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Crises epilépticas Epilepsia Ocorre em alterações intracranianas e extracranianas. Crise epiléptica X Convulsão Convulsão é um evento repentino, catastrófico, de curta duração e transitório. Crise epiléptica é a manifestação clínica de atividade elétrica excessiva e/ou hipersincrônica do córtex cerebral. Pode ocorrer por inadequação da inibição neuronal causando movimentos motores, viscerais e psíquicos alterados. Focal/parcial: Sinais motores presentes, consciência normal ou levemente alterada. Depende do local da lesão, os pacientes podem ter alucinações (observadas no comportamento, ex. Perseguir ao que não existe). Generalizada: Sinais motores simétricos, alterações de consciência, SNA acometido, tônico- clônico (músculos enrijecem e amolecem), varia de intensidade e pode levar a parada respiratória Classificação epilepsias: Isolada: Poucas convulsões durante a vida que duram segundos-minutos. Cluster: Mais de duas convulsões dentro de 24 horas. Estado epiléptico: Apresenta convulsões sustentadas (>5 minutos) ou seriadas. Epilepsia: Apresenta convulsões recorrentes, mais de duas dentro de 1 mês. ATENÇÃO!!! Diferenciar crises epilepticas atônicas de síncopes. Algumas crises podem começar focais com generalização secundária. Fases da epilepsia 1. Pródromo: Ocorre alterações comportamentais que precedem a convulsão (ex. Andar de um lado para o outro, se esconder, chorar, pede mais atenção, ansiedade). 2. Aura: É uma manifestação/sensação inicial antes da convulsão, ocorre segundos-minutos antes da crise (ex. Andar compulsivo, salivação, micção, defecação, vômito/diarreia, latidos, miados excessivos) e não é muito perceptível em não humanos. 3. ICTUS: É o período de convulsão ou crise epiléptica (crises epilépticas possuem maior frequência). 4. Pós-ICTUS: Minutos-dias após a convulsão, o paciente fica desorientado, inquieto, pode apresentar ataxia (anotar outros). Etiologia epilepsia Causas extracranianas Resposta cerebral a uma perturbação repentina, chamada reativa Epilepsia Crises epilépticas Epilepsia Intoxicações Estricnina Organofosforados Carbamatos Hidrocarbonetos Clorados Chumbo Micotoxinas (muito agudo, apresentando várias crises em um período curto) Metabólica Hipoglicemia Hipocalemia Hipocalcemia Policitemia Encefalopatia urêmica Encefalopatia hepática Hipertrigliceridemia Causas intracranianas Chamada epilepsia ativa/estrutural Neoplasias encefálicas Altrações congênitas Doenças infecciosas localizadas no encéfalo Trauma Epilepsia idiopática É de origem genética e não possui lesão de origem, corresponte 0,5-6% dos casos. As raças predispostas são: Poodle, São Bernardo, Labrador, Husky Siberiano (anotar outras). Normalmente são generalizadas e raramente focal com generalização, mais frequente em machos com 1-5 anos. As crises são recorrentes, sem doença associada, é raro em felinos. Alguns gatilhos podem desencadear crises epilépticas e devem ser questionados durante a anamnese como luz, estresse/excitação, estro, algumas drogas, fogos de artifício, sons e ruídos exagerados. Algumas causas são mais frequentes em certas idades, pacientes jovens normalmente são acometidos por hidrocefalia, lisencefalia, doenças infecciosas. Já pacientes idosos normalmente são acometidos por neoplasias, distúrbios metabólicos adquiridos e acidentes vasculares. É importante realizar os exames de triagem para elaborar os diferenciais: Hemograma completo (infecções? Policitemia?); Bioquímico (glicose, cálcio, colesterol e triglicerídeos – quando estão à cima de 500-600mg/dL podem causar convulsão, com algumas exceções; Urinálise; Avaliação da função renal e hepática. Exames específicos: Análise de líquor, sorologias/PCRs (sangue, urina, líquor e outras amostras dependendo da suspeita clínica), toxicológicos, biópsias (são complexas e normalmente não é feito), tomografias computadorizadas, ressonância magnética, radiografias, ultrassonografia transcraniana, eletroencefalograma (pouco usado, pois é de complexa interpretação na veterinária). Diferenciais: narcolepsia/cataplexia, síncopes, tremores de cabeça comportamentais. Diversas causas podem ser responsáveis por crises epilépticas, resumidamente são 12 causas: Degenerativas, Inflamatórias/Infecciosas, Neoplasias/Nutrição, Anomalias, Metabólica, Imunológica/Idiopáticas, Traumáticas/Tóxicas, Vascular. TRATAMENTO Fenobarbital........................................................3-5mg/kg/VO/BID – cães; 2,5- 5mg/kg/VO/BID -gatos É o princípio ativo do Gadernal, e um anticonvulsivante barbitúrico que age inibindo vias excitatórias do SNC. É a medicação de escolha inicialmente, mas após 10-15 dias deve-se dosar o nível sérico (após 6 horas de administração) que deve ser de aproximadamente 20-35mcg/mL, se estiver reduzido deve-se aumentar a dose. É importante tratar a causa base e a remoção da causa pode já é suficiente como tratamento em alguns casos. O tratamento da convulsão só é feito quando o paciente apresenta mais de 2 convulsões em um período de 3 meses e o objetivo é reduzir para 3-4 convulsões/ano ou menos de uma convulsão em 3 meses, aumentar os intervalos e reduzir a intensidade das convulsões. Os efeitos adversos incluem poliúria/polidipsia, polifagia, sedação, hepatotoxicidade, prurido principalmente em felinos. Anticonvulsivante Mecanismo de ação Indicações Dose Fenobarbital (1ª linha) Potencialização GABAérgica Medicação de escolha para tratamentos iniciais 3-5 mg/kg/VO/BID (cães) 2,5-5 mg/kg/VO/BID Brometo de Potássio (1ª linha) Acredita-se que age como o cloreto entrando nas cél. nervosas e hipopolarizando-as Cães refratários ou hepatopatas, eficácia de 80% sozinho e 95% em associação com o Fenobarbital, administrar com alimento e dosar a concentração após 6 semanas (1-3mg/mL- isolado, 1-2mg/mL – associação). Pode causar em cães PU/PD, vômito, sedação, megaesôfago, prurido, pancreatite, e em felinos dispneia e tosse. Dose de ataque: 400-600 mg/kg/dia/dividido por 4 vezes. 20-35 mg/kg/dia/VO (isolado) ou 20- 30mg/kg/dia/VO (associado) Felbamato, Topiramato, Clorazepato, Levetiracetan + Zonisamida, Gabapentina (2ª linha) A maioria realiza potencialização GABAérgica, alguns não possuem mecanismos bem elucidados e o Topiramato realiza outras vias onde inibe a excitação do SNC como bloqueio de canais de sódio. Indicado para pacientes refratários ao tratamento de 1ª linha, pois possuem muitos efeitos adversos. A fenitoína, ácido vaipróico e carbamazepina. Indica- se monitoração a cada 3-4 meses (hemograma, FA, ALT, Alb, PT, lipídeos, ácidos biliares, creatinina, ureia e urinálise). Sugere-se a castração! ------ O que fazer em uma crise convulsiva/epiléptica? (Depende da frequência das crises) Saiba o máximo POSSÍVEL: Possíveis intoxicações, crises anteriores, tratamentos anteriores, fármacos utilizados... Administração de diazepam na dose 2mg/kg/retal, para solucionar a EMERGÊNCIA, em seguida realiza-se o acesso venoso e administra diazepam na dose de 0,5-1mg/kg/IV a cada 5-10 minutos. Pentobarbital sódico 2-15 mg/kg /IV (administração lenta) Fenobarbital (2- 6mg/kg/IV ou IM) Propofol 1- 2mg/kg/IV (lentamente) Levetiracetam (age em proteínas 2A das células neuronais estabilizando a transmissão elétrica) 20-60mg/kg/IV Isofluorano Cetamina Infusão contínua (5mg/kg/h) Propofol – Infusão contínua (0,1- 0,6mg/kg/min) Oxigenação Exames OBS: Convulsões que duram mais que 15 minutos indicam edema cerebral. Durante aterapia é importante restaurar a hemostasia, mantendo uma via área para administração adequada de oxigênio, o globo ocular pode ser comprimido com cuidado para estimular o nervo vago que apresenta um efeito antiepiléptico complementar. A acupuntura pode ser utilizada em alguns casos como alternativa. Além do anticonvulsivante pode ser considerado a administração de Manitol 20% (1-2g/kg/IV/10 minutos) + Furosemida (1-2mg/kg/IV) + Dexametasona (0,25mg/kg/IV) em casos de aumento da pressão intracraniana (PIC). É importante coletar amostras de sangue para dosar a glicemia, exames de rotina e dosagem de antiepilépticos (se for o caso), controle de temperatura corporal (<40ºC), administração de tiamina. As principais causas de falhas terapêuticas são erros de diagnóstico, anticonvulsivante inadequado, é importante avaliar possíveis erros de manejo, concentração séricas dos antiepilépticos, biodisponibilidade do fármaco por possíveis alterações na função renal, hepática ou do TGI e alterações do estro (castração é indicada) que podem induzir crises. Por fim, é importante realizar os diagnósticos diferenciais de convulsão, descartar causas intra/extracranianas, as crises são sempre emergência, os fármacos devem ser controlados rigorosamente e monitorados, orientação do tutor para o uso retal de Diazepam. Síndromes encefálicas Síndrome mesencefálica: É um dos casos mais graves. Alteração de consciência (depressão, esturpor e coma); Nervos cranianos alterados; Midríase arresponsiva a luz (nervo III); Estrabismo ventrolateral (nervos III e IV); Nervos alterados: IV, III e VI; Opistótono, normalmente; Sinais de paresia espástica (contralateral); Rigidez extensora; Copiar o resto. Cerebral: Independente da origem (neoplásica, inflamatória...) os sinais são semelhantes devido a localização. Estado de consciência está alterado (apático, desorientado, agressivo, hiperexcitável); Alteração de nervos cranianos dependendo da extensão e localização; Mormalmente o reflexo fotopupilar está normal, visão prejudicada do lado oposto; Postura e locomoção normalmente alterados (andar em círculos para o lado da lesão, diferenciar de lesão no córtex onde o círculo é maior, normalmente e da síndrome vestibular onde o círculo é curto, há excessões); Andar compulsivo, head pressing, pleurótono (olhar para o flanco); Reações posturais e reflexos medulares alterados dependendo da localização, intensidade e tamanho da lesão. Propiocepção alterada do lado contralateral. OBS1: Nunca avaliar pós-convulsão que o paciente estará alterado. OBS2: Animais idosos podem apresentar distúrbios cognitivos que dificultam a percepção dos sinais clínicos. Cerebelar: Pode ter acometimento de mais de uma localização. Apatia, depressão e até esturpor (depende do grau); Nervos cranianos normais; Postura e locomoção alterada (hipermetria, tremor de intensão, ataxia, base ampla – o cerebelo realiza o ajuste fino da locomoção); Ao tapar os olhos os sinais posturais piram por perda da compensação visual; Vestibular: Pode ser central ou periférica, ocorre perda de equilíbrio de ambos os lados. Causas dos distúrbios intracrianos Doenças ifecciosas Meningoencefalite: cérebro + meninges; Meningoencefalomielite: cérebro + meninges + medula espinhal; Pode apresentar síndrome cerebral, vestibular central ou multifocal, dependendo do local. Normalmente é central, os sinais são agudos e progressivos (anotar o restante); Mais frequentemente causada por doenças virais como cinomose, PIF e raiva, observa- se no líquor aumento de proteínas, linfócitos (na PIF há presença de neutrófilos, principalmente na seca); Causas fúngicas são menos frequentes como criptococose, histoplasmose. Há aumento de proteínas no líquor e pleocitose com predominância de neutrófilos, podem ser observados fungos; Protozoários como toxoplasmose, neosporose e hepatozoonose causam aumento de proteínas e pleocitose com presença de linfócitos, neutrófilos e eosinófilos. As causas bacterianas são raras e normalmente são extensão de uma infecção próxima como otite, infecção nasal e ocular. Observa-se aumento de proteínas e pleocitose com predominância de neutrófilos, hipoglicorraquia, pode ser feito cultura (apenas 40% positivos). Mas as bactérias que podem estar relacionadas são: Streptococcus, Staphylococcus, E. coli e Klebsiella, Leptospirose, Erlichiose, Anaplasma e Lyme (B. Burgdoferi). Doenças inflamatórias (raras) Meningoencefalite granulomatosa (MEG): É frequente em cães, é focal causando neurite óptica e cegueira, observa-se inflamação do nervo óptico no exame de fundo de olho (forma ocular). Pode ser focalmente outras regiões como cérebro, cerebelo e medula de forma focal/multifocal. Leucoencefalite necrosante (LEN); Meningoencefalite necrosante (MEN); Em geral são mais frequentes na medicina humana; É importante descartar causas mais frequentes (anotar); Raças predispostas: Anotar; Podem ocorrer lesões de retina; Pode ser coletado líquor (anotar o que observa), ressonância (auxilia a diferenciar MEN e LEN (apresenta cavitações focais) de MEG. Tratamento: Prednisona (dose mínima eficaz, 1-2mg/kg/VO/BID, por 2 semanas), arabinosídeo+prednisona, ciclosporina, azatioporina + prednisolona; Não se observa muita melhora na MEN e LEN, normalmente há uma melhora seguida de piora após dias, com poucos meses de vida, tratar convulsões, se necessário. Síndrome do tremor responsivo a corticóide: Raças como West White Terrier, Maltês e outras de pelo branco são predispostas. O tremor piora com exercício, não tem alterações do exames, exceto líquor que pode ter aumento de linfócitos. É responsiva a corticoides e mais frequente em animais jovens. Tratamento com Prednisona (1-2mg/kg/VO/BID, 6-12 semanas), podem ocorrer recidivas. Meningite-arterite responsiva a corticóide: Animais jovens, de porte grande, apresentam febre, dor cervival, anotar raças, podem ter leucocitose neutrofílica, neutrófilos aumentados no líquor. Trata-se com prednisona e azatioprina, importante ter o diagnóstico fechado para evitar imunodepressão caso seja uma doença infecciosa. Neoplasias: Aumento de proteínas no líquor, muitas vezes sem células neoplásicas, frequente em cães, normalmente gradual e progressivo, mas pode causar AVC, frequente em idosos, exceto linfoma que acomete jovens, principalmente FeLV+. Anomalias: Hidrocefalia: dilatação do sistema ventricular, acúmulo do LCE, sinais gerais do SNC. Exames como radiografia, tomografia e ultrassom são usados. Busca-se reduzir o edema (omeprazol, corticoides, furosemida podem ser usados). Podem ser colocados drenos em pacientes refratários. Lisencefalia: Má formação dos sucos e giros, casos graves há óbito rápido, em casos leves há uma sobrevida curta. Traumáticas e tóxicas: TCE: Anotar. Observar histórico, diferenciar de intoxicações e causas metabólicas. Fazer exame neurológico após estabilizar o paciente (escala de Glasgow). Durante a anamnese é importante conseguir o máximo de informações possível como raça, idade e sexo, se é um quadro agudo (não progressivo) ou crônico (progressivo). O exame neurológico minucioso deve ser realizado durante o exame físico para orientar o clínico a solicitar exames complementares em busca do diagnóstico. Os possíveis exames específicos, além dos exames de triagem já mencionados, são colheita e análise de líquor, biópsias, radiografia, mielografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Os sinais clínicos variam de acordo com a localizaçãoda lesão no SNC (Síndromes vestibular, cerebral ou multifocal), os sinais podem ser agudos ou progressivos incluindo: Convulsões; Andar em círculos; Alterações comportamentais; Head tilt; Paralisia facial; Estupor; Hiperestesia/Paralisias; Dor cervical; Tremores. Além disso, podem ser observados sinais de acordo com a causa das crises epilépticas, como as causas infecciosas que geram os sinais: Febre; Linfadenomegalia; Anorexia; Anemia; Icterícia; Vômito/diarreia; Sangramentos; Tosse; Petéquias; Dores articulares. Atividade motora Grau Reflexos normais – normal 6 Hemiparesia/Tetraparesia 5 Decúbito, rigidez extensora intermitente 4 Decúbito, rigidez extensora constante 3 Decúbito, rigidez extensora constante e opistótono 2 Decúbito, reflexos espinhais ausentes ou diminuição do tônus muscular 1 Tronco encefálico Reflexo pupilar (RP) normal e oculocefálico (RO) normal 6 RP diminuído, RO normal ou diminuído 5 Miose bilateral, RO normal ou diminuído 4 Pupilas puntiformes, RO diminuído ou ausente 3 Midríase unilateral não responsiva, RO diminuído ou ausente 2 Midríase bilateral não responsiva, RO diminuído ou ausente 1 Nível de consciência Períodos alerta ou rensponsivo ao meio 6 Depressão ou delírios, responde inapropriadamente 5 Semicomatoso, responde a estímulos visuais 4 Semicomatoso, responde a estímulos auditivos 3 Semicomatoso, responde somente a estímulos doloros repetitivos 2 Comatoso, não responde a nenhum estímulo 1 Prognóstico Total Grave 3-8 Pobre a moderado 9-14 Bom 15-18 Trauma cranioencefálico (TCE) Primários: Ocorre no momento do trauma. Secundário: Ocorre após o trauma devido a formação de edema e hemorragias causadas por lesões primárias. Lesão cerebral Pressão intracraniana (PIC) Herniação encefálica Óbito Na inspeção do paciente deve-se buscar por outros sinais importantes para o estado geral do paciente como: Arritmias; Choque hipovolêmico; Hipotermia; Desidratação; Trauma torácico; Trauma abdominal; Hemorragias. Após estabilizar o paciente deve-se realizar o exame neurológico e classificação de acordo com a Escala de Coma de Glasgow para avaliar a gravidade e progressão. O objetivo do tratamento emergencial é manter a perfusão encefálica, controlar pressão sistêmica (PAS) e intraniana (PIC), além de prevenir complicações secundárias. Tratamento TCE ABC DO TRAUMA Realizar o acesso venoso; Elevar a cabeça à cima de 30º para facilitar o retorno venoso e reduzir a PIC, evitar manipulação do pescoço e jugular. Oxigenioterapia caso a PaO2>90% e PaCO2 35-40mmHg ou tenha aumento de PA e bradicardia indicando aumento de PIC grave. Realizar monitoramento contínuo (FC, FR, pulso, mucosas, PAS, Tº, glicemia, volume urinário e lactato). Fluidoterapia: Ringer lactato (depende da gasometria); Salina hipertônica (NaCl7,5%) se o paciente estiver hipovolêmico, não usar em paciente hipernatrêmicos e/ou ICC; Colóides?; e com glicose em casos de hipoglicemia. Realizar analgesia de acordo com a escala de dor do paciente. AINES (se necessário), antipirético (caso tenha hipertermia), antiepilépticos caso tenha convulsão e antibióticos (se necessário). O suporte nutricional é essencial e normalmente é feito pela via enteral/parenteral. Por fim, reavaliar a escala de coma. 2ª FASE: Para pacientes com pontuação à cima de 8 (prognóstico grave): Diuréticos: Manitol (0,5-2mg/kg/IV/TID), manter a volemia, Furosemida (0,7mg/kg/IM ou IV, 15 minutos após para evitar edema de rebote. 3ª FASE: Para pacientes que se mantém com pontuação à cima de 8 após os tratamentos mencionados. Indução de coma: Infusão contínua de Propofol (2mg/kg/h), apenas para cães. Tratamento cirúrgico, se necessário, quando há indícios de hemorragias subdurais, pacientes em coma com miose (24-36 horas) e refratários ao tratamento médico. Acidente vascular cerebral (AVC) Causas de AVC isquêmicos: Trombos sépticos e vasculite, endocardite, septicemia, meningoencefalite, êmbolos de ar, gordura e larval, neoplasias, trombos vasculares. Causas de AVC hemorrágicos: Neoplasias, vasculite necrosante e coagulopatias. Sinais clínicos comuns: Depende do local da lesão; Andar em círculos ipsilateral a lesão; Cegueira contralateral; Ataxia; Déficits proprioceptivos. Diagnóstico: Diferenciais: Causas traumáticas, metabólicas, neoplásicas, infecciosas, inflamatórias e tóxicas. Solicitar exames complementares de triagem. Para confirmar o AVC é necessário tomagrafia computadorizada e ressonância magnética. Também é possível observar extensão da lesão, diferenciair causas hemorrágicas e isquêmicas. Sendo que o sangue é hiperdenso na TC, então áreas hemorrágicas aparecem brancas (seta vermelha), e água e edema formados no AVC isquêmicos são hipodensos na TC, então áreas isquêmicas aparecem enegrecidas (seta azul). Tratamento: Identificar e tratar causa base; Manter a perfusão de O2 cerebral, Tº e PAS (IECA e bloqueadores de cálcio aumentam a PAS; Fluido + salina hipertônica + diuréticos osmóticos reduzem a PAS; Craniotomia: Remove-se coagulo caso não seja um paciente coagulopata. Neuroprotetores: Vitamina E, Selegilina e outros. Síndrome vestibular A síndrome vestibular possui um sinal clínico característico que é chamado popularmente de “cara de dúvida”, pois o paciente fica com a cabeça inclinada para um lado. Sendo que na síndrome vestibular central pode ser do lado ipsilateral ou contralateral a lesão, já na síndrome vestibular periférica sempre será ipsilateral. A síndrome vestibular central ocorre quando há lesão no sistema vestibular central localizado no tronco encefálico (ponte), ou próximo ao tronco, já a periférica ocorre quando a lesão ocorre no ouvido interno. Em ambos os casos ocorre perda de equilíbrio, quedas e rolamentos, e andar em círculos. Sendo que nas síndromes vestibulares estes círculos costumam ser mais curtos. Ambos os casos pode-se observar nistagmo espontâneo, podendo ser horizontal, rotatório ou vertical nas síndromes centrais, e horizontal ou rotatório nas síndromes periféricas. Nas síndromes centrais ocorre o nistagmo posicional, onde se altera a direção do movimento quando ergue-se a cabeça do paciente. Ambas as síndromes podem apresentar estrabismo, na síndrome central os nervos trigêmeo, abducente, facial, glossofaríngeo e hipoglosso podem estar afetados, além do vestibulococlear. Na síndrome periférica apenas o facial pode estar alterado, a Síndrome de Horner geralmente está ausente na síndrome central e na periférica é possível. A Síndrome de Horner caracteriza-se por ptose palpebral, miose, enoftalmia, protusão de terceira palpebra indicando alteração da invervação simpática do olho por extensão da otite no nervo ocular que está próximo. A síndrome vestibular central só causará Síndrome de Horner quando a lesão for nos núcleos vestibulares, o que é raro. Apenas a síndrome vestibular central provoca alterações de reações posturais e de respiração. As principais causas de síndromes periféricas são otites média/interna, já as causas de síndromes centrais podem ser degenerativas, inflamatórias/infecciosas, vasculares, anomalias, tóxicas/traumáticas citadas anteriormente que ocorrem em região de tronco encefálico. As Doença Vestibular Idiopática Canina e a Doença Vestibular Idiopática Felina também são causas causas de síndromes vestibulares periféricas (SVP), frequentemente ocorre em animais com orelhas grandes, a resolução é espontânea entre 2-3 semanas. A Síndrome vestibular congênita é frequenteem Pastor Alemão e gatos Siamêses. A intoxicação por agentes ototóxicos também pode ocorrer causando SVP, os principais origens são: Cianeto, samambaia. As congênitas são de remissão expontânea, a medida que cresce, cerca de alguns meses. Algumas vezes pode ser necessário fazer Meclizina ou Diazepam, pois muitas vezes o paciente fica agitado pela perda de equilíbrio, o aumento da circulação do ouvido pode ser feito, mas não funciona bem, geralmente eles regridem sozinhos. Aminoglicosídeos injetáveis como Gentamicina e outros, diuréticos de alça (furosemida, é raro) e clorexidine e propilenoglicol diretamente na orelha podem causar SVP. O hipotireoidismo também é uma causa rara de SVP. Já as causas centrais são no tronco encefálico, pode acometer outros nervos, e são causas já mencionadas como TCE, neoplasias, meningoencefalites, AVC, MEG (mais frequente em cães, mas é pouco frequente na clínica) e PIF (felinos, mais comum). Além destes, a intoxicação por Metronidazol (>30mg/kg/dia entre 3-14 dias é normalmente a concentração necessária, portanto, é rara), basta retirar o medicamento, em alguns casos a administração de diazepam acelera a recuperação. A deficiência de tiamina (B1) é frequente em felinos que comem muito peixe cru que causa aumento da tiaminase e consumo da Tratamento otite média/interna: Antibioticoterapia sistêmica orientada pela cultura e antibiograma otológico, ex. Cefalexina, Sulfa-Trimetoprim, Enrofloxacina. Aumento da circulação do ouvido interno: Betaistina (aparentemente agonista fraca H1 e antagonista H3, ainda estudada). Anti-inflamatórios como Meloxicam e Carprofeno. Vestibulossedativos como Meclizina (anti-histamínico). Também pode ser feito tratamento cirúrgico dependendo da causa com aeração ou ablação. tiamina causando deficiência desta vitamina causando SVC, em cães é raro, mas pode ocorrer em cães que comem apenas restos. Se a reposição de tiamina não for feita pode ocorrer degeneração do SNC que pode ser permanete. A reposição deve ser feita de Vitamina B1 na dose 1-2 mg/IM/BID. Síndrome medulares As lesões medulares podem ocorrer nos diferentes segmentos e os sinais clínicos irão variar de acordo com o local da lesão (C1-C5; C6-T2; T3-L3; L4- S3). Lesões cervicais: A consciência não altera, os nervos cranianos também não, pode ter Síndrome de Horner ipsilateral. Alteração de neurônio motor superior (paresia ou paralisia espástica normalmente) em membros torácicos e pélvico, pode ter dor, não mover a cabeça/pescoço. Pode ter alterações respiratórias, dependendo da altura principalmente próxima a C1, o reflexo patelar estará aumentado, pois o arco reflexo é mediado pela cabeça ao desconectar com a parte encefálica não há modulação e ele fica aumentado, assim como o biceptal que em animais normais está praticamente ausente, deficit proprioceptivo que normalmente é em todos os membros, mas em alguns casos pode ser unilateral ou apenas em membro torácico ou caudal, mas é raro. Instabilidade/subluxação atlanto-axial: Predisposto por raças pequenas, normalmente envolve anormalidades congênitas, anormalidades de desenvolvimento do áxis e atlas, anormalidade do desenvolvimento dos ligamentos e lesões traumáticas (pode ser preexistente e o trauma traz os sinais clínicos). A propriocepção está reduzida ou ausente. A região cervical não possui disco intervertebral e é mantida conectada por ligamentos, e o ligamento da nuca que liga a cervical a região torácica. Alguns casos pode ser utilizado tratamento conservador, principalmente em casos leves, com o colar cervical que vai até o tórax com uma tala até o tórax, não deixar muito apertado, por 6 semanas. Também deve ser feito analgésicos e relaxantes musculares como Diazepam entre 1-2 semanas, cuidado com as complicação. No cirúrgico é feito a estabilização e muitas vezes a descompressão da medula. Espondilomielopatia cervical (EMC) ou Síndrome de Wobbler: É mais frequente em raças grandes e gigantes, pode ser classificada em dois tipos: 1) Compressão ósseo-associada: é hereditária, ocorre em cães jovens, em raças como Dogue Alemão e Pit Bull e há estenose cranial das vértebras cervicais (C4-C6 principalmente); 2) Compressão disco-associada: o disco protundi, portanto, ocorre em cães de meia idade (3-6anos), principalmente em raças como Doberman e Rotweilers, em C6-C7 mais frequente seguida de C5-C6. Os sinais clínicos são ataxia dos 4 membros com marcha rígida com passos curtos em membros torácicos, marcha de base ampla e incoordenada em membros pélvicos. Sendo que muitas vezes pode começar nos torácicos e evoluir para os pélvicos devido a forma anatômica, a dor cervical é frequente e a movimentação pode piorar a lesão. O diagnóstico é feito com exame físico, neurológico e complementares, o raio x simples não é muito eficaz, o melhor é a mielotomografia, a mielografia também pode ser feita caso a tomografia não seja opção e a ressonância magnética. O tratamento conservado é feito em casos leves apenas com antiinflamatório com repouso, e o cirúrgico que é feito em quadros progressivos, que não melhora causa dor e/ou tetraparesia. A cirurgia mais indicada é a descompressão e estabilização das vértebras cervicais que soluciona 70-80% dos casos, mas também pode ser feito laminectomia dorsal, laminoplastia dorsal, slot ventral/cone invertido e hemilanectomia. Lesão cervicotorácica: Ocorre próximo a região onde sai os nervos que inervam os membros torácicos. O paciente está alerta/vigia, pode ter síndrome de Horner e nervos cranianos estarão normais. Os membros pélvicos estarão alterados (NMS, paresia espástica) e torácicos também (NMI, paresia flácida), o reflexo patelar estará aumentado e o biceptal ausente, é mais raro. Lesão toracolombar: É uma das regiões mais frequentemente acometidas na rotina, o paciente estará alerta/vigília, normais, torácicos normais e lesão de NMS pélvico (paresia espástica), pode ter envolvimento da vesícula urinária (inervação do hipogástrico vai manter o esfícter uretral contraído causando distenção da vesícula urinária podendo levar a atonia e necrose predispondo infecções e cálculos). Trauma vertebromedular (TVM): É a causa mais frequente, as causas primárias ocorrem no momento do trauma como fratura, extrusão traumática do disco, luxação, sangramentos. Já as secundárias são após o trauma por alterações bioquímicas e metabólicas como isquemia, necrose, edema e mielomalácea. Mesmo após um mês, dois meses pode ser feito a cirurgia, mesmo que seja menos efetiva. O diagnóstico é feito pelo histórico e exames de imagem (RX, TC, RM e mielografia), muitas vezes é necessário a cama dura para estabilizar o animal. Fazer o exame neurológico, escala de Glasgow, ver se tem TCE. Em seguida imobilizar o paciente, todo o ABC do trauma (respiratório, TCE, cardiaco). Por fim, avalia-se a lesão cervical, após estabilizar o paciente, se mais de 2-3 vértebras estiverem instáveis recomenda-se cirurgias, em casos mais estáveis ou com apenas um compartimento afetado pode ser feito apenas o tratamento conservador (difícil de colocar o colar torácico). Portanto, se ocorrer em região cervical o prognóstico é melhor, e a toracolombar é a mais grave devido ao diâmetro do canal medular que é menor. O Schiff-Sherrington pode ser observado, quando a musculatura extensora fica extendida nos membros torácicos, pois a parte lombar inibe os membros torácicos para dar conectividade na locomoção, a lesão prejudica esta inibição o membro torácico fica hiperextendido, é um caso mais raro. As lesões entre L4-Sacro também tem um melhor prognóstico, compromete a cauda equina. Doença do disco intervertebral (DDIV) tipo 1: Ocorre inflamação do disco intervertebral que protunde e atinge a medula. Em 85% ocorre em região toracolombar (T12-T13-L1) e 15% emcervical. As raças predispostas são: Teckel e Basset Hound (condodistróficas), e raças de pequeno porte como Poodle, Maltês, Shih Tzu, Lhasa Apso e Corgi. Classificar se é agudo ou crônico, neste caso é um quadro agudo, se for crônico indica DDIV tipo 2, classificar: Grau 1: Apenas dor. Grau 2: Ataxia, redução da procepção e dor. Grau 3: Paraplegia e dor. Grau 4: Paraplegia com retenção ou incontinência urinária e dor. Grau 5: Perda de dor profunda e dor. Para diagnóstico utiliza-se exames de imagem, o melhor exame é mielotomografia, mas se não for possível pode ser feito mielografia, RX simples, ressonância magnética. Para o grau 1 e 2 trata-se com AINES, analgésico, relaxante muscular e manejo. Já graus 3, 4 e 5 são casos cirúrgicos onde normalmente associa-se a hemilaminectomia e o tratamento clínico. A retenção urinária é tratada com sonda, e não recomenda-se a compressão que pode causar rompimento, pois no esfíncter não relaxa. Após 1 semana até 14 dias este esfíncter relaxa e pode ser feito a compressão. A DDIV cervical é classificada em 3 graus: Grau 1: Dor cervical intensa, pescoço baixo e andar rígido. Grau 2: Dor e ataxia. Grau 3: Tetraparesia. Grau 1 e 2 pode ser utilizado o tratamento conservador com tala, acupuntura e outros. Já os graus 3 normalmente são casos de cirúrgico com descompressão, em alguns poucos casos pode ser feito o conservador, mas pode não ter resultados esperados. Os diferenciais de casos agudos são: Embolia fibrocartilaginosa: É um quadro agudo, onde ocorre um êmbolo pós-esforço, ocorre assimetria do neuro e dor inicial que desaparece após algumas horas, a ressonância magnética é o único exame que terá alterações. Ocorre melhora espontânea após 20 dias, recomenda-se a fisioterapia para auxiliar na melhora. DDIV tipo 2: Não rompe o disco, apenas comprime, é frequente em raças condrodistróficas, em animais mais velhos (>7 anos), outras raças frequentes são: Pastor Alemão, Labrador, Rotweiller e Dálmata. É um quadro crônico, e em graus mais leves pode-se optar pelo tratamento conservador com AINES, AI esteroidal, analgésicos como gabapentina (é melhor para quadros crônicos), acupuntura, fisioterapia auxiliam no tratamento. Em casos graves recomenda-se o cirúrgico dependendo da situação decide o melhor tratamento cirúrgico. A discoespondilite deve ser diferenciada de DDIV, de causas fúngicas e bacterianas, MEG, discoespodilose, neoplasias, brucelose, mielopatias degenerativas mais frequentes em Pastor Alemão. Lesão lombossacral: O paciente estará alerta, com nervos cranianos normais, membros torácicos normais e sinais de NMI em pélvicos (paresia flácida), com redução ou ausência do reflexo patelar e perineal. Pode envolver bexiga, esfíncter anal e cauda (fica com bexiga distendida e de fácil compressão, a bexiga não contrai, mas o esfíncter fica relaxado). Síndrome da cauda equina/Estenose lombossacra degenerativa: É frequente em Poodle de forma congênita e Pastor Alemão de forma congênita e adquirida. Os sinais clínicos incluem: dor lombossacral ou membros pélvicos, hiperestesia e automutilação dos membros pélvicos (formigamento), arrastar dígitos dos membros pélvicos, reduz movimentos de cauda, incontinência fecal e/ou urinária, relutância em saltar ou subir degraus. O diagnóstico é feito através dos exames de imagem (raio X, tomografia e mielografia ou mielotomografia e a ressonância magnética também), observa-se a estenose comprimindo a medula. O tratamento conservador é feito em casos leves como AINES + analgésicos + repouso, deve-se investigar se há discoespondilite associada caso necessário utilizar antibiótico. O cirúrgico é feito em quadros progressivos mesmo com o repouso e é feito a laminectomia dorsal e estabilização lombossacral.
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