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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS Profª: Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo e Dra. Theides Batista Carneiro EFEITO DE TENDERIZAÇÃO DE CARNES PELAS ENZIMAS WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO TERESINA AGOSTO – 2022 WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO EFEITO DE TENDERIZAÇÃO DE CARNES PELAS ENZIMAS Estagiárias docentes: Anne Rafaele da Silva Marinho Carulina Cardoso Batista Dayane Dayse de Melo Costa Francisca Rayane Oliveira de Sousa TERESINA AGOSTO – 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4 METODOLOGIA.....................................................................................................................5 Materiais........................................................................................................................5 Métodos..........................................................................................................................5 RESULTADOS..........................................................................................................................7 DISCUSSÃO..............................................................................................................................8 CONCLUSÃO.........................................................................................................................10 REFERÊNCIAS........................................................................................................................11 ANEXO I...................................................................................................................................12 ANEXO I...................................................................................................................................13 4 INTRODUÇÃO As enzimas podem ser definidas como catalisadores orgânicos, de natureza proteica em sua maioria. Como todo catalisador, elas aceleram reações químicas que, normalmente, perdurariam por longos períodos. São parte importante humana, estando presentes em processos fundamentais, como a transcrição e replicação do DNA, síntese proteica e mecanismos metabólicos; também são importantíssimas nas indústrias, onde a otimização da produção é fundamental. São divididas de acordo com o tipo de reação que catalisam; nesse sentido, há seis tipos: oxidorredutases, transferases, hidrolases, liases, isomerases e ligases. (BELI; MAGESTE; TAKETANI, 2020, DENTI, 2021, ORLANDELLI; SPECIAN; FELBER; PAMPHILE) As enzimas são bastante ativas e versáteis, não demandam temperaturas altas ou valores extremos de pH. Os processos que envolvem esses compostos costumam ser simples, fáceis de controlar e com um ótimo custo-benefício. A produção de enzimas movimenta muito dinheiro todos os anos, sendo o setor de alimentos o que apresenta a maior demanda de uso industrial no mundo. (JUSTINA; JUSTINA; SKORONSKI, 2018, ORLANDELLI; SPECIAN; FELBER; PAMPHILE, 2012) Na área de processamento de produtos de origem animal, pode-se utilizar enzimas para diversos fins, sendo a maciez da carne um deles. Segundo Almeida (2018), a maciez é um dos principais atributos que os consumidores consideram como requisito de qualidade. No entanto, a textura final desse alimento apresenta muitas variáveis, tais como a idade do animal, tipo de feixes musculares, condições de abate, etc. Músculos com maior funcionalidade são mais ricos em colágeno e, portanto, menos macios. Esse colágeno precisa atingir temperaturas razoavelmente elevadas para se quebrar e se converter em gelatina; se obtém a maciez desejada, porém, pode haver perda de umidade e endurecimento das fibras, dependendo do corte em questão. As enzimas constituem uma alternativa a esse método, especificamente, as enzimas colagenolíticas, que tem poder tenderizante na carne. (ALMEIDA, 2018, OLIVO, 2017) Entre as opções mais facilmente acessíveis e saudáveis dessas enzimas amaciantes para o consumidor, estão a bromelina e a papaína, sendo esta extraída do mamão, e aquela do abacaxi. Amaciantes de carne sintéticos de baixo custo são bastante comuns no mercado, contudo, sua elevada carga de aditivos os torna contraindicados. (ALMEIDA, 2018, EVERS; DONATO; SANTOS, 2020) Assim, o objetivo das práticas aqui descritas foi verificar o efeito da tenderização de carnes pelas enzimas bromelina e papaína, através da análise de características organolépticas. 5 METODOLOGIA Materiais Fogão Faca Panelas Pratos Liquidificador Garfo Abacaxi Mamão verde Mamão maduro Folhas de mamão Bifes de carne bovina (acém, com 1,5cm - 2cm de espessura) Óleo Sal Métodos A prática aconteceu no Laboratório de Bromatologia e Bioquímica do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí. Para uma melhor eficiência das ações, a turma se dividiu em quatro grupos, cada um responsável por um processo. O grupo 1 executou o tratamento 1, amassando o abacaxi no gral e despejando o purê obtido sobre um dos bifes. O grupo 2 executou o tratamento 2, descascando e retirando as sementes do mamão maduro, cortando-o e amassando-o, para formar uma pasta, que foi despejada sobre um bife. O grupo 3 executou o tratamento 3, retirando as sementes do mamão verde, picando-o e processando-o no liquidificador, com uma quantidade de água suficiente apenas para formar a pasta, que também foi despejada sobre um dos bifes. O grupo 4 executou o tratamento 4, enrolando o bife em folhas de mamão. Fez-se, também, um controle, com um bife que não foi submetido a qualquer tratamento. (Anexo I) Os grupos concluíram seus tratamentos em momentos diferentes, de acordo com a disponibilidade de espaço e ferramentas oferecidas pelo laboratório. Cada um dos tratamentos durou 40 minutos e, após esse tempo, os bifes foram submetidos a cocção por calor seco com uma colher de sopa de óleo, durante dois minutos de cada lado, quatro minutos no total (Anexo II). Por fim, as carnes foram salgadas e picadas, e foi feita a análise sensorial. 6 A análise sensorial foi feita pelos próprios alunos, sendo avaliados os atributos cor, textura, aroma, sabor e aparência. 7 RESULTADOS Os resultados da análise sensorial tiveram semelhanças e diferenças, estas que foram compiladas na tabela abaixo. É importante destacar que o grupo controle, ou seja, o bife sem tratamento, foi utilizado como comparação para cada uma das outras carnes. Tabela 1. Análise sensorial dos bifes tratados e não tratado. Cor Textura Aroma Sabor Aparência T1 Clara Muito macia, aspecto levemente arenoso Fraco, adocicado Abrandado Carne pálida, sem cor apetitosa T2 Dourada clara Macia Comum à carne, um pouco adocicado Comum à carne, levemente caramelado Boa aparência T3 Dourada escura Macia Aroma comum intenso Sabor característico mais desenvolvido Ótima aparência T4 Clara Firme Comum à carne Sabor mais forte, de sangue Boa aparência C Marrom característica Levemente endurecida Comum à carne Comum à carne Boa aparência T1: bife com abacaxi T2: bife com mamão maduro T3: bife com mamão verde T4: bife enrolado na folha de mamão C: grupo controle, bife sem tratamento enzimático Por fim, cabe destacar, também, que alguns aspectos mencionados podem não estar ligados necessariamente ao tratamento das carnes. 8 DISCUSSÃO O amaciamento de carne bovina está consolidado na literaturacientífica. Existe uma necessidade de se atender aos desejos do consumidor e fornecer uma experiência completa ao se consumir um produto. Existe uma gama de possibilidades para se obter essa maciez, sendo a tenderização por enzimas apenas uma delas. No presente trabalho, observou-se uma maior performance da carne amaciada com mamãe verde, indo contra a performance da carne amaciada por abacaxi. (OLIVO, 2017) O abacaxi é fonte da enzima bromelina, nome dado ao conjunto de enzimas que possui atividade proteolíticas presente nos vegetais das famílias Bromeliaceae, da qual pertence o abacaxi. Possui um vasto uso na indústria, não só alimentícia, atuando em diversos processos e pode ser encontrada em diversas partes da planta. Essa baixa aceitabilidade da carne amaciada com essa enzima também foi encontrada por Evers, Donato e Santos (2021), num estudo semelhante ao proposto neste trabalho, embora essa rejeição tenha sido referenciada como uma consequência do cheiro residual do abacaxi na carne e não uma não aceitação maior à textura, conforme foi observado aqui. (RODRIGUES, 2021) Este cheiro residual pode estar ligado a outros compostos da fruta, o que não descarta a possibilidade de utilização industrial dessa enzima como amaciante, ou um tempero amaciante, dado que ela pode ser extraída de qualquer parte do abacaxi, reduzindo desperdícios e aumentando o consumo de produtos de origem natural. Vieira et al (2020) destacam que, no Brasil, 90% de subprodutos, como cascas e sementes, viram dejetos, no entanto, eles guardam substâncias de valor e sua utilização é de interesse ambiental e econômico, uma vez que pode gerar novos produtos e reduzir a quantidade de lixo industrial. A papaína é uma protease de origem vegetal extraída do látex do mamão que, conforme o nome sugere, hidrolisa proteínas miofibrilares e tecido conjuntivo. O processo de tenderização com a sua utilização pode ser feito antes mesmo do abate, embora o mais aceitável seja após o corte. A preferência maior pela carne amaciada com a enzima papaína também foi semelhante ao achado de Evers, Donato e Santos (2021). Um fator que pode justificar essa preferência é que solubilidade do colágeno e a força de cisalhamento que, em geral, apresenta-se menor, ou seja, ela amacia, mas preservando mais os componentes da carne e, por consequência, sua textura e sabor. Como o composto utilizado como amaciante provém do látex do vegetal e a concentração deste é diferente em cada parte, encontra-se, também, uma razão para os diferentes resultados observados com as diferentes partes e estágios de maturação do mamão. (LIMA, 2021) 9 Novamente, destaca-se se que a aceitação ou rejeição de uma amostra está relacionada com vários fatores, não apenas a utilização ou não de amaciantes. Entre esses fatores, estão preferências pessoais e diferentes percepções, pois nem todos conheciam esses amaciantes, o que revela a necessidade de disseminar mais informações sobre tenderizante naturais de carne, visando aumentar seu consumo e reduzir o uso de sintéticos (EVERS; DONATO; SANTOS, 2021) 10 CONCLUSÃO Através das práticas e análises aqui descritas, foi possível observar o efeito da tenderização de carnes pelas enzimas bromelina e papaína. Verificou-se uma percepção nas características organolépticas melhor na carne amaciada com mamão verde, tendo a papaína, portanto, uma performance melhor do que a bromelina. Ademais, foi apresentada a possiblidade de amaciamento de carnes sem o uso de substâncias sintéticas, o que contribui enormemente para a formação enquanto profissional responsável por orientar uma alimentação mais natural e livre de produtos ricos em aditivos e substâncias de potencial nocivo. Oferecer uma carne macia com custo baixo e livre de aditivos é fundamental para a saúde dos futuros pacientes. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Elizane Melo de. Produção e purificação de proteases de Aspergillus tamarii URM 4634 para aplicação no amaciamento de carnes. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia de Alimentos). Garanhuns, Pernambuco, 2018 BELI, C. M.; MAGESTE, J. M.; TAKETANI, N. F. BIOPROSPECÇÃO DE ENZIMAS PARA COSMÉTICA: SEU IMPACTO NA BIOTECNOLOGIA. Revista Ensaios Pioneiros, v. 3, n. 2, p. 10-24, 25 mar. 2020. DENTI, A. F. Tecnologia enzimática: classificação, imobilização, suportes e aplicações. Revista Perspectiva, v. 45, n. 171, p. 97-110, 13 out. 2021. EVERS, Gabriela Pereira; DONATO, Adriele; DOS SANTOS, Laís. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AMACIANTES CARNEOS NATURAIS (PAPAÍNA E BROMELINA) E SINTÉTICO. Revista Nutrir-ISSN 2358-2669, v. 1, n. 14, p. 15-28, 2021. JUSTINA, Marciel Dela; JUSTINA, Mariléia Buss Dela; SKORONSKI, Everton. O uso das enzimas na indústria de laticínios: uma breve revisão. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 73, n. 3, p. 172-184, 2018. LIMA, Juliana Lopes de. Efeito da marinação enzimática e ultrassom na qualidade de peito de frango amadeirado ‘wooden breast’. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, 2021. OLIVO, R. TENDERIZAÇÃO DE CARNE BOVINA. Uningá Review, [S. l.], v. 29, n. 1, 2017. Disponível em: https://revista.uninga.br/uningareviews/article/view/1922. Acesso em: 30 jul. 2022. ORLANDELLI, R. C.; SPECIAN, V.; FELBER, A. C.; PAMPHILE, J. A. ENZIMAS DE INTERESSE INDUSTRIAL: PRODUÇÃO POR FUNGOS E APLICAÇÕES. SaBios- Revista de Saúde e Biologia, [S. l.], v. 7, n. 3, 2012. Disponível em: https://revista2.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios/article/view/1346. Acesso em: 30 jul. 2022. RODRIGUES, VINICIUS DE ASSUNÇÃO; BORTOCAN, RENATO. EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA ENZIMA BROMELINA. Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Farmácia). Universidade de Uberaba, Uberaba-MG, 2021. VIEIRA, Lígia Moura et al. Bromelina extraída do abacaxi-uma revisão. Referências em Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-RRS-FESGO, v. 3, n. 2, 2020. 12 ANEXO I Imagem 1. Carne submetida ao tratamento com abacaxi (T1) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 2. Carne submetida ao tratamento com mamão maduro (T2) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 3. Carne submetida ao tratamento com mamão verde (T3) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 4. Carne submetida ao tratamento com folha de mamão (T4) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 5. Carne sem tratamento (C) Fonte: Autoria própria (2022) 13 ANEXO II Imagem 6. Carne submetida ao tratamento com abacaxi grelhada (T1) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 7. Carne submetida ao tratamento com mamão maduro grelhada (T2) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 8. Carne submetida ao tratamento com mamão verde grelhada (T3) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 9. Carne submetida ao tratamento com folha de mamão grelhada (T4) Fonte: Autoria própria (2022) Imagem 10. Carne sem tratamento grelhada (C) Fonte: Autoria própria (2022)
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