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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 Lesões ulcerativas e vesículo bolhosas da cavidade oral São as lesões vesículo bolhosas mais frequentes: • Estomatite aftosa recidivante; • Gengivoestomatite herpética; • Herpes labial recorrente; • Catapora; • Herpes Zoster Estomatite aftosa recidivante (EAR) É uma lesão de múltiplas ou ulceras unitária recorrentes, pequenas, redondas ou ovais, com margens circunscritas, de halo eritematoso e fundo amarelo ou cinza, sob uma mucosa não-ceratinizada e móvel, sendo raras na gengiva e no palato. É uma lesão que dura um tempo limitado. Afeta 10% da população, e 25% das classes socioeconômicas mais elevadas; se manifesta na infância ou na adolescência, tendo as mulheres com uma leve predisposição. OBS.: existe uma predisposição genética em aproximadamente 1/3 dos pacientes. OBS.: as lesões se manifestam, mas não expressam sinais e sintomas. O abandono do tabaco, o estresse, o trauma, fatores endócrinos, infecções bacterianas por Streptococus sangui e alergias a alimentos podem levar ao desenvolvimento da afta. OBS.: os fatores endócrinos, na maioria das vezes, estão relacionados a diminuição dos níveis de progesterona na fase lútea do ciclo menstrual, ou à pílula anticoncepcional. OBS.: pode haver uma deficiência hematínica, de ferro, ácido fólico ou vitamina B12, que leva ao desenvolvimento de aftas. OBS.: o laurel sulfato de sódio (LSS), presente em dentifrícios pode causar ulcerações. ➢ Úlceras aftoides Deficiências imunes, como HIV, uso de drogas, principalmente (AINES) e nicorandil, síndrome de Behçet (também presentes na região genital), síndrome de Sweet, síndrome em crianças, também levam ao desenvolvimento de úlceras aftoides. As aftas são consideradas de origem idiopática, sendo provável que qualquer desequilíbrio imunológico leve a manifestação da EAR. OBS.: os mecanismos imunes que trabalham em conjunto para o aparecimento dessas lesões são: células T-auxiliares (células gama- delta), que predo- minam nas lesões iniciais da EAR, juntamente com algumas células natural killer (NK); células citotóxicas aparecem nas lesões e existem evidências de uma reação de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (CCDA); células mononucleares, células T, neutrófilos e células NK podem, portanto, estar envolvidas. Existem 3 tipos de EAR mais comuns: ➢ Úlceras aftosas menores (UAMe ou úlcera de Mikulicz) Ocorre em indivíduos entre 10 e 40 anos, tem pouquíssimos sintomas, se apresentam como úlceras redondas ou ovais, pequenas entre 2 – 4mm, com fundo amarelado, halo eritematoso e algum edema, que vão ficando cinza durante o processo de cicatrização; estão presentes na mucosa não ceratinizada. ➢ Úlceras aftosas maiores (UAMa) São redondas ou ovais, chegando até 1cm, ou mais, podem ser encontradas em qualquer região de mucosa oral, ocorre em grupos, ou em ulceras. Essas lesões possuem um tempo de cicatrização de 10 a 40 dias, com alta taxa recidivante, e pode formar cicatrizes. OBS.: ocasionalmente são encontradas nos indivíduos com um aumento da velocidade de hemossedimentação ou da viscosidade plasmática. OBS.: pode ser associada ao HIV, podendo ser tratada com uso de antivirtal. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 ➢ Úlceras herpetiformes (UH) É encontrada, em sua maioria, em mulheres, com idade um pouco mais avançada do que o padrão; começa com uma vesiculação, e evolui para formar ulceras múltiplas, minúsculas e discretas; que aumentam de tamanho e formam ulceras maiores. Atinge todas as regiões, incluindo a mucosa ceratinizada, e cicatriza em 10 dias. Existe uma sintomatologia extremamente dolorosa; e possui uma taxa de recidiva alta. O diagnóstico da EAR é baseado nas características clinicas; geralmente não se indica a biopsia, apenas quando há suspeita de um diagnóstico diferente. OBS.: O uso de exames complementares deve ser solicitado em caso de hipótese diagnóstica diferente da EAR; no sangue: velocidade de hemossedimentação (ou viscosidade plasmática); um hemograma completo; dosagem de hemoglobina; contagem de leucócitos total e diferencial • contagem de eritrócitos; determinação dos folatos nos eritrócitos. No soro: níveis de ferritina (ou outros exames para aná- lise do conteúdo de ferro); mensurações dos níveis de vitamina B12; determinação de anticorpos antiendomísio, antigliadina e transglutaminase (positivos na doença celíaca). OBS.: os transtornos que incluem úlceras aftoides também devem ser descartados: síndromes de Behçet, de Sweet e FPAFA; Infecção por EBV; Síndromes de imunodeficiência; Doenças gastrointestinais, principalmente doença celíaca e doença de Crohn. A conduta vai depender do histórico da doença que o paciente relatar, suspenção de LSS, mudança na alimentação, correção de deficiências de ferro, evitar traumas, em caso de ciclo menstrual, observar se a mudança de contraceptivo pode levar a mudança da condição clínica, drogas devem ser evitas; é devemos propor o alivio da dor e a redução do tempo de cicatrização. Podem ser empregados corticoesterioides tópicos para colaborar com a cicatrização; o uso de tetraciclina tópico pode reduzir o tempo de duração da ulcera. Recomendação das praticas de higiene, uso de antiinflamatórios, como benzidamina; caso não haja mudança, recomenda-se o uso de imunomoduladores. Recomenda-se bochechos com solução aquosa de clorexidina. Gengivoestomatite Herpética A gengivoestomatite é uma infecção clínica primária, causada pelo HSV, geralmente o do tipo 1, observada, principalmente, em crianças (tem sido observada em idosos, também). Nos pacientes adolescentes é causado pelo HSV-2, que é transmitido sexualmente. É uma lesão comum, principalmente em pessoas de condições socioeconômicas vulnerável. O herpes vírus simples, pode ser contraído pela saliva ou outros fluidos corporais. O HSV-1 pode causar infecção bucal ou bucofarigea através da saliva. O HSV-2 pode causar uma infecção mais grave. OBS.: pacientes imunocomprometidos tem tendencia a ter uma infecção e prorrogação das manifestações do HSV. Para que a infecção exista, o vírus precisa ter contato com mucosa. A infecção primária ocorre quando o individuo suscetível desenvolve a infecção. O HSV é um vírus neuroinvasivo e neurotóxico. Clinicamente, o paciente relata que a boca ou a bucofaringe ficam doridas, é possível notar vesículas bucais, ulcerações, edema, eritema e ulceração genital, linfonodo cervical aumentado; o paciente pode relatar febre e mal-estar. O diagnóstico é dado após o descarte das outras lesões ulcerativas de boca. É clinico. E pode ser utilizados testes viróticos (acyclovir oral – 800mgx5 /5 dias – até 24h de manifestação dos sintomas). O tratamento é recomendado para reduzir a febre e controlar a dor, sendo preconizado o uso de analgésicos e antiviróticos. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Estomatologia – 2021.1 Herpes labial recorrente Tem incidência de 15% das infecções causadas pelo HSV-1, ocorrendo principalmente em adultos; é muito comum me países ensolarados. Os fatores predisponentes são: febre (causadas por infecções no trato respiratório), traumatismos, luz solar e imunossupressão. OBS.: o vírus fica latente no gânglio trigêmeo após a infecção primária, podendo ser reativado e disseminado na saliva, causando as características clinicas. OBS.: na maioria das vezes o paciente teve um quadro de gengivite herpética(clinica ou subclínica), anterior ao caso de herpes labial. Clinicamente, pode-se ver lesões labiais na junção mucocutânea, lesões precedidas de dor, ardência, dormência e pruridos (são maculas e pápulas que duram 48h); na região intrabucal pode afetar palato duro, as ulcerações cicatrizam em uma semana, geralmente situadas no forme palatino maior. Nos pacientes imunocomprometidos incluem leões que podem surgir como ulceras crônicas e lesões no dorso da língua. OBS.: dentro da bolha há um liquido com o vírus com alta taxa de replicação; assim é recomendável que o paciente não dívida seus utensílios. OBS.: a taxa de propagação/disseminação do vírus enquanto ele esta dormente, mesmo presente na saliva, é mínima. O diagnóstico diferencial é feito com o herpes-zoster, impetigo e/ou carcinoma. A orientação do paciente é importante para o tratamento, na maioria dos casos os pacientes terão remissão espontânea com 10 dias; o uso de antiviróticos é recomendado; pode ser usado cremes de penciclovir ou aciclovir (antes do aparecimento da vesícula); em imunocomprometidos é necessário a administração sistêmica. Varicela-zoster (catapora) É decorrente de uma infecção primária, muito comum em crianças, sendo altamente contagiosa. Possui um período de incubação de 14 a 21 dias. Clinicamente, vê-se erupções cutâneas, febre, mal-estar, irritabilidade, anorexia, úlceras bucais e linfadenite cervical. O diagnóstico é feito com base clínica e a conduta é a orientação do paciente. Geralmente, o paciente tem remissão espontânea em 10 dias. O tratamento depende dos sintomas. Herpes- zoster (cobreiro) Sendo de incidência incomum, é uma recidiva do VZV, que ocorre em adultos e, principalmente, em idosos. Clinicamente, tem-se dor, erupção cutânea (em uma área inervada por um nervo sensitivo), ocorrendo em grande maioria na região toráxica, a erupção é unilateral (parando na linha média); as úlceras bucais podem ser observadas na mandíbula e maxila. O diagnóstico é clinico, embora seja importante o DH, por outras causas. O tratamento é feito com analgésicos; altas doses de aciclovir e pode ser feito corticoesteróides sistêmicos OBS.: nervralgia pós-herpética Pênfigo e penfigóide: https://bit.ly/PATORAL-dim Referências: SCULLY, C. Medicina oral e maxilofacial: bases do diagnóstico e tratamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. NEVILLE, B. W.; ALLEN, C. M.; DAMM, D. D.; et al. Patologia: Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. https://bit.ly/PATORAL-dim
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