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1 CLÍNICA CIRÚRGICA – ABDOME AGUDO| Anna Clara Faria Duarte DEFINIÇÃO Doença que acomete algum órgão da cavidade abdominal subitamente. • Distúrbio agudo, súbito e espontâneo • Principal manifestação: dor • Geralmente requer tratamento cirúrgico • Acomete qualquer faixa etária Diagnóstico precoce = diminuição da morbimortalidade QUADRANTES ABDOMINAIS Quadrante superior direito: lobo direito fígado, vesícula biliar, piloro, duodeno, cabeça do pâncreas, flexura hepática do cólon, partes do cólon ascendente e transverso. Quadrante superior esquerdo: lobo esquerdo do fígado, estômago, corpo do pâncreas, flexura esplênica do cólon, partes do cólos transverso e descendente Quadrante inferior direito: parte do cólon ascendente, ceco e apêndice Quadrante inferior esquerdo: cólon sigmoide, parte do cólon descendente. FISIOPATOLOGIA DOR SOMÁTICA OU PARIETAL Origem: peritônio parietal Dor: constante, fixa e se acentua com os movimentos Paciente: imóvel Peritonite DOR VISCERAL Origem: distençãio ou contração de víscerar ocas Dor: tipo cólica Localização: imprecisa Paciente: movimenta-se constantemente DOR REFERIDA OU IRRADIADA Origem: intra-abdominal Localização: Manifesta-se em área anatomicamente distante (compartilha os mesmos nervos) CASO CLÍNICO Homem, 55 anos, com dor abdominal no hipogástrio há 3 dias, com piora progressiva. Há um dia a dor localizou-se na fossa ilíaca esquerda. Refere febre, náuseas e três episódios de diarreia amarelada com sangue. EXAME FÍSICO FC: 112bpm Tax: 38ºC PA: 150 x 90 mmHg O abdome é flácido, plano, doloroso à palpação na FIE com descompressão brusca no mesmo local. Dor à descompressão brusca = irritação peritoneal. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA Sindrômico (quadro clínico geral): Abdome agudo Etiológico (causa do quadro): Abdome agudo inflamatório por diverticulite. TIPO DE DOR A dor no hipogástrio é consequente a dor visceral. A dor a descompressão brusca dolorosa é consequente a dor parietal. ANAMNESE 2 CLÍNICA CIRÚRGICA – ABDOME AGUDO| Anna Clara Faria Duarte IDENTIFICAÇÃO • Sexo • Idade • Procedência • Medicações associadas (analgesia pode mascarar a dor, pode ser a causa, pode contraindicar uma cirurgia) HMA DOR ABDOMINAL • Tipo de dor • Início • Intensidade • Irradiação VÔMITOS • Relação dos vômitos com o início da dor • Frequência • Tipo de vômitos (alimentar, fecalóide) • Início (começou antes ou depois da dor abdominal) • Associação (vômito acontece devido a dor intensa?) REVISÃO DE SISTEMAS SINTOMAS GERAIS: febre e icterícia FUNÇÃO INTESTINAL: acolia, colúria, hematoquezia, melena e eliminação de flatos e fezes *Parou de eliminar = obstrução FUNÇÃO GÁSTRICA: êmese e hematêmese FUNÇÃO URINÁRIA: importante avaliar por infecção urinária pode causar dor abdominal e apendicite pode causar alterações urinárias ÓRGÃO SEXUAL FEMININO: metrorragia, dismenorréia HISTÓRIA FISIOLÓGICA HISTÓRIA GINECOLÓGICA: Data da última menstruação, regularidade. EXAME FÍSICO ABDOMINAL INSPEÇÃO: distensão, cicatrizes, equimose, região inguinocrural, face anterior do tórax AUSCULTA: RHA (presente, ausentes, ruídos metálicos) > normal: 5-34 em 1 minuto (ausentes: distensão, obstrução; aumentados: diarreia, JECA) PERCURSSÃO: dolorosa e diferenciação se distensão gasosa ou líquida PALPAÇÃO: massas, visceromegalia, sinais de irritação peritoneal TOQUE RETAL *Nem sempre faz toque retal • Sensibilidade • Presença de fezes na ampola • Presença de sangue • Tumores TOQUE VAGINAL • Abaulamentos • Abcesso pélvico • Gravidez ectópica • Neoplasias EXAMES COMPLEMENTARES LABORATORIAIS (OBRIGATÓRIOS): Hemograma, amilase, EAS e BetaHCG IMAGEM (NÃO OBRIGATÓRIOS): RX de abdome agudo (3 incidências: PA, AP e tórax PA > em pé, deitado e tórax – para investigar pneumoperitôneo; se não puder em pé: decúbito lateral direito com raios horizontais), USG de abdome total (pede em caso de dúvida diagnóstica) e TC de abdome total com/sem contraste (contraindicações contraste: alergia, insuficiência renal) Tipos de contraste: endovenoso, oral (vê onde está a obstrução) e retal (suspeita de neoplasia baixa) CLASSIFICAÇÃO • Inflamatório • Perfurativo • Hemorrágico • Obstrutivo • Vascular/ isquêmico 3 CLÍNICA CIRÚRGICA – ABDOME AGUDO| Anna Clara Faria Duarte INFLAMATÓRIO Dor abdominal: localizada Tempo de história: 12 – 36h Parada de gases e fezes: + Vômitos: ++ Febre: +++ PERFURATIVO Dor abdominal: súbita e forte Tempo de história: < 12h Parada de gases e fezes: +++ Vômitos: + Febre: + OBSTRUTIVO Dor abdominal: cólica Tempo de história: 24 - 72h Parada de gases e fezes: ++++ Vômitos: ++++ Febre: + HEMORRÁGICO Dor abdominal: súbita e fraca Tempo de história: <6h Parada de gases e fezes: + Vômitos: + Febre: + ISQUÊMICO Dor abdominal: vascular Tempo de história: 6h a 7 dias Parada de gases e fezes: +++ Vômitos: ++ Febre: + ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO Mais comum: apendicite • Dor insidiosa e com piora progressiva • Febre • Peritonite localizada ou difusa • Náuseas e vômitos (não é sempre que tem) • Mal estar geral CASO CLÍNICO KLD, 27 anos, sexo masculino, pintor, relata dor abdominal difusa, que posteriormente localizou-se na fossa ilíaca direita. Informa náuseas e vômitos e nega febre. Exames laboratoriais mostram série vermelha normal com 9.500 leucócitos/mmm³. PCR de 54 e a USG não visualizou o apêndice. ➢ A não visualização do apêndice não elimina a chance de ser apendicite aguda (pode ser retroperitoneal, por exemplo) ➢ A ausência de leucocitose não exclui o diagnóstico de apendicite aguda
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