Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA APLICADA À FISIOTERAPIA Diego Santos Fagundes Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os músculos do membro inferior: regiões anterior, medial, posterior e lateral, do joelho, da perna e do tornozelo. Reconhecer os músculos e suas funções relacionadas aos membros inferiores de acordo com sua região. Relacionar a organização e a função da musculatura do membro inferior com a função de locomoção. Introdução O esqueleto apendicular inferior é formado pelo cíngulo do membro inferior e também pelos membros inferiores. Nesse sentido, os membros inferiores apresentam músculos que estão posicionados em relação às vistas anterior, posterior, lateral e medial. Os membros inferiores são aqueles que sustentam o peso do corpo e participam da estabilização postural e da locomoção. O conhecimento da anatomia dos membros inferiores é o elemento inicial para a compreensão da biomecânica e da cinesiologia, tão importantes para a atuação profissional do fisiotera- peuta, principalmente em suas intervenções semiológicas e terapêuticas, incluindo a isso a análise do padrão da marcha. Neste capitulo, você vai estudar os músculos do membro inferior. Além disso, você vai ver as funções desses músculos com foco na locomoção. Músculos do membro inferior e suas inserções Os músculos dos membros inferiores são maiores e mais potentes quando comparados com os músculos dos membros superiores. O conjunto de músculos do membro inferior pode ser dividido em três grupos, a saber: (i) músculos que movimentam a coxa (porção entre a região glútea posteriormente e o joelho, incluindo o fêmur), (ii) músculos que movimentam a perna (porção entre o joelho e o tornozelo, incluindo a tíbia e a fíbula) e (iii) músculos que movimentam o pé e os dedos (porção distal ao tornozelo, que inclui os metatarsais e as falanges; os ossos tarsais formam o tornozelo) (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Músculos que movimentam a coxa Os músculos que movimentam a coxa têm suas origens em suas inserções na pelve. Esses músculos estão agrupados em (i) grupo glúteo, (ii) grupo rotador lateral, (iii) grupo adutor e (vi) grupo iliopsoas. O grupo glúteo é composto pelos músculos glúteo máximo, médio e mínimo e o tensor da fáscia lata. O glúteo máximo é o mais superfi cial (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009), cobrindo os outros músculos glúteos, com exceção do terço anteros- superior do músculo glúteo médio. O músculo glúteo máximo se apresenta como o maior músculo, mais pesado e com fi bras musculares mais grossas do corpo humano (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014) e sua inserção proximal ocorre ao longo do ílio posterior à linha glútea posterior e na face dorsal do sacro, cóccix e ligamentos associados (sacroturberal). Sua inserção distal se concentra no trato iliotibial, sendo que este se insere no côndilo lateral da tíbia e outras fi bras se inserem na tuberosidade glútea (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Os músculos glúteos médio e mínimo apresentam o mesmo formato em leque e suas fibras convergem da mesma forma praticamente na mesma direção (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). Os glúteos médio e mínimo compartem praticamente a mesma inserção proximal na face externa do ílio entre as linhas glúteas, anterior e posterior e anterior e inferior, respectivamente (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). A inserção distal de ambos ocorrem no trocanter maior no fêmur (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O último mús- culo que compõe o grupo glúteo e as partes superficial e anterior do músculo glúteo máximo é denominado músculo tensor da fáscia lata. Ele apresenta uma conformação fusiforme, é envolto por duas camadas de fáscia lata e apresenta cerca de 15 cm de comprimento (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). O tensor Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo2 da fáscia lata se origina na crista ilíaca e na superfície lateral da espinha ilíaca anteroposterior e sua inserção distal ocorre no trato iliotibial, que se fixa ao côndilo lateral da tíbia (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O grupo rotador lateral é constituído pelos músculos obturadores interno e externo, gêmeos (superior e inferior), piriforme e quadrado femoral. O obturador interno e os gêmeos formam um músculo tricipital (três cabeças), ou seja, o tríceps do quadril, que ocupa a abertura entre os músculos piriforme e quadrado femoral. O obturador interno apresenta sua inserção proximal na face pélvica da membrana obturadora e nos ossos adjacentes e sua inserção distal ocorre na face medial do trocanter maior do fêmur, enquanto o obturador externo apresenta sua inserção proximal nas margens do forame obturado e na membrana obturadora e sua inserção distal ocorre na fossa trocantérica do fêmur (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). Já os gêmeos superior e inferior apresentam sua inserção proximal na espinha isquiática e no túber isquiático, respectivamente (GOULD, 2010). O músculo piriforme apresenta um formato de pera e está localizado na parede posterior da pelve menor e posterior à articulação do quadril. Sua inserção proximal centra-se no sacro e no ligamento sacrotuberal e sua inserção distal ocorre na margem superior do trocanter maior do fêmur. O músculo quadrado femoral apresenta um formato quadrangular. É um músculo plano e curto e está localizado inferiormente aos músculos obturador interno e gêmeos. Sua inserção proximal ocorre na margem lateral do túber isquiático (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; GOULD, 2010) e sua inserção distal ocorre na crista intertrocantérica (GOULD, 2010). Convém salientar que os músculos piriforme e obturador (interno e externo) são os principais rotadores laterais (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014). Em relação aos músculos do compartimento medial da coxa, estes formam o grupo adutor. Os adutores incluem os músculos adutor curto, adutor longo, adutor magno, pectíneo e grácil. O adutor curto localiza-se profundamente aos músculos pectíneo e adutor longo e se origina no ramo inferior do púbis, se estendendo até a linha pectínea e a parte proximal da linha áspera do fêmur. O adutor longo é o mais anterior do grupo de adutores e apresenta um formato triangular. Esse músculo se insere proximalmente no corpo do púbis inferior e na crista púbica e se estende até sua inserção distal localizada no terço médio da linha áspera do fêmur. Em relação ao adutor magno, este é considerado o mais forte dos adutores e está localizado posteriormente. Apresenta o mesmo formato que o adutor longo e sua inserção proximal ocorre no ramo inferior do púbis (parte adutora) e no túber isquiático (parte associada aos músculos isquiotibiais). Sua inserção distal ocorre na tuberosidade glútea, na linha 3Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo áspera, na linha supracondilar medial (parte adutora) e no tubérculo adutor do fêmur (parte associada aos músculos isquiotibiais). O pectíneo é um músculo de transição entre compartimentos, do anterior para o medial. Esse músculo apresenta sua inserção proximal no ramo superior do púbis e sua inserção distal ocorre na linha pectínea do fêmur abaixo do trocanter menor. Já o músculo mais superficial do grupo adutor e considerado o mais fraco é denominado grácil, que apresenta sua inserção proximal no corpo e no ramo inferior do púbis e sua inserção distal ocorre na parte superior da face medial da tíbia, compondo a pata de ganso localizada na parte superior da face medial da tíbia (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; GOULD, 2010; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Já o grupo iliopsoas é composto pelos músculos ilíaco e psoas maior. Esses músculos apresentam suas inserções proximais na fossa ilíaca, nas superfícies anteriores e nos processos transversos das vértebras T XII e L V, respecti- vamente. Em relação as suasinserções distais, ambos se ancoram no fêmur, distalmente ao trocanter menor (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Músculos que movimentam a perna Sobre os músculos que movimentam a perna, temos, por um lado, os que realizam a extensão, portanto denominados músculos extensores, e, por outro lado, os que realizam a fl exão, conhecidos como músculos fl exores. Os músculos extensores são chamados coletivamente de quadríceps e são constituídos por reto femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio. O músculo reto femoral é o único que cruza duas articulações, a do quadril e a do joelho, portanto, é capaz de fl exionar a coxa na articulação do quadril e realizar a extensão da perna na articulação do joelho. A inserção proximal desse mús- culo ocorre na espinha ilíaca anteroinferior e no ílio superior ao acetábulo e sua ancoragem distal ocorre na tuberosidade da tíbia, via fi xações tendíneas comuns do músculo quadríceps femoral, da patela e do ligamento da patela. O músculo vasto lateral é a maior massa muscular do quadríceps e tem sua origem proximal no trocanter maior e no lábio lateral da linha áspera do fêmur. Em relação ao vasto medial, sua inserção proximal ocorre anteroinferiormente ao trocanter maior do fêmur e ao longo da linha áspera (metade proximal), já em relação ao vasto intermédio, ocorre na superfície anterolateral do fêmur e na linha áspera (metade distal). Importante ressaltar que a inserção distal dos vastos segue a mesma do reto femoral (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; GOULD, 2010; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo4 Os músculos denominados flexores da perna são, a saber: bíceps femoral, semimembranáceo semitendíneo, sartório e poplíteo. O bíceps femoral apre- senta duas cabeças, portanto, é denominado bíceps. Diante disso, a inserção proximal da cabeça longa ocorre no túber isquiático e da cabeça curta ocorre na linha áspera do fêmur; a inserção distal ocorre na cabeça da fíbula. Os músculos semimembranáceo e semitendíneo apresentam a mesma origem proximal no túber isquiático e a inserção distal ocorre no côndilo medial da tíbia, compondo a pata de ganso e a superfície proximal medial da tíbia, próxima à inserção do músculo grácil, respectivamente. O músculo sartório é o terceiro a compor a pata de ganso em sua inserção distal no côndilo medial da tíbia e sua inserção proximal ocorre na espinha ilíaca anterossuperior. Por último, o músculo poplíteo tem sua inserção proximal no côndilo lateral do fêmur e sua inserção distal na superfície posterior da parte proximal do corpo da tíbia (GOULD, 2010; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Músculos que movimentam o pé e os dedos Os músculos que apresentam ação no tornozelo podem ser divididos em duas categorias: a dos dorsifl exores e a dos fl exores plantares. O músculo tibial anterior integra os dorsifl exores do tornozelo. Esse músculo apresenta um longo tendão que se inicia na metade da perna e desce ao longo da face anterior da tíbia. O tibial anterior apresenta sua inserção proximal no côndilo lateral e na parte proximal do corpo da tíbia e sua inserção distal ocorre na base do primeiro osso metatarsal e cuneiforme medial. Em relação aos fl exores plantares, podemos citar os músculos gastrocnêmio, sóleo, tibial posterior, fi bulares curto e longo e plantar. O músculo gastrocnêmio é o mais avantajado da “panturrilha”, pois apre- senta duas cabeças, sendo que a cabeça lateral apresenta sua inserção proximal na face lateral do côndilo lateral do fêmur e a cabeça medial apresenta sua inserção proximal na face poplítea do fêmur, superior ao côndilo medial. O sóleo apresenta sua inserção proximal na cabeça, na parte proximal do corpo da fíbula e na parte posteromedial adjacente do corpo da tíbia e sua inserção distal no calcâneo, via tendão do calcâneo. Esse tendão é comum aos músculos grastrocnêmio e sóleo. Diante disso, esses músculos juntos são conhecidos como tríceps sural. Em relação ao músculo tibial posterior, sua inserção proximal ocorre na membrana interóssea e na parte adjacente do corpo da tíbia e da fíbula e sua inserção distal ocorre na tuberosidade do navicular. Já o os músculos fibulares curto e longo apresentam suas inserções proximais na margem mediolateral da fíbula e na cabeça e na parte proximal do corpo 5Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo da fíbula, respectivamente. A inserção distal desses músculos ocorre na base do quinto osso metatarsal para o fibular curto e na base do primeiro osso metatarsal e cuneiforme medial para o fibular longo. Por último, na linha supracondilar lateral e na parte posterior do calcâneo ocorre as inserções proximal e distal, respectivamente, do músculo plantar (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; GOULD, 2010; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Já os músculos que apresentam ação sobre os dedos, igualmente ao tor- nozelo, são divididos em flexores e extensores. Em relação aos flexores, podemos citar o flexor longo dos dedos e o flexor do hálux, que apresentam suas inserções na superfície posteromedial da tíbia e na superfície posterior da fíbula, respectivamente. A inserção distal do flexor longo dos dedos ocorre nas falanges distais do segundo ao quinto dedo e a do flexor do hálux ocorre na falange distal do primeiro dedo (hálux). Já os músculos extensores dos dedos são, a saber: extensor longo dos dedos (inserção proximal na tíbia e na membrana interóssea e inserção distal nas falanges médias e distais do segundo ao quinto dedo) e extensor longo do hálux (inserção proximal na fíbula e na membrana interóssea e inserção distal na falange distal do primeiro dedo) (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014; GOULD, 2010; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Músculos do membro inferior e suas funções Os músculos dos membros inferiores, assim como os demais músculos estriados esqueléticos, apresentam como função macro a produção dos movimentos corporais globais, como caminhar, e também atuam na estabilização das estruturas e posições corporais, como a estabilização das articulações e a manutenção das posições corporais. Nos Quadros 1 e 2 a seguir, para faci- litar seu entendimento, estão descritas as principais função dos músculos que compõem os membros inferiores seguindo esta ordem: músculos que movimentam a coxa, músculos que movimentam a perna e músculos que movimentam o pé e os dedos. Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo6 Músculos Principal função Glúteo máximo Estende a coxa, auxilia em sua rotação lateral, estabiliza a coxa e auxilia no “levantar” a partir da posição sentada. Glúteo médio Realizam a abdução e rodam medialmente a coxa. Na marcha, mantêm o nível da pelve quando o membro ipsilateral está sustentando o peso e avançam o lado oposto (não sustentado) durante a fase de balanço. Glúteo mínimo Tensor da fáscia lata Piriforme Rodam lateralmente a coxa estendida, abduzem a coxa fletida e estabilizam a cabeça do fêmur no acetábulo.Obturador interno Gêmeos superior e inferior Quadrado femoral Roda lateralmente a coxa e estabiliza a cabeça do fêmur no acetábulo. Adutor longo Realiza adução da coxa. Adutor curto Realiza adução e flexão parcial da coxa. Adutor magno Realiza adução da coxa, a parte adutora realiza a flexão da coxa e a parte associada aos músculos isquiotibiais promove a extensão da coxa. Grácil Realiza adução da coxa e flexão da perna, além de auxiliar a rotação medial da perna. Obturador externo Roda lateralmente a coxa e estabiliza a cabeça do fêmur no acetábulo. Reto femoral Estendem a perna em relação à articulação do joelho. O músculo reto femoral também estabiliza a articulação do quadril e auxilia o músculo iliopsoas a flexionar a coxa. Vasto lateral Vasto medial Vasto intermédio Pectíneo Realiza adução e flexão da coxa e auxilia a rotação medial da coxa. Quadro 1. Músculos que movimentam a coxa e aperna (Continua) 7Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo Quadro 1. Músculos que movimentam a coxa e a perna Músculos Principal função Iliopsoas e psoas maior Atuam conjuntamente na flexão da coxa em relação à articulação do quadril e na estabilização dessa articulação. Psoas menor Ilíaco Sartório Realiza abdução e flexão e roda lateralmente a coxa em relação à articulação do quadril. Flexiona a perna em relação à articulação do joelho (realizando a rotação medial da perna quando o joelho está fletido). Fonte: Adaptado de Moore, Dalley e Agur (2014) e Gould (2010). (Continuação) Músculo Principal função Tibial anterior Promove a dorsiflexão do tornozelo e a inversão do pé. Extensor longo dos dedos Realiza a extensão do segundo ao quinto dedo e a dorsiflexão do tornozelo. Extensor longo do hálux Realiza a extensão do primeiro dedo (hálux) e dorsiflexão do tornozelo. Fibular terceiro Promove a dorsiflexão do tornozelo e a eversão do pé. Fibular longo Realizam a flexão plantar do tornozelo e a eversão do pé. Fibular curto Gastrocnêmio Promove a flexão da perna e a flexão plantar do tornozelo. Sóleo Promove a flexão plantar do tornozelo. Plantar Promove a flexão plantar do tornozelo e fornece informações proprioceptivas sobre a tensão no músculo tríceps sural. Quadro 2. Músculos que movimentam o pé e os dedos (Continua) Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo8 Os músculos do membro inferior e suas respectivas funções nas fases da marcha A locomoção é uma função complexa de se locomover com os pés que necessita de um trabalho muscular coordenado entre os músculos que se destinam a essa função. Nesse sentido, a marcha humana pode ser defi nida como uma forma ou um estilo da caminhada e pode variar por meio do humor do indivíduo. Por exemplo, quando se está alegre, os passos podem ser mais leves, podendo-se conotar mais “vitalidade” ao caminhar, mas quando se está triste ou deprimido, os passos podem ser mais “arrastados” (LIPPERT, 2013). O ato da locomoção apresenta ciclos de apoio e balanço (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). Essas fases, como também são conhecidas, fazem parte do ciclo da marcha em que a fase de apoio apresenta em seu início o choque do calcanhar no solo, onde existe a sustentação do peso do corpo e seu fi nal confi gura a saída da parte anterior do pé resultante da fl exão plantar. Em relação à fase de balaço, ela se inicia depois da propulsão quando os dedos deixam o solo e apresenta seu término quando o calcanhar toca o solo. Importante salientar que essa fase corresponde a 40% do ciclo da marcha, enquanto os 60% restantes estão a cargo da fase de apoio. A fase de apoio, em razão de corresponder a 60% do ciclo da marcha, está subdividida em cinco fases, a saber: choque do calcanhar, resposta à Fonte: Adaptado de Moore, Dalley e Agur (2014) e Gould (2010). Músculo Principal função Poplíteo Realiza a flexão do joelho. Tibial posterior Promove a flexão plantar do tornozelo e a inversão do pé. Flexor longo do hálux Realiza a flexão das articulações do primeiro dedo (hálux) e a flexão plantar do tornozelo e dá suporte aos arcos longitudinais do plantares do pé. Flexor longo dos dedos Realiza flexão plantar do tornozelo, flexão do segundo ao quinto dedo e dá suporte aos arcos longitudinais do pé. Quadro 2. Músculos que movimentam o pé e os dedos (Continuação) 9Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo carga, apoio médio, apoio terminal e pré-balanço. Já a fase de balanço, que corresponde a 40% do ciclo da marcha, apresenta três subdivisões: balanço inicial, balanço médio e balanço terminal. O Quadro 3 que segue visa, de maneira clara e objetiva, a demonstrar a relação dos músculos dos membros inferiores com as fases da marcha. Fase da marcha Objetivos mecânicos Grupos mus- culares ativos Grupos mus- culares ativos — exemplo muscular Fase de apoio Choque do calca- nhar (con- tato inicial) Tocar o solo com a parte anterior do pé Dorsiflexores do tornozelo (contração excêntrica) Músculo tibial anterior Desacelera- ção contínua (reverter o avanço) Extensores do quadril Músculo glúteo máximo Preservar o arco longitu- dinal do pé Músculos intrín- secos do pé Músculo flexor curto dos dedos Tendões lon- gos do pé Músculo tibial anterior Resposta à carga (a planta do pé está em contato com o solo) Aceitar o peso Extensores do joelho Músculo qua- dríceps femoral Desacelerar a massa (retardar a dorsiflexão) Flexores planta- res do tornozelo Músculo tríceps sural (sóleo e gastrocnêmio) Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Músculos glú- teos médio e mínimo; tensor da fáscia lata Preservar o arco longitu- dinal do pé Músculos intrín- secos do pé Músculo flexor curto dos dedos Quadro 3. Relação dos músculos dos membros inferiores com as fases da marcha (Continua) Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo10 Fase da marcha Objetivos mecânicos Grupos mus- culares ativos Grupos mus- culares ativos — exemplo muscular Tendões lon- gos do pé Músculo tibial poste- rior; Músculos flexores longos dos dedos Apoio mé- dio (ponto em que o corpo passa sobre o membro inferior que sustenta o peso) Estabilizar o joelho Extensores do joelho Músculo qua- dríceps femoral Controlar a dorsiflexão (preservar o momento) Flexores planta- res do tornozelo (contração excêntrica) Músculo tríceps sural (sóleo e gastrocnêmio) Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Músculos glú- teos médio e mínimo; tensor da fáscia lata Preservar o arco longitu- dinal do pé Músculos intrín- secos do pé Músculo flexor curto dos dedos Tendões lon- gos do pé Músculo tibial poste- rior; Músculos flexores longos dos dedos Apoio terminal (o calcanhar sai do solo, enquanto a região plantar sob as cabeças do Acelerar a massa Flexores planta- res do tornozelo (contração concêntrica) Músculo tríceps sural (sóleo e gastrocnêmio) Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Músculos glú- teos médio e mínimo; tensor da fáscia lata Quadro 3. Relação dos músculos dos membros inferiores com as fases da marcha (Continuação) (Continua) 11Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo Fase da marcha Objetivos mecânicos Grupos mus- culares ativos Grupos mus- culares ativos — exemplo muscular primeiro e segundo ossos me- tatarsais e os dedos continuam em con- tato com o solo) Preservar os arcos do pé; fixar a parte anterior do pé Músculos intrín- secos do pé Músculo adutor do hálux Tendões lon- gos do pé Músculo tibial poste- rior; Músculos flexores longos dos dedos Pré- -balanço (os dedos saem do solo, ter- minando a fase de apoio) Acelerar a massa Flexores longos dos dedos Músculo flexor longo do hálux; músculo flexor longo dos dedos Preservar os arcos do pé; fixar a parte anterior do pé Músculos intrín- secos do pé Músculo adutor do hálux Tendões lon- gos do pé Músculo tibial poste- rior; músculos flexores longos dos dedos Desacelerar a coxa; pre- parar para o balanço Flexor do quadril (contração excêntrica) Músculo iliop- soas; músculo reto femoral Fase de balanço Balanço inicial (o membro inferior em fase de ba- lanço inicia o movi- mento para frente) Acelerar a coxa e variar a cadência Flexor do quadril (contração concêntrica) Músculo iliop- soas; músculo reto femoral Elevar o pé Dorsiflexores do tornozelo Músculo tibial anterior Quadro 3. Relação dos músculos dos membros inferiores com as fases da marcha (Continuação) (Continua) Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo12 Fonte: Adaptado Moore, Dalley e Agur (2014, p. 30) e Lippert (2013, p. 303). Quadro 3. Relação dos músculos dos membros inferiores com as fases da marcha(Continuação) Fase da marcha Objetivos mecânicos Grupos mus- culares ativos Grupos mus- culares ativos — exemplo muscular Balanço médio (o membro inferior de balanço, que está susten- tando o peso, está direta- mente embaixo do corpo) Elevar o pé Dorsiflexores do tornozelo Músculo tibial anterior Balanço terminal (o membro inferior está desa- celerando em prepa- ração para o toque do calcanhar) Desacelerar a coxa Extensores do quadril (contra- ção excêntrica) Músculo glúteo máximo; músculos isquiotibiais Desacelerar a perna Flexores do joelho (contra- ção excêntrica) Músculos isquiotibiais Posicionar o pé Dorsiflexores do tornozelo Músculo tibial anterior Estender o joelho para posicionar o pé (controlar a passada) e preparar para contato Extensores do joelho Músculo qua- dríceps femoral 13Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo Quando ocorre uma lesão no nervo glúteo superior, o resultado esperado é uma paralisia dos músculos glúteos médio e mínimo. Nesse sentido, essa paralisia muscular provoca a incapacidade de estabilizar a pelve durante a deambulação e, diante disso, se evidencia o sinal de Trendelenburg positivo e marcha miopática (GOULD, 2010). GOULD, D. J. Anatomia clínica para seu bolso. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. HOUGLUM, P. A.; BERTOTI, D. (Ed.). Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 6. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica e anatomia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Leituras recomendadas CALAIS-GERMAIN, B. Anatomia para o movimento: introdução à análise das técnicas corporais. 4. ed. Barueri, SP: Manole, /2010. v. 1. CALAIS-GERMAIN, B.; LAMOTTE, A. Anatomia para o movimento: bases de exercícios. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2010. v. 2. LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica e anatomia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. Músculos das articulações dos membros inferiores: quadril, joelho e tornozelo14 Conteúdo:
Compartilhar