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TEMA 08 - ALIMENTOS VEGETAIS PARTE I Componentes dos vegetais Pigmentos de origem vegetal Vegetais podem ser fontes de Carotenoides Clorofilas Betalaínas Flavonoides Quinonas Xantonas Taninos Outros Fatores que favorecem a síntese ou degradação dos pigmentos durante o amadurecimento de vegetais: Condições de estocagem Luz Temperatura Umidade Substâncias voláteis (ex. Etileno, produzido pelos vegetais) Alterações nos pigmentos durante o amadurecimento Etileno Exerce ação hormonal sobre os frutos Resulta na degradação da clorofila durante o amadurecimento vegetal, incluindo os tecidos dos frutos. Há síntese de novos pigmentos - nova cor desses frutos Influência em outros processos relacionados ao desenvolvimento vegetal Germinação Floração Queda das folhas Outros Frutos têm diferentes respostas ao etileno frutos climatéricos e não-climatéricos Climatério Representa o ápice do metabolismo dos frutos Após o período de climatério, o fruto tende à senescência (se torna envelhecido) Senescência: casca mais porosa, entrada de oxigênio, escurecimento enzimático da fruta No momento do climatério, o fruto está adequado para consumo Reúne todas as condições ótimas para que seja consumido Cor Doçura Textura Outros Fruto sensorialmente mais agradável e atrativo Está associado ao amadurecimento Por ocasião do climatério, o fruto se torna adequado ao consumo Frutos climatéricos Apresentam aumento da taxa respiratória após a colheita Podem ser colhidos, mesmo verdes, antes do climatério “Verdes”, textura mais firme, pouco dulçor Amadurece fora da planta (atinge o climatério) Continuarão à produzir etileno após a colheita Ex. Banana - mais representativo, estraga rapido pra caralho Frutos não-climatéricos Não produzem etileno após a colheita A taxa respiratória diminui ou não aumenta após a colheita Não são capazes de manter a mesma atividade metabólica que possuíam quando estavam no pé (ex. síntese de açúcares, síntese e degradação de pigmentos, etc) Climatéricos Não climatéricos Nome comum Nome científico Nome comum Nome científico Maçã Pyrus malus Figo Ficus carica Abacate Persea gratissima Limão Citrus limon Banana Musa sapientum Laranja Citrus sinensis Mamão Carica papaya Melão Curcumis melo Maracujá Passiflora edulis Abacaxi Ananas comosus Pêssego Prunus persica Morango Fragaria vesca Pêra Pyrus communis Cacau Theobroma cacao Tomate Lycopersicum esculentum Pepino Cucumis sativus Melancia Citrullus lanatus Uva Vitis vinifera Ação do etileno exógeno em frutos: Climatéricos Não climatéricos Acelera o processo de climatério em frutos colhidos antes desse período A taxa respiratória aumenta em função da concentração de etileno presente, acelerando o amadurecimento Quanto maior a quantidade de etileno exógeno, maior será a rapidez do amadurecimento Consequentemente, o metabolismo do fruto aumenta na presença do etileno exógeno Não há efeito sobre a taxa respiratória do fruto Quando o etileno exógeno é eliminado a taxa respiratória cessa imediatamente e o processo de amadurecimento é interrompido Clorofilas Pigmentos porfirínicos envolvidos na fotossíntese Principais pigmentos captadores de luz em vegetais verdes, algas (ex. Classe Chlorophyceae) e bactérias fotossintéticas (ex. filo Chlorobi) Presença nos alimentos: Principalmente nas forma “a” e “b”, na razão 3:1, aproximadamente Localizada nos cloroplastos dos vegetais, associada aos lipídios, lipoproteínas e carotenoides por ligações não covalentes Características físicas: Solúveis em solventes polares como Acetona Metanol Etanol Clorofilas Clorofila a C55H72O5N4Mg Clorofila b C55H70O6N4Mg Clorofila c1 C35H30O5N4Mg Clorofila c2 C35H28O5N4Mg Clorofila d C54H70O6N4Mg Características da composição das clorofilas: Forbídio: qualquer porfirina que contenha um resíduo de ácido propiônico. Nas clorofilas “a”, “b” e “d”, o ácido propiônico está esterificado a uma longa cadeia isoprenoide denominada fitol. Na ausência do fitol (clorofilas “a”, “b” e “d”) e do magnésio, é denominada feoforbídio Feoforbídio a: Feofitina: uma molécula de clorofila faltando o íon Mg2+ central Feofitina a: Clorofilídio: uma molécula de clorofila faltando o fitol (clorofilas “a”, “b” e “d”) Clorofilídio a: Estabilidade nos alimentos: Derivados da clorofila contendo magnésio (ex. clorofilídio): cor verde Derivados da clorofila ausentes de magnésio (ex. feofitina): cor marrom-oliva Tratamento térmico (branqueamento, esterilização): perda da cor verde (formação de feofitina e derivados). A degradação é maior emmeio ácido. A degradação tende a ser menor com o aumento do pH Vegetais desidratados: podem sofrer degradação e perda da cor desejável quando expostos à luz A degradação pela luz é menor em vegetais íntegros e frescos Irradiação gama: degradação da clorofila e das feofitinas Estudo de técnicas para a preservação da cor: Neutralização dos vegetais antes do tratamento térmico Favorecimento da complexação dos derivados da clorofila com outros metais (ex. Zn) Adição de Zn ao branqueamento (ex. 300 ppm) Carotenoides Vasto grupo de estruturas isoprenoides (derivadas do isopreno) Apresentam diferentes números, posições e configurações de duplas ligações conjugadas Família de mais de 600 pigmentos vegetais lipossolúveis Beare-Rogers et al. (2001) Isopreno β-Caroteno α-Caroteno β-Criptoxantina Zeaxantina Luteína Licopeno: Atividade pró-vitamina A: Apenas para os que apresentam anel tipo β não substituído (ex. β-caroteno, α-caroteno, β-criptoxantina) No organismo humano estas moléculas podem ser convertidas nas formas ativas da vitamina A (retinol, retinaldeído e ácido retinoico) O licopeno não é uma molécula pró-vitamina A pois não apresenta anel do tipo β A luteína e a zeaxantina não são pró-vitamina A pois apresentam substituições nos dois anéis Carotenoides Atividade pró-vitamina A de alguns carotenóides (tabela) Carotenóide Atividade (%) Fontes trans-β-caroteno 100 Alface, espinafre, cenoura, abóbora, melão, brócolis, uva, mamão, entre outros 9-cis-β-caroteno 38 13-cis-β-caroteno 53 trans- -caroteno 53 Abóbora, cenoura 13-cis- -caroteno 16 9-cis- -caroteno 13 trans-β-criptoxantina 57 Pimentão, laranja, melancia 9-cis-β-criptoxantina 27 15-cis-β-criptoxantina 42 Fontes: Krinsky & Johnson (2005); USDA (2005); Souza et al. (2008); Chandrika et al. (2009) Carotenoides Uma das formas de produção de vitamina A a partir do β-caroteno: β,β-caroteno 15,15’ dioxigenase Outros efeitos: Alguns estudos demonstraram atividade antioxidante in vivo Prevenção de doenças cardiovasculares β-caroteno: atividade antioxidante do em óleos Licopeno: redução do risco de câncer Fontes de licopeno: melancia, goiaba, tomate e mamão Luteína e Zeaxantina: atividade antioxidante ocular Fontes de luteína/zeaxantina: couve, espinafre, azeite de oliva, alface, brócolis, milho Betalaínas Betacianinas (vermelhos) Betaxantinas (amarelos) Existem como sais nos vacúolos das células de vegetais de algumas famílias da ordem Caryophillales Fontes: beterraba, amaranto Solúveis em água Amaranto Betalaínas Betacianinas – composição básica Ácido betalâmico Ciclo-dopa Betacianinas Betanina (glicosilada) Betanidina (aglicona) Amarantina (biglicosilada: glicose + ácido galacturônico) Betaxantinas – composição básica Ácido betalâmico Ciclo-dopa rompida ou ausente Vulgaxantina Indicaxantina Estabilidade Betanina e outras betalaínas: elevada estabilidade em pH 4,0 a 5,0 Betalaínas: estabilidade razoável em pH de 3,0 a 7,0 (portanto, pouco afetadas pelo pH) Em condições levemente alcalinas, a betanina é degradada em ácido betalâmico e ciclodopa-5-O- glicosídio Esta reação também ocorre, mas de modo mais lento, durante o aquecimento em soluções muito ácidas e durante o processamento térmico da beterraba Betalaínas Estabilidade Betanina em beterraba desidratada: maior estabilidade do pigmento em atividade de água igual a 0,12 (umidade = 2%) O2 : acelera a perda do pigmento. Quanto menor a concentração de O2 , menor a perda Luz: aceleraa oxidação Ácido ascórbico: melhora a estabilidade Cobre: reduz a eficiência do ácido ascórbico na proteção das betalaínas Antioxidantes fenólicos e bissulfitos: não protegem a cor Flavonoides Solúveis em água: Antocianinas/antocianidinas Flavanóis/proantocianidinas Flavonóis Flavonas Flavanonas Isoflavonas Biflavonilas Auronas Chalconas Estrutura da unidade C-3 central: Estrutura básica C6C3C6 Antocianidinas Ex. Pelargonidina Flavanóis Ex. Catequina Flavonóis Ex. Quercetina Flavonas Ex. Apigenina Flavanonas Ex. Naringenina Isoflavonas Ex. Genisteína Antocianinas Um dos pigmentos mais abundantemente distribuídos no reino vegetal Cores variadas entre vermelho, violeta e azul Ocorrência em alimentos: frutas vermelhas, uvas, rabanete, repolho roxo, entre outros A estrutura básica é o cátion flavilium R1 e R2 = -H, -OH, ou OCH3 R3 = -glicosil R4 = -H ou -glicosil Diferem, portanto, no número de hidroxilas e grupos metóxi presentes e no número, tipo e posição de açúcares ligados à molécula Ex. Glicocianidina Açúcares mais comuns: glicose, galactose, arabinose, xilose e dissacarídeos e trissacarídeos homogêneos ou heterogêneos formados por estes açúcares Ácidos alifáticos e/ou aromáticos (ex. cafeico, cumárico e ferúlico) podem estar ligados aos açúcares Antocianidinas: antocianinas sem o grupo glicosil (aglicona) Não são encontradas na forma livre Antocianidinas mais comuns em alimentos (como parte das antocianinas): Pelargonidina Cianidina Delfinidina Peonidina Petunidina Malvidina Mais azul Antocianidinas A cor das antocianinas e antocianidinas resulta da excitação da molécula pela luz visível A presença das duplas ligações é fundamental para a cor Quanto maior o número de substituições na molécula, mais intensa será a cor Estabilidade: Influenciada pelo pH, temperatura, ácido ascórbico, luz, presença de metais e O2 Também influenciada pelos componentes da molécula: grupos metila e glicosídios Maior com o aumento do número de glicosídios presentes Maior com o aumento do número de grupos metila Diminui com o aumento do número de hidroxilas Melhora em condições ácidas A estabilidade térmica é melhorada com o aumento da estabilidade ao pH A estabilidade térmica diminui com o aumento do número de hidroxilas e melhora com o aumento de grupos metila e glicosídios É aumentada, ao longo do armazenamento, com a remoção do O2 (uso de atmosferas de nitrogênio ou vácuo) Estudos demonstraram que possuem maior estabilidade em Aw de 0,6 a 0,8 Metais (ex. Ca, Fe, Al e Sn) podem se complexar às antocianinas e estabilizar a cor A oxidação do ácido ascórbico, e consequente formação de H2O2 , favorece a degradação das antocianinas A luz e outras formas de energia radiante aceleram a degradação das antocianinas. Glicosidases removem os glicosídios, implicando em perda da intensidade da cor ou descoloração São susceptíveis à ação das polifenoloxidases por reagirem com os o-difenóis e as o-quinonas, sendo posteriormente degradadas Proantocianidinas = Flavanóis Estruturas muito similares às antocianidinas mas não apresentam cor Podem ser convertidos em produtos coloridos durante o processamento do alimento Presentes em frutas, hortaliças, leguminosas, cacau, chá verde, vinho e Cerveja flavano-3,4-diol ( ex. leucoantocianidina) flavano-3-ol (estrutura básica) flavano-3-ol ( ex. catequina) Podem ocorrer como dímeros, trímeros ou polímeros (taninos condensados) São degradadas em compostos vermelhos-marrons na presença de ar ou luz Proantocianidinas diméricas são encontradas em maçãs, pêras, nozes de cola e outras frutas Proantocianidina Cianidina Epicatequina Provocam adstringência em alguns alimentos através de interação com proteínas Pêras, pêssegos e lichias: proantocianidinas na presença de calor, íons metálicos e condições ácidas podem ser convertidas em antocianidinas, adquirindo coloração rósea Responsáveis pela cor do suco de maçã A hidrólise de algumas proantocianidinas pode produzir antocianidinas (pelargonidinas, petunidinas ou delfinidinas) Grupo Alimentos Flavonóis Alho (quercetina mono e diglicosídios), chá (quercetina, quempferol), amora, tomate, outras frutas e hortaliças, ervas, vinho Flavonas Amora, hortaliças, ervas Flavanonas Grape fruit (naringina, neohesperidina), laranja lima (hesperidina, neohesperidina), limão e laranja pera (eriocitrina, neoeriocitrina), ameixa, amora, hortaliças Isoflavonas Soja (daidzina, genistina, daidzeína, genisteína), outras leguminosas, cereais Biflavonilas, auronas, chalconas Menos abundantes nos alimentos que os demais flavonóides Sivam (2002), Bravo & Mateos (2007) Outros flavonoides Flavonóis (amarelos): Flavonas (amarelos): Quempferol 3-hidroxiflavona Quercetina Miricetina Outros flavonoides Apigenina Luteolina Tricina Outros (amarelos): Chalconas Auronas (ex. aureusidina) Flavanonas (ex. naringenina) Isoflavona (ex.genisteína) Biflavonil (ex. amentoflavona) Outros flavonoides Normalmente, essas moléculas existem em uma forma glicosídica com glicose, ramnose, galactose, arabinose, xilose ou ácido glicurônico Outros flavonoides Naringina Hesperidina Rutina Quinonas Compostos fenólicos, com peso molecular variável: Monômeros (ex. 1,4-benzoquinona) Dímeros (ex. 1,4-naftaquinona) Trímeros (ex. 9,10-antraquinona) Polímeros (ex. hipericina) Propriedades: Pouco solúveis ou insolúveis em água Muitas apresentam gosto amargo 1,4-benzoquinona 1,4-naftaquinona 9,10-antraquinona hipericina juglona emodina Estabilidade: Alteração da cor em condições alcalinas e pela adição de grupos hidroxilas (estudos in vitro) Quinonas Propriedades: Em alimentos: colaboram com a cor amarela em laranjas e com a cor marrom em nozes e certos fungos Outros: cor marrom na madeira e líquens e também no reino animal (cor azul a vermelha em algumas espécies de equinodermes e artrópodes) Xantonas Pigmentos amarelos, pouco solúveis em água Exemplo: mangiferina, que ocorre como glicosídio em mangas Mangiferina Estrutura básica Taninos Compostos fenólicos que variam em estrutura e possuem a capacidade de se combinar com proteínas, polissacarídeos e outros polímeros Massa molar: 500 a 3000 g/mol Hidrossolúveis Coloração: incolor, amarelo, marrom Contribuem para a adstringência de alguns alimentos (ex. frutas) Grupos: Polímeros formados pela condensação de flavanos (taninos condensados) Polímeros dos ácidos gálico e elágico Taninos Representação esquemática da condensação de flavanos: Taninos Ácido gálico e tanino derivado: Ácido gÁcido gálico Ácido tânico ou galotânico Taninos Ácido elágico e tanino derivado: Ácido elágico Castalagina ou vescalagina
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