de vacinação, conseguiu controlar a pandemia reduzindo quase 96% dos óbitos. Após a exposição acerca do tema da primeira aula de geografia, pertencente a sequência didática, os alunos irão se dividir em cinco grupos para realizar uma pesquisa, em um período extra classe, o objetivo é identificar o processo de vacinação da covid-19 no Brasil, de forma ampla com a propositiva que eles levem o resultado para o seminário da segunda aula, e exponham brevemente os resultados desta pesquisa para que em sequência possa se abrir uma discussão, juntamente com os outros professores envolvidos. O grupo terá liberdade de trazer dados e discussões que consideram importantes, como por exemplo: dinâmica de vacinação, (onde a vacinação foi mais abrangente contrapondo a onde se teve maior contágio), notícias, posts e mensagens com desinformação a respeito da covid-19, entre outras possibilidades de temas que tenha relação com as aulas. O seminário irá contar com a presença de todos os docentes envolvidos no projeto e a sala será organizada em círculo, para que assim conte com uma melhor visualização de todos, nesse sentido os alunos irão assumir o protagonismo ao apresentar as considerações para o encerramento do módulo, espera se que cada apresentação tenha o entorno de 5 minutos, para que assim haja tempo para as intervenções de outros alunos e também dos professores. As considerações finais apresentadas pelos discentes devem abranger tanto a respeito da pesquisa realizada em grupo, quanto como a somatória do conhecimento construído durante a sequência didática estabelecida. A proposta é possibilitar uma avaliação formativa para identificar o nível de apropriação do conteúdo por parte dos alunos a partir das discussões realizadas durante a sequência didática e na pesquisa em grupos feita, assim eles poderão expressar sua percepção acerca do tema, para que de forma crítica e conjunta possam quebrar mitos e concepções anti científicas difundidas no senso comum. Avaliação: Pensando na ideia de uma avaliação formativa, a segunda aula, para além do debate sobre o tema também seria um método de avaliação, à medida que será possível compreender a dimensão dos conhecimentos dos alunos é os pontos que necessitam de mais atenção sobre o tema e mesmo das próprias habilidades dos estudantes. Avaliação final da sequência - Ao término de toda sequência didática, pediremos que os alunos façam uma redação dissertativa argumentativa sobre o tema “O combate ao movimento antivacina e as fake news em tempos de pandemia”, podendo usar todos os dados da sequência didática como base para construção. Após o movimento de escrita, faremos uma correção coletiva entre os docentes e escolheremos a redação que esteja mais coerente e coesa, conforme o tema proposto na sequência didática, e divulgaremos nas redes sociais da escola, usando-a como ferramenta social de conscientização. As redações serão pontuadas em todas as disciplinas contempladas na sequência didática. Considerações finais Acreditamos que o planejamento conjunto da sequência didática, trazendo esse tema atual que é de grande importância para a sociedade, contemplando disciplinas afins ou não, mas que agregam muito ao debate em cada especificidade, é muito relevante e engrandece muito o debate. O movimento de registro da sequência didática nos fez refletir sobre o escopo geral do trabalho, sobre cada questão individual que cada professor apresentava, sobre o ajuste constante até chegarmos num resultado final agradável e sobre as relações das avaliações tradicionais e formativas. Ademais, podemos afirmar que, ao fim desse trabalho, todos os integrantes do grupo ficam com a sensação, como docentes, de que a educação realmente é uma ferramenta poderosa para transformar pessoas e sociedades. Para concluir, segundo Paulo Freire, pedagogo citado na introdução do nosso trabalho, “Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”. Consideramos que essa sequência didática está impregnada de sentido, trazendo um debate atual e inovador para uma turma de Primeira Série do Ensino Médio, com base em dados científicos comprovados em pesquisas sólidas feitas por institutos sérios. Chegamos ao fim desse trabalho com a esperança de que bons debates, baseados em informações relevantes, serão alcançados nas turmas propostas. Referências: - BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. - COVID-19 : LaVision imaging technique shows how masks restrict the spread of exhaled air. Direção: LaVision. YouTube: [s. n.], 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kYJvU81DKgk>. Acesso em: 18 jan. 2022. - YES, wearing masks can prevent the spread of coronavirus: LaVision BOS Imaging technique shows how masks restrict the spread of exhaled air. Washington D.C. Metropolitan area, 14 abr. 2020. Disponível em: <https://techstartups.com/2020/04/14/yes-wearing-masks-can-prevent-the-spread-of-coro navirus-lavision-bos-imaging-technique-shows-how-talking-breathing-and-coughing-com pares-with-and-without-a-mask-video/>. Acesso em: 18 jan. 2022. - REDAÇÃO GALILEU (Brasil). Em altas temperaturas, Sars-CoV-2 é neutralizado em menos de 1 segundo. In: Em altas temperaturas, Sars-CoV-2 é neutralizado em menos de 1 segundo. Brasil, 28 abr. 2021. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2021/04/em-altas-temperaturas-sars-cov -2-e-neutralizado-em-menos-de-1-segundo.html>. Acesso em: 18 jan. 2022. - YUGE, Claudio. Todos falam, mas poucos viram: confira imagens reais do coronavírus em ação. In: YUGE, Claudio. Todos falam, mas poucos viram: confira imagens reais do coronavírus em ação. Brasil, 25 mar. 2020. Disponível em: <https://canaltech.com.br/saude/imagens-reais-coronavirus-em-acao-162404/>. Acesso em: 18 jan. 2022. - GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO (São Paulo). Instituto Butantan. Quais são as diferenças entre as vacinas contra Covid-19 que estão sendo aplicadas no Brasil?. In: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO (São Paulo). Instituto Butantan. Quais são as diferenças entre as vacinas contra Covid-19 que estão sendo aplicadas no Brasil?. Brasil, 2021. Disponível em: <https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/quais-sao-as-dife rencas-entre-as-vacinas-contra-covid-19-que-estao-sendo-aplicadas-no-brasil>. Acesso em: 18 jan. 2022. - GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO (São Paulo). Governo do Estado de São Paulo. Fact-checking: é falso que o novo coronavírus seja vulnerável a pH maior que 5,5. In: GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO (São Paulo). Governo do Estado de São Paulo. Fact-checking: é falso que o novo coronavírus seja vulnerável a pH maiorque 5,5. São Paulo, 15 set. 2020. Disponível em: <https://www.saude.sp.gov.br/instituto-de-saude/homepage/destaques/fact-checking-e-fal so-que-o-novo-coronavirus-seja-vulneravel-a-ph-maior-que-55>. Acesso em: 18 jan. 2022. - PFIZER (São Paulo). COVID-19 - PRINCIPAIS PERGUNTAS & RESPOSTAS SOBRE VACINA PFIZER E BIONTECH. São Paulo, 2020. Disponível em: <https://www.pfizer.com.br/sua-saude/covid-19-coronavirus/covid-19-principais-pergunt as-respostas-sobre-vacina-pfizer-e-biontech>. Acesso em: 18 jan. 2022. - CARVALHO, Vanessa; MASSARANI, Luisa; MACEDO-ROUET, Mônica. O movimento antivacina no Brasil e na França:: uma análise de comentários em páginas do Facebook. Razon y Palabra, Brasil, ano 2021, v. 24, ed. 110, p. 497-513, 11 maio 2021. DOI e-ISSN: 1605 -4806. Disponível em: <https://www.iteso.revistarazonypalabra.org/index.php/ryp/article/view/1750/1538.> Acesso em: 20 jan. 2022. - SÃO PAULO, GOVERNO DO ESTADO. (Brasil, São Paulo). Instituto Butantan. No Brasil, 96% das mortes por Covid-19 são de quem não tomou vacina; só imunização coletiva pode controlar a pandemia. In: SÃO PAULO, GOVERNO DO ESTADO. (Instituto Butantan). Instituto Butantan. No Brasil, 96% das mortes por Covid-19 são de quem não tomou vacina; só imunização coletiva pode controlar a pandemia. São Paulo, 12 ago. 2021. Disponível em: <https://butantan.gov.br/noticias/no-brasil-96-das-mortes-por-covid-19-sao-de-quem-nao- tomou-vacina--so-imunizacao-coletiva-pode-controlar-a-pandemia>. Acesso em: 20 jan. 2022.
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