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HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA Fisiopatologia Variável conforme a etiologia. Cerca de 95% das hemorragias se originam de patologias colônicas. Os 5% restantes resultam de doenças do intestino delgado. As etiologias mais frequentes são: doença diverticular colônica (mais comum), doenças orificiais (hemorroidas, fissuras, úlceras retais), angiectasias, proctite actínica, pólipos e neoplasias colorretais, doença inflamatória intestinal, colite infecciosa e colite isquêmica. Fístulas aortoentéricas, vasculites, intussuscepção e enteropatia associada à hipertensão portal podem, também, causar HDB. Cliníca: Acomete preferencialmente indivíduos idosos com idade média de 60 anos. Até 90% dos casos o sangramento cessa espontaneamente em 48 horas. A hemorragia digestiva baixa pode se manifestar como hematoquezia, melena, enterorragia ou presença de sangue oculto nas fezes. Devem ser observados: Característica do sangramento: A característica das fezes não confirma a localização, mas indica o local provável do sangramento. Hematoquezia/enterorragia sugere doença diverticular ou angiodisplasias; sangramento escuro sugere foco no intestino delgado ou cólon direito; sangue no papel higiênico ou gotejamento no vaso sanitário sugere doença orificial; melena sugere sangramento do trato gastrointestinal alto. A presença de enterorragia/hematoquezia com instabilidade hemodinâmica pode se associar a sangramento digestivo alto; ● Sintomas associados: Questionar sobre sintomas que podem sugerir uma etiologia particular, tais como hematoquezia indolor (sangramento diverticular), mudança de hábitos intestinais, perda de peso, diarreia, dor abdominal (malignidade, doença inflamatória intestinal, colite isquêmica) e dor anal (fissura, trombose hemorroidária); Abordagem diagnostica: Hemograma, TGO,TGP, GGR,FA,RNI,PTTA,UREIA, CREATININA, LACTATO. Angiotomografia de abdome e pelve: Exame de escolha para pacientes hemodinamicamente instáveis. Sensibilidade de 79%-95% e especificidade de 95%-100% se sangramento ativo > 0,3-1,0 mL/min. Permite localizar, de maneira rápida e segura, o sangramento no trato gastrointestinal alto ou baixo e, assim, definir a melhor conduta de terapêutica. Permite definir pela realização de angiografia terapêutica ou colonoscopia. Colonoscopia: Exame de escolha para pacientes hemodinamicamente estáveis ou que estabilizaram após ressuscitação volêmica. Deve ser realizada após preparo intestinal adequado, assim que possível. O preparo no contexto de HDB, geralmente, é feito com polietilenoglicol. Endoscopia digestiva alta: O sangramento pode ser do trato gastrointestinal alto em pacientes com hematoquezia e instabilidade hemodinâmica. Nesses casos, deve-se considerar a realização de endoscopia digestiva alta imediatamente antes da colonoscopia. OBS: Deve-se evitar uso de AINE em pacientes com história de sangramento por doença diverticular ou angiectasia colônica. CONDUTA: ● Para pacientes estáveis: Deve-se calcular o escore de Oakland para avaliação do risco do sangramento e necessidade de internação hospitalar. Pacientes com escore de Oakland ≥ 9 devem ser internados para investigação intra-hospitalar, com indicação de colonoscopia ± endoscopia digestiva alta assim que possível, após preparo adequado do cólon para aumentar o rendimento diagnóstico e terapêutico. Estudos de metanálise recentes não demonstraram benefício de redução de mortalidade, taxa de ressangramento, necessidade de hemotransfusão, cirurgias ou eventos adversos na realização de colonoscopia precoce nas primeiras 24 horas. Pacientes estáveis com escore de Oakland < 9 podem ser avaliados ambulatorialmente. Se paciente > 50 anos, recomenda-se realizar colonoscopia em até 2 semanas; ● Para pacientes instáveis: O primeiro passo é a estabilização hemodinâmica, obtendo veia calibrosa para expansão volêmica e coleta de exames laboratoriais. Deverão ser seguidos os passos clássicos para o tratamento de choque hemorrágico. Deve-se solicitar angiotomografia de abdome e pelve de urgência para avaliar extravasamento de contraste e assim definir conduta definitiva, seja através de exame endoscópico ou angiografia para embolização. Caso não seja identificado sítio de sangramento, proceder à endoscopia digestiva alta e à colonoscopia na tentativa de identificar a origem da hemorragia e realizar tratamento endoscópico. As exceções a essa regra são pacientes com provável sangramento pós-polipectomia. Nesse caso, a colonoscopia de urgência é o exame de primeira escolha.
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