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8ºAula Problemas envolvendo fenômenos dos transportes Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender os procedimentos de resolução de problemas envolvendo os fenômenos dos transportes. Nesta aula, estudaremos vários problemas de diversos assuntos, as aulas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são a base para o entendimentos dos problemas apresentados aqui na aula 8. Bons estudos! 60Fenômenos de transportes Seções de estudo 1– Problemas Resolvidos 1- Problemas Resolvidos Problemas de estática de fl uidos 1- Um pistão de peso cai dentro de um cilindro com uma velocidade constante de . O diâmetro do cilindro é 10,1 e o do pistão é . Determinar a viscosidade do lubrifi cante colocado na folga entre o pistão e o cilindro. Solução Figura – Sistema Cilindro e Pistão. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 6. Pelas defi nições citadas, se for muito pequeno podemos considerar uma variação linear, o que implica em um cálculo mais simples sem envolvimento de cálculos integrais. Assim, calculemos considerando como o diâmetro do cilindro e como diâmetro interno, e dividindo a diferença entre os dois por dois para conseguir o valor de , distância do pistão com a parede do cilindro, preenchido pelo lubrifi cante: As forças de tensão de cisalhamento são iguais ao peso , este é o equilíbrio dinâmico causado pela velocidade constante informada pelo exercício, isso signifi ca que a soma das forças do sistema é zero, pois a aceleração é zero com velocidade constante: Logo, as forças resistentes de tensão de cisalhamento menos o peso com sentido negativo no plano cartesiano são iguais a zero: As forças são as tensões multiplicadas pela área do pistão, essas tensões possuem suas unidades de força ( , por exemplo) especifi cadas em relação à área de aplicação. Então, por meio da Equação 1-1: A área total do cilindro pistão é . Acarretando em: Já que: Isto posto, a Equação 1-1 se altera para: Isolando a viscosidade do lubrifi cante : Resolvendo com e os valores encontrados até o momento (no SI): Nesse caso em específi co, não há signifi cativas diferenças entre considerar variação de com como linear ou não. Mas considerando a última hipótese: Figura- Diagrama de movimento do pistão e ação da camada de lubrifi cante. Em (a), observa-se a defi nição dos parâmetros para o escorregamento de uma camada. E em (b), especifi ca-se a espessura e com velocidade também de para , desse modo os termos são interpretados por diferenciais. Fonte: Elaborado pelo autor. Para o intervalo , verifi cam os escorregamentos de uma camada com velocidade de sentido negativo e espessura variando para e velocidade variando para . Essas variações geram a tensão de cisalhamento e como exposto anteriormente, para a velocidade constante, as forças de tensão de cisalhamento são iguais ao peso: 61 Colocando a variável para o primeiro membro, para o segundo membro e as integrando, respectivamente, de uma velocidade até o ponto em que demonstra diagrama de velocidades nulo e, de (diâmetro interno) à (diâmetro externo): Logo, a integração e a aplicação da propriedade de logaritmos para a subtração, propicia: Ou: Isolando e locando os devidos dados na Equação : Esse seria o resultado correto (real), possuindo comparativamente uma margem de erro pequena em relação à variação linear de em , considerada inicialmente. Comprovemos abaixo, pela variação dos dois resultados em relação à viscosidade real e multiplicada por 100 para o erro ser demonstrado percentualmente: Como verificado acima, o porcentual de erro da linearização da velocidade é insignificante para esse caso. 2- Um tanque de ar comprimido apresenta valor igual a Determine a massa especifica e o peso do ar contido no tanque quando a pressão relativa do ar no tanque for igual a . Admita que a temperatura do ar no tanque é igual a . Solução O exercício primeiramente pede o valor da massa específica, e para encontrá-lo, isolemos na equação dos gases perfeitos: A temperatura é a temperatura absoluta, expressa em Kelvin. Transformemos a temperatura informada de graus Celsius para Kelvin: Substituindo os valores prestados pelo exercício, tomando a pressão absoluta como a soma da pressão atmosférica e da pressão relativa do ar no tanque, a temperatura em Kelvin, e para a constante universal dos gases : A segunda tarefa proposta é determinar o valor do peso contido no tanque. E o peso é definido pela fórmula: A massa específica é a massa por unidade de volume. Então, conhecido o volume , é preciso multiplicá por para obter a massa do sistema : Obtendo com o valor de : Com isso, quando a pressão relativa do ar no tanque for igual a , a massa específica e o peso do ar contido no tanque são e , respectivamente. 3- Dado um cilindro que contém de ar a e a , sendo o ar comprimido a , pede-se: (a) considerando as condições isotérmicas, qual é a pressão do novo volume e qual é o módulo de elasticidade volumétrico? (b) e considerando condições adiabáticas qual a pressão e a temperatura final e qual será o módulo de elasticidade volumétrico? a) Solução Temos que para condições isotérmicas a seguinte relação pressão-volume foi estabelecida: Para , e , convertendo em unidades equivalentes, se constata: E resolvendo, chega-se a: Em outros termos, se refere ao módulo de elasticidade 62Fenômenos de transportes volumétrico , isto é, se trata da variação da pressão em decorrência de uma alteração no volume, conduzindo a uma pressão por unidade de volume diferente da inicial. b) Solução Para condições adiabáticas, temos para o ar , logo será: Resolvendo, a conversão de unidades simplifi cada anteriormente: Porém, em condições adiabáticas, o módulo de elasticidade volumétrico depende do expoente adiabático, por consequência da ausência da troca de calor e é o responsável por relacionar o calor específi co a pressão constante e o calor específi co a volume constante. Dito isto: E por fi m, tem-se a temperatura fi nal: Operando, é determinada a temperatura fi nal: Com isso, em condições adiabáticas, obteve-se para esse caso a pressão de , a temperatura fi nal de e o módulo de elasticidade volumétrico de . 4- Um metro cúbico de hélio a pressão absoluta de é comprimido isoentropicamente até que seu volume se torne igual à metade do volume inicial. Qual é o valor da pressão no estado fi nal? (MUNSON et al., 2004, p. 19) Solução Pela informação cedida, o processo é isoentrópico (sem transferência de calor), logo chegamos a seguinte relação: A proporção entre os estados iniciais e fi nais de pressão ( e , respectivamente) e massa específi ca elevada a ( e , respectivamente) é constante. Os estados iniciais são iguais aos fi nais. Mas, o objetivo nesse caso, é determinar o valor da pressão no estado fi nal. Assim, precisamos primeiramente isolar : Não foram mencionadas as massas específi cas no enunciado do exercício, no entanto, foram reveladas suas proporções por meio da informação de que o volume fi nal é igual à metade do inicial . Vejamos: O gás Hélio apresenta a , com pressão inicial de . Substituindo esses valores e na Equação 1-48: Desse modo, a pressão no estado fi nal de compressão isentrópica é de . 5- No manômetro da fi gura, o fl uido é água e o fl uido , mercúrio. Qual é a pressão ? Dados: ; . Figura – Manômetro em U com os fl uidos A e B e as respectivas cotas. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução No manômetro da Figura, de coluna líquida em forma de U, com os fl uidos A (água) e B (mercúrio), a ramifi cação da direita, contendo mercúrio, abre-se a atmosfera e a ramifi cação esquerda, contendo água, conecta-se a um reservatório. Pede- se a pressão , para obtê-la é sufi ciente aplicar o teorema de Stevin, consoante à regra de sinais imposta para a escrita da equação das pressõesno manômetro. Da esquerda para a direita, emprega-se o sinal positivo para o decréscimo de altura e utiliza-se o sinal negativo para o acréscimo de altura, em relação ao fundo do manômetro. Aplicando a regra acima, soma-se à pressão , a pressão exercida pela coluna líquida de água medindo ( ) de altura e subtrai-se a pressão exercida pela coluna líquida de mercúrio medindo ( ) de altura, então: 63 Substituindo e : Ou: Com isso, a pressão no reservatório A do manômetro com tubo em U, devido ao contato do mercúrio com a atmosfera e ao preenchimento de água à esquerda do manômetro, é de . 6- Um manômetro de reservatório com tubo inclinado é construído como mostrado. Deduza uma expressão geral para a deflexão do líquido, , no tubo inclinado, em termos da diferença de pressão aplicada, . Obtenha, também, uma expressão geral para a sensibilidade do manômetro. Figura – Manômetro de tubo inclinado. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Como pode ser visualizado na Figura, um manômetro com tubo inclinado é conectado ao reservatório. O exemplo consiste em determinar em termos de e a expressão geral para a sensibilidade do manômetro. A referência horizontal a ser adotada será o fluido na posição estática, em equilíbrio, assim deve-se considerar o fluido estático e incompressível. A pressão resultante no sistema é a pressão aplicada, como a diferença , subtraída da pressão ocasionada pela elevação líquida , portanto: Como o volume deslocado no reservatório é igual ao volume elevado na coluna líquida do tubo inclinado, pode-se escrever: Onde é o diâmetro do reservatório, é o deslocamento do líquido no reservatório, é o diâmetro do tubo inclinado e é a elevação do líquido no respectivo tubo. Com isso, é dado por: Substituindo a Equação 1-83 na Equação 1-82: Conforme visto na Figura 1-38, pode-se inferir: Assim: A dimensão inclinada pode ser obtida a evidenciando: Observe que está em função de . A sensibilidade é uma relação entre e a deflexão de um manômetro comum de tubo em U, contendo água: Sendo , substituindo Como é a massa específica do fluido manométrico e é a massa específica da água, a razão entre ambas pode ser denotada por , sendo a massa específica relativa, logo: Como pode ser percebido na Equação anterior, quando for desejado aumentar a sensibilidade do manômetro, os parâmetros , e devem ser diminuídos. 7- O manômetro inclinado da Figura indica que a pressão no tubo é . O fluido que escoa nos tubos e é água e o fluido manométrico apresenta densidade relataiva de . Qual é a pressão no tubo que corresponde à condição mostrada na figura. 64Fenômenos de transportes Figura – Manômetro inclinado com água escoando em e e fl uido manométrico entre estes. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Sabendo que , a equação manométrica que descreve o manômetro inclinado da Figura é dada por: Onde é o peso específi co do fl uido manométrico. Ou, evidenciando : A pressão em pode ser determinada substituindo , densidade relativa e , em que , logo: Cinemática de fl uidos 1- O tanque maior da fi gura abaixo permanece em nível constante. O escoamento na calha tem uma seção transversal quadrada e é bidimensional, obedecendo à equação . Sabendo que o tanque (B) tem e é totalmente preenchido em segundos e que o conduto circular tem de diâmetro, determinar: (a) a velocidade média na calha quadrada; (b) a vazão no conduto circular de de diâmetro; (c) a velocidade máxima na seção do conduto circular de de diâmetro. Figura – Tanque maior sendo abastecido de água por meio de uma calha de seção quadrada, com medidas de , e distribuindo a vazão a um reservatório menor e ao meio externo, por meio de condutos circulares. Fonte: Elaborado pelo autor. a) Solução A velocidade média é obtida por meio da Equação 2-6: Na calha de seção quadrada, o escoamento bidimensional obedece a equação . Assim, conforme a equação acima, desenvolve-se: Onde e , em que a base é constante na função de velocidade , variando somente em função de . Como a base da calha mede , é obtida a velocidade média: Nessas condições, a velocidade média na seção corresponde somente à medida de sua base. b) Solução A vazão no conduto circular é calculada subtraindo a vazão (advinda da calha) da vazão (destinada ao tanque (B)), isto é: A partir da velocidade média na calha, determina-se sua vazão por meio de: Com e , tem-se: O tanque (B) possui capacidade de e é totalmente preenchido em , com isso: Aplicando a Equação 2-25 é encontrada a vazão do conduto circular de de diâmetro: Fatores como a maior profundidade e diâmetro das tubulações no tanque, condicionam a magnitude da vazão. 65 c) Solução Para determinar a velocidade máxima, primeiro é preciso conhecer o regime de escoamento no conduto. Desse modo, utiliza-se a relação atinente entre a velocidade máxima e a velocidade média. O regime de escoamento é determinado obtendo o número de Reynolds ( ) ao ser empregada a Equação 2-1: Ou: Com , é encontrada a velocidade no conduto circular de de diâmetro, substituindo nesta equação, (item b) e: Então: Dispondo da velocidade , do diâmetro e da viscosidade cinemática para a água , é calculado o número de Reynolds : Para , o escoamento é considerado turbulento. Nesse caso, emprega-se a relação: Sabendo que para a velocidade , de , são válidas as igualdades , e calcula-se: Onde a velocidade média é um valor representativo em toda a seção. Contudo, como é visualizado acima, em um escoamento turbulento há uma proporcionalidade direta entre a velocidade média e a velocidade máxima aplicando o coeficiente . 2- No escoamento incompressível através do dispositivo mostrado, as velocidades podem ser consideradas uniformes em todas as seções de entrada e de saída. As seguintes condições são conhecidas: , , , e ( em segundos). Obtenha uma expressão para a velocidade e a vazão média total em volume na seção 3. Em que instante torna-se zero pela primeira vez? Figura – Sistema com o escoamento de um fluido incompressível através de um dispositivo com três seções, nas quais o sentido do escoamento é representado nas seções 1 e 2. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Segundo o princípio da conservação de massa, a soma das vazões é nula em um sistema com escoamento incompressível e permanente. Opta-se por convencionar o fluxo de entrada como negativo e o fluxo de saída como positivo. Como estão representados os sentidos de escoamento através das seções 1 e 2, a seção 3 obrigatoriamente possui sentido contrário, supondo que é necessário satisfazer o princípio da conservação de massa. Com essas ponderações, escreve-se: Onde , , , , e são as velocidades e as áreas das seções 1, 2 e 3, respectivamente. É exigida uma formulação para a velocidade na seção 3, evidenciando na Equação 2-31: Substituindo , , , e (com em segundos) na Equação 5-2, resulta: Desse modo, a equação para a velocidade na seção 3 é: Com em e em . A vazão média total em volume na seção 3 é calculada integrando a respectiva formulação para vazão, com a Equação 2-33 e a área . Os limites de integração são 66Fenômenos de transportes em relação ao tempo, partindo do instante inicial e progredindo infi nitamente, ou seja, . Logo: A integral imprópria é resolvida mediante: Então, a vazão média total em volume na seção 3 é . Por fi m, representando grafi camente, é encontrado , em que torna-se zero pela primeira vez. 3- No escoamento laminar de um fl uido em condutos circulares, o diagrama de velocidades é representado pela equação , onde é a velocidade no eixo do conduto, é o raio do conduto e é um raio genérico para o qual a velocidade é genérica. Verifi car que , onde velocidade média na seção. Solução A velocidade média pode ser calculada pela integração da função de velocidade em relação à área da seção de escoamento, dividida pela mesmaárea, isto é: Temos a área da seção circular como , assim . E a função de velocidade, para o raio do conduto, é . A partir dessas análises, deduz-se: Portanto, a velocidade média na seção de condutos circulares com escoamento laminar é metade da velocidade máxima ( ). Problemas: energia associada a fl uidos 1- A Figura mostra o escoamento de água numa redução. A pressão estática em e em são medidas com um manômetro em U invertido que utiliza óleo, densidade igual a , como fl uido manométrico. Nessas condições, determine a leitura no manômetro (MUNSON et al., 2004, p. 112-113). Figura - Manômetro invertido contendo óleo e acoplado a uma redução, na qual escoa água. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Reescrevendo a Equação de Bernoulli: É necessário encontrar a diferença de pressão realizando as devidas substituições, com diferentes equações, para poder combiná-las e assim determinar . A primeira equação é a anterior, e podemos encontrar a diferença , a simplifi cando: A equação da continuidade dita a vazão em volume como constante, ou seja, , substituindo : Ou: 67 Além deste método, outros são possíveis, como o da pressão manométrica estudada no capítulo anterior em que cada ponto do fluido é analisado (alturas peculiares ao óleo e à água): Ou: Igualando a Equação 3-39 e a Equação 3-40: A velocidade do fluido corresponde à razão entre a vazão em volume e a área da seção do ponto correspondente, então tendo , encontra-se a partir da Equação 3-41. Veja: Ou: Observe que a altura não é em função de , sua alteração não terá consequências em . No entanto, isso não ocorre na diferença de pressão , porque em sua resolução (Equação 3-3) há o termo e modificações em acarretam em alterações dessa diferença de cotas, diferente de , em que na última equação obtida (Equação 3-42) não existe a subtração . 2- No sistema da figura, os reservatórios são de grandes dimensões. O reservatório alimenta o sistema com e o reservatório é alimentado pelo sistema com . A potência da bomba é e o seu rendimento, . Todas as tubulações têm de diâmetro e as perdas de carga são: ; e .O fluido é água . Pede-se a potência dissipada na instalação e a cota da seção em relação ao centro da bomba. Figura - Reservatórios e pertencentes ao sistema, com cada um possuindo uma vazão em volume, sendo que não estão nivelados e há uma bomba permitindo o reservatório receber fluido. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução A potência dissipada é encontrada aplicando os princípios fundamentais da conservação de energia no escoamento, tendo uma máquina (bomba) no sistema e não havendo trocas de calor, mas considerando perdas de carga. Então, a equação da continuidade quanto à vazão em volume é descrita por: A vazão em volume de entrada é identificada por , e em seguida, a de saída por , pois o reservatório está alimentando o sistema, onde igualmente representa a evacuação. Assim: De e : Inicialmente, foi referida a equação da conservação de energia, sendo que a partir dela foram deduzidas expressões a fim de quantificar a potência dissipada (seção 3.2.3), logo podemos nos ater à equação final. A potência dissipada em todo o sistema é a soma destas em todo o seu comprimento, ou no caso: , , . Dito isto: Então: Além da potência dissipada, pede-se a medida de , da Figura 3-8. A conservação de energia por unidade de tempo também inclui a energia na forma dissipada, pois há desníveis, uma bomba hidráulica e, portanto, energia absorvida e dissipada. A equação descrita segue abaixo: Ou: 68Fenômenos de transportes A Equação de Bernoulli retrata a perda de carga, descrevendo em termos do coefi ciente de energia cinética , para certifi car a exatidão de entrada e saída no sistema, e em termos de na superfície do reservatório : Na superfície a pressão é nula; o fl uido está estático, logo a velocidade também é zero; a altura do solo à superfície mede ; e . Com isso, a única variável restante é . Em a pressão é nula e a distância ao solo também , isto é: Calculando como a vazão em volume dividida pela área da seção: Supondo velocidade constante : Podemos agora obter , com , e E seguindo as mesmas condições, como fl uido estático e pressão superfi cial nula, resta: O rendimento de uma bomba é a razão entre a potência recebida pelo fl uido e a fornecida pela bomba. O rendimento é de e a potência da bomba . À vista disso, a potência recebida pelo fl uido é dada pela multiplicação entre a potência da bomba e o seu rendimento: Finalmente, todas as variáveis pertinentes foram identifi cadas, e podem ser substituídas na Equação 3-45, restando apenas . Assim: Portanto, o desnível entre a bomba e a superfície superior do líquido no reservatório é de . 3- Supondo fl uido ideal, mostrar que os jatos de dois orifícios na parede de um tanque interceptam-se num mesmo ponto sobre um plano, que passa pela base do tanque, se o nível do líquido do orifício superior é igual à altura do orifício inferior acima da base. Figura – Reservatório com dois orifícios, um a altura da base e outro a altura da superfície livre. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Para movimentos uniformemente variados, o alcance em de um lançamento oblíquo é dado por: Onde a aceleração do objeto deve-se à aceleração da gravidade de modo que , assim: Pode-se referenciar como altura inicial o início de cada jato, sendo a velocidade nesse instante igual a zero, originando e , então: O alcance horizontal é defi nido ao empregar a expressão para velocidade: Substituindo, determina-se: 69 Especificando o ponto (1) como o jato livre mais próximo da base e o ponto (2) como o jato livre mais próximo da superfície livre, chega-se a: E: Para a posição horizontal de referência (PHR) junto à superfície livre, conforme a equação no exercício anterior ( ), no jato superior é desenvolvido , e no jato inferior, , onde é a distância entre os orifícios. Com e nas equações respectivamente, tem-se: Sendo a posição final nas ordenadas, quando os jatos se interceptam, com referência a posição horizontal de origem de cada jato, em (1) tem-se e em (2) , com isso as equações tornam-se, respectivamente: Como vemos, ( ), portanto os jatos se interceptam sobre o plano que passa pelo reservatório. Problemas sobre escoamento 1- Um tanque, com volume de , contém ar a (absoluta) e . Em , o ar começa a escapar do tanque através de uma válvula com área de escoamento de . O ar passando através da válvula tem velocidade de e massa específica de . Determine a taxa instantânea de variação da massa específica do ar no tanque em . Dados: Um tanque de volume contendo ar a (absoluta) e . Em , o ar começa a escapar por uma válvula. O ar sai com velocidade e massa específica através de uma área . Figura – Volume de controle do tanque de ventilação. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução O volume de controle determinado pelo exercício é o demonstrado na Figura, visualizado pela linha tracejada. A equação a ser utilizada para determinar a taxa de variação da massa específica do ar no tanque em é a equação para volume de controle para a conservação de massa: Para resolver o problema deve-se considerar a uniformidade das propriedades no tanque, dependentes do tempo, e o escoamento como uniforme na seção 1. Logo, a massa específica pode ser colocada para fora da integral e a integral de volume de controle pode ser assumida como simplesmente : A superfície de controle em que a massa atravessa os limites do volume de controle é somente a limitada pela região da seção e sendo considerado escoamento uniforme nessa mesma seção, a equação desenvolvida acima pode ser expressa da seguinte maneira: O termo da Equação 4-95 é positivo devido ao vetor área possuir o mesmo sentido do vetor velocidade do escoamento. Para determinar a taxa de variação da massa específica do ar é necessário expressar , portanto:Em , tem-se: 70Fenômenos de transportes O sinal negativo para a taxa de variação da massa específi ca em , , deve-se ao decréscimo da massa específi ca do ar no tanque. Com isso, concluímos que podemos utilizar a equação da conservação de massa para a resolução de problemas de escoamento em regime transiente. 2- Considere o escoamento permanente de água em uma junção de tubos, conforme mostrado no diagrama. As áreas das seções são: , e . O fl uido também vaza para fora do tubo através de um orifício em com uma vazão volumétrica estimada em . As velocidades médias nas seções e são e , respectivamente. Determine a velocidade do escoamento na seção . Figura – Escoamento em uma junção de tubos. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução O volume de controle fi xo pode ser determinado pela região da junção. Como iremos determinar a velocidade de escoamento na seção , precisamos defi nir um sentido para o escoamento conforme os sentidos defi nidos na Figura. Pode-se defi nir, por exemplo, que o sentido de escoamento na seção é para fora, se a hipótese for incorreta, o resultado fi nal terá sinal negativo. É necessário fazer algumas considerações: escoamento permanente, escoamento incompressível e propriedades uniformes nas seções, consequentemente a equação para a conservação de massa se torna: Conforme a Equação 4-97, a soma dos produtos escalares na superfície de controle considera a vazão volumétrica através das seções , , e do orifício : O fl uxo através das seções precisa ser analisado individualmente, desse modo o produto escalar possui resultado negativo caso os vetores área e possuam sentidos contrários, e positivos caso os sentidos sejam os mesmos. Onde a normal à área é sempre traçada para fora da superfície de controle. Logo, resulta em: Assim, a velocidade é defi nida por: Substituindo , , , , e na Equação 4-99: Desse modo, a velocidade do escoamento através da seção é de , onde ao sinal negativo apenas denota o sentido de escoamento contrário ao inicialmente adotado. Nesse caso, foi adotado a velocidade saindo do volume de controle, contudo, o resultado válido é o escoamento entrando no volume de controle através da seção a uma velocidade de . 3- A água sai de um bocal estacionário e atinge uma placa plana, conforme mostrado. A água deixa o bocal a ; a área do bocal é . Considerando que a água é dirigida normal à placa e que escoa totalmente ao longo da placa, determine a força horizontal sobre o suporte. Figura – Volume de Controle I ( ) (a) e Volume de Controle II ( ) (b) para a água atingindo uma placa plana. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução Primeiramente é necessário defi nir um volume de controle para resolver o problema. Dentre as escolhas possíveis, são dispostas duas posições para o volume de controle na Figura. A seção de entrada do volume de controle pode ser considerada igual à seção do bocal, defi nida por . As direções de saída do escoamento ocorrem tangencialmente à superfície da placa, no sentido e . Dentre as considerações possíveis, tem-se o escoamento permanente, incompressível e uniforme através das fronteiras do volume de controle. Assim, as equações de governo são: E: 71 Consequentemente, podem ser deduzidas as seguintes equações para a quantidade de movimento e de conservação de massa, respectivamente: A força horizontal sobre o suporte pode ser obtida por meio dos dois volumes de controle apresentados na Figura. Considerando o Volume de Controle I ( ), as áreas da superfície esquerda e da direita são iguais e denotadas por , as reações no suporte são e , a pressão atmosférica age sobre todas as superfícies de controle e o peso para o volume de controle é denotado por , a força de campo na direção . Sendo as forças de superfície e as forças de campo, podemos obtê-las na direção e . E conforme as ponderações anteriores, somente há força de campo na direção , logo . As forças de superfície em são: Na equação acima foi considerada a distribuição da pressão atmosférica em ambos os sentidos de e a reação do jato na superfície da placa. A Equação 4-101 também pode ser expressa por: E com isso, tem-se a Equação 4-100 como: Onde a componente de na Equação 4-100 é em , portanto . Como não há escoamento nas superfícies superior e inferior do volume de controle, nesses locais considera-se . Na Figura 4-16 podemos visualizar a seção , em que a reação pode ser interpretada em função dela assim sendo: Substituindo , , e na Equação 4-102: A reação em é contrária ao sentido de impacto do jato, considerado positivo. O Volume de Controle é demonstrado na Figura 4-16-b. Nesse caso, apenas a esquerda do volume de controle possui interação direta com a pressão atmosférica. Denominando a reação horizontal da placa sobre o volume de controle como , devido ao contato do volume de controle com a superfície da placa, a equação da quantidade de movimento, Equação 4-100, é dada por: Assim como deduzido na Equação 4-102, o sentido do vetor área é contrário ao de , portanto: Logo: Anteriormente obtivemos que , isto é: A soma das forças em do jato sobre a placa, considerando o volume de controle , é: A reação não surge na Equação pois esta não atua sobre a placa, quando são consideradas as forças atuantes sobre a placa, tem-se o desenvolvimento acima. Assim sendo, a pressão atmosférica sobre a placa para somente atua sobre a face direita, portanto, com sentido para esquerda, convencionado acima como negativo. E nessas condições, tem-se a reação do volume de controle sobre a placa, logo, positivo. Conforme as considerações acima, a reação é dada por: A reação é determinada pela Equação 4-103, substituindo-a na Equação anterior, determina-se: Para ambos os volumes de controle considerados, e , é positivo, o que significa que o sentido inicialmente convencionado foi definido de forma correta. A mesma reação em , independentemente da escolha do volume de controle, demonstra que realizando 72Fenômenos de transportes as ponderações corretas, mostra-se possível a resolução do problema com o volume de controle julgado mais apropriado. Diferentes escolhas de volume de controle, possibilitam processos mais simplifi cados de resolução. Problemas de transferência de calor 1) Considere uma placa plana de vidro de espessura e condutividade térmica . A superfície esquerda é mantida à temperatura , enquanto a superfície direita permanece com temperatura . Determine a densidade de fl uxo de calor que atravessa a placa de vidro. Solução A partir da equação de Fourier, pode-se inferir a densidade de fl uxo de calor para toda a placa de vidro nas condições expressas. Onde os limites de integração referem-se à variação da espessura da camada de vidro ( à ) e às respectivas variações de temperatura ( à ). Resolvendo a integração, deduz-se: Para , , e , obtém-se: Com isso, a densidade fl uxo de calor na direção ( ), que atravessa a placa de vidro, é de . 2) A Figura 5-9 abaixo mostra um esquema de uma placa de mármore de espessura e condutividade térmica . A superfície esquerda da placa é mantida à temperatura , enquanto a superfície direita permanece com temperatura . Determine, por meio da integração da equação de Fourier para a condução: (a) a densidade de fl uxo de calor que atravessa a placa; e (b) a distribuição de temperatura na placa. Figura 5-9 – Seção de uma placa de mármore, com espessura e condutividade térmica . Fonte: Elaborado pelo autor. (a) Solução A equação diferencial de Fourier para a condução pode ser descrita na forma: Onde é a densidade de fl uxo de calor através da placa, é a condutividade térmica do mármore e é a variação diferencial da temperatura através da espessura da placa. Separando as variáveis surge: Os limites de integração são fornecidos pelas condições do problema. No primeiro membro da equação acima, tem- se aespessura da placa de mármore variando de a . No segundo membro dessa mesma equação, a temperatura varia de uma temperatura da superfície esquerda a uma temperatura da superfície direita. Essa integração é resolvida adiante: Como é exigida a densidade de fl uxo de calor através da placa ( ), evidenciando esse termo acima, defi ne-se: Substituindo os seguintes dados fornecidos no enunciado: , , e , é encontrado : Então, a densidade de fl uxo de calor através da placa é de . (b) Solução A distribuição de temperatura na placa é encontrada com a integração indefi nida da equação de Fourier para a condução. Primeiro, evidencia-se o termo diferencial da referida equação: 73 Separando as variáveis: A integração indefinida fornece uma função com a constante , identificada por meio de uma condição de contorno. Dessa maneira: Em , a temperatura superficial é , o que determina a condição de contorno: Substituindo na Equação 5-106, é elaborada a função de distribuição da temperatura na placa. Contudo, são conhecidos os termos (item a)) e , logo: A função é a distribuição de temperatura ao longo da espessura da placa. 3) A Figura mostra um esquema de um duto cilíndrico de raios interno e externo . A superfície interna é mantida à temperatura , enquanto a superfície externa permanece com temperatura , constantes, sendo . A parede da tubulação é constituída por um material de condutividade térmica que varia linearmente com a temperatura segundo a função , onde e são constantes. Determine o fluxo de calor por comprimento unitário do duto. Figura – Duto cilindro com condutividade térmica , raio interno e externo e e temperatura interna e externa e , respectivamente. Fonte: Elaborado pelo autor. Solução A forma como processa-se a variação da temperatura na parede do duto é essencialmente dependente da temperatura interna e externa e de suas correspondentes magnitudes. Assim, lembremos que para : Em que a densidade de fluxo de calor apresenta-se positiva, de modo que há a transferência de calor no sentido da superfície externa para a interna, com a tendência de equilibrar-se termicamente. E para : Nesse caso, a transferência de calor ocorre no sentido da superfície interna para a externa. Seus termos podem ser descritos como sendo , onde , e as variáveis podem ser separadas para a integração: Como : Integrando para a variação de a , e para a : Para o segundo membro da Equação 5-108 aplica-se a propriedade de integração correspondente à integração de uma soma, onde esta é resolvida mediante a somadas integrações: Onde foi empregado devido ao exercício exigir o fluxo de calor por comprimento unitário do tubo. A integração do primeiro membro da Equação 5-109 resulta em um logaritmo natural: 74Fenômenos de transportes Como exige-se o fl uxo de calor por unidade de comprimento, tem-se: Dessa maneira, determina-se dependendo somente das temperaturas da superfície interna e externa das tubulações, de seus raios internos e externos, além das constantes e . 4) Considere uma parede plana de espessura , com um eixo perpendicular às suas superfícies, tendo sua superfície esquerda, situada em , mantida à temperatura constante, enquanto com temperatura constante, sendo . A condutividade térmica varia com a temperatura segundo a relação , onde e são constantes, e a área da seção transversal decresce linearmente de um valor em até em . Considerando que a condução de calor é unidimensional (na direção x), determine o fl uxo de calor (taxa de transferência de calor). Solução A seção transversal da parede plana varia linearmente com a espessura . Então, a área longitudinal de transferência de calor pode ser deduzida como uma equação linear. De modo que o coefi ciente angular pode ser deduzido como: Variando linearmente de em a a , sendo . Representando o termo independente, deduz-se a equação: A derivada da Equação resulta em: De acordo com a equação de Fourier, para pode-se inferir: Realizando a separação de variáveis, surge: temos, Integrando o primeiro membro de a e o segundo membro de a , considerando as magnitudes dessas grandezas da superfície esquerda à direita, respectivamente: Onde , , e . Aplica-se a soma de integrais a integral de uma soma: Realizando as respectivas integrações, dispõe-se: Logo, o fl uxo de calor através da parede é dado por: Ou ainda, invertendo o numerador e o denominador no logaritmo natural: Conforme a propriedade de logaritmos, o expoente pode ser disposto como um coefi ciente do logaritmo, o que resulta em: Simplifi cando a Equação 5-113, determina-se: Sendo esta a taxa de transferência de calor em função da variação das áreas longitudinais 75 Ao fi nal desta última aula, vamos recordar sobre o que aprendemos até aqui. Retomando a aula 1 – Problemas Resolvidos Foram diversos problemas envolvendo os fenômenos dos transportes. Artigo: https://nelsonreyes.com.br/Mec%20Fluidos. pdf. Resolução de problemas. Disponível em: https:// www.youtube.com/h?v=SXoyuYBxzJ0&list=PL4Jsnfxm VFTvX4vNXghLyBBEF7zWGsOx. Vale a pena assistir Vale a pena Referências BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de Transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. ÇENGEL, Y.A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos Fluidos: fundamentos e aplicações. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. GOMES, M. H. R. Apostila de Mecânica dos Fluidos. Disponível em: http://www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/ fi les/2012/09/Apostila-de-Mec%C3%A2nica-dos-Fluidos. pdf. Acesso em: 27 jan. 2018. HALLIDAY, D., RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física: gravitação, ondas e termodinâmica. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. LIVI, C. P. Fundamentos de Fenômenos de Transporte. Rio de Janeiro: LTC, 2004. MUNSON, B. R.; YOUNG, D. F.; OKIISHI, T. H. Fundamentos da Mecânica dos Fluidos. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. Minhas anotações
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