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Bases da Cirurgia Geral I

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Júlia Figueirêdo – HM VI 
BASES DA CIRURGIA GERAL I: 
ABORDAGEM AMBULATORIAL DE LESÕES 
DERMATOLÓGICAS COMUNS NO ADULTO: 
LESÕES NA EPIDERME OU DERME: 
QUERATOSE SEBORREICA: 
A queratose seborreica (“verruga senil”) é 
uma condição dermatológica benigna muito 
comum entre adultos, com frequência 
proporcional ao aumento da idade. 
As lesões podem ser únicas ou múltiplas, 
afetando todo o corpo, exceto mucosas, 
palma das mãos e sola dos pés. 
Observa-se, no entanto, maior 
acometimento em áreas expostas ao 
sol (face, pescoço e tronco). 
Ainda que não totalmente esclarecida, 
acredita-se que a etiologia do quadro esteja 
associada a mutações em genes 
reguladores do crescimento celular, 
principalmente de fibroblastos. 
Isso é fundamentado por meio de 
análises histológicas que revelam 
proliferação de células basais com 
áreas queratinizadas 
“incrustradas”. 
Clinicamente, esse tipo de lesão cursa com 
pápulas verrucosas hiperpigmentadas, 
com aparência cerosa e aderida. Dada sua 
coloração variável, pode ser confundida 
com lesões neoplásicas. 
 
Conjunto de lesões por queratose seborreica 
O tratamento é direcionado às 
manifestações sintomáticas ou que 
impliquem em dano estético relevante. As 
principais técnicas usadas são crioterapia, 
remoção por raspagem ou dermoabrasão. 
A crioterapia não é recomendada 
para indivíduos de pele muito 
pigmentada, pois pode levar à 
hipopigmentação após o 
procedimento. 
DERMATOFIBROMA: 
Os dermatofibromas (ou histiocitomas 
fibrosos benignos) são lesões nodulares 
mais comuns em mulheres, afetando 
principalmente os membros inferiores. 
A principal hipótese para o surgimento de 
tais lesões é uma reação inflamatória apôs 
traumas diversos do cotidiano, levando a 
uma expansão clonal desenfreada. 
Esses histiocitomas normalmente são 
isolados, com aparência de máculas 
hiperpigmentadas ou pápulas estreitas. 
A maioria dos casos é assintomática, 
mas alguns pacientes podem referir 
prurido ou dor local. 
 
Aparência típica de um dermatofibroma 
Durante a avaliação clínica desses achados, 
nota-se presença do sinal de Fitzpatrick, 
definido pela formação de uma ondulação 
central ao aplicar pressão lateral (pinçar) a 
lesão. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 
Dermatofibroma com sinal de Fitzpatrick positivo 
A remoção cirúrgica não é recomendada 
(exceto na presença de sintomas), pois a 
cicatriz formada pode ser mais aparente do 
que a lesão inicial. 
Pode haver regressão parcial ou 
total de forma espontânea. 
ACROCÓRDONS: 
Os acrocórdons, ou pólipos fibroepiteliais, 
são lesões dermatológicas bastante comuns, 
aumentando ainda mais sua prevalência com 
o avançar da idade. 
Seu aparecimento se dá principalmente em 
dobras de pele e regiões que sofrem muito 
atrito, como o pescoço, axila e a virilha. 
Quando presentes em grande 
quantidade podem estar associadas 
com hiperlipidemia, resistência à 
insulina ou hipertensão. 
As lesões têm formato de pequenas 
pápulas pedunculares, com a mesma 
coloração da pele. 
 
Três pólipos fibroepiteliais, evidenciando a 
localização próxima a áreas de fricção 
A tendência é de que sejam assintomáticas, 
mas podem sofrer irritações pelo contato 
com roupas e acessórios, ou trombose 
focal, levando ao surgimento de dor. 
Quando necessária, a remoção pode ser 
feita por excisão, raspagem ou crioterapia. 
LIPOMA: 
Os lipomas são tumores benignos comuns 
que se proliferam sob o tecido subcutâneo 
em áreas como o pescoço, tronco, ombros e 
extremidade, podendo ser isolados ou 
múltiplos. 
Ainda que possam surgir em qualquer 
faixa etária, há maior prevalência 
dentre adultos com > 50 anos. 
A conformação da lesão conta com um 
adipócito maduro envolto por uma 
cápsula fibrosa, sendo rara a evolução para 
malignidade. 
Fatores genéticos podem estar 
associados com o aparecimento dos 
lipomas, porém sabe-se também que 
há relação destes com obesidade e 
diabetes. 
Ao exame, os lipomas são macios, com 
textura macia e móveis à palpação. O 
crescimento costuma ser lento. 
 
Lipoma em região nucal 
A enucleação por incisão e a excisão 
cirúrgica são as principais formas de 
tratamento para o quadro. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
CISTOS EPIDERMOIDES: 
Os cistos epidermoides, também chamados 
de cistos sebáceos, representam a forma 
mais usual de cistos cutâneos, presentes 
principalmente na cabeça e na porção 
superior do tronco. 
Essas formações podem ser isoladas 
ou múltiplas, e surgem mais 
frequentemente em homens, desde a 
juventude até a meia-idade. 
Seu desenvolvimento se inicia na porção 
infundibular de folículos pilosos, 
normalmente após traumas locais. 
Assim, os cistos são preenchidos por 
resíduos de queratina, e cobertos 
por epitélio estratificado, com uma 
camada granular. 
A coloração dos cistos epidermoides 
costuma seguir o tom da pele ou ter fundo 
amarelado. São firmes e móveis, com um 
ponto central. 
Quando ocorre ruptura capsular, 
podem se tornar inflamados, sendo a 
secreção fétida um achado comum. 
 
Cisto epidermoides não inflamado, com destaque 
para o ponto central, mais escuro 
A excisão cirúrgica, quando desejada pelo 
paciente, deve ser feita de forma a remover 
toda a parede do cisto, prevenindo o 
ressurgimento da lesão. 
Se houver inflamação local, o 
tratamento se inicia com drenagem e 
antibioticoterapia, com nova 
avaliação após 2 meses. 
NEUROFIBROMA: 
Os neurofibromas são tumores benignos 
de origem neuromesenquimal que podem 
surgir em qualquer faixa etária, 
principalmente de forma isolada. 
Quando presentes em abundância, 
sugerem diagnóstico de 
neurofibromatose tipo 1, desordem 
caracterizada por mutações na 
neurofibromina, que modula o 
crescimento celular. 
Ao exame, os neurofibromas costumam se 
apresentar como pápulas ou nódulos 
rosados ou no próprio tom da pele, sendo 
macios e compressíveis. 
Pode haver sinal de Tinel positivo, 
no qual a percussão da lesão causa 
formigamento sob a região inervada 
pelo segmento afetado. 
 
Exemplo de lesão nodular neurofibromatosa 
A excisão representa o tratamento de 
escolha para aquelas tumorações que sejam 
sintomáticas ou causem incômodo 
estético. 
Ressonâncias magnéticas podem ser 
usadas como forma de monitorar e detectar 
precocemente sinais de evolução maligna 
em tumorações plexiforme (maior extensão). 
XANTELASMA PALPEBRAL: 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
São lesões ricas em colesterol achadas 
com frequência em adultos com mais de 50 
anos, sugerindo a presença de 
hiperlipidemia. 
Representam um fator de risco 
independente para eventos 
cardíacos isquêmicos. 
Estas manifestações são assintomáticas, 
detectáveis ao exame como placas ou 
pápulas amarelo-alaranjadas, 
normalmente na região medial da pálpebra. 
Exames laboratoriais são 
recomendados para o rastreio de 
desordens metabólicas. 
 
Apresentação típica do xantelasma 
O tratamento por excisão é reservado para 
casos onde há preocupação cosmética 
excessiva. Ainda que necessário, o controle 
da hiperlipidemia é ineficaz para a regressão 
das lesões. 
É possível fazer uso de técnicas a 
laser ou crioterapia, porém podem 
causar mudanças na pigmentação 
local. 
LESÕES QUE ACOMETEM AS UNHAS: 
A onicocriptose pode ser definida como a 
penetração da borda de uma unha na pele 
adjacente a ela, recebendo também o nome 
de “unha encravada”. 
Normalmente acomete o primeiro 
dedo do pé, mais susceptível a 
alterações da pressão exercida sobre 
a unha. 
As principais causas para esse fenômeno 
são o uso de sapatos apertados, traumas 
locais (geralmente associados ao exercício), 
uso de meias apertadas ou até mesmo pelo 
cuidado incorreto com as unhas. 
Esse processo cursa com dor, edema e 
vermelhidão nos cantos das unhas 
acometidas, podendo haver secreção de 
pus, principalmente na presença de 
infecções secundárias. 
 
Quadro de onicocriptose comsinais de inflamação 
local (eritema na base ungueal) 
Há, no entanto, a possibilidade do quadro se 
agravar por meio da formação de um 
granuloma piogênico, que, além de 
provocar dor intensa, pode levar à 
deformação do dedo afetado e causar 
dificuldade para deambular. 
 
Presença de granuloma (sinais flogísticos intensos) 
em uma unha encravada 
Caso o problema seja detectado na fase 
inicial, podem ser usados chumaços de 
algodão para separar a espícula (ponta da 
unha) da pele, ou banhos de imersão com 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
solução antisséptica, de forma a reduzir a 
inflamação. 
O manejo de formas complicadas, por sua 
vez, requer a aplicação de medicamentos 
tópicos, como ácidos e antibióticos, ou até 
mesmo cirurgia (onicoplastia), com 
remoção apenas do segmento 
“encravado”, na maioria dos casos. 
 
Onicoplastia, com fenolização do segmento removido 
para impedir o crescimento da unha no local 
A paroníquia, por sua vez, se refere à 
infecção dos tecidos da borda ungueal, 
majoritariamente de forma aguda, e causada 
por Sthaphylococcus aureus ou 
estreptococos. 
Clinicamente, esse quadro cursa com dor, 
edema, eritema e calor local, podendo 
também haver secreção de pus na porção 
lateral da unha. 
A inflamação pode se disseminar 
para a polpa dos dedos, causando 
abaulamento, ainda que não atinja 
tecidos muito profundos. 
 
Paroníquia aguda (difere da onicocriptose pois a 
inflamação não acomete a unha) 
O manejo conta com a aplicação de 
compressas quentes e úmidas, bem como 
antibioticoterapia oral com cobertura para 
estafilococos (cefalexina ou clindamicina, 
geralmente). 
Quando há coleções purulentas visíveis, 
deve ser indicada a drenagem da área, com 
uso de uma pinça de Freer, pinça 
hemostática ou lâmina de bisturi entre a 
unha e a dobra cutânea, sem necessidade 
de incisões. 
A colocação de uma capada de gaze 
por um a dois dias após o 
procedimento pode favorecer a 
drenagem espontânea. 
 
Exemplo de movimentos para estimulação da 
drenagem de pus na paroníquia 
HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL: 
As hérnias podem ser definidas como 
protrusão indevida de um órgão ou tecido 
em decorrência defeitos ou fragilidades em 
suas paredes adjacentes (ex.: ausência de 
músculo estriado). 
No caso de alterações da parede abdominal, 
as apresentações podem ser herniação 
inguinal (direta ou indireta), femoral, 
umbilical e incisional. 
É necessário destacar a formação do 
saco herniário, que abriga a 
dilatação do peritônio e das vísceras. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 
Principais tipos e localizações de hérnias de parede 
abdominal 
 
 
 
 
Além das formas típicas, também podem ser 
observadas hérnias especiais, envolvendo 
estruturas e locais pouco usuais, podendo 
ser exemplificadas por: 
 Hérnia de Amyad: conta com a presença 
do apêndice cecal no saco herniário 
inguinal; 
 Hérnia de Garengot: o apêndice cecal 
se encontra no saco herniário femoral; 
 Hérnia de Littré: representa qualquer 
herniação que contenha o divertículo de 
Meckel; 
 Hérnia de Richter: há isquemia da 
borda anti-mesentérica, sem oclusão 
intestinal; 
 Hérnia de Spiegel: é a hérnia que ocorre 
na linha semilunar; 
 
Localização anatômica da hérnia de Spiegel 
 Hérnias lombares (Grynfelt e Petit): 
afetam, respectivamente, os trígono 
lombares inferior e superior. 
 
Localização anatômica das hérnias de Grynfelt e 
Petit 
De modo geral, homens são mais 
acometidos por esse fenômeno, ainda que a 
prevalência feminina seja maior em hérnias 
femorais e umbilicais. 
Os principais fatores de risco associados às 
herniações são histórico familiar positivo, 
idade avançada, distúrbios do colágeno, 
tabagismo e distúrbios que levem ao 
aumento da pressão intra-abdominal. 
No caso de hérnias incisionais, infecção da 
ferida operatória, uso de corticoides, 
obesidade e desnutrição também se 
destacam como agravantes. 
Nota-se, contudo, que a obesidade é 
um fator protetor para as demais 
hérnias funcionais, pois o panículo 
adiposo pode criar uma camada que 
contenha o abaulamento estrutural. 
A classificação de Nyhus permite a divisão 
das hérnias em quatro tipos, que podem 
auxiliar a definir com maior precisão o 
diagnóstico e as condutas necessárias, a 
saber: 
 I: indireta, com anel inguinal interno de 
tamanho e estrutura normais; 
 II: indireta, com anel inguinal interno 
alargado; 
Os segmentos mais susceptíveis a 
herniações na parede abdominal são o 
trígono de Hasselbach (h. inguinal 
direta), canal inguinal (h. inguinal 
indireta), e o canal femoral (h. femoral) 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 III: presença de fraqueza da parede 
posterior; 
o A: apenas direta; 
o B: indireta, com anel inguinal interno 
alargado e distorcido; 
o C: crural (femoral). 
 IV: hérnias recorrentes. 
o A: direta; 
o B: indireta; 
o C: crural (femoral); 
o D: qualquer combinação das três. 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO: 
A principal queixa em pacientes com 
herniações é o abaulamento local, que se 
destaca principalmente em momentos onde 
é exercida grande pressão sobre o 
abdome (ex.: carregar peso). 
À exceção desse achado, normalmente o 
quadro é oligossintomático, podendo haver 
menção a sensação de peso na área 
herniada. 
A dor intensa é um sinal sugestivo de 
complicações, como o 
encarceramento ou estrangulamento 
de vísceras. 
Assim, é evidente que o diagnóstico de 
hérnias de parede abdominal é clínico, 
baseado em pontos importantes durante a 
anamnese, na palpação e em manobras 
positivas ao exame físico. 
A ultrassonografia e outros exames 
de imagem podem ser empregados 
em caso de casos complexos ou de 
dúvida diagnóstica. 
A técnica mais comum é a manobra de 
Valsalva (elevação forçada da pressão no 
abdome), que pode ser amparada pela 
manobra de Landvar (oclusão do anel 
inguinal interno). 
Caso haja abaulamento, a hérnia 
inguinal é direta, uma vez que o ponto 
de saída típico está obstruído. 
 
Comparação da manobra de Landvar entre 
uma hérnia direta e uma indireta 
Durante a avaliação, é necessário observar 
se o conteúdo herniado pode ou não se 
exteriorizar e retornar à normalidade a 
partir do anel herniário. 
Caso isso seja possível, a hérnia é redutível. 
Do contrário, é denominada como 
encarcerada (impossibilidade de retorno 
pois as vísceras estão presas ao anel), ainda 
podendo ser comprimida com auxílio dos 
dedos, 
As herniações encarceradas podem 
ainda sofrer estrangulamento, 
comprometendo a circulação local e 
podendo levar à necrose das áreas 
“presas”. 
 
Representação das hérnias de acordo com sua 
capacidade de retorno ao compartimento abdominal 
Alguns diagnósticos diferenciais que 
devem ser considerados são: 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 Hérnias inguinais: 
o Varicocele; 
o Hidrocele; 
o Testículo ectópico; 
o Adenomegalia inguinal. 
 Hérnias umbilicais: 
o Diástase do M. reto abdominal 
(ausência de ruptura da linha alba). 
ABORDAGEM TERAPÊUTICA NA CIRURGIA: 
A escolha terapêutica se dá a partir da 
determinação da apresentação da hérnia. 
Nos casos em que ela se encontre redutível, 
é possível direcionar o paciente ao watchful 
waiting (acompanhamento da evolução) ou 
para operações eletivas. 
Para as hérnias encarceradas nação 
complicadas, inicialmente se tenta a 
redução clínica acompanhada por 
analgésicos e relaxantes musculares, 
como uma forma de “ganhar tempo” para um 
procedimento eletivo. 
ATENÇÃO: hérnias estranguladas 
NÃO devem ser reduzidas, sendo 
necessária uma cirurgia de urgência. 
Houve uma grande evolução no campo 
cirúrgico no que se refere à correção de 
hérnias da parede abdominal. As principais 
técnicas já usadas são: 
 Bassini: consistia na sutura entre os 
tendões contínuo e inguinal, com tensão 
elevada (favorece recidivas); 
 Mc Vay: utilizava a sutura do tendão 
conjunto ao ligamento pectíneo, 
permitindoreparos na região femoral 
(recidivas ainda comuns); 
 Shouldice: baseada na sutura das 
camadas da parede abdominal uma 
sobre a outra (imbricamento de 
camadas), com menor índice de 
recorrência; 
 
Sobreposição de camadas na técnica corretiva de 
Shouldice 
 Lichtestein: é a técnica “padrão-ouro” 
atualmente, utilizando uma tela com 
baixa tensão para a correção de hérnias 
inguinais. 
 
Representação da técnica de Lichtestein 
Para a resolução de hérnias femorais, o 
tratamento irá empregar ou a técnica de Mc 
Vay o plug femoral (dispositivo que 
preenche o canal femoral), ou a 
laparoscopia para cobertura telada. 
Hérnias umbilicais, epigástricas e 
incisionais são todas corrigidas por 
meio de telas sem tensão, aplicadas 
após ressecção total do saco 
herniário. 
Por fim, há duas técnicas de operação por 
laparoscopia, a TEP (totalmente extra-
peritoneal), e a TAPP (trans-abdominal pré-
peritoneal). 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
A diferença entre elas reside na 
penetração ou não da cavidade 
abdominal. 
 
Comparação entre as técnicas de correção de 
hérnias por laparoscopia 
No que se refere às complicações 
cirúrgicas, destacam-se infecção da área 
de incisão, sangramentos, lesão de nervos 
e orquite isquêmica. 
Por ser um agente externo reativo, a 
tela pode dificultar o manejo de 
infecções (antibioticoterapia 
inacessível), podendo ser 
recomendada sua remoção. 
ABORDAGEM DIAGNÓSTICO-CIRÚRGICA EM 
COLELITÍASE: 
A vesícula biliar representa o principal local 
de acúmulo dessas formações, sendo os 
acometimentos ductais resultantes da 
migração calculosa originada dessa região. 
Não há, no entanto, impeditivo para a 
formação de cálculos nos ductos que 
conduzem a bile, situação 
principalmente em quadros de estase 
biliar ou infecções. 
De modo geral, os cálculos podem ser 
divididos quanto a sua composição, como 
de colesterol ou pigmentares. Ainda que 
possam ser puros, a maioria tem formação 
mista, com concentrações variadas de cada 
componente. 
 
Cálculos biliares puros formados por colesterol (fila 
superior) e formações mistas (fila inferior) 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO: 
Na maioria das situações, a litíase vesicular 
é diagnosticada de forma incidental 
durante uma ultrassonografia de abdome, 
sem que houvesse a presença de sinais ou 
sintomas sugestivos, e parâmetros 
laboratoriais normais. 
Esse achado apresenta baixo risco de 
desenvolvimento de complicações, com 
apenas 20% dos casos resultando em 
sintomas após 20 anos. 
A colecistolitíase sintomática, no entanto, 
tem evolução vem mais agressiva, marcada 
pela dor/cólica biliar (epigástrio ou 
hipocôndrio direito), intensa e intermitente. 
Náuseas e vômitos também são 
sintomas frequentes em pacientes 
com litíase biliar. 
Caso esse quadro tenha duração > 6h, é 
possível suspeitar de complicações, como 
colecistite. 
O exame de imagem mais utilizado para o 
diagnóstico de litíase biliar é a 
ultrassonografia de abdome, uma vez que 
outros métodos acessíveis, como a 
radiografia, apresentam baixa sensibilidade 
e especificidade. 
São identificados cálculos de até 
2mm, que se mostram como imagens 
ecogênicas móveis com formação 
de sombra acústica posterior. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 
Presença de cálculos em vesícula biliar com 
formação de sombra acústica à USG 
Quando a USG não pode ser utilizada, um 
método alternativo é a colecistografia oral, 
empregada apenas para indivíduos com 
possibilidade de sucesso na terapia de 
dissolução oral, de forma a avaliar a 
patência do ducto cístico. 
 
Radiografia obtida em diferentes incidências, 
associada à colecistografia oral 
Também pode ser empregada a 
ultrassonografia endoscópica (CPRE) ou 
a colangiopancreatografia por 
ressonância magnética (CPRNM), capazes 
de visualizar a vesícula mesmo com alças 
intestinais repletas de gás, podendo também 
excluir a possibilidade de coledocolitíase. 
A CPRE permite a realização de 
procedimentos terapêuticos, ao 
passo que a CPRNM tem função 
apenas diagnóstica. 
 
Coledocolitíase em porção distal do ducto em CPRE 
Na análise laboratorial desses pacientes, a 
presença de elevação da fosfatase alcalina 
ou da amilase são sugestivos da ocorrência 
simultânea de coledocolitíase. 
TRATAMENTO E COMPLICAÇÕES: 
O tratamento da litíase biliar 
assintomática normalmente não é 
indicado, pois o risco para desenvolvimento 
de complicações é muito baixo. 
No entanto, a colecistectomia 
profilática pode ser recomendada a 
grupos mais vulneráveis, como 
crianças, obesos pré-gastroplastia 
redutora e pacientes com alto risco 
para câncer biliar. 
O manejo da colecistolitíase sintomática, 
por sua vez, é direcionado principalmente 
para a realização de colecistectomia 
videolaparoscópica, que apresenta 
capacidade curativa na maioria dos casos, 
além de apresentar menor tempo de 
recuperação do que sua versão 
laparoscópica. 
Alguns pacientes podem ser submetidos a 
tratamentos não cirúrgicos, como a 
dissolução oral (redutor da secreção de 
colesterol e antinucleação) e a litotripsia 
extracorpórea por ondas de choque. 
O tratamento deve ser mantido com 
doses diárias até que duas USG 
consecutivas (com intervalo de um 
mês entre elas) indiquem ausência 
de litíase. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
A litotripsia, por sua vez, pode ser utilizada 
como método acessório na terapia de 
dissolução oral, estimulando a 
fragmentação de cálculos em partículas 
menores. No entanto, seu uso vem decaindo 
em decorrência do elevado índice de 
recorrência para litíase. 
 
Algoritmo para a escolha terapêutica em pacientes 
com litíase biliar 
As complicações da litíase biliar são 
bastante comuns, podendo inclusive ser o 
primeiro sinal do quadro. As manifestações 
mais frequentes são a colecistite aguda, 
pancreatite e colangite. 
Ressalta-se que o tratamento da 
colangite é frequentemente clínico, 
por meio de antibioticoterapia 
empírica, ao passo que aqueles com 
apresentação supurativa necessitam 
de intervenção urgente para 
descompressão. 
 
Mecanismo fisiopatológico da litíase biliar associado 
às complicações mais comuns decorrentes do 
quadro 
Uma importante complicação, ainda que 
menos comum, é a síndrome de Mirizzi, na 
qual um cálculo impactado no ducto 
cístico ou no colo da vesícula biliar provoca 
obstrução mecânica do ducto hepático 
comum. 
Os sintomas mais frequentes são dor 
abdominal, febre e icterícia (tríade 
de Charcot), podendo estar presentes 
vômitos, colúria, acolia fecal e 
prurido. 
 
Impactação de cálculo biliar no duodeno como 
desencadeador da Síndrome de Mirizzi 
Esse processo pode ser estratificado pela 
classificação de Csendes, a saber: 
 Tipo I: compressão extrínseca do ducto 
colédoco ou ducto hepático como 
resultado de um cálculo impactado no 
ducto cístico ou no infundíbulo da 
vesícula; 
 Tipo II: formação de uma fístula 
colecistobiliar com diâmetro inferior a 
1/3 do ducto obstruído; 
 Tipo III: a fístula passa a assumir 
tamanho inferior a 2/3 da circunferência 
do ducto afetado; 
 Tipo IV: há expansão para toda a área 
ductal; 
 Tipo V: é um agravante de qualquer 
apresentação acima, definido pela 
formação de fístulas 
colecistoentéricas. 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 
Representação esquemática da evolução da 
síndrome de Mirizzi 
Normalmente o tratamento da síndrome de 
Mirizzi é cirúrgico, com a abordagem 
escolhida dependendo da classificação de 
Csendes do paciente. 
A via laparoscópica pode ser usada 
na colecistectomia com (tipo II) ou 
sem (tipo I) fechamento da fístula, 
ao passo que, na presença de fístula 
colecisto-coledociana (tipos II, III e 
IV), a laparotomia é obrigatória, 
seguida pela drenagem biliar. 
 
 
Júlia Figueirêdo – HM VI 
 
Avaliação da severidade de quadros de colecistite e colangite de acordo com os guidelines Tokyo 2018 
(consideram-separâmetros clínicos e laboratoriais para essa classificação)

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