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Pacote Anticrime Completo

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LEI N. 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME E NOVIDADES legislativas:
Índice
I.	Introdução	
II.	Modificações no Código Penal ......................................................................... 
1. Legítima Defesa.......................................................................................................
1.1 Introdução sobre o Tema: Excludente de Ilicitude.......................................... 
2. Execução da Pena de Multa..........................................................................................
3. Requisitos para a Sua Concessão................................................ 
4. Condições do Livramento Condicional.......................................................... 
4. Pena de Perdimento de Bens............................................................ 
4.1 Efeitos Secundários Extrapenais.............................................................. 
4.2 Hipótese de Cabimento..................................................................................... 
4.3 Objeto da Perda....................................................................................... 
4.4 Perda Decretada Judicialmente........................................................................ 
6. Causas Impeditivas da Prescrição..................................................................... 
7. Alterações no Delito de Roubo.......................................................................... 
7.1 Bem Jurídico............................................................................................ 
7.2 Sujeitos.................................................................................................... 
7.3 Roubo Próprio................................................................................................. 
7.4 Roubo Impróprio............................................................................................ 
7.5 Elemento Subjetivo..................................................................................... 
7.6 Consumação................................................................................................... 
7.7 Roubo Majorado ..............	
8. Alterações no Delito de Estelionato.............................	
9. Alteração da Pena em Relação ao Delito de Concussão................................................. 
10. Medidas Suspensas pela ADI 6298.....................................	
III.	Modificações no Código de Processo Penal .........................................
1. Juiz de garantias .............................................................................. 
2. Defensor para servidores das polícias ............................................ 
3. Sistemática de arquivamento e inquérito ..................................... 
4. Acordo de não persecução penal .................................................... 
5. Bens ................................................................................................... 
6. Ilicitude Probatória ......................................................................... 
7. Provas	76
8. Da Iniciativa Probatória do Juiz e do Sistema Acusatório	
9. Cadeia de custódia da prova ............................................................
10. Audiência de custódia ...................................................................... 
11. Medidas cautelares pessoais ........................................ ..................
12. Da Prisão e da Liberdade Provisória	............ 
13. Disposições Gerais	
14. Prisão Preventiva	
15. Da Restituição de Coisas Apreendidas	
16. Das Medidas Assecuratórias	
17. Utilização de Bens Apreendidos por Órgãos Estatais	
18. Alterações no Procedimento do Tribunal do Júri	
19. Alterações na Lei de Execução Penal	
20. Da Classificação	
21. Das Faltas Disciplinares – Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)	
22. Progressão de Regime Prisional	
23. Saída Temporária	
V. Modificações na Lei dos Crimes Hediondos ......................................... 
VI. Modificações na Lei de Improbidade Administrativa ......................... 
VII. Modificações na Lei nº 9.296/1996 (Interceptações Telefônicas) ...... 
VIII. Modificação na Lei de Lavagem de Capitais ........................................ 
IX.	Modificações no Estatuto do Desarmamento .......................................
IX. Modificação na Lei de Drogas ............................................................... 
X. Modificações na Lei do Sistema Penitenciário Federal ..................... 
XI. Modificações na Lei nº 12.037/2009 (Identificação Criminal) ...........
XII. Modificação na Lei nº 12.694/2012 (Julgamento de organizações criminosas) .............................................................................................
XIII. Modificações na Lei de Organizações Criminosas ..............................
XIV. Modificações na Lei nº 13.608/2018 (serviço telefônico de recebimento de denúncias) ..........................................................................................
XV. Modificação na Lei nº 8.038/1990 (Processo nos Tribunais Superiores)
..................................................................................................................
XVI. Modificações na Lei nº 13.756/2018 (Fundo Nacional de Segurança Pública) ...................................................................................................
XVII. Modificações no Código de Processo Penal Militar ............................
XVIII. AGeNTe INfILTRADO e AMBIeNTe CIBeRNéTICO (LeI N. 12.850/2013)
I. Introdução
No dia 24 de dezembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o PL nº 10.372/2018 (numeração da Câmara dos Deputados), comumente denominado de “Pacote Anticrime”. A nova Lei, tombada sob o número 13.964/2019, implementa modificações nas legislações penal e processual penal, tendo como objetivo endurecer o combate ao crime e aperfeiçoar o quadro normativo penal brasileiro.
A Lei entra em vigor em 23/01/2020.1 A vacatio legis é de 30 (trinta) dias, período considerado escasso por muitos diante das diversas e consideráveis mudanças.
II. Modificações no Código Penal
1. LeGÍTIMA DefesA
1.1. INTRODUÇÃO sOBRe O TeMA: eXCLUDeNTe De ILICITUDe
Inicialmente, é importante ressaltar que a legítima defesa é inerente à própria condição humana, o instinto defensivo do homem é inerente a sua natureza. Desse modo, o ordena- mento jurídico não poderia criminalizar condutas praticadas nesse contexto.
Resta às legislações nacionais estabelecer condições, requisitos, limitações e efeitos ju- rídicos a esses institutos.
Vejamos as lições do professor Galdino Siqueira nesse sentido:
Tão visceralmente ligada â pessoa se manifesta a defesa, isto é, a faculdade de repelir pela força o ataque no momento em que se produz, que CÍCERO, na sua oração —Pro Milone, a reputa como um direito natural derivado da necessidade —non scnpta sed nata lex, proposição verdadeira, se considerarmos o substratum fisiológico e psicológico da defesa, como reação do instinto de con- servação que brota e se desenvolve independente de qualquer regulamentação.
É importante também observamos que a autotutela (defesa de direitos com as próprias forças) é, em regra, vedada em nosso ordenamento jurídico. Contudo, em hipóteses excepcionais,
considerando que o Estado não estará presente em todos os momentos para tutelar os direitos protegidos, admite-se a autotutela. Desse modo, veja que a legítima defesa nada mais é do que maneira específica e autorizada de exercer a defesa de direitos próprios ou de tercei- ros diante de injustas agressões.
Nesse contexto, pergunta-se: Qual é natureza jurídica da legítima defesa?
Em nosso ordenamento jurídico, com previsão no artigo 25, Código Penal Brasileiro, é tra- tada como causa genérica de exclusão da ilicitude.
Vejamos o comparativo entre a redação anterior e a atual redação implementada pela Lei 13. 964/19.
	Antes
	Depois
	
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atualou iminente, a direito seu ou de outrem.
	Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém
durante a prática de crimes.
Quais são os requisitos para a aplicação da legítima defesa?
A legítima defesa se desenvolve sob o binômio Agressão / Reação. Desse modo, pressu- põe:
	Agressão.
	Reação.
	Injusta.
Atual ou Iminente.
Contra direito próprio ou de terceiros.
	Uso dos meios necessários. Uso moderado desses meios.
Assim, passamos a analisar cada um dos requisitos exigidos para a configuração da legítima defesa.
1.2 Agressão Injusta
Nos dizeres do professor Cléber Masson, agressão é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem ou interesse consagrado pelo ordenamento jurídico.
O termo agressão somente é utilizado para ações humanas, desse modo, condutas pra- ticadas instintivamente por animais não são consideradas agressões humanas, salvo se o animal for utilizado como instrumento de ataques humanos.
É possível a legítima defesa contra inimputáveis?
A doutrina se posiciona, majoritariamente, no sentido positivo. Veja que a conduta do inimputável, apesar de não haver culpabilidade, é típica e ilícita e, portanto, apta a ser repelida por legítima defesa. Registramos posicionamento em sentido contrário exarado pelo profes- sor Nelson Hungria para quem os inimputáveis se equiparam a ataques realizados por ani- mais e, quando repelidos, configurariam estado de necessidade e não legítima defesa. Para provas objetivas, devemos adotar o primeiro posicionamento.
Seria possível a prática da legítima defesa contra uma omissão ilícita?
Sim, Mezger fornece o exemplo do carcereiro que tem o dever de liberar o recluso cuja pena já foi integralmente cumprida. Com a sua omissão ilícita, inevitavelmente agride um bem jurídico do preso, autorizando a reação em legítima defesa1.
Ainda se exige que a agressão seja injusta. O conceito de injustiça se coaduna com a ideia de contrariedade ao direito. Assim, não é necessário que a conduta se configure especifica- mente como crime, basta que ela seja praticada em desacordo com as normas jurídicas.
A doutrina admite a legítima defesa contra condutas culposas e até mesmo contra con- dutas despidas de culpa, desde que revestidas de injustiça. Exemplo: aquele que está sentado no banco de um ônibus e nota uma pessoa que acabara de escorregar caindo em sua direção, pode, se necessário, empurrá-la contra o chão para não ser atingido, exemplo citado na obra do professor Cleber Masson.
1.3 Agressão Atual ou Iminente
Diferentemente do que ocorre em relação ao Estado de Necessidade, a Legítima Defesa autoriza que a agressão seja atual ou iminente. Não seria razoável exigir que o agente tivesse sua integridade ofendida para só então poder repeli-la.
1 MEZGER, Edniund. Tratado de derecho penal. Trad, espanhola Josè Arturo Rodrigues Mufloz. Madrid: Revista de Derecho Privado, 1955. t 1, p. 453
De outro modo, a agressão passada ou a agressão futura e remota não autorizam a inci- dência da legítima defesa. No primeiro caso, justamente em razão de se configurar na verdade como vingança e, no segundo, por se configurar como fórmula que desestimularia as pessoas a buscarem auxílio das autoridades públicas quando sofrerem ameaças.
Vejamos conceito de agressão atual ou iminente apresentada pelo professor Cleber Mas- son:
Atual é a agressão presente, isto é, já se iniciou e ainda não se encerrou a lesão ao bem jurídico.
 Exemplo: a vítima é atacada com golpes de faca.	
Iminente é a agressão prestes a acontecer, ou seja, aquela que se torna atual em um fu-
turo imediato.
Exemplo: o agressor anuncia à vítima a intenção de matá-la, vindo à sua direção com uma faca em uma das mãos.
1.4 Agressão contra Direito Próprio ou de Terceiros
Observe que a legislação não exige que o bem defendido seja de propriedade do defensor autorizando que a defesa ocorre em relação a bens jurídicos de terceiros. Em relação aos bens jurídicos, é importante fazermos algumas observações:
· Bem jurídico. Próprio ou de terceiro;
· Não só a vida ou a integridade física são passíveis de proteção em legítima defesa. Toda a ordem de bens jurídicos pode ser tutelada e protegida pela legítima defesa;
· É possível a legítima defesa contra-ataques a bens de pessoas jurídicas ou mesmo contra bens jurídicos do Estado;
· É possível ainda a defesa, por meio de legítima defesa, inclusive contra-ataques atuais ou iminentes a fetos (nascituros).
A conduta do sniper (atirador de elite) que atira no agressor que tem a vítima na condição de refém, é abrangida por excludente de ilicitude?
Sim, veja que se enquadra perfeitamente nos requisitos que estamos analisando. Trata-se de agressão atual ou iminente contra direito de terceiro. Desse modo, majoritariamente a conduta do sniper que dispara contra o agressor que tem refém em sua posse sempre foi, doutrinariamente, tratada como legítima defesa. É justamente nesse sentido que a alteração legislativa milita, vejamos:
Art. 25, Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agres- são a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (NR)
Desse modo, agora, expressamente o legislador optou por tratar a condição do agente de segurança pública que repele agressão atual ou iminente praticada por agressor que mantém a vítima na condição de refém.
1.3 Meios Necessários
A repulsa a agressão deverá ser praticada se valendo dos meios necessários.
Professor, o que são meios necessários?
Os meios necessários são aqueles menos lesivos colocados à disposição do agente e capaz de repelir a agressão atual ou iminente.
Observe assim os requisitos:
· Meio menos lesivo:
· à disposição do agente que reage;
· capaz de repelir a injusta agressão.
Desse modo, a análise deve ser feita a partir da situação concreta, pois a reação até pode ser desproporcional, quando o agente não possui outro meio menos lesivo apto a repelir a agressão que sofre.
Acerca desse tema, curial a leitura de Bento de Faria:
O homem que é subitamente agredido, não pode, na perturbação e na impetuosidade da sua defe- sa, proceder a operação de medir a sangue frio e com exatidão se há algum outro recurso para o qual possa apelar, que não o de infligir um mal ao seu agressor; se há algum meio menos violento
a empregar na defesa, se o mal que inflige excede ou não o que seria necessário à mesma defesa. E preciso considerar os fatos como eles ordinariamente se apresentam, e reconhecer as fraquezas inerentes à natureza humana, não se exigindo dela o que ela não pode dar, reconhecer mesmo as exigências sociais, que podem justificar o emprego de certos meios de defesa, suposto não seja absoluta a necessidade desse emprego2.
Observe que, ainda que o agente possa fugir da injusta agressão, essa conduta não é exi- gida dele. A ordem jurídica não pode abranger situações ilícitas e não pode exigir de quem é atacado a conduta de fugir. Desse modo, a doutrina se posiciona no sentido de não se exigir o que se convencionou chamar de commodus discessus.
O agente será responsabilizado caso aja com excesso, o qual poderá ser doloso ou cul- poso. Existia previsão no texto originário do pacote anticrime a esse respeito, contudo essa disposição não foi incluída no projeto aprovado.
1.3.1 Uso Moderado dos Meios Necessários
O uso dos meios necessários deve ocorrer na estrita necessidade de repelir a injusta agressão, qualquer conduta que exceda o necessário para a defesa poderá ser tratada como excesso. Logicamente, não se exige que para essa análise cálculo matemático, até porque não é factível que se exija essa exatidão de pessoas que estarão submetidasa situação de estresse e nervosismo.
Assim, exige-se proporcionalidade no uso dos meios necessários de forma que não se desconstitua a ideia do instituto que é defender bens jurídicos da situação de risco.
*MUDANÇA:
O diploma legislativo insere o parágrafo único no artigo 25 do Código Penal, que trata da excludente da ilicitude da legítima defesa. A nova redação considera também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. Confira-se:
“Art. 25. ......................................................................................
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. ” (NR)
1 Conforme o art. 8º, § 1º, da Lei Complementar nº 95/1998, A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. Assim, considerando que a data de publicação é do dia 24/12/2019, a Lei entrará em vigor no dia 23/01/2020.
Trata-se de mais uma hipótese de legítima defesa. Contudo, necessário destacar que a referida implementação pode ser vista como redundante e meramente simbólica, isso porque, segundo o caput do dispositivo, já se tinha como possível a legítima defesa de terceiro: “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
3. eXeCUÇÃO DA PeNA De MULTA
	Antes
	Depois
	Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que con- cerne às causas interruptivas e suspensivas da pres- crição.
	Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
2	FARIA, Bento, Código penal brasileiro comentado. Rio de Janeiro: Distribuidora Reoord, 1S61. v. II, p. 192
Antes de tratarmos efetivamente a respeito das mudanças operadas, vamos tratar um pouco a respeito da pena de multa?
Para iniciarmos nosso estudo, devemos tratar inicialmente a respeito do conceito da pena de multa. Trata-se de espécie de sanção penal, de cunho patrimonial e consiste no pagamen- to de determinada quantia em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário Nacional ou outro fundo específico estabelecido em cada uma das legislações especiais.
Apesar de ser pena pecuniária, continua tendo as características relacionadas a sua na- tureza de sanção penal. Desse modo, deve respeitar o princípio da legalidade, reserva legal, anterioridade e intranscendência da pena. Ainda nesse sentido, é necessária a sua cominação por lei em sentido material e formal, editada anteriormente à prática do fato típico cuja puni- ção se pretende.
O Código Penal Brasileiro adotou como critério referente para a imposição da pena de multa o sistema bifásico. Desse modo, diferentemente do que ocorre em relação às penas privativas de liberdade (adoção do critério trifásico), a fixação da pena de multa será definida em duas fases:
· fixação da quantidade de dias-multa impostos;
· fixação do valor de cada um dos dias-multa.
O Código Penal, em cada das infrações que estabelece, como também o faz a lei de con- travenções penais, estabelece a penalidade de multa quando aplicável àquele caso. Nesse sentido, podemos analisar o artigo 49, CP:
É importante ressaltar que as disposições genéricas previstas no Código Penal ou mesmo no Código de Processo Penal não afasta as a possibilidade de tratamento diverso em legisla- ções especiais, vejamos um exemplo:
A Lei n. 8.666/1993 – Lei de Licitações, por seu turno, prevê em seu art. 99, caput:
Art. 99. A pena de muita cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vanta- gem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
	
	
	
	Professor, como efetivamente é fixada a penal de multa? Se sujeita a limites máximos ou
mínimos?
	
	
	
Sim, para responder a esse questionamento iremos analisar as duas fases de definição da penalidade de multa.
Fixação dos dias-multa (art. 49, parte final, Código Penal Brasileiro): o juiz deve fixar a
quantidade de dias-multa entre o mínimo de 10 dias e o máximo de 360 dias.
Qual o critério utilizado pelo magistrado para a fixação da quantidade de dias-multa?
A resposta a esse questionamento é bastante interessante. O magistrado deverá analisar todas as fases adotadas no critério trifásico para a fixação da pena privativa de liberdade. Assim, na fixação da quantidade de dias, o magistrado deverá considerar:
· Circunstâncias judiciais, estabelecidas no artigo 59, Código Penal Brasileiro.
· agravantes e atenuantes.
· causas de aumento e causas de diminuição.
Assim, todas as fases do sistema trifásico são analisadas em uma única fase na fixação da pena de multa. Fixada a quantidade, o magistrado passará a analisar o valor de cada um desse dia-multa estabelecido.
Fixação do valor de cada um dos dia-multa estabelecido (art. 49, § 1º, Código Penal Bra- sileiro): cada um dos dias impostos poderá ter o valor de 1/30 avos do salário mínimo até 5 vezes o valor do salário mínimo.
Qual o critério que o magistrado utilizará para fixar o valor dos dias-multa?
O critério utilizado é a situação econômica do réu, podendo a pena de multa ser aumen- tada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, a pena é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Art. 60, CP).
Nos crimes contra o sistema financeiro nacional, o valor da pena de multa pode ser es- tendido até o décuplo (Lei 7.492/1986, art. 33), o que também se verifica nos crimes contra a propriedade industrial (Lei 9.279/1996, art. 197, parágrafo único) e nos crimes previstos nos arts. 33 a 39 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006, art. 43, parágrafo único).
Vejamos dois exemplos citados na obra do excepcional professor Cleber Masson3 :
Uma pessoa de elevado poder econômico pratica um crime de estelionato. As circunstâncias judi- ciais do a art. 59, caput, do Código Penal, lhe são favoráveis. O juiz deve aplicar o número de dias-
-multa no mínimo legal (10 dias-multa), mas fixar o valor de cada um deles em montante relevante, bem acima do piso legal, em face da situação econômica do réu.
3	MASSON, Cleber, Direito Penal Esquematizado, vol. 01, pag.699.
Outra pessoa, com péssimos antecedentes criminais e conduta social desajustada, portadora de personalidade voltada à prática rotineira de infrações penais, comete uma extorsão com requintes de crueldade.
É, todavia, paupérrima. O juiz deve aplicar o número de dias-multa bem acima do mínimo legal, e estipular o valor de cada um deles no patamar raso, diante da condição econômica do réu.
A pena de multa deverá ser paga no prazo de 10 dias depois de transitado em julgado a sentença. É justamente nesse ponto que entraremos na alteração incluída pelo pacote anti- crime.
E se a penalidade de multa não for paga é possível a conversão em pena privativa de li- berdade?
Não, a partir das alterações operadas pela Lei 9.268/96, as penas decorrentes da apli- cação de multa são consideradas dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas relativas à dívida da fazenda pública, inclusive no que concerne as causas suspensivas e interruptivas da prescrição.
Assim, apesar de ser tratada como dívida de valor, esse fenômeno não lhe retira o caráter de pena, dessa conclusão retiramos alguns pontos importantes:
· a extinção do processo de execução ficacondicionado ao pagamento integral da multa, não se extinguindo com o cumprimento da pena privativa de liberdade quando imposto em conjunto (privação de liberdade e multa);
· o não pagamento da multa com a sua posterior morte não transfere a obrigação aos herdeiros, considerando a pessoalidade das sanções de natureza penal.
Considerando todas as observações realizadas até agora, pergunta-se: Qual é a forma, o juízo competente e o legitimado para proceder a execução da penalidade de multa, caso não tenha ocorrido o pagamento voluntário?
Sobre esse tema, tínhamos três posições na doutrina, vejamos:
· 1º Corrente: a pena de multa deve ser executada pelo Ministério Público, perante a Vara das Execuções Penais, pelo rito da Lei de Execu¬ção Penal. (LEP);
· 2º Corrente: a pena de multa deve ser executada pelo Ministério Público, perante a Vara das Execuções Penais, pelo rito da Lei 6.830/1980, Lei de Execuções Fiscais;
· 3º Corrente: a pena de multa deve ser executada pela Fazenda Pública, perante a Vara das Execuções fiscais, pelo rito da Lei 6.830/1980, Lei de Execuções Fiscais.
Assim, a alteração legislativa veio justamente no sentido de solucionar essa controvérsia, vejamos mais uma vez o referido dispositivo:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Assim, uma parte da controvérsia está solucionada: a definição do juízo competente para promover a execução é o juiz da execução penal e não o juiz da vara de execuções fiscais.
A quem compete promover essa execução?
Há manifestação do STF sobre o tema, inclusive editado antes da edição da legislação em estudo:
Conforme apontado na ADI 3150, o STF decidiu que, por ter natureza de sanção penal, a competência da Fazenda Pública para executar essas multas se limita aos casos de inércia do MP. Ainda segundo a decisão, apenas se o MP não adotar as providências para a cobrança no prazo de noventa dias é que o juiz da Vara de Execuções Penais deve cientificar a Fazenda Pública para que proceda à cobrança perante a Vara de Exe- cuções Fiscais e com base na Lei 6.830/80. Por isso deve ser considerada como supe- rada a Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública”.
Então, podemos sintetizar o tema da seguinte forma: o Ministério Público possui legitimi- dade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado a ser proposta perante a vara de execuções penais, com a possibilidade subsidi- ária de cobrança pela Fazenda Pública.
Desse modo, seguindo as lições do professor Márcio André Cavalcante, pergunta-se: Quem executa a pena de multa?
· Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP;
· Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei n. 6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).
A Súmula 521 do STJ fica superada e deverá ser cancelada.
Vejamos o teor da referida súmula: Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fis- cal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Pro- curadoria da Fazenda Pública.
*Outra modificação consistiu na alteração do texto do artigo 51 da parte geral. Eis a nova redação:
“Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (NR)”
O novo texto define a competência para execução da pena de multa em favor do Juízo da Execução Penal. O tema não era pacificado.
A antiga redação do artigo 51 era a seguinte: “Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.”
A interpretação do Superior Tribunal de Justiça cambaleava. Ora entendia que, mesmo se se considerasse a multa penal como dívida de valor, dela não seria retirado o caráter de sanção criminal. Como consequência, por ser uma sanção criminal, a legitimação prioritária para a execução da multa penal seria do Ministério Público perante a Vara de Execuções Penais. Ocorre que também haviam julgados afirmando que, após a redação dada ao art. 51 do Código Penal pela Lei n. 9.268/1996, a pena pecuniária passou a ser considerada dívida de valor e, portanto, possuiria caráter extrapenal, de modo que
sua execução seria de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.2 Inclusive, havia enunciado sumular do Superior Tribunal de Justiça neste último sentido.3
Assim, com a nova redação, é certo que a pena de multa será executada perante o Juízo da Execução Penal e a competência para a promoção é do Ministério Público.
4. LIMITe De PeNA
Vejamos as alterações operadas no artigo 75, Código Penal Brasileiro:
	Antes
	Depois
	Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 1º. Quando o agente for condenado a penas privati- vas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unifica- ção, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
	Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privati- vas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º. Quando o agente for condenado a penas priva- tivas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (qua- renta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unifica- ção, desprezando-se, para esse fim, o período de pena
já cumprido.
O referido dispositivo do Código Penal busca dar efetividade à vedação constitucional às penas de caráter perpétuo, vejamos:
Constituição Federal
Art. 5º, XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Assim, não é admitido em nosso ordenamento jurídico a imposição de penas privativas de liberdade de caráter perpétuo.
Ainda nesse raciocínio, observa-se que a pena é dotada de finalidades gerais e especiais ou também chamada de específica (finalidade específica da pena), uma delas é a ressociali- zação. Aplicando-se penas de caráter perpétuo a ressocialização não seria atingida, já que o indivíduo não voltaria a vida em sociedade.
Com o fito de dar aplicabilidade ao mandamento constitucional, o legislador definiu o li- mite máximo para cumprimento da pena privativa de liberdade: antes 30 anos, agora 40 anos.
E se houver nova condenação após o início de cumprimento da pena? A esses casos, aplica-se o § 2º, Art. 75, Código Penal Brasileiro:
Art. 75, § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
Assim, havendo condenação superveniente, haverá nova unificação de pena, desprezan- do-se para fins de submissão ao limite de 40 anos, a pena já cumprida.
Vejamos alguns exemplos citados na obra do professor Marcelo André Azevedo e Alexan- dre Salim:
Vejamos o seguinte exemplo: o agente é condenadopor vários crimes, cuja soma das penas resulte em 100 anos. Unificando as penas, inicia o seu cumprimento. Após cumprir 18 anos de prisão, vem a ser condenado à pena de 10 anos de reclusão por crime praticado durante a execução penal. Des- prezam-se os 18 anos, de sorte que faltarão 12 anos a cumprir da pena anteriormente unificada. Assim, somam-se os 12 anos restantes com a nova condenação (10 anos), de modo que deverá o condenado cumprir mais 22 anos de prisão. Registre-se que a melhor interpretação é no sentido de se somar a nova pena com o restante que faltava para o cumprimento dos 40 anos (pena unifi- cada), e não do restante da soma total das penas sem unificação.
Observa-se que o referido raciocínio somente é aplicado para as condenações relaciona- das a fatos ocorridos após o início do cumprimento da pena. Caso a condenação superve- niente seja relacionada a fato anterior ao início do cumprimento da pena, a pena deverá ser somada ao total antes da unificação.
Para fins de cálculo de benefícios prisionais: progressão, livramento condicional, conside- ra-se a pena total antes ou após a unificação?
Apesar de existir duas correntes sobre o assunto, prevalece o posicionamento exarado pelo STF na súmula – 715: A pena unificado para atender ao limite de 30 anos de cumprimen- to, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução” (Súmula 715 do STF).
Observa-se que será necessário a releitura da súmula a partir do novo limite estabelecido.
 QUesTÃO 1 (FCC/2015/TJ-GO/JUIZ DE DIREITO/ADAPTADA) A pena unificada para atender ao limite de 40 anos de cumprimento, determinado pelo an. 75 do Código Penal, não é consi- derada unicamente para a concessão de livramento condicional4.
*Houve a alteração do tempo máximo de cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 75, CP). A redação anterior dos dispositivos previa que o tempo de cumprimento das penas não poderia ser superior a 30 (trinta) anos. Com a alteração, o tempo máximo de cumprimento não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
“Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (NR)
5. LIVRAMeNTO CONDICIONAL
Alterações no artigo 83 do Código Penal Brasileiro, especificamente no tema: livramento
condicional.
	Antes
	Depois
	Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao conde- nado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I – cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for rein- cidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II – cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III – comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e apti-
dão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
	Art. 83. […]
III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últi- mos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;
4	Errado.
	IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condena- ção por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpe- centes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único – Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livra- mento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
	
Iniciaremos o nosso estudo com uma pergunta: O que é livramento condicional?
O livramento condicional é um benefício prisional, concedido durante a execução penal, ao condenado preso e consiste no direito de entrar em liberdade antecipada, isto é, antes do término da execução da pena, desde que cumpridos requisitos próprios. Após o término do período de prova, sem descumprimento das condições, gera a extinção da punibilidade pelo total cumprimento da pena.
O indivíduo que está no gozo do livramento condicional desfruta de uma liberdade anteci- pada, condicional e precária.
· Antecipada: porque o condenado é solto antes de ter cumprido integralmente a pena;
· Condicional: uma vez que, durante o período restante da pena (chamado de período de prova), ele terá que cumprir certas condições fixadas na decisão que conceder o bene- fício;
· Precária: tendo em vista que o benefício poderá ser revogado (e ele retornar à prisão) caso descumpra as condições impostas5.
Para estudarmos o tema liberdade condicional, devemos nos ater a dois pontos:
· requisitos para a sua concessão;
 • condições a serem estabelecidas.
5 atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único – Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não vol- tará a delinquir.
5.1. ReQUIsITOs PARA A sUA CONCessÃO
Requisitos.
	Requisitos Objetivos.
	Requisitos Subjetivos.
	O condenado deve ter:
1) sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
2) reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo;
3) cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou não:
· condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de 1/3 (um terço) da pena. É chamado de livramento condicional SIMPLES;
· condenado reincidente em crime doloso: deve cum- prir mais de 1/2 (metade) da pena para ter direito ao benefício. É o livramento condicional QUALIFICADO;
· condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o
livramento condicional ESPECÍFICO;
	
O condenado deve ter:
1) bom comportamento carcerário, a ser comprovado pelo diretor da unidade prisional;
2) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
3) Não ter cometido falta grave nos últimos 12 meses. (nova exigência).
3) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
4) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o libe- rado não voltará a delinquir.
Nesse sentido, observa-se que o cometimento de falta grave nos últimos 12 meses im- pede a concessão do livramento condicional. É muito importante relembrarmos o teor da Súmula 441 do STJ.
Súmula n. 441 do STJ
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional (Súmula 441-STJ).
Assim, a súmula há de ser lida e acordo com o novo dispositivo constitucional, apesar de não interromper o prazo (requisito objetivo) para a concessão do livramento, quando cometi- da nos últimos 12 meses, impede a concessão do benefício.
Vamos responder mais algumas perguntas: Quem concede o benefício?
O juiz da execução, considerando que estamos no curso da execução da pena. É impor- tante observar que o juiz antes de decidir deverá:
· requerer parecerdo diretor do estabelecimento prisional a respeito do comportamento do preso.
· oitiva prévia do Ministério Público e da defesa.
· quem possuiu legitimidade para requerer o benefício?
· o sentenciado;
· cônjuge ou de parente em linha reta do sentenciado;
· diretor do estabelecimento penal; ou
· por iniciativa do Conselho Penitenciário.
Quando o requerimento não for formulado pelo Conselho Penitenciário, será necessária a prévia oitiva deste órgão?
Não se exige a prévia oitiva do Conselho Penitenciário para fins de concessão do livra- mento condicional, segundo a nova redação do art. 112 da LEP dada pela Lei n. 10.792/2003. STJ. 5ª Turma. HC 350.902/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/06/2016.
Terminada a análise dos requisitos passamos a analisar, as condições a serem estabe- lecidas, considerando que existem condições obrigatórias e condições de ordem facultativa.
O livramento condicional consiste na última etapa da execução da pena, visando à res- socialização do apenado, quando ele é colocado em liberdade mediante o cumprimento de determinadas condições previstas nos arts. 83, do Código Penal e 132, § 1º, da Lei de Execu- ção Penal, algumas obrigatórias, outras facultativas. STJ. 5ª Turma. HC 235.480/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 26/06/2012.
5.2. CONDIÇÕes DO LIVRAMeNTO CONDICIONAL
	Condições Obrigatórias
	Condições Facultativas
	São condições obrigatórias:
a) Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) Comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) Não mudar do território da comarca do Juízo da exe- cução, sem prévia autorização.
Trata-se de rol taxativo.
	São condições facultativas:
a) Não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
b) Recolher-se à habitação em hora fixada;
c) Não frequentar determinados lugares. Trata-se de rol exemplificativo.
Observe que o prazo do livramento condicional é justamente aquele restante para o cum- primento da pena. Assim, não há um prazo específico e definido.
Passaremos agora a analisar as causas de revogação, as quais também se dividem em causas de revogação obrigatórias e causas de revogação facultativas. Além de analisarmos as causas de revogação, também devemos analisar os efeitos do período cumprido, quando o benefício é revogado antes de sua extinção. Vamos lá?
	Causas de revogação obrigatórias.
	Causas de revogação obrigatórias.
	Agente for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime cometido durante a vigência do benefício.
	Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obriga- ções constantes da sentença;
	Efeitos.
	Efeitos.
	Não se computa o período de livramento já gozado como pena cumprida. O condenado irá “perder” o perí- odo que ficou sob livramento condicional.
Não poderá ser concedido novo livramento condicional no processo em que se apura o crime em que o bene- fício foi revogado. Em relação a outro delito, seria pos- sível a concessão do benefício.
Se o agente for condenado definitivamente à pena pri- vativa de liberdade por crime anterior à vigência do
benefício.
	Não se computa o período de livramento já gozado como pena cumprida. O condenado irá “perder” o perí- odo que ficou sob livramento condicional.
Não poderá ser concedido novo livramento condicional no processo em que se apura o crime em que o bene- fício foi revogado. Em relação a outro delito, seria pos- sível a concessão do benefício.
Se o liberado for condenado definitivamente por crime ou contravenção e não receber pena privativa de liber-
dade. Ex: recebeu pena restritiva de direitos.
	Efeitos.
	Efeitos.
	Computa-se o período de livramento gozado como pena cumprida.
Poderá ser concedido novamente o benefício.
	Aplica-se as regras da revogação obrigatória a depen- der de o crime ou a contravenção penal ser praticado antes ou durante o gozo do benefício.
Vamos a análise dos dispositivos legais:
LEP
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, compu- tar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a conces- são de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que este- ve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime.
Ponto Muito Importante: Observe que o fator para determinar a perda é a condenação, pergunta-se: Se o juiz for informado do cometimento de uma infração penal praticada durante
a vigência do delito, contudo ainda sem condenação, qual a medida que o magistrado deverá adotar?
A resposta está no artigo 145, Lei de Execuções Penais:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
A medida a ser adotada é a suspensão do livramento condicional, pois caso a medida não seja suspensa o exaurimento do prazo de livramento condicional sem sua suspensão ou re- vogação gera a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
Nesse sentido, é a súmula 617 – STJ, vejamos:
Súmula n. 617, STJ
A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 26/09/2018, DJe 01/10/2018.
Diante de todas análises feitas até agora, retiramos as seguintes conclusões do site dizer o direito a respeito do entendimento e da súmula editada pelo STJ:
Conclusões:
· Se o réu cometeu crime durante a vigência do livramento condicional, não haverá a suspensão, prorrogação ou revogação automática do benefício;
· Em caso de prática de crime durante o período de prova, o juiz deverá determinar: a suspensão do livramento condicional (caso o processo criminal pelo segundo delito ainda não tenha se encerrado) ou a sua revogação (caso já tenha sentença condena- tória transitada em julgado);
· Se o juiz não suspender nem revogar expressamente o livramento condicional durante o período de prova, não poderá mais fazê-lo depois que esgotado esse prazo;
· Se o período de prova transcorrer sem decisão formal do juiz suspendendo ou revogan- do o livramento, considera-se que houve o cumprimento integral da pena, não havendo outra solução a não ser reconhecer a extinção da punibilidade;
· Logo, a ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do tér- mino do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena;
· Decorrido o período de prova do livramento condicional sem que seja proferido uma decisão formal e expressa de suspensão ou revogação do benefício, a pena deve ser extinta, nos termos do art. 90 do CP.
*Com relação ao livramento condicional, houve a inserção de mais um requisito para que o apenado tenha direito ao benefício, consistente no não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Veja-se:
“Art. 83. .......................................................................................
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
2 AgRg no REsp 1808768/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 10/10/2019, DJe 21/10/2019 e CC 165.809/PR, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/08/2019, DJe 23/08/2019.
3 Súmula 521 – STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;” (NR)
Anteriormente, o inciso III dispunhada seguinte forma: “III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto”.
Nota-se que a nova legislação repartiu os requisitos cumulativos em alíneas (a, b, c e d) e acrescentou o requisito do não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses.
6. PeNA De PeRDIMeNTO De BeNs
Nesse ponto, foi incluído novo dispositivo no Código Penal Brasileiro até então inexisten- te, vejamos:
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compa- tível com o seu rendimento lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
I – de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data infração penal ou recebidos posteriormente; e
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início
da atividade criminal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tra- mita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
Inicialmente, iremos tratar sobre alguns pontos relevantes no que diz respeito aos efeitos da condenação penal e, posteriormente, entraremos especificamente em cada um dos temas relacionados ao novo dispositivo incluído no Código Penal Brasileiro.
Ao falarmos sobre efeitos da condenação, devemos nos atentar, inicialmente, em diferen- ciar:
	
Efeitos da
condenação.
	
Principais.
	
Sanção Penal.
	
Penas.
Medidas de Segurança.
	Privativa de liberdade. Restritiva de direitos. Multa.
Internação.
Tratamento Ambulatorial.
	
	
Se cun dá -
rios.
	
Extrapenais.
	Penais.
	
	
	
	
	Genéricos.
Específicos.
Vamos detalhar essa tabela?
Quais são os efeitos principais da condenação?
Essa é muito simples, o efeito principal da condenação é efetivamente a imposição de sanção de natureza penal. Desse modo, as sanções penais podem ser subdividias em penas e medidas de segurança.
As primeiras, as penas, podem ser: privativas de liberdade e restritivas de direitos. Já a segunda, medidas de segurança, podem ser medidas de internação ou ainda tratamento am- bulatorial.
Esses são denominados efeitos primários ou principais da condenação. Ao lado desses
efeitos, temos as repercussões secundárias que podem ter natureza penal ou extrapenal. Va- mos analisar cada uma delas preliminarmente.
Efeitos secundários penais:
· enseja reincidência, se houver crime posterior (CP. art. 63);
· revogação facultativa (irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contra- venção penal a pena privativa de liberdade ou restritivas de direitos) ou obrigatória (irrecorrivelmente condenado por crime doloso) do sursis anteriormente concedido (CP, art. 81);
· revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional (CP. arts. 86 e 87);
· aumento ou interrupção do prazo de prescrição da pretensão executória quando carac- terizada a reincidência (CP. art. 110, caput);
· revogação da reabill1acão (CP, art. 95), quando se tratar de reincidente;
· impede a concessão de certos privilégios, tais como: art. 155, § 2º; 170; 171, § 1º, todos do CP;
· impossibilidade de eventual concessão de suspensão condicional do processo (art. 89
da Lei n. 9.099/95).
É muito importante observar que esses efeitos, apesar de secundários, ainda possuem natureza penal, motivo pelo qual são efeitos automáticos decorrentes da condenação.
6.1. efeITOs seCUNDÁRIOs eXTRAPeNAIs
Já os efeitos secundários extrapenais são efeitos da condenação em esferas distintas da esfera penal. Os efeitos secundários ainda podem ser divididos em efeitos secundários extra- penais genéricos (art. 91, CP), os quais são automáticos e os efeitos secundários extrapenais específicos (Art. 92, CP), os quais dependem de manifestação expressa do magistrado para que tenham aplicabilidade.
Vejamos os dispositivos penais citados:
Efeitos genéricos e específicos
Art. 91. São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
II – a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei n. 12.694, de 2012)
§ 2º Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei n. 12.694, de 2012)
Art. 92. São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei n. 9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei n. 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais
casos. (Incluído pela Lei n. 9.268, de 1º.4.1996)
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei n. 13.715, de 2018)
III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivada-
mente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984).
Assim, o tema incluído no Código Penal diz respeito a mais um efeito extrapenal genérico da condenação. Desse modo, além da condenação penal tornar certa a obrigação de indeni- zar e gerar o perdimento do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua pro- veito auferido pelo agente com a prática criminosa, com a alteração passa-se a prever nova modalidade específica de perdimento de bens, é justamente a respeito dessa hipótese que passaremos a tratar a partir de agora.
A alteração incluída no Código Penal prevê nova modalidade específica de perda de bens decorrente da condenação, especificamente em infrações penais a que a lei comine pena má- xima superior a 06 anos, o juiz ao proferir o decreto condenatório poderá determinar a perda da diferença entre o patrimônio atual do condenado e o patrimônio que seria compatível com seus rendimentos lícitos.
Assim, passaremos a analisar especificamente essa nova modalidadeespecífica de per-
da.
6.2. HIPÓTese De CABIMeNTO
Essa modalidade de perda somente poderá ser aplicada nas infrações penais a que a lei comine pena máxima superior a 06 anos de RECLUSÃO.
Desse modo, o legislador levou em consideração a pena em abstrato máxima aplicável ao delito. Além do que não possibilitou a aplicação nas hipóteses em que a infração penal for punida com detenção.
6.3. OBJeTO DA PeRDA
O objeto da perda será justamente o produto ou proveito do crime, o qual corresponderá ao patrimônio apurado com as seguintes regras:
· o membro do Ministério Público, ainda por ocasião do oferecimento da denúncia, de- verá indicar os rendimentos lícitos do processado e estimar o patrimônio que seria compatível com esses rendimentos;
· o membro do Ministério Público deverá indicar o patrimônio real pertencente ao agente. Inclui-se na ideia do patrimônio do agente os bens transferidos a terceiros ou alienados por quantitativo irrisório, vejamos:
Art. 91-A, § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
I – de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início
da atividade criminal.
Após a apuração desses valores, será realizada a diferença entre o patrimônio real do agente e o patrimônio compatível com os seus rendimentos lícitos, sobre a diferença será decretada a perda.
Logicamente, essas matérias deverão ser submetidas ao crivo do contraditório, assim, o processado poderá demonstrar a origem lícita do patrimônio de sua propriedade e exone- ra-se da perda, vejamos:
Art. 91-A, § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a proce- dência lícita do patrimônio.
6.4. PeRDA DeCReTADA JUDICIALMeNTe
Após a formulação do pedido de perda, apuração do patrimônio a ser pedido na denúncia, submissão de todas essas matérias ao crivo do contraditório, o juiz determinará a perda na sentença.
Art. 91-A, § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e espe- cificar os bens cuja perda for decretada.
Decretação de perda de bens pertencentes a organizações criminosas.
Art. 91-A, § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
O referido dispositivo legal determina a perda de bens de organizações criminosas e milí- cias privadas, ainda que:
· não ponham em perigo a segurança das pessoas, moral ou a ordem pública;
· não ofereçam sério risco de ser utilizado para o cometimento de novos crimes.
Dessa maneira, considerando a gravidade dessas duas infrações penais, o legislador op- tou por abrandar as exigências para que ocorra a perda de bens de organizações criminosas e milícias privadas. Assim, dispensa-se a prova de efetivo risco para que seja determinada a perda do patrimônio das referidas instituições criminosas.
*O legislador inovou ao acrescentar ao Código Penal o artigo 91-A. Confira-se:
“Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende- se por patrimônio do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.”
O artigo 91-A é de constitucionalidade duvidosa. Segundo o dispositivo, a depender da gravidade abstrata do delito – infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão –, o juiz, se condenar o réu, poderá decretar a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. Ou seja, há uma presunção – decretar “como produto ou proveito do crime” – de origem ilícita do patrimônio do réu.
Portanto, é lícito assumir que todo processo penal que verse sobre crime cuja pena máxima seja superior a 6 (seis) anos é também uma prestação de contas!
E pior, inverte-se o ônus da comprovação da origem ilícita: § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
O Ministério Público, com todo aparato estatal ao seu lado, indicará quando do oferecimento da denúncia a diferença do que considera rendimento lícito do denunciado.
Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
7. CAUsAs IMPeDITIVAs DA PResCRIÇÃO
A Lei n. 13.964/2019 também incluiu alterações no artigo 116, Código Penal Brasileiro, vamos analisar?
	Antes.
	Depois
	
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença da final, a prescrição não corre:
I – enquanto não resolvida, em outro processo, ques- tão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
	Art. 116. […]
I – enquanto não resolvida, em outro processo, ques- tão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II – enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III – na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissí- veis; e
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o
acordo de não persecução penal
Devemos nos lembrar que a prescrição é forma de extinção da punibilidade que se confi- gura com o transcurso de lapso temporal legalmente previsto sem que o Estado tenha exer- cido de forma satisfatória a sua pretensão punitiva.
Podemos observar que a prescrição se fundamenta em algumas premissas:
Flavio Rolim
· desnecessidade da pena depois de tanto tempo após o cometimento da infração penal;
· perda do caráter didático da sanção, já que passado tanto tempo do cometimento do delito. Nesses casos, permaneceria unicamente o caráter sancionatório punitivo;
· falta de segurança jurídica. Caso não houvesse prazo legalmente definido para que o Estado exercesse a sua pretensão punitiva, o Estado permaneceria ilimitadamente com essa prerrogativa, fato que ofenderia a segurança jurídica, pois o investigado / proces- sado passaria toda a vida com a dúvida de quando o Estado exercia essa pretensão.
A prescrição transcorre entre o período compreendido entre a data da consumação do crime (em regra) e antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, trata-se da prescrição da pretensão punitiva, ao passo que, com o trânsito em julgado para as partes em diante, poderá ocorrera prescrição da pretensão executória.
Desse modo, salvo as infrações previstas constitucionalmente como imprescritíveis, as transgressões penais são passíveis de prescrição. Nesse sentido, faz-se necessária uma pergunta: Quais são as infrações penais imprescritíveis?
· CF, art. 5º, XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, su- jeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
· CF, art. 5º, XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos arma- dos, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Seria possível ser criado pelo legislador infraconstitucional novas hipóteses de impres- critibilidade?
A maioria da doutrina se posiciona no sentido negativo, tendo em vista que a prescrição se constituiria como um direito fundamental do indivíduo, sua flexibilização somente seria admitida em hipóteses originariamente previstas na Constituição.
Desse modo, voltando ao tema, temos duas espécies de prescrição na esfera penal:
· Prescrição da pretensão punitiva, a qual se divide em:
· Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita;
· Prescrição da pretensão punitiva retroativa;
· Prescrição da pretensão punitiva intercorrente / superveniente / subsequente;
· Prescrição da pretensão executória.
Terminada essa fase introdutória, passamos a tratar efetivamente das alterações imple- mentadas pelo pacote anticrime. As alterações ocorreram especificamente nas causas sus- pensivas da prescrição.
As chamadas causas suspensivas da prescrição suspendem o curso do prazo prescricio- nal. Cessado o motivo da suspensão. O prazo prescricional retoma o seu curso, computando-
-se o período anterior.
O Código Penal Brasileiro originariamente previa duas hipóteses em que a suspensão fi- caria suspensa:
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da exis- tência do crime; (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
A primeira situação: enquanto não resolvida em outro processo questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime.
Essa hipótese trata das questões prejudiciais, ou seja, são hipóteses em que a própria existência do delito depende da resolução de outra demanda. Exemplo comum citado pela doutrina é o delito de bigamia. Nesses casos, o processo penal relativo ao delito ficará sus- penso enquanto não resolvido no juízo cível a nulidade do casamento.
A segunda situação: enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Veja que aqui já tratamos a respeito da primeira alteração em nossa legislação. Retirou-
-se a expressão estrangeiro e a substituiu para estrangeiro. Acreditamos que não há altera- ção substancial da norma, mas apenas correção terminológica.
Essa causa de suspensão se fundamenta pela impossibilidade de se extraditar agente que cumpre pena no exterior, dessa forma, a pretensão executória do Estado brasileiro estaria maculada.
Além dessa alteração terminológica, duas outras hipóteses suspensivas foram incluídas em nosso ordenamento:
Pendência de Embargos de Declaração ou Recursos aos Tribunais Superiores quando Inadmissíveis
III – na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
A primeira hipótese trata de alguns recursos específicos. O objetivo desse trabalho não é especificamente detalhar o recurso, mas tão somente explicar o motivo pelo qual o transcur- so do prazo prescricional ficará suspenso.
A primeira hipótese trata dos Embargos de Declaração. A legislação determina que na pendência de julgamento de ED (embargos de declaração) não haverá transcurso do prazo prescricional. Esse mandamento se justifica pela natureza desse instrumento. Os EDs têm a função de esclarecer, sanar contradição ou mesmo omissão por parte do magistrado, assim, ao menos em tese, não tem a função de alterar o mérito do julgado.
Desse modo, muitas vezes esse recurso é utilizado unicamente com objetivo protelatório. Assim, por opção do legislador, não haverá transcurso do prazo prescricional na pendência do julgamento de Embargos de Declaração quando eles não forem admitidos.
No mesmo sentido, não haverá o transcurso do prazo na pendência de julgamento de recursos aos tribunais superiores (recurso especial e recurso extraordinário) quando esses instrumentos forem declarados inadmissíveis.
Essa opção se justifica pela natureza dos referidos recursos. Tais instrumentos destinam a discutir questões de direito e não de fato, razão pela qual a possibilidade de reforma do jul- gamento encontra-se restrita a situações excepcionais.
Outro fator que justifica a opção é a demora encontrada no julgamento desses recursos, fenômeno que favorecia litigantes que tivessem objetivo de protelar o trânsito em julgado da decisão e com isso alcançar a extinção da punibilidade pela prescrição.
Ponto importante é a discussão sobre a expressão: quando inadmissíveis.
Entendemos que o legislador somente suspense a prescrição, ou seja, impede o seu trans- curso entre a pendência do julgamento e a decisão que considera inadmissível os recursos e os embargos de declaração. O julgamento dos recursos se dá, normalmente, em duas fases: admissibilidade ou conhecimento e mérito.
O legislador impede o transcurso do prazo justamente quando o recurso não é conhecido
ou admitido.
Nesse sentido:
O juízo de admissibilidade analisa se recurso atende os pressupostos formais exigidos pela lei. Nesta fase, caso o recurso esteja de acordo com as normas, diz-se que o recurso foi conhecido ou admitido.
Caso não contenha as preliminares necessárias, o recurso não será conhecido, prejudi- cando a análise do mérito, ou seja, o recurso morre antes mesmo de ser avaliado.
Já o juízo de mérito irá avaliar a matéria a qual o recurso desafia, ou seja, irá analisar as razões e o pedido constante do recurso, que não se confunde com o mérito da causa propria- mente dito.
Nesta fase diz-se que caso a decisão atacada seja mantida, diz-se que o recurso não foi provido. Já, se a decisão é reformada, esclarecida, anulada ou cassada, diz-se que o recurso foi provido6.
Assim, desde a proposição dos recursos especiais e extraordinários ou Embargos de De- claração até a decisão que não conhece os referidos instrumentos não haverá transcurso do prazo prescricional.
Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
O acordo de não persecução penal trata-se de instituto de natureza processual que pos- sibilita ao acusado confessar a praticado do crime e sofrer as sanções propostas pelo Mi- nistério Público, possibilitando, assim, uma solução negociada no processo penal (justiça negociada). O investigado confessa o crime, se sujeita às condições do acordo e ao final, caso cumprido o acordo, vê extinta a punibilidade.
Segundo a doutrina7, é a adoção pelo sistema brasileiro do chamado “plea bargaining” Norte-Americano:
No plea bargaining norte-americano, o imputado manifesta perante o Ministério Público sua de- cisão de declarar-se culpado, aceitando as imputações acordadas, assim como a pena pactuada,
 	ao mesmo tempo em que renuncia a certas garantias processuais. Como explica Luiz Flávio Gomes,
6		https://ribeirooliveiraadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/346961871/requisito-de-admissibilidade-de-um-recurso no-ncpc
7	(Lima, 2017, p. 260)
“uma vez que se dá conhecimento da acusação – qualquer que seja o crime – para o imputado, pede-se o pleading, isto é, para se pronunciar sobre a culpabilidade; se se declara culpado (pleads guilty) – se confessa – opera-se o plea, é dizer, a resposta da defesa e então pode o juiz, uma vez comprovada a voluntariedade da declaração, fixar a data da sentença (sentencing), ocasião em que se aplicará a pena (geralmente ‘reduzida’ – ou porque menos grave ou porque abrangerá menos crimes -, em razãodo acordo entre as partes), sem necessidade de processo ou veredito (trial ou veredict); em caso contrário, abre-se ou continua o processo e entra em ação o jurado.
Com a reforma, poderá o Ministério Público propor ao investigado o acordo de não perse- cução penal obedecidos os seguintes requisitos:
· confissão formal e circunstancial do investigado;
· infração penal sem violência ou grave ameaça;
· com a pena mínima inferior a 4 anos;
· necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Importante destacar, que segundo o § 1º, para fins de aferição da pena mínima, serão consideradas as causas de aumento e diminuição de pena.
Cumpridos os requisitos, o acordo será oferecido mediante as seguintes condições, que poderão ser ajustadas cumulativamente ou alternativamente:
· reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
· renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
· prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
· pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como fun- ção proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
· cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
A Lei n. 13.964/2019 acrescenta ainda vedações em que o acordo não poderá ser cele- brado:
· se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
· se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem con- duta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
· ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infra- ção, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
· nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados con- tra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Assim, de acordo com a redação do dispositivo legal, proposto acordo de não persecução penal, durante a vigência do benefício, não haverá transcurso do prazo prescricional.
Essas foram as alterações realizadas na parte especial do Código Penal Brasileiro. Pas- saremos a analisar, nesse momento, as alterações realizadas na parte especial do Código.
*O denominado “Pacote Anticrime” implementa duas novas causas suspensivas (impeditivas) da prescrição. Veja-se:
“Art. 116. .....................................................................................
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.” (NR)
A alteração constante do inciso II consistiu apenas na alteração de “estrangeiro” para “exterior”, razão pela qual a modificação não deve gerar maiores impactos. Por outro lado, o legislador acrescentou ao dispositivo os incisos III e IV, novas causas suspensivas da prescrição. Agora, também estará suspensa a contagem prescricional (i) na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis e (ii) enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
8. ALTeRAÇÕes NO DeLITO De ROUBO
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei n. 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 13.654, de 2018)
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei n. 9.426, de 1996)
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei n.
9.426, de 1996)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei n. 13.654, de 2018)
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei n. 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei n. 13.654,
de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei n. 13.654, de 2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei n. 13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela
Lei n. 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.654,
de 2018)
Antes de tratarmos especificamente a respeito das mudanças operadas no delito de rou- bo, passaremos por alguns pontos introdutórios sobre esse crime.
8.1. BeM JURÍDICO
Trata-se de crime pluriofensivo, ou seja, estamos a tratar daqueles crimes que ofendem mais de um bem jurídico. Assim, há ofensa:
· ao patrimônio;
· integridade física, corporal e psicológica.
É pacífico na doutrina que os referidos delitos não admitem a aplicação do princípio da insignificância, vejamos:
É inviável reconhecer a aplicação do princípio da insignificância para crimes praticados com violência ou grave ameaça, incluindo o roubo’ (STF, RHC 106.360/ DF, (...) D)e de 3/10/2012)” (STJ, 5’ T., HC 339999, j. 23/02/2016).
8.2. sUJeITOs
Sujeito Ativo
Em relação ao sujeito ativo do referido delito, trata-se de crime comum, ou seja, não se exige nenhuma qualidade especial do sujeito ativo para o seu cometimento.
É possível a aplicação de delação premiada no delito de roubo?
O artigo 13 da Lei 9.807/99, tratando da proteção aos réus colaboradores, elencou requi- sitos para a concessão do perdão judicial. Entretanto, considerar indispensável a presença de todos os requisitos indistintamente significa restringir a aplicação do benefício ao tipo penal extorsão mediante sequestro, quando tal restrição não encontra respaldo na citada lei. Nessa linha de entendimento, não há óbice à concessão de perdão na hipótese em apreço – rou- bo circunstanciado, quando preenchidos os requisitos compatíveis com o citado tipo penal” (STJ, 5’ T., AgRg no AREsp 157.685, j. 05/05/2015).
Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a con- sequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
I – a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; II – a localização da vítima