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Julia Franco Fernandes - 3˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2022.1 - A hipertensão arterial sistêmica é uma patologia multifatorial, sendo uma doença crônica não transmissível caracterizada pela elevação persistente dos níveis pressóricos. (maior ou igual a 140mmHg na sistólica e 90mmHg na diastólica). A técnica correta é a medição, pelo menos, 2 vezes (em ocasiões diferentes) na ausência de medicamentos antihipertensivos. *MAPA: monitorização ambulatorial da pressão. *MRPA: monitorização residencial da pressão. - P o r s e t r a t a r d e u m a c o n d i ç ã o frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais e funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro e vasos. Ela é o principal fator de r i s c o m o d i f i c á v e l c o m a s s o c i a ç ã o independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares, doença renal crônica e morte prematura. A HA é mais comum entre os homens e influencia direta ou indiretamente em 50% dos casos de morte por doença cardiovascular no Brasil. Sendo esta, a principal causa de morte no país em 2013. Dentre os fatores de risco para a HA, deve-se destacar: idade elevada, etnia a f r o d e s c e n t e , e x c e s s o d e p e s o e sedentarismo, consumo de sal e bebida alcoólica, e nível socioeconômicos mais baixo. - A HA é influenciada por componentes genéticos, ambientais, vasculares, hormonais, neurais e renais. Quanto aos fatores genéticos, observa-se que a HA é poligênica, resultando da interação de fatores ambientais sobre determinados genes. Em relação aos fatores ambientais, observa-se que indivíduos que tem um maior consumo de sal são mais predispostos à HA, isso porque o sódio aumenta o volume plasmático, a pré-carga, e com isso, o débito cardíaco. - No que tange aos fatores vasculares, é importante avaliar que o óxido nítrico (NO) é um potente vasodilatador estimulado por fatores como: estiramento pulsátil, estresse de cisalhamento e alterações da pressão arterial. Em pacientes hipertensos observa-se uma menor vasodilatação mediada pelo endotélio (via ação de NO), e isso faz com que pacientes hipertensos tenham maior r e s p o s t a v a s o c o n s t r i t o r a q u e o s normotensos. Além desse, outros fatores influenciam vascularmente, que são o remodelamento vascular e rigidez arterial. Essas alterações são a remodelação eutrófica interna e rarefação na microcirculação, que atuam aumentando a r e s i s t ê n c i a v a s c u l a r , a a ç ã o vasoconstrictora e reduzem a capacidade de r e g u l a ç ã o d o f l u x o s a n g u í n e o . O remodelamento e enrijecimento promovem a reflexão de ondas de pressão, que levam ao aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso, e é a principal causa de HA em idosos. - Quanto a influência hormonal, o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) age promovendo vasoconstrição por ação direta, estimulação da síntese e liberação de aldosterona, estímulo de sede e liberação do antidiurético e aumento da reabsorção tubular de sódio. A ação desse sistema atua no remodelamento dos vasos de resistência e na promoção de lesão de órgãos-alvo em pacientes hipertensos. Além disso, a angiotensina II favorece o estresse oxidativo, que estimulam a inflamação, vasoconstrição, trombose e lesão vascular. E a aldosterona estimula a fibrose vascular e intersticial no coração. APG 02 Rotina de Pressão Julia Franco Fernandes - 3˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2022.1 - O sistema nervoso simpático está hiperativo e estimula o coração, rins e vasos periféricos, essa ação gera aumento do débito cardíaco, retenção de volume e aumento da resistência arterial periférica. Esse aumento da ação do sistema nervoso simpático, associado à elevação do SRAA levam a vasoconstrição renal, que é responsável pela isquemia tubular e inflação intersticial renal, e pela arteriolopatia pré-glomerular. Essas alterações causam maior retenção de sódio, por elevar reabsorção do mesmo e pela redução da sua filtração, o que resulta em aumento da pressão arterial. - São considerados hipertensos indivíduos cuja PAS é maior ou igual a 140mmHg e PAD maior ou igual a 90mmHg. √ Portadores de HA sistólica isolada: PAS maior ou igual a 140mmHg e PAD menor que 90mmHg. √ Portadores de HA diastólica isolada: PAS menor que 140mmHg e PAD maior ou igual a 90mmHg. - Fatores de risco do estilo de vida. Os hábitos de vida podem contribuir para o desenvolvimento de hipertensão como por exemplo: √ Alta ingestão de sal; √ Excessiva ingestão de calorias; √ Obesidade; √ Consumo excessivo de álcool; √ Baixa ingestão de potássio; √ Estresse; √ Tabagismo - *fator de risco independente e não primário; √ Dieta em alto teor de gorduras saturadas -*fator de risco independente e não primário; √ Colesterol alto - *fator de risco independente e não primário; - Lesões em Órgão alvo - A hipertensão primaria ou essencial ela é tipicamente assintomática, quando de fato surge algum sintoma e porque se decorre já a um longo período de hipertensão. - Geralmente a hipertensão predispõe a t o d a s a s p r i n c i p a i s d o e n ç a s cardiovasculares, pois, um aumento na pressão arterial aumenta a carga de trabalho do ventrículo esquerdo que concomitantemente irá aumentar o trabalho do coração gerando uma hipertrofia ventricular. A hipertensão pode gerar nefrosclerose que é uma doença renal crônica. - A hipertensão pode gerar uma aceleração no desenvolvimento de doenças renais como por exemplo a nefropatia diabética, logo, pessoas diabéticas precisam manter sua pressão a níveis normais. A hipertensão é uma das principais causas para AVE isquêmico e a hemorragia intracerebral. A hipertensão não só acelera a aterogênese, m a s t a m b é m p r o v o c a a l t e r a ç õ e s degenerativas nas paredes das artérias de médio e grande calibre, o que pode ocasionar na dissecação da aorta e h e m o r r a g i a s c e r e b r o v a s c u l a r . A hipertensão se associa a duas formas de doenças de pequenos vasos: Julia Franco Fernandes - 3˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2022.1 √ arteriosclerose hialina: nessa arteriosclerose a parede fica espessada devido ao aumento de deposição de material, causando um estreitamento luminal √ arteriosclerose hiperplásica: “em casca de cebola” causa uma obliteração luminal - Hipertensão do avental branco e mascarada: No diagnóstico da HA, são possíveis vários fenótipos. Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. Embora a prevalência varie entre os estudos, a HAB pode ser detectada em cerca de 15 a 19% dos indivíduos no consultório, alcançando 30 a 40% naqueles com PAelevadanoconsultório.É mais comum nos pacientes com HA estágio 1. A presença de LOA e o risco de eventos CV associados à HAB são menores do que na HS. No entanto, em comparação com a NV, a HAB está a s s o c i a d a a m a i o r a t i v i d a d e adrenérgica, maior prevalência de fatores de risco metabólicos, LOA mais f r e q u e n t e e m a i o r r i s c o p a r a desenvolver diabetes melito e progressão para HS e hipertrofia ventricular esquerda. Na HAB, os valores da PA fora do consultório tendem a ser mais altos do que na NV, o que pode explicar o aumento do risco a longo prazo de eventos CV. Assim como a HAB, a prevalência de HM pode variar bastante entre as populações. Contudo, de maneira geral, a HM pode ser detectada em cerca de 7 a 8% dos indivíduos no c o n s u l t ó r i o , p o d e n d o a t i n g i r aproximadamente 15% dos pacientes normotensos. Vários fatores podem elevar a PA fora do consultório com relação à PA do consultório, como idade avançada, sexo masculino, tabagismo, consumo de álcool,atividade física, HA induzida pelo exercício, ansiedade, estresse, obesidade, diabetes melito, doença renal crônica e história familiar de H A . A H M e s t á a s s o c i a d a à dislipidemia, à disglicemia, à LOA, à p r é - h i p e r t e n s ã o e àatividadeadrenérgicae aumenta o risco de desenvolver diabetes melito e HS. Metanálise de estudos prospectivos indicam que a incidência de eventos CV é cerca de duas vezes maior na HM do que na NV, sendo comparável à da HA. - F a t o r e s d e r i s c o d a H i p e r t e n s ã o arterial(explicado): I. Genética Os fatores genéticos podem influenciar os níveis de PA entre 30-50%. No entanto, devido à ampla diversidade de genes, às variantes genéticas e s t u d a d a s a t é o m o m e n t o e à miscigenação em nosso país, não foram identificados dados uniformes com relação a tal fator; II. Idade Com o envelhecimento, a PAS torna-se um problema mais significante, r e s u l t a n t e d o e n r i j e c i m e n t o progressivo e da perda de complacência das grandes artérias. Em torno de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam HA, e deve-se considerar a transição epidemiológica que o Brasil vem sofrendo, com um número ainda maior de idosos (≥ 60 anos) nas próximas décadas, o que acarretará um incremento substancial da prevalência de HA e de suas complicações; Julia Franco Fernandes - 3˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2022.1 III. Sexo Em faixas etárias mais jovens, a PA é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. Assim, na sexta década de vida, a PA entre as mulheres costuma ser mais elevada e a prevalência de HA, maior. Em ambos os sexos, a frequência de HA aumenta com a idade, alcançando 61,5% e 68,0% na faixa etária de 65 anos ou mais, em homens e mulheres, respectivamente; IV. Etnia A etnia é um fator de risco importante p a r a a H A , m a s c o n d i ç õ e s socioeconômicas e de hábitos de vida parecem ser fatores mais relevantes para as diferenças na prevalência da HA do que a implicação étnica propriamente dita.Dados do Vigitel 2018 mostraram que, em nosso país, não houve uma diferença significativa entre negros e brancos no que diz respeito à prevalência de HA (24,9% versus 24,2%); V. Sobrepeso/Obesidade Parece haver uma relação direta, contínua e quase linear entre o excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e os níveis de PA. Apesar de décadas de evidências inequívocas de que a circunferência de cintura (CC) fornece informações independentes e aditivas ao índice de massa corpórea (IMC) para predizer morbidade e risco de morte, tal medida não é rotineiramente realizada na prática clínica. Recomenda-se que os profissionais de saúde sejam treinados para realizar adequadamente essa simples medida e considerá-la como um importante “sinal vital” na prática clínica; VI. Ingestão de Sódio e Potássio A ingestão elevada de sódio tem-se mostrado um fator de risco para a elevação da PA, e consequentemente, da maior prevalência de HA. A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a DCV e AVE, quando a ingestão média é superior a 2g de sódio, o equivalente a 5g de sal de cozinha. Estudos de medida de excreção de sódio mostraram que naqueles com ingestão elevada de sódio, a PAS foi 4,5 mmHg a 6,0 mmHg maior e a PAD 2,3mmHg a 2,5mmHg em comparação com os que ingeriam as quantidades recomendadas de sódio. Cabe destacar, ainda, que o consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco modificáveis para a prevenção e o controle da HA e das DCV e que, em 2013, US$102 milhões dos gastos do SUS com hospitalizações foram atribuíveis ao consumo excessivo de sódio. De maneira inversa, o aumento na ingestão de potássio reduz os níveis pressóricos. Deve ser s a l i e n t a d o q u e o e f e i t o d a suplementação de potássio parece ser maior naqueles com ingestão elevada de sódio e entre os indivíduos da raça negra.A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres), enquanto a de potássio é de 2,7 g/dia para homens e 2,1 g/dia para mulheres; VII. Sedentarismo Há uma associação direta entre sedentarismo, elevação da PA e da HA. Chama a atenção que, em 2018, globalmente, a falta de atividade física (menos de 150 minutos de atividade física por semana ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana) era de 27,5%, com maior prevalência entre as mulheres (31,7%) do que nos homens (23,4%). No Brasil, o inquérito telefônico Vigitel de 2019 identificou que 44,8% dos adultos não alcançaram um nível suficiente de prática de atividade física, sendo esse percentual maior entre mulheres (52,2%) do que entre homens (36,1%); Julia Franco Fernandes - 3˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2022.1 VIII. Álcool O impacto da ingestão de álcool foi a v a l i a d o e m d i v e r s o s e s t u d o s epidemiológicos. Há maior prevalência de HA ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingeriam seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres; IX. Fatores Socioeconômicos Entre os fatores socioeconômicos, podemos destacar menor escolaridade e condições de habitação inadequadas, além da baixa renda familiar, como fatores de risco significativo.
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