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DISFAGIA A deglutição normal apresenta três fases: oral, faríngea e esofágica. Se determina Disfagia, qualquer dificuldade na deglutição, decorrente de qualquer interferência na precisão e na sincronia dos movimentos de músculos e estruturas associadas à deglutição, que resultam em inabilidade, seja por debilidade no controle pelo SNC ou disfunção mecânica. Frequente, a disfagia leva à desnutrição, causada pela ingestão inadequada. Os sintomas incluem: ▪ Babar; ▪ Engasgos ou tosse durante ou após as refeições; ▪ Incapacidade de sugar de um canudo; ▪ Voz murmurante; ▪ Acumular bolsões de alimentos no recesso bucal (do qual o paciente pode não estar ciente); ▪ Ausência de reflexo faríngeo; ▪ Infecções crônicas nas vias respiratórias superiores. Em decorrência das alterações fisiológicas que acontecem com o envelhecimento, como a diminuição da secreção salivar, aumento do tempo de resposta motora, prejuízo na peristalse faríngea e na abertura do esfíncter esofágico a população geriátrica tem prevalência relatada em 10% dos pacientes hospitalizados e de 30 a 60% em pacientes em programas de acompanhamento domiciliar. A detecção do risco de disfagia deve ser realizada de forma multiprofissional, com a equipe atenta aos componentes que podem estar relacionados ao seu desenvolvimento: ▪ Doença de base, antecedentes e comorbidades; ▪ Sinais clínicos de aspiração; ▪ Complicações pulmonares; ▪ Funcionalidade da alimentação. A posição adequada para a deglutição deve ser encorajada: ✓ Sentar na posição vertical com a coluna ereta e a cabeça em posição neutra, com o queixo direcionado para baixo. AS FASES DA DEGLUTIÇÃO FASE ORAL: consiste na preparação do bolo alimentar, o alimento é colocado na boca, onde é misturado com a saliva, mastigado se necessário e transformado em bolo alimentar pela língua, que empurra o alimento para a parte posterior da cavidade oral, apertando gradualmente o bolo alimentar contra o palato duro e mole. A atividade é consciente e voluntária, controlada pelo próprio individuo podendo também ser interrompida a qualquer momento. Na disfagia, a pressão intracraniana aumentada ou a lesão do nervo intracraniano podem resultar em movimentos da língua enfraquecidos ou mal coordenados, levando problemas na conclusão desta etapa. Há, também a incapacidade de selar completamente os lábios, formar uma vedação em torno do copo ou sugar por um canudo pelos músculos enfraquecidos. pode haver dificuldade em formar um bolo alimentar coeso e movê-lo pela cavidade oral. Os alimentos podem ficar embolsados nos recessos bucais, especialmente se o paciente não tiver sensação na bochecha ou apresentar fraqueza facial. FASE FARÍNGEA: é iniciada quando o bolo alimentar é impulsionado para depois dos arcos das fauces. Quatro eventos devem ocorrer de forma rápida nessa fase, o palato mole eleva- se para fechar a nasofaringe e prevenir a regurgitação orofaríngea. O osso hioide e a laringe elevam-se, e as pregas vocais aduzem para proteger as vias aéreas. A faringe se contrai sequencialmente, enquanto o esfíncter cricofaríngeo relaxa permitindo que o alimento passe para o esôfago. A respiração recomeça no final da fase faríngea. Os sintomas nesta fase incluem: engasgo, asfixia e regurgitação nasofaríngea. FASE ESOFÁGICA: aqui o bolo alimentar continua pelo esôfago até o estômago, fase completamente involuntária. Os problemas observados nessa fase são, em geral, resultado de uma obstrução mecânica, mas a doença neurológica não pode ser descartada. Por exemplo, o peristaltismo prejudicado pode surgir de um infarto do tronco encefálico. De acordo com o I consenso de Disfagia, podem-se distinguir três graus de disfagia: ▪ Leve: quando a deglutição é demorada e podem ocorrer engasgos, sendo recomendados o fracionamento em menores porções e a observação da deglutição de líquidos; ▪ Moderada: há dificuldade em iniciar a deglutição, com risco de aspiração laringotraqueal, com presença de tosse, engasgos, pigarros e voz molhada. Recomenda-se as manobras facilitadoras e posturais e líquidos engrossados por via oral; ▪ Grave: há necessidade de suplementar a via oral em virtude da dificuldade em manter ingestão hídrica e de alimentos, sendo que existe alto risco de aspiração, inclusive de saliva. Nesse caso recomenda-se gastrostomia para via enteral. DIETOTERAPIA Objetivos ▪ Estabelecer a via de administração nutricional mais segura; ▪ Adaptar a alimentação oral ao grau de disfagia; ▪ Manter o estado nutricional ou promover a recuperação nutricional. A avaliação do grau de disfagia é o primeiro passo para o estabelecimento do plano nutricional, pois permite a escolha da vida de acesso mais adequada. A introdução por via oral deve acontecer de forma gradativa, com acompanhamento da equipe de fonoaudiologia. A consistência e textura dos alimentos será determinada pelo grau da disfagia, normalmente sendo iniciada com preparações cremosas (sopa, creme, mingau etc.), é importante definir se existe risco de aspiração e se os líquidos ralos ou finos podem ser ofertados. É necessário manter a via enteral pois a aceitação pela via oral pode ser insuficiente, conforme a progressão da aceitação e da consistência da via oral, a via enteral poderá ser reduzida. A textura inclui todas as sensações percebidas na cavidade oral durante a degustação de um alimento e por isso é medida sensorialmente. A viscosidade é a resistência do liquido ao fluxo. Pode existir a necessidade de espessar os líquidos, possibilitando o melhor controle oral sobre o bolo alimentar e proporciona maior tempo para que o reflexo da deglutição seja desencadeado. Utiliza-se farinhas a base de amido, como o amido de milho e creme de arroz por exemplo, gomas feitas a partir de fibras solúveis ex: ágar-ágar, produto à base de algas, usado na culinária japonesa. Além de que já existem produtos industrializado que espessam sem alterar o sabor, são apresentados em pó e levam ao espessamento sem necessidade de aquecimento. Viscosidades: ▪ Néctar: liquido levemente espessado que pode ser consumido aos foles como mingau ralo; ▪ Mel: liquido espessado que necessita de colher para consumo, como mingau grosso; ▪ Pudim: apresenta aparência de solido e deve ser consumido com colher, mas desfaz-se na boca, como flan. A primeira padronização, a “dieta nacional para disfagia” pelos EUA propõe três níveis de consistência: ▪ Nível I: purês homogêneos, alimentos coesivos e de baixa adesividade; ▪ Nível II: alimentos úmidos e de textura macia, como vegetais cozidos, frutas macias e maduras e cereais mais umedecidos. Alimentos que requerem o mínimo de mastigação; pães, bolo seco, queijo em cubos, milho e ervilha são excluídos; ▪ Nível III: consiste em alimentos próximos da textura norml, com exceção de alimentos muito duros e crocantes, são permitidos: pães, bolos macios, alface, carnes macias. Frutas e vegetais duros, castanhas e sementes devem ser evitados. DISFAGIA ESOFÁGICA Este tipo de distúrbio é decorrente da dificuldade do esôfago em exercer sua função propagando o bolo alimentar em direção ao estômago durante a deglutição. O peristaltismo esofágico é um processo neuromuscular coodenado em parte pelo SNC e em parte por mecanismos locais. Esse processo pode ser alterado por muitas causas, como obstruções que invadam a luz do órgão, alterações manométricas, espasmos difusos, distúrbios não específicos de motilidade, ou, secundárias a processos de degeneração crônica dos tecidos (esclerose e escleroderma). Em distúrbios de motilidade, a tendência é que a disfagia piore, chegando a permitir apenas ingestão de líquidos. Durante a alimentação, o esôfago passa a acumular os líquidos inferidos e com a pressão da gravidade ocorre aabertura do EEI, com passagem de pequenas porções do volume para o estômago. Caso isso não aconteça, o volume acumulado no esôfago é devolvido na forma de regurgitação. A recuperação nutricional deve ser proposta por dieta hipercalórica e hiperproteica. Se houver inflamação na mucosa esofágica por atrito com os alimentos não deglutidos, deve-se evitar sucos e frutas ácidas, condimentos e especiarias picante e irritante que poderão causar dor, e temperaturas elevadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUPPARI, Lilian. Nutrição clínica no Adulto. 4.ed. Barueri-SP: Manole, 2019. MAHAN, L.; RAYMOND, Janice. Krause. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Ed. Elsevier, 2018.
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