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Aluno: Davi de Aguiar Portela (0001418) Medicina – 4º Período APG IV – S12 P01 Tumores Benignos e Malignos Colorretais Pólipos Colônicos Os tumores benignos colorretais (TBCR), frequentemente, são de origem epitelial, em que os pólipos representam os mais importantes, especialmente os pólipos adenomatosos, que tem potencial elevado de malignização. Os pólipos são caracterizados por serem pequenos tumores que se projetam na mucosa intestinal, podendo se apresentar sob a forma séssil ou pediculada. Figura 1- A 1ª imagem representa um pólipo pedunculado e a 2ª representa um pólipo séssil. Os pólipos histologicamente são classificados e divididos em quatro grupos principais, podendo ocorrer de forma solitária ou em lesões múltiplas. Pólipos Neoplásicos Pólipos Adenomatosos (Adenomas) Pólipos Não- neoplásicos Pólipos Hemartomatosos Pólipos Inflamatórios (Pseudopólipos) Pólipos Hiperplásicos/ Metaplásicos PÓLIPOS ADENOMATOSOS (ADENOMAS) Também conhecidos como pólipos neoplásicos, eles representam uma condição pré-cancerosa, com potencial de malignização dependendo de: o Tamanho; o Padrão de crescimento; o Grau de atipia celular. Eles podem ser classificados de acordo com o diferente padrão de desenvolvimento de seu processo patológico em três subtipos Adenomas Tubulares Adenomas Tubulovilosos Adenomas Vilosos Frequência 7,5% 1,5% <1% Tamanho Até 2-3 cm Até 5 cm Até 10 cm Implantação Pedunculados Pedunculados Sésseis Componente viloso <20% 20 a 50% >50% Potencial maligno 3 a 5% 5 a 30% 30% ou mais Etiologia Histologicamente, os adenomas tem origem em células imaturas localizadas nas criptas intestinais, que não conseguem restringir a síntese de DNA, ocasionando um processo proliferativo na mucosa que pode chegar a ter displasia. Alterações genéticas e moleculares, como a ativação de oncogenes (como o gene K-ras) e a inativação de genes supressores de tumor (como os genes APC e DCC) podem fazer um adenoma progredir para carcinoma. o Gene Kirsten-ras: é um oncogene que induz neoplasias em células normais; o Gene APC: é um gene supressor de tumor localizado no braço longo do cromossomo 5q21 que quando mutado permite maior suscetibilidade em desenvolver neoplasias nos portadores de polipose familiar adenomatosa (PFA); o Gene DCC: é um gene supressor de tumor localizado no cromossomo 18q envolvido no processo cancerigênico; o Gene p53: é um gene localizado no cromossomo 17q que pode progredir tardiamente um adenoma em carcinoma PÓLIPOS HEMARTOMATOSOS São tumores não-neoplásicos formados pela proliferação anormal e de forma desorganizada de tecido intestinal normal. Pólipo Juvenil É comumente mais encontrado em crianças, apresentando-se de forma esférica e superfície lisa, diâmetro de 1-2 cm, com pedículos longos e finos, contendo inúmeros cistos preenchidos por mucina. A formação deles esta ligada com a inflamação e ulceração da mucosa colônia, formando inúmeros cistos contendo mucina, podendo sofrer torção e necrose, com sua eliminação espontânea. A manifestação clínica mais importante é a perda de sangue junto com as fezes Polipose Juvenil A polipose significa a presença de mais de 100 pólipos no intestino grosso, sendo uma presença difusa de hemartomas. A polipose juvenil apresenta-se sob a forma de três síndromes: o Polipose juvenil colônica; o Polipose juvenil gastrintestinal difusa; o Síndrome de Cronkhite-Canada. As duas primeiras são de caráter hereditário autossômico recessivo. Pólipo de Peutz-Jeghers O pólipo de Peutz-Jeghers manifesta-se de forma solitária, principalmente no intestino delgado, no reto e no cólon. Histologicamente, apresenta malformações da muscularis mucosae recoberta por mucosa normal. A síndrome de Peutz-Jeghers tem caráter hereditário autossômico dominante em que múltiplos pólipos hemartomatosos são encontrados no estômago, intestino delgado e cólon. o Há concomitante aparecimento de pigmentação mucocutânea junto aos lábios, mucosa bucal, língua, genitais e períneo; o O potencial de malignização desses pólipos é extremamente baixo, e eles poderão ser removidos por via endoscópica; o Nesses pacientes, o carcinoma incide de forma elevada em outros órgãos, como estômago, duodeno, pâncreas, intestino delgado e pulmões. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS (PSEUDOPÓLIPOS) O pólipo linfoide benigno é frequentemente encontrado no terço distal do reto e íleo terminal, sendo formado por tecido linfoide localizado na submucosa e recoberto pela mucosa. A polipose inflamatória ocorre como resultado da ulceração que compromete toda a espessura do epitélio intestinal, principalmente em processos disentéricos crônicos, como os encontrados na retocolite ulcerativa. PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS/ METAPLÁSICOS São bastante frequentes no retossigmoide, apresentando-se como pequenas lesões com 0,1 a 1 cm de aspecto nodular ou mamelonado, e sendo comum em indivíduos acima de 50 anos de idade. Eles são formados a partir de alterações na divisão celular no interior da cripta de Lieberkuhn, com expansão da zona de replicação em sua base. São assintomáticos e não requerem qualquer terapêutica especifica, pois não tem potencial de malignidade. Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) É uma doença genética autossômica dominante caracterizada pela presença de múltiplos pólipos adenomatosos. A PAF, juntamente com a síndrome de Lynch, representa importante condição hereditária que ocasiona o aparecimento de câncer colorretal. Essa progressão ocorre por meio de três vias de eventos genéticos responsáveis: o Via de instabilidade crossatélite (CIN+): aumenta a velocidade em que ocorrem as alterações grosseiras durante a divisão celular; o Via de instabilidade de microssatélites (MSI+): promove um aumento significativo nas alterações subtas de DNA; o Combinação das duas vias: CIN-MSI. CLASSIFICAÇÃO DA PAF Clássica Presença de mais de 100 pólipos adenomatosos, geralmente com inicio entre a segunda e a terceira década de vida (média 16 anos). Se não tratados, 100% dos pacientes desenvolvem neoplasia colorretal. Atenuada É a forma mais branda de PAF, com números menores de pólipos, em média 30 pólipos. Tem menor risco de transformação maligna (70%). Associada ao MYH Os deifeitos no gene MUTYH é autossômico recessivo, estando associado ao risco aumentado de desenvolver câncer colorretal e adenomas em todo TGI. EPIDEMIOLOGIA É baixa, ocorrem 3 casos de PAF a cada 100 mil pessoas, porém o risco desses indivíduos desenvolverem câncer colorretal é extremamente elevado. Por volta dos 30 anos, 75% dos pacientes desenvolvem essa complicação. FISIOPATOLOGIA É uma doença causada por uma mutação germinativa no gene APC (Adenomatous Polyposis Coli), que é um gene de supressão tumoral. Normalmente, a beta-catenina se liga à proteína supressora de tumor APC, que também recrutada para o complexo de destruição a axina, o CK1 e o GSK3β, que juntos promovem a fosforilação e degradação da beta-catenina.. Com a perda da função da APC, não ocorre a ligação da beta-catenina com o complexo pela destruição. Logo, ela não é fosforilada e penetra no núcleo da célula. Dentro do núcleo, a beta-catenina liga-se a genes alvo do fator de transcrição, fator potencializador linfoide/fator de células T, para promover carcinogênese Com isso, a inativação desse gene leva a um defeito na mucosa colônica que desencadeia um padrão proliferativo anormal, desenvolvido por causa de deficiências nos mecanismos de reparo de DNA. Figura 2- Via de sinalização de Wnt/betacatenina. (A) Na presença do complexo destruidor, a betacatenina é degradada via adenomatous polyposis coli/axina/glicogênio sintase quinase 3β Figura 3- (B) Quando a ligação da betacatenina com o complexo pela destruiçãonão ocorre, ela não é fosforilada, e a proteína penetra no núcleo da célula. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Habitualmente, os pólipos intestinais começam a surgir após a puberdade e o paciente com PAF pode ser assintomático. Quando o quadro clínico começa a surgir, pode aparecer: o Dor abdominal em cólica; o Diarreia; o Hematoquezia; o Melena. Caso a ampola de Vater seja acometida por pólipos, pode surgir uma síndrome colestática: o Prurido; o Icterícia; o Colúria; o Hipocolia fecal; o Pancreatite aguda. Como ocorre a malignificação dos pólipos adenomatosos, a perda ponderal pode ser significativa de evolução para carcinoma. Tumores Malignos Colorretais Os tumores malignos colorretais (TMCR) representam a segunda maior causa de óbitos por neoplasias, após o tumor pulmonar. Su distribuição no intestino grosso é a seguinte: o Retorrigmóide distal – 30%; o Cecoascendente – 25%; o Sigmoide – 20%; o Cólon descendente – 15%; o Cólon transverso – 10%. Adenocarcinoma Em média, 95% dos TMCR são adenocarcinomas, que são precursores dos pólipos adenomatosos, evolução que pode ocorrer de 12 a 15 anos. Câncer Metacrônico O câncer metacrônico é uma nova lesão primária em pacientes com tumor previamente removido no cólon e tem uma incidência de 2%. Ele é conhecido como câncer de novo e tem sua origem diretamente da mucosa intestinal, sem lesão adenomatosa precursora. ETIOLOGIA A sua etiologia é extremamente complexa, estando envolvidos condições genéticas predisponentes e fatores ambientais. Atualmente, considera-se condições predisponentes ao aparecimento do TMCR: o Consumo diário de carnes vermelhas e alimentos defumados; o Dieta excessivamente composta por gorduras e proteínas de origem animal e pobre em fibras; Esse padrão dietético favorece a fermentação de ácidos biliares e graxos pela ação de bactérias anaeróbicas, que pode formar substancias carcinogênicas que atuam no lúmen intestinal alterando o DNA das células. Esse mesmo padrão dietético é também pobre em substâncias antioxidantes, que possuem ação reconhecidamente inibidora do processo carcinogênico. A identificação de anormalidade genéticas encontradas comumente nos TMCR incluem: o Gene APC: sua mutação é responsável pelo aparecimento da polipose familiar adenomatosa, em que o local e o tipo de mutação determinarão o número de pólipos e a idade do seu aparecimento; o Gene Kirsten-ras: apresenta mutação em 50% dos adenocarcinomas e em 50% dos adenomas com mais de 1 cm; Câncer Hereditário Não Polipoide (CHNP) Transmissão genética autossômica dominante, em que os tumores tendem a se localizar no cólon proximal. Esses tumores são poucos diferenciados, apresentam um anel de sinete e são mais produtores de mucina do que os outros. Surgem 20 anos antes dos tumores esporádicos do cólon, em idade média de 45 anos, sendo encontrados tumores múltiplos em 35% dos portadores. O CHNP também é denominado como Síndrome de Lynch: Síndrome de Lynch I O câncer geralmente se situa no cólon proximal, é local-específico dentro de uma mesma família e constitui o único tipo de tumor que esses pacientes desenvolvem. Síndrome de Lynch II No Lynch li, desenvolvem-se tumores colorretais, do endométrio, gástricos, do ovário, trato urinário e outros. Foram identificados pelo menos quatro genes que participam de alterações do DNA na Síndrome de Lynch o hMSH2 (localizado no cromossomo2p); o hMLHl (cromossomo 3p); o hPMSl (cromossomo2q); o hPMS2, localizado no cromossomo 7p. FATORES DE RISCO PARA TMCR O conhecimento dos fatores de risco é importante para a profilaxia e detecção precoce: o Idade <40 anos; o História pessoal de neoplasia (pólipos); o História familiar de TMCR; o Polipose familiar adenomatosa (PFA); o Câncer hereditário não polipóide (CHNP); o Doença inflamatória intestinal. FISIOPATOLOGIA O crescimento dos TMCR ocorre de forma circunferencial, podendo causar uma obstrução do intestino grosso, além de infiltrar a submucosa com invasão da cadeia linfática inframural. Ele também pode infiltrar os vasos celônicos pela veia porta e causar metástases hepáticas., assim como pode invadir as veias lombares e vertebrais, levando focos metastáticos para pulmão e cérebro. O câncer retal é disseminado através das veias hipogástricas. Células tumorais podem ser liberadas e levadas pena corrente fecal, se implantando a distância na mucosa. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS É importante a tomada da história clínica, com judiciosa avaliação de todos os sintomas, tais como Alteração do hábito intestinal com: o Mudança das características do bolo fecal; o Presença de sangue e/ou muco nas fezes; o Dor abdominal precedendo evacuação; o Sintomas gerais, como astenia, anemia e emagrecimento. No câncer retal, o sintoma mais frequente é a perda de sangue claro, juntamente com as fezes, associada ou não à presença de muco. Outra manifestação relatada com frequência é a sensação de evacuação incompleta e "puxos" no canal retal, independentemente da movimentação intestinal. Referências: 1. BOURROUL, Guilherme Muniz et al. O complexo destruidor de betacatenina no carcinoma colorretal e no adenoma cólico. Einstein (São Paulo), v. 14, p. 135-142, 2016. 2. Campos., et al. Advanced duodenal neoplasia and carcinoma in familial adenomatous polyposis: outcomes of surgical management. Journal of gastrointestinal oncology, 2017 3. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo Friche. Gastroenterologia essencial. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 1006 p. 4. DINARVAND, Peyman et al. Familial adenomatous polyposis syndrome: an update and review of extraintestinal manifestations. Archives of pathology & laboratory medicine, v. 143, n. 11, p. 1382- 1398, 2019.