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Interpretação e Vigência das Normas Jurídicas

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Objetivo da LINDB
1. Possui a função de reger as normas, uma vez que indica como interpretá-las e aplicá-las. 
Vigência, validade, eficácia e vigor das normas
Validade
1. A validade de uma norma pode se verificar sob duas óticas:
· Formal: observância das normas referentes a seu processo de criação. 
· Material: se houve observância da matéria passível de normatização por por parte das entidades federativas, ou se houve incompatibilidade de conteúdo. Exemplificando, a legislação de competência privativa da União está estabelecida no art. 22 da CF/88, sendo inconstitucional qualquer norma estabelecida por outra entidade federativa em relação à matéria ali constante.
Vigência
1. Refere-se ao período de validade da norma, ou seja, o lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (no caso de normas temporárias).
Eficácia
1. Eficácia é a qualidade da norma que se refere à aptidão para a produção concreta de efeitos. Do ponto de vista teórico, a eficácia pode ser:
· Social: produção concreta de efeitos, porque presentes as condições fáticas exigíveis para seu cumprimento.
· Técnica: produção de efeitos, porque presentes as condições técnico-normativas exigíveis para sua aplicação. A previsão de “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”, contida no inciso I do art. 7.º da CF/88, pode ser considerada um típico exemplo de norma, por si só, sem eficácia técnica, tendo em vista a inexistência, até o momento, da referida lei complementar
2. Funções eficaciais:
· Função de bloqueio: é o caso das normas que visam a impedir ou cercear a ocorrência de comportamentos contrários a seu preceito, como, por exemplo, em regra, as normas punitivas e proibitivas.
· Função de programa: é o caso de normas que visam à realização de um objetivo do legislador. Ex.: o art. 218 da CF/88 diz que “O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas”.
· Função de resguardo: é o caso de normas que visam a assegurar uma conduta desejada. Ex.: o art. 5.º, XXVII, da Lei Maior diz “aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar”.
3. Para ter função eficacial a norma pode depender de outras, classificando-se em:
· Normas de eficácia plena: quando a sua função eficacial é imediatamente concretizada, ou seja, não é dependente de qualquer outra norma para produzir efeitos.
· Normas de eficácia limitada: quando há necessidade de outras normas para a realização da função eficacial. É o caso das normas programáticas que dividem-se em normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo e as de princípio programático. Aquelas preveem a criação de órgãos ou institutos e essas últimas apontam diretrizes, objetivos e finalidades.
· Normas de eficácia contida: quando pode ser restringida, sendo plena enquanto não sobrevier a restrição. É o caso, por exemplo, da previsão do inciso XIII do art. 5.º da CF (“é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Vigor
1. o vigor (também chamado de “força da norma”) diz respeito à força vinculante da norma, isto é, à impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. Não se confunde nem com a vigência nem com a eficácia, pelo fato de que, no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos. Assim, uma norma já revogada (ou seja, não mais vigente) pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações consolidadas sob sua vigência.
Interpretação de normas
1. A finalidade da interpretação normativa é: 
a) revelar o sentido da norma; 
b) fixar o seu alcance.
2. Várias técnicas coexistem para auxiliar o aplicador do direito, sendo os métodos mais conhecidos os seguintes:
· Literal: exame de acordo com as regras do vernáculo.
· Lógico: utilização de raciocínios lógicos (dedutivos ou indutivos).
· Sistemático: análise da norma a partir do ordenamento jurídico de que é parte, relacionando-a com todas as outras com o mesmo objeto.
· Finalístico ou teleológico: análise da norma tomando como parâmetro a sua finalidade declarada, adaptando-a às novas exigências sociais.
3. Nenhum desses métodos se impõe necessariamente sobre o outro, sendo apenas um conjunto de instrumentos teóricos para intepretação, contida no art. 5° da LINDB.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
Algumas noções sobre integração normativa
1. Quando inexiste lei a aplicar diretamente ao caso o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito (art. 4°, LINDB). Essas fontes supletivas somam-se a doutrina, a jurisprudência e a equidade.
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Aplicação temporal de normas
1. pelo art. 3º da LINDB, ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece. 
Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
2. Embora se saiba que esse conhecimento absoluto da regra, do ponto de vista material, jamais poderá ocorrer no mundo real, trata-se de um postulado para a garantia do interesse público, não se admitindo, em regra, o erro de direito. 
3. A obrigatoriedade da lei, somente surge a partir de sua publicação oficial, mas esse fato não implica, necessariamente, vigência e vigor imediatos. 
4. De fato, salvo disposição em contrário, a lei começará a vigorar em todo o País somente quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, conforme consta do caput do art. 1º da LINDB. Admitindo-se, porém, na forma do § 1º do mesmo dispositivo, a obrigatoriedade da lei brasileira em Estados estrangeiros, tal vigor somente se iniciará três meses depois da publicação.
Art. 1º.  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
5. A vacatio legis é justamente o período em que a lei, embora publicada, aguarda a data de início de sua vigência.
6. E se ocorrer republicação da lei? Como se deve proceder? A vacatio legis continuaria a mesma? Responde o §3° e §4° do art. 1°:
§ 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
7. Em um ordenamento jurídico, as normas podem perder a sua vigência, deixando de pertencer ao sistema, fato que, do ponto de vista temporal, é denominado revogação. Sobre o tema, preceitua o art. 2.º, caput, e seus §§ 1.º e 2.º: 
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a anterior. 
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
8. A revogação da lei pode ser expressa ou tácita:
· Expressa: quando a nova norma enuncia a revogação dos dispositivos anteriores.
· Tácita: quando, embora não enunciando a revogação, a nova norma disciplina a matéria de forma diferenciada da regra original, tornando ilógica a sua manutenção.
9. A revogação pode ser ainda por:
· Ab-rogação: quando total.
· Derrogação: quando parcial.
10. Algumas regras reguladoras da revogação
· Lex superior: a norma que dispõe, formal e materialmente, sobre aedição de outras normas prevalece sobre estas. É o caso do confronto entre a Constituição Federal e uma lei ordinária. A norma constitucional é superior a todas as outras normas, que têm nela o seu fundamento de validade.
· Lex posterior: se normas do mesmo escalão estiverem em conflito, deve prevalecer a mais recente.
· Lex specialis: a norma especial revoga a geral no que esta dispõe especificamente.
11. O fenômeno da repristinação, entendido como a restauração da lei revogada pela revogação da sua lei revogadora, por sua vez, não é aceito, em regra, pelo nosso ordenamento jurídico, conforme se verifica do § 3º do art. 2°: 
§ 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Conflito de normas no tempo (Direito intertemporal)
1. No conflito temporal de leis, deverá ser aplicada a lei nova ou a lei velha às situações cujos efeitos invadirem o âmbito temporal da lei revogadora mais recente? Em prol da segurança jurídica, o art. 6.º da LINDB dispõe que as leis em vigor terão “efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Essas ressalvas são explicadas pelos próprios parágrafos do artigo mencionado, veja: 
Art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
2. Ou seja: o indivíduo não é obrigado a dar algum ressarcimento ou sofrer sansão por lei posterior que modificou uma lei anterior que lhe conferiu um direito (ato jurídico perfeito); se ele tiver exercendo o direito em função de lei anterior, não pode perde-lo (direito adquirido); e se sentença já transitou em julgado, a lei nova não alterará isso (coisa julgada).
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. RODOLFO, Pamplona Filho. Novo curso de direito civil – Parte geral – vol. 1. 23 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.

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