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Ética Profissional do Serviço Social

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Prévia do material em texto

Professora Ana Cristina da Silva Gomes 
● Cursando Pós-graduação em Atendimento à Criança e Adolescente Vítima 
de Violência – Instituto Dimensão – 2020; 
● Pós-graduação em Serviço Social na Sociedade Contemporânea: Direção 
Social, Instrumentais e Política Social – Instituto Dimensão - 2018; 
● Pós-graduação em Gestão e Planejamento de Projetos Sociais – Unicesumar 
(2018); 
● Pós-graduação em Psicopedagogia Empresarial – Instituto Paranaense de 
Ensino (2011); 
● Graduada em Serviço Social – Bacharelado – Unicesumar (2010); 
● Técnico em Meio Ambiente – Colégio Estadual JK (2006) 
 
Tutora do curso de Serviço Social (UNIASSELVI), Assistente Social: Serviço de 
Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Programa Jovem Aprendiz CIEE/PR, 
Palestrante nas áreas: motivacional, violência doméstica contra mulher, idoso e 
criança e adolescente, prevenção da gravidez na adolescência, formações para 
Conselheiros tutelares, Conferências municipais e Idealizadora da Campanha 
Mulheres Maravilhosas nas redes socias (@anacristina.palestra) sobre a Violência 
Contra Mulher. 
Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/1689530393656228 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
É com imenso prazer que apresentamos a disciplina de Ética Profissional do 
Serviço Social! Em primeiro lugar, queremos deixar registrado aqui a nossa alegria 
em participar da sua jornada acadêmica. Queremos que saiba que o material 
produzido foi pensado com muito carinho, pois nossa preocupação é realizar a 
explanação do conteúdo de forma clara e objetiva, fazendo com que você, 
acadêmico(a), entenda a Ética profissional como essência para sua futura atuação, 
enquanto Assistente Social. 
Essa disciplina pretende abordar os princípios éticos, morais, valores e vida 
cotidiana relacionada ao comportamento humano, como também os aspectos 
conceituais de vários autores sobre a Ética, tanto na antiguidade, como na 
contemporaneidade, e a Ética como direitos civil e humano para a sociedade, sendo 
esses abordados na primeira unidade da apostila, com intuito de compreender o seu 
significado e os seus princípios norteadores. 
Na unidade dois vamos ampliar nossos conhecimentos sobre o significado 
ontológico no trabalho e as relações sociais contemporâneas, relacionando a 
ontologia de Marx com a questão da ética profissional, finalizando a ética e sua 
relação com os movimentos sociais, buscando entender essa ligação do trabalho 
contemporâneo com a ética profissional. 
Nas unidades três e quatro vamos tratar especificamente dos Códigos de 
Éticas Profissionais e o Projeto Ético-Político Profissional, perpassando por todos os 
códigos conquistados até o momento atual, os Projetos Éticos-Políticos do Serviço 
Social, finalizando com a contextualização dos Conselhos Federais, Municipais e o 
processo histórico, e a Lei que regulamenta a profissão e o processo de eleições e 
participação dos profissionais. 
 Caro(a) acadêmico(a), é importante que você faça uma leitura atenta aos 
conteúdos e também se empenhe na busca das dicas complementares e indicação 
de livros que estão no decorrer de cada unidade. 
 
Agradecemos a oportunidade de fazer parte desse processo de aprendizagem. 
Desejamos sucesso a você! 
 
Bons estudos e boa leitura! 
 
Profa. Ana Cristina da Silva Gomes 
UNIDADE I 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/text-moral-on-cubes-249927778 
 
 MORAL E ÉTICA 
 
Plano de Estudo: 
• A moral e a vida cotidiana 
• Aspectos conceituais do serviço social: a moral e a vida cotidiana 
• Ética contemporânea 
• Ética e direitos civis e humanos 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar os termos Moral e Ética 
• Entender, por meio de uma linha do tempo, como os códigos morais e éticos 
mudaram com o passar do tempo. 
• Compreender conceitos de Ética contemporânea 
• Estabelecer relações entre Ética e direitos civis e humanos. 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/text-moral-on-cubes-249927778
INTRODUÇÃO 
 
 Caríssimo(a) acadêmico(a) do curso de Serviço Social, começo parabenizando 
você por ter chegado em mais essa etapa de seus estudos. Juntos iremos nos 
aventurar por um mundo de conhecimentos e de grande relevância para sua prática 
enquanto profissional da área, no intuito de entender importantes conceitos que 
precisam ser levados em conta ao se pensar no exercício profissional do Assistente 
Social, voltando a Ética profissional em Serviço Social. 
 É com grande alegria que lhe digo que vamos entender sobre conceitos 
estreitamente relacionados a outras áreas e que, mais do que nunca, precisam estar 
alinhados em seus pensamentos no intuito de lhe proporcionar reflexão, planejamento 
de ações, bem como práticas efetivas e que respeitem o espaço dos indivíduos que 
serão os futuros atendidos na Política Pública de Assistência Social, e seus usuários 
no agir profissional. 
 Nesse sentido, compreender sobre Ética é um assunto delicado e atrelado aos 
conceitos morais, valores e virtudes, mas de extrema importância para seu 
aprendizado, uma vez que ambos os conceitos lidam com sua postura e conduta 
enquanto profissional, envolvendo suas crenças, valores e ética profissional. 
Entender como atuar eticamente, dentro da sociedade, não é uma tarefa fácil, 
pois ainda nos deparamos com muito preconceito, e valores enraizados na sociedade 
civil. A evolução do Assistente Social na sociedade, como trabalho social, é primordial 
no cerne dos estudos do acadêmico do curso de Serviço Social, para entender a 
essência da Ética profissional. 
 
 
 
 
 
 
1 ÉTICA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/macro-photo-tooth-wheel-
mechanism-ethics-764161192 
 
Segundo Tomelin e Tomelin (2002, p. 89), “a ética é uma das áreas da filosofia 
que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. De acordo com 
Dennis (2008, p. 10), ética é o “conjunto de valores que orientam o comportamento do 
homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, assim, 
o bem-estar social”. Para Sócrates, “o conceito de ética, seria, o corpo seria a prisão 
da alma, que é imutável e eterna. Existiria um ‘bem em si’ próprio da sabedoria da 
alma e que podem ser rememorados pelo aprendizado” (DENNIS, 2008, p. 10). 
Aristóteles (1988) subordina sua ética à política, acreditando que na monarquia 
e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de poucos 
indivíduos. Desse modo, o homem é moldado de acordo com suas escolhas éticas e 
sofre com as consequências incorretas. De acordo com Vázquez (2005, p. 20), “o ético 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/macro-photo-tooth-wheel-mechanism-ethics-764161192
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/macro-photo-tooth-wheel-mechanism-ethics-764161192
transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento moral dos 
indivíduos ou da comunidade”. Já o autor Emmanuel Kant, afirma que “a ética 
moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser tratados sempre 
como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus interesses”, ou seja, não há 
bondade natural, por natureza o ser humano é egoísta, agressivo, mata e rouba 
(DENNIS, 2008, p. 12). 
Desse modo, podemos citar que a ética foi pensada nas duas correntes de 
pensamentos, sendo ela a ética praxista e a ética pragmática. A primeira está 
relacionada à capacidade do homem em julgar, tendo uma responsabilidade de agir; 
a segunda está relacionada às raízes, ao espaço, sobre o transformar, o ter, o saber 
e o poder. Destacamos que a ética dentro do Serviço Social, praticada pelos primeiros 
profissionais da área, surge a partir da Ação Católica. Sua missão era voltada para a 
doutrina e cumprimento às ideologias da igreja. No entanto, a prática foi reduzida a 
partir no ano de 1947, com a aprovação do primeiro Código de Ética do Assistente 
Social, assunto a serdebatido nas próximas unidades. 
Barroco (2008) menciona a ética descritiva e a especulativa. A descritiva 
pretende descrever as leis e os fenômenos culturais que sustentam as causas entre 
elas, ou seja, entre o ser humano e o grupo social; a ética especulativa busca as 
causas geradoras, por meio do juízo de valor, moral e costumes. 
 
1.1 Aspectos Conceituais do Serviço Social: a Moral e a Vida Cotidiana 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/diversity-society-international-
tolerance-celebration-cultural-1821758960 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/diversity-society-international-tolerance-celebration-cultural-1821758960
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/diversity-society-international-tolerance-celebration-cultural-1821758960
 
Para compreensão dos conceitos acerca da Ética, faz-se necessário relembrar 
que há pouco tempo foram celebrados os 80 anos do Serviço Social no Brasil, ano 
esse marcado por muitas lutas e conquistas, sendo enaltecidos diariamente nos 
espaços públicos e privados, um incentivador para militância dos profissionais de 
Serviço Social. O ano de 2016 serviu como destaque aos estudos voltados para a 
área do Serviço Social no Brasil, como também para os profissionais da área do 
Serviço Social, por representar os primeiros pensamentos e atuações de tal campo 
de estudos no Brasil. 
Mas para que se possa entender como o Serviço Social atua na sociedade 
contemporânea, é necessário entender um pouco sobre a evolução dessa profissão, 
uma vez que “em 1936 foi criada a profissão de assistente social, que se 
institucionalizou somente em 1945” (ABRAMIDES, 2016, p. 458). Sendo assim, tal 
data serve como marco de 80 anos dos primeiros pensamentos envoltos a tal prática. 
É válido ressaltar que esse período de tempo marca também o processo de 
reinvenção de estudos deste campo, pois em meados dos anos de 1986, com a 
tomada do Código de Ética profissional, houve inúmeras mudanças no cerne da 
atuação do Assistente Social. 
Ao refletir sobre o início da profissão, Oliveira e Chaves (2017) comentam que 
nos anos iniciais de atuação dos Assistentes Sociais, a Igreja Católica, por conta de 
sua hegemonia, influenciava diretamente na atuação. 
 
Nos momentos iniciais da profissão, desde as origens até os primeiros anos 
da institucionalização profissional, houve forte influência da Igreja Católica, 
especialmente a partir das duas encíclicas papais: a Rerum Novarum, de 
Leão XIII, e a Quadragésimo Anno, de Pio XI. No contexto atual da profissão, 
a laicidade e o materialismo histórico dialético compõem o argumento central. 
De lá para cá a profissão passou por uma reconfiguração significativa, 
galgando posição extremada em relação a sua origem, mas ainda é 
fortemente marcada pelo sincretismo que acompanhou a sua trajetória 
histórica (OLIVEIRA, CHAVES, 2017, p. 1). 
 
Embora os primórdios do pensamento social estejam vinculados aos conceitos 
católicos impostos pela Igreja, Oliveira e Chaves (2017) afirmam que as revoluções 
europeias do século XVIII servem como base, isso é, marco inicial para a consolidação 
do capitalismo. Por conseguinte, ressaltam que à medida em que há o rompimento 
com sistemas tradicionais de organização social, de costumes e instituições vigentes, 
há a saída das famílias do campo, para a cidade. Com a propagação de tais 
fenômenos, é possível observar, dentro do contexto apresentado, as consequências 
imediatas da instauração do modo de produção capitalista, que está vinculado à 
rápida industrialização e urbanização, fatores que resultam nas expressões da 
questão social, fenômenos como a prostituição, o alcoolismo, a violência e o suicídio.
 Battini (2016) também é feliz em seu estudo ao afirmar que o Serviço Social 
surge em meados do período de avanço do capitalismo por meio da iniciativa de 
grupos de classes dominantes, que se expressam por meio da Igreja, e que eram 
especialmente constituído por jovens moças participantes da Juventude Operária 
Católica (JOC), dos movimentos leigos e da (JUC) Juventude Universitária Católica. 
O autor vai além em seus estudos ao lembrar que em pleno desenvolvimento da 2ª 
Guerra Mundial, tendo como objetivo atender aos segmentos empobrecidos, nasce a 
1ª “obra assistencial”, no ano de 1946, que ficou conhecida como sendo Leão XIII. 
Desse modo, a criação e o foco dos estudos na Assistência Social, é válido entender 
que, por conta de sua atuação, tal procedimento ficou conhecido como promotor do 
bem, atuando no cerne social dos menos favorecidos. 
É evidente que o nascimento do Serviço Social não se deu no Brasil, mas nos 
países onde foi mais presente o processo capitalista, somente em 1936, vinculado à 
Pontifícia Universidade Católica (PUC), surgiu a primeira escola de Serviço Social em 
nosso país. 
Battini (2016, p. 4) afirma que “os processos de formação profissional de 
assistentes sociais nas primeiras escolas de Serviço Social, no Brasil, tinham como 
fundamentos teórico-metodológicos o humanismo cristão e o positivismo”. Ainda ao 
se pensar sobre o território nacional, Silva, Silva e Souza Junior (2016, p. 4) chamam 
nossa atenção para a Revolução de 30, que mudou a forma de pensar sobre o social 
no Brasil: 
 
O movimento político ocorrido no Brasil em 1930 – conhecido como 
Revolução de 30 - inaugura um período de intervenção social da Igreja nunca 
antes visto. A partir da queda da República Velha, a Igreja busca uma 
reaproximação com o Estado. No ano de 1931, duas grandes demonstrações 
de força são engendradas pela hierarquia Católica na cidade do Rio de 
Janeiro – àquela época, Capital da República –, por meio destas ações 
tentará fazer com que o novo regime entenda a sua indispensabilidade, 
estipulando, também, o preço de seu apoio. 
 
Silva, Silva e Souza Junior (2016, p. 4) vão além em seus estudos e lembram 
que após o período da Revolução de 30 há o surgimento de duas importantes 
instituições assistenciais: “em 1920, no Rio de Janeiro, a Associação das Senhoras 
Brasileiras e, no ano de 1923, a Liga das Senhoras Católicas, em São Paulo”. Tais 
instituições surgem dentro do movimento de reação católica e tem o objetivo de 
atender algumas demandas oriundas do processo de desenvolvimento capitalista. 
Essas ações podem ser vistas como sendo o embrião do Serviço Social brasileiro 
(SILVA; SILVA; SOUZA JUNIOR, 2016). 
 
Posteriormente, em 1932, foi fundado o Centro de Estudos e Ação Social 
(CEAS), voltado para a formação técnica especializada, a partir do qual surgiu 
a primeira Escola de Serviço Social na PUC de São Paulo, em 1936, 
vinculada inicialmente à Ação Social, com formação baseada na doutrina 
social da Igreja Católica. Nesse contexto, destacam-se movimentos como, 
por exemplo: Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Operária 
Católica (JOC) e Juventude Universitária Católica (JUC). Em 1937, foi 
fundada a segunda Escola de Serviço Social na PUC do Rio de Janeiro, e em 
1940, a terceira no Recife (OLIVEIRA; CHAVES, 2017, p. 02). 
 
É necessário entender que em tal momento da evolução dos estudos do 
Serviço Social, já se buscava uma ruptura com a igreja e com padrões que geravam 
desconforto ou muitos questionamentos, mas tal acontecimento veio após longos 
anos. Desse modo, vale ressaltar que o agir ético necessita de estudo da sociedade 
em sua totalidade, antes da caridade. Conforme ponderam Santana, Silva e Silva 
(2013), com a criação da Constituição Federal, é que pôde existir uma real 
preocupação com o homem enquanto cidadão, provido de direito e deveres que lhe 
devem ser assegurados. Os autores afirmam que por meio das determinações e 
ampliações dos conceitos de direitos públicos houve a caracterização do Sistema de 
Proteção Social Brasileiro: saúde, previdência social e assistência social que são 
dados como o tripé da Seguridade Social. 
Na Constituição Federal, os artigos 203 e 204 buscam idealizar a Assistência 
Social ao serpensada enquanto política, como sendo de responsabilidade do Estado 
e também é dada como direito de todo cidadão. Assim sugere o artigo primeiro da Lei 
Orgânica da Assistência Social (LOAS), n° 8.742 de 7 de dezembro de 1993, que 
dispõe sobre a organização da assistência social no Brasil (SANTANA; SILVA; SILVA, 
2013) Para tanto, entendamos sobre o que diz o documento: 
 
A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de 
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada 
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da 
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 
1993). 
 
Assim sendo, as políticas voltadas ao âmbito social na atualidade são de 
necessidade básica de qualquer cidadão e precisam ser aplicadas de forma concisa 
e assertiva, passando por processos necessários, mas que sejam eficazes na solução 
de problemas apresentados por um indivíduo. 
 
Para tanto, a mesma (Assistência Social) vem apresentando dificuldades no 
que concerne a materialização de um serviço universal e de qualidade, como 
prevê a Constituição; a lacuna mais conflitante refere-se à concretização e 
realização da assistência no cotidiano dos cidadãos, de modo a construir a 
autonomia destes. Ainda prevalece a necessidade do fortalecimento do 
sistema público de proteção social no país e o rompimento efetivo com as 
concepções de clientelismo e práticas assistencialistas que ainda permeiam 
historicamente essa área (DANTAS, 2016, p. 6). 
 
Conforme pondera a autora, ao alinhar o pensamento nessa direção, mesmo 
possuindo caráter universal, a Assistência Social destina-se unicamente aqueles que 
dela necessitam e, por assim ser, entende-se que o usuário requer o aparato da 
assistência, quando em muitas das vezes, esse não tem condições mínimas de 
subsistência ou pior, está em uma situação de risco e/ou vulnerabilidade social. Assim 
sendo, a Assistência Social necessita, incorporar e contribuir na criação de espaços 
para garantir a participação social e a inserção em outras políticas públicas, no sentido 
de potencializar a universalização dos direitos (DANTAS, 2016). 
A sentido do que já foi exposto, a primeira unidade de nossa apostila, busca 
discorrer sobre a importância do profissional do curso de Serviço Social, sendo 
referenciado como Assistente Social, fazendo um breve levantamento histórico da sua 
atuação, enfatizando as mudanças que aconteceram no decorrer do tempo e da 
aparição de novos estudos para a vertente já denominada, bem como tecer 
comentários acerca de conceitos importantes relacionados à atuação dos referidos 
profissionais em contraposto com conceitos de Ética e Moral. 
Na contemporaneidade, aplicar e entender sobre ética é um papel difícil, 
conforme mencionado, devido aos diversos pensamento, mas que precisa estar claro 
para uma melhor atuação profissional. Por isso, o material a seguir ajudará você, caro 
aluno a entender sobre tais conceitos que se relacionam com o ser e com a filosofia, 
assim como no caráter pessoal. Por assim ser, acompanhe, desfrute e reflita sobre 
essa disciplina de grande importância em sua jornada. 
A compreensão dos aspectos conceituais da ética apresenta uma vasta 
literatura, estando disponibilizada nos acervos, bibliotecas, pesquisas rápidas no 
Google, livros, entre outras fontes. A Ética é estudada em todas as áreas de ensino 
regular, profissionalizante e principalmente no nível superior, ou seja, nos cursos de 
graduação, sendo lembrada no dia da colação de grau, por meio de um juramento, de 
cumprimento das atribuições e competências de cada profissional, como também do 
código ética que regulamenta cada profissão. Sendo assim, conceituamos a ética 
correlacionados à moral, aos valores do comportamento do homem dentro da 
sociedade. 
Dentro da graduação de Serviço Social, a ética é exercida pelo Assistente 
Social, que carrega em sua trajetória lutas, militância, resultando em conquistas como 
também em várias derrotas. Você, acadêmico(a) deve estar se perguntando como agir 
corretamente. É somente ler o Código de Ética? Exato, mas além de ler é necessário 
compreender. Agir de forma ética é fortalecer o Projeto Ético Político do Serviço 
Social, como também o visar a justiça social, equidade social, previstas nos princípios 
éticos do Assistente Social, defendendo uma sociedade justa e igualitária com busca 
de uma nova ordem societária para a população necessitada. 
Retomando a pergunta, para entender e agir eticamente, é de suma 
importância compreender que “a ética é uma das áreas da filosofia que investiga sobre 
o agir humano na convivência com os outros” (TOMELIN, 2002, p. 89). Desse modo, 
se a ética está relacionada com a filosofia, isso significa que o agir humano está 
relacionado com os costumes, virtudes e moral vividas diariamente, que vão nos dizer 
o que é certo ou errado a ser realizado. Segundo Valls (1986, p. 7), a ética pode ser 
entendida 
 
[...] como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente 
até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também 
chamamos de ética a própria vida, quando conforme os costumes 
considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, 
e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. 
 
Nota-se que a ética está relacionada diretamente com o agir rotineiramente, e 
que a filosofia tem como papel estudar a racionalidade dos seres humanos, buscando 
o entendimento do ser em sua totalidade. 
Entender de forma sucinta acerca das modificações e alterações no que se 
refere a atuação dos profissionais da área do Serviço Social, é importante ponderar 
acerca da relação da área já mencionada com a Moral e a ética, para tanto, Carvalho 
(2011, p. 1), nos convida a refletir sobre grandes dificuldades encontradas no 
processo de ação dos Assistentes Sociais: 
 
O campo de conhecimento e de ação do Serviço Social remete, desde a sua 
institucionalização, para as questões da desigualdade social dos grupos que 
compõem a sociedade. Hoje, o ritmo acelerado de mudança da sociedade 
tem implicações nas funções do Estado, no contrato social, que substitui 
valores de responsabilidade social por valores de responsabilidade individual, 
e na cientificação e biologia da vida social, geradoras de fenómenos 
multidimensionais e de desigualdades no acesso a recursos. 
 
Presente nos pensamentos da autora, as preocupações sociais são ponto de 
grande relevância no que se refere ao processo de entendimento dos conceitos de 
ética e moral, já que ambos estão relacionados com os valores, bem como com as 
crenças e convicções adotadas por cada ser humano. Assim sendo, Barroco (2009) 
nos convida a entender acerca do que se trata a ética. Tal conceito é parte integrante 
da prática social do homem, fator que tem como objetivo as práticas sociais dos seres 
humanos permitindo ampliação da consciência moral, bem como a evolução dos 
indivíduos. 
 Barroco (2009) ainda faz importantes considerações no cerne que refere à ética 
como um termo a ser estudado de maneira histórica. Para tanto, a autora pressupõe 
que pelo fato de ser um termo que refere-se ao entendimento e compreensão do 
sujeito, não deve ser tratada única e exclusivamente como sendo um mero termo, mas 
tem correlação com a práxis e portanto como sendo uma parte dessa pode ser 
entendida como “a prática social de homens e mulheres , em sua objetificação da vida 
e em suas possibilidades em conexão com exigências éticas conscientes da 
genericidade humana” (LUKÁCS, 2007, p. 72 apud BARROCO, 2009, p. 16). 
 Por assim ser, a ética nasce pelo processo de entendimento do ser humano e 
das suas transformações espaciais, sociais e históricas e também pela necessidade 
do convívio em sociedade em decorrência da humanização dos seres humanos. 
 Na convivência cotidiana os indivíduos se socializam,aprendem a responder 
às práticas em que estão inseridos, assim como precisam aprender a assimilar 
hábitos, costumes e normas de comportamento. Faz-se característica do modo de 
vida do ser humano cotidiano a repetição automática dos estímulos recebidos de 
incontáveis ambientes, fato que propicia ao indivíduo perceber-se como não sendo 
um ser singular ou individual, mas que precisa da troca de experiências para aprender, 
socializar e também viver. Vale ressaltar que tais fatos não significam a inexistência 
de mediações, elas ficam ocultas pela aparência. Assim sendo, a cotidianidade é um 
elemento ontológico do ser social, indispensável à vida social, onde o indivíduo 
assimila as formas mais elementares de responder às necessidades de 
autoconservação. 
 Por estar entrelaçada a incontáveis e inconscientes processos de convivência 
dos seres humanos e na convivência em comunidade, a ética, em seu início de 
atuação junto dos assistentes sociais precisava levar em conta as regras de 
convivência de uma determinada região, assim fala Carvalho (2011, p. 3): 
 
Na sua emergência, a intervenção do Serviço Social estava associada à 
autoridade e aos princípios e valores que organizavam a sociedade, onde a 
comunidade, a solidariedade e a identidade decorriam dos princípios do dever 
moral. A moral determinava "o que devo fazer" ou "o que é preciso fazer" 
(BESSON; GUAY, 2000, p. 48). Nesse contexto, a moral era um conjunto de 
"valores, princípios, normas de conduta, proibições de uma comunidade, que 
formava um sistema coerente num contexto histórico em tempo e forma, que 
servia como ideia, como modelo de condutas desejáveis e aceites" 
(SANCHEZ-SERRANO, 2004, p. 127). A norma determinava a ação dos 
indivíduos e era orientada pela idade, sexo e parentesco e inseria-se num 
espaço/tempo imutáveis. A intervenção do Serviço Social nesta "ordem moral 
tradicional" integrava o indivíduo na ordem estabelecida, nas instituições, 
normalizando-o e/ou reprimindo os comportamentos fora da norma. 
 
Conforme os apontamentos da autora, é importante que entendamos que, por 
se tratar de uma ciência do âmbito social, o Serviço Social e os indivíduos que 
exercem suas práticas, mesmo que em uma visão que tem primórdio na gênese dos 
estudos da ética, precisam levar em conta as convicções dos seres a serem alvo de 
tais práticas, com o intuito de não ferir os valores e convicções dos que precisam de 
tal serviço. 
 Adentrando ainda mais profundamente na prática dos Assistentes Sociais, 
existem inúmeras polêmicas que permeiam tal assunto, assim observaram Sousa, 
Santos e Cardoso (2013, p. 4) que fazem importantes colocações no sentido de 
exercer o profissionalismo junto da ética em uma sociedade capitalista e que tem 
como classes dominantes. 
 
O que aqui se coloca em questão é, pois, a relação entre essa objetividade – 
que determina e permeia a realidade da formação profissional em todo o país 
– e seu peso ideológico na formação/informação das consciências do corpo 
discente e docente. Ou seja, quando pensamos a dimensão ética, tal como 
conquistado nas Diretrizes Curriculares de 1996, somos levadas a questionar 
o que significa formar assistentes sociais num contexto de grande 
investimento pelas classes dominantes e Estado, na socialização de um 
universo ideológico e cultural, particularizado na defesa dos interesses do 
capital e na ruptura com valores civilizatórios, cuja consequência mais 
imediata é o massivo esvaziamento das capacidades críticas e da 
problematização em torno da intervenção profissional. A formação 
profissional precisa ser capaz de buscar uma coerência com este universo 
formativo/informativo. 
 
Por meio das colocações das autoras é importante que você, futuro(a) 
Assistente Social, entenda o quão árduo é seu trabalho e como traçar planos que 
possam reverter o contexto social da sociedade atual para que, de fato, a parte da 
população que necessitar de seu trabalho possa recebê-lo de forma coerente e que 
atenda às necessidades dos que precisam. 
Os entendimentos históricos ou sócio-histórico têm grande relevância no que 
se refere a prática, bem como ao entendimento do conceito de Ética, já que a última 
influencia diretamente nos meios e procedimentos, como também na visão a ser 
adotada por você, futuro profissional da área. 
 Assim sendo, vale ressaltar que, por várias vezes durante as colocações 
apresentadas no decorrer de nossos estudos, a ética está relacionada com os valores, 
assim como a moral. Dessa forma, 
 
Podemos considerar a moral como o conjunto de regras que determinam o 
comportamento dos indivíduos na sociedade. Segundo Aranha (1986), 
exterior e anterior ao indivíduo, há uma moral constituída, que orienta seu 
comportamento por meio de normas. Em função da adequação ou não à 
norma estabelecida, o ato será considerado moral ou imoral (MARQUES, 
2015, p. 16). 
 
Os trabalhos e exercícios do homem influenciam diretamente o ambiente e a 
forma em que vivemos, por assim ser, ao se alterar as relações de trabalho também 
são alterados a moral, a ética, os valores e as crenças que são adotadas pelas 
pessoas (MARQUES, 2015). 
 Com um olhar histórico, no início das ideias trabalhistas tal ação se restringia 
somente aos escravos, olhar que mudou grandemente com o instaurar da burguesia 
e das novas relações de trabalho, fato que gerou novas relações de valores, bem 
como a valorização do trabalho que passa a acontecer de forma assalariada, assim 
como a crítica e a luta por melhoria (MARQUES, 2015). 
 No Brasil, o Serviço Social nasce com grande visão conservadora e também 
por influência da Igreja Católica que exercia grande poder em todos os campos da 
sociedade tendo influências dos dogmas da entidade. Dogmas esses relacionados à 
moral e a conduta. 
Pensando em suas habilidades e atuações, o Assistente Social focava seus 
olhares em aspectos biológicos, sociológicos, moralistas e doutrinários. Tais objetivos 
preocupavam e desfavoreciam membros pertencentes a outros grupos que não 
tinham a mesma visão. Ao se pensar nas competências necessárias ao Assistente 
Social da época, esse necessitava de uma enumeração bastante longa, tais como o 
“devotamento, critério, senso prático, desprendimento, modéstia, simplicidade, 
comunicatividade, bom humor, calma, sociabilidade, dentre outras” (MARQUES, 
2015, p. 18). 
 
1.2 Ética na Contemporaneidade 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/photo-light-bulbs-shining-fibres-
ethics-1229526739 
 
Após tanto se falar sobre ética e sua importância, busquemos entender a 
relação de tal termo com a profissão. Mas antes é necessário entender que dentro da 
ética existe uma classificação do que é certo e do que é errado, contudo é necessário 
entender se o que homem está fazendo é o bem ou mal. Parece confuso né? Mas os 
“problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica, enquanto 
que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana” (TOMELIN; TOMELIN, 
2002, p. 90). 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/photo-light-bulbs-shining-fibres-ethics-1229526739
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/photo-light-bulbs-shining-fibres-ethics-1229526739
A Figura 1 representa como agir de forma correta, sendo que todos os homens 
fazem parte de uma sociedade em que carregam seus valores e características 
culturais e morais; como exemplo: as culturas indígenas, oriental, alemã, italiana, 
francesa e entre outras. Dessa forma, cada sociedade possui suas normas de 
condutas, seus princípios morais, ou seja, no decorrer de sua trajetória de vida é 
constituída a sua moral, ou seja, o que é o bem e o que é mal. Portanto, é de extrema 
importância que entendamos que, devido a cultura, nem sempre o que é certo para 
nós é correto para outro grupo ou povoado e vice-versa. 
O que sabemos é que é comum entre os homens pensar sobre suas ações, 
definindo o que é correto e o que não é correto,e, agindo errado, o homem é 
responsável pelas consequências e danos que estão em sua volta. Destaca-se que a 
ética é um divisor, pois é ela quem vai diferenciar as atitudes da sociedade. Valls 
(2003) enaltece que agir corretamente é sempre agir com ética, mas que devemos 
respeitar as culturas e as diversidades do agir do Assistente Social. 
Atualmente, a graduação do curso de Serviço Social, possui o Código de Ética 
que rege, define e delibera ações, encaminhamentos, assim como esclarece deveres 
e muitos outros importantes tópicos na atuação de tal profissional. Nesse sentido, 
informa como agir, tendo seus valores e princípios morais, mas tendo que seguir a 
profissão. Tomelin (2002) reafirma que a moral está relacionada a consequências 
grupais, e que a ética pode contribuir para o direcionamento do comportamento moral. 
 
 
Figura 1 - O bem e o mal 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/moral-decision-being-torn-between-angel-1346041664 
 
Em seus estudos, Carvalho (2011), ao pensar no código de ética, teve foco em 
entendê-lo e fazer apontamentos no que se refere ao uso das informações contidas 
na cartilha ao se pensar sobre a pessoa idosa e, assim sendo, a autora entende que, 
uma vez que pensado e aprovado na década de 65, não está alinhado com a 
atualidade, necessitando de novas informações e considerações. 
 
A intervenção do Serviço Social está associada aos direitos do homem e 
constituiu-se como um potencial de cidadania, entendido como participação 
do indivíduo e dos grupos, enquanto membros de pleno direito da sociedade. 
Os princípios, normas e valores inscritos no Código de Ética da profissão 
(APSS, 1994) clarificam a intervenção social, na relação com os clientes, 
instituições, colegas e outros grupos profissionais. Mas estes princípios e 
normas decorrem de certas necessidades identificadas em determinado 
contexto, que se vão modificando, fruto das transformações societárias 
(CARVALHO, 2011, p. 10). 
 
Assim sendo, embora não seja foco das discussões aqui apresentadas, ao 
pensarmos sobre o documento e seus direcionamentos para com a pessoa idosa em 
conjunto das considerações da autora, fica evidente que o Código de Ética do 
Assistente Social necessita de intervenções, já que não consegue mais se adequar 
às necessidades atuais. Vale ainda ressaltar acerca das considerações voltadas aos 
princípios morais e éticos já levantados em nossa discussão que necessitam ter 
grande relevância no contexto de atuação dos Assistentes Sociais. 
Pois bem, partindo do princípio de que a ética está ligada à moral, e que o agir 
corretamente significa ser ético, Barroco (2008, p. 53-54) menciona que 
 
A ética não se restringe a normas! [...] A moral expressa uma resposta as 
necessidades, mas [...] de onde vem a possibilidade de determinar o que é 
bom ou ruim, ou ainda de onde vem a possibilidade de escolher entre coisas 
diferentes? Para responder a essas questões, devemos agora entender os 
valores e escolhas com capacidades humanas. 
 
Desse modo, a conduta humana é composta por um conjunto de ações com o 
objetivo de obter uma mercadoria, objeto ou alguma coisa, alcançar um sonho ou até 
mesmo uma meta de vida. É notório que o ser humano vai agir de acordo com os seus 
interesses, como também aos interesses da coletividade, quando está envolvido em 
movimentos e lutas. Dessa forma, agimos quando somos indagados, motivados ou 
encorajados por algo maior, desejo, paixão, resultando no prazer e satisfação à esse 
respeito; o caráter do ser humano e suas crenças e costumes, hábitos e virtudes que 
vão determinar a sua conduta social, ou seja o seu modo de viver em sociedade. 
Diante disso, é neste comportamento que a ética vai regular a ação do ser humano. 
 
SAIBA MAIS 
Saiba sobre a Ética em Movimento, no site: http://www.cfess.org.br. 
#SAIBA MAIS# 
 
SAIBA MAIS 
Caro(a) acadêmico(a), busque literatura no Google Acadêmico sobre a Importância 
do estudo da Ética relacionada com a vida pessoal e profissional. 
site: https://scholar.google.com.br/?hl=pt 
#SAIBA MAIS# 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Para aprimorar o seu conhecimento, indicamos a leitura complementar do texto: 
Moral e Ética: uma leitura psicológica 
https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500009 
#LEITURA COMPLEMENTAR# 
http://www.cfess.org.br/
https://scholar.google.com.br/?hl=pt
https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500009
 
Neste sentido, deixamos aqui um trecho do texto As Três peneiras da 
Sabedoria, de Sócrates, que nos faz refletir sobre o agir rotineiro, tanto na carreira 
profissional, como na vida pessoal, sendo um start para adentrar na essência da Ética 
no dia a dia do ser humano. 
/ 
 
Figura 2 - As Três Peneiras da Sabedoria de Sócrates 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/steel-sieving-mesh-laboratory-analysis-1431225419 
 
AS TRÊS PENEIRAS DA SABEDORIA DE SÓCRATES 
Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar algo sobre alguém. 
Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou: 
– O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? 
– Três peneiras? – indagou o rapaz. 
– Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um 
fato? Caso tenha ouvido falar, mas não tem certeza da sua veracidade, a coisa deve 
morrer aqui mesmo. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/steel-sieving-mesh-laboratory-analysis-1431225419
– Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a 
BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o 
caminho, a fama do próximo? 
– Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira 
peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a 
comunidade? Pode melhorar o planeta? 
Arremata Sócrates: 
– Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você iremos nos beneficiar. 
Caso contrário, esqueça e enterre tudo! 
Fonte: Beck (2017). 
 
 
 
 
LIVRO 
Para um aprofundamento destes temas, sugerimos a leitura da obra: TOMELIN, 
Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética do 
saber. 2 ed. Blumenau: Novaletra, 2002. 
 
 
#INDICAÇÃO DE FILME:# 
A PROCURA DA FELICIDADE. 
Gênero: Drama. 
Tempo de Duração: 117 minutos. 
Ano de Lançamento (EUA): 2006. 
Site Oficial: www.aprocuradafelicidade.com.br 
Direção: Gabriele Muccino. 
Elenco: Will Smith (Chris Gardner), Jaden Smith (Christopher), entre 
outros. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
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direção social da profissão no processo de ruptura com o conservadorismo. Serv. 
Soc. Soc., n.127, p. 456-475, dez. 2016. 
 
ARISTÓTELES. Política. Livro I, cap. 1. Brasília: UnB, 1988. 
 
BARBOSA, A. C.; SILVA, R. C. Reflexões sobre a política de Assistência Social 
Brasileira: Assistencialismo, Política Social e Cidadania. In: IV Congresso em 
Desenvolvimento Social Mobilidades e Desenvolvimentos, 2016 Disponível em: 
http://www.congressods.com.br/quarto/anais/GT03/16_GT_03.pdf. Acesso em: 09 
abr. 2021. 
 
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 6. ed. São 
Paulo: Cortez, 2008. 
 
BARROCO, M. L. S. Ética: fundamentos sócio-históricos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 
2009. 
 
BATTINI, O. Apontamentos sobre a História do Serviço Social no Brasil – 80 anos. 
Serv. Soc. Rev., Londrina, v. 19, n. 1, p. 155-170, jul./dez. 2016. Disponível em: 
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evistas/uel/index.php/ssrevista/article/download/28150/20351+&cd=6&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 09 abr. 2021. 
 
BECK, C. As Peneiras da sabedoria de Sócrates. 2017. Disponível 
em: https://andragogiabrasil.com.br/peneiras-da-sabedoria/. Acesso em: 09 abr. 
2021. 
 
 
BOVOLENTA, G. A. Os benefícios eventuais previstos na Loas: o que são e como 
estão. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 106, p. 365-387,abr./jun. 2011. Disponível 
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BRASIL. Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da 
Assistência Social e dá outras providências. Brasília, 1993. Disponível em: 
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CARVALHO, M. I. L. B. de. Ética, Serviço Social e "responsabilidade social": o caso 
das pessoas idosas. Rev. katálysis, Florianópolis, v. 14, n. 2, jul./dez. 2011. 
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FAEMANN, L. A. Teoria social de Marx: conhecimentos e contribuições ao trabalho 
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Acesso em: 09 abr. 2021. 
 
SOUSA, A. A. S. de; SANTOS, S. M. M. dos; CARDOSO, P. Ética e serviço social: 
um itinerante caminhar. Temporalis, Brasília, ano 13, n. 25, p. 33-61, jan./jun. 2013. 
 
SPOSATI, A. Proteção social e seguridade social no Brasil: pautas para o trabalho 
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Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/sssoc/n116/05.pdf. Acesso em: 09 abr. 
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ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. 
 
VAITSMAN, J.; ANDRADE, G. R. B. de; FARIAS, L. O. Proteção Social no Brasil: O 
que mudou após a Constituição de 1988? Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 14, 
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VALLS, Á. L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1986. 
 
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VÁSQUEZ, A. S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. 
 
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UNIDADE II 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-globe-on-bookshelf-
background-selective-1045227109 
 
FUNDAMENTOS SOCIOHISTÓRICOS DA ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
Professora Ana Cristina da Silva Gomes 
 
Plano de Estudo: 
● O significado ontológico no trabalho e as relações sociais contemporâneas; 
● A ontologia social de Marx e a questão ética; 
● A face ética do novo conservadorismo; 
● Ética e Movimentos Sociais. 
● Ética e direitos civis e humanos 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conceituar o significado ontológico do trabalho contemporâneo; 
● Enaltecer os pensadores influenciadores do Serviço Social; 
● Contextualizar a ética e os movimentos sociais como os direitos civis e 
humanos. 
● Demonstrar a ética no cenário conservador. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caríssimo(a) estudante do curso de Serviço Social, estamos juntos em mais 
uma unidade de sua apostila. Mais um momento de grande aprendizagem é crucial 
para sua performance enquanto futuro(a) profissional da área. 
 Na unidade anterior, pudemos entender que não é fácil contextualizar, entender 
e conceituar as terminologias éticas que estão ligadas à profissão do Assistente 
Social, no entanto, após muitas discussões, leituras e estudos espero que tais 
conceitos tenham ficados mais claros para você, afinal ainda temos importantes 
terminologias a serem estudadas. 
 Agora entraremos em uma das maiores mentes contemporâneas do conceito 
da filosofia, estudaremos muito sobre o filósofo Karl Marx e seus pensamentos em 
torno das concepções ontológicas e trabalhistas. Será mais um momento árduo de 
grandes discussões, mas que tem a intenção de corroborar para o seu futuro. 
 Entenderemos a importância do trabalho durante a história, bem como na 
sociedade contemporânea, relacionando a ética no novo conservadorismo, como 
também com os movimentos sociais e direitos civis e humanos. 
Ainda no contexto da atual unidade, não deixaremos de refletir sobre o trabalho 
e sua relação com a ética, assim como a visão de Marx sobre ambos os tópicos. 
Desejo a você bons estudos e que este seja, de fato,mais um momento de evolução 
e aprendizagem e que some a suas necessidades enquanto acadêmico(a). 
 
1 O SIGNIFICADO ONTOLÓGICO NO TRABALHO E AS RELAÇÕES SOCIAIS 
CONTEMPORÂNEAS 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ontology-cryptocurrency-token-
behavior-exchanges-concept-1377585035 
 
Para darmos inícios aos estudos da presente unidade, é necessário entender 
sobre o termo ontologia, que tem seus primórdios de entendimento no campo da 
filosofia, mas não se restringe somente a esse campo. Grandes pensadores antigos 
e contemporâneos dedicaram seus estudos a entender e caracterizar tal conceito. 
Nesse sentido, Almeida (2014, p. 3) destaca sobre um consenso de entendimento da 
terminologia: 
 
Existe consenso de que o estudo da Ontologia diz respeito aos tipos de coisas 
que existem. Nesse contexto, “tipo” quer dizer “categoria”, um termo que foi 
usado ainda por Aristóteles para discutir que declarações sobre uma entidade 
(ACKRILL, 1963). De fato, uma teoria das categorias é o mais importante 
tópico do estudo da Ontologia. Tais teorias especificam sistemas de 
categorias estruturados em níveis hierárquicos, em geral, na forma de uma 
árvore invertida na qual a categoria de mais alto nível é nomeada “entidade”. 
Qualquer coisa pode ser descrita como uma entidade de algum tipo, mas qual 
os próximos níveis de categorização são questões para discussão. 
 
Em decorrência dos incontáveis pensadores que dedicaram seus estudos no 
campo da ontologia, faz-se necessário enfatizar sobre as variadas concepções que 
podem ser adotadas ao se pensar em tal terminologia, dentre as quais destacam-se 
os pensamentos de Aristóteles, Sócrates, Emmanuel Kant, S. Tomás de Aquino e 
Santo Agostinho. De acordo com Dennis (2004, p. 11): 
 
para SÓCRATES, o conceito de ética iria além do senso comum da sua 
época, o corpo seria a prisão da alma, que é imutável e eterna. Existiria um 
bem em si próprio da sabedoria da alma e que podem ser rememorados pelo 
aprendizado. Esta bondade absoluta do homem tem relação a uma ética 
anterior à experiência, pertencente à alma e que o corpo para reconhecê-la 
terá que ser purificado. 
 
Sócrates fala sobre a ética além do senso comum: 
 
ARISTÓTELES subordina sua ética à política, acreditando que na monarquia 
e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de 
poucos indivíduos. Também diz que na prática ética, nós somos o que 
fazemos, ou seja, o Homem é moldado na medida em que faz escolhas éticas 
e sofre as influências dessas escolhas (DENNIS, 2004, p. 11). 
 
A ética vista por Kant nos mostra que o ser humano deve ser tratado como o 
fim da ação e não como o meio para conseguir seus interesses pessoais. 
 
A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem ser 
tratados sempre como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus 
interesses. Essa ideia foi contundentemente defendida por Emmanuel Kant. 
Ele afirmava que: “não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, 
ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca 
nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos” (DENNIS, 2004, p. 
12). 
 
Cada pensador nos faz refletir sobre sua teoria e no que acreditava e era 
transmitido por meio da literatura, São Tomás de Aquino se caracteriza pelo fato de 
ver a teologia e a filosofia como duas ciências que se completam; ele criou a teoria 
para explicar a existência de Deus. De acordo com Dennis (2004, p. 12), 
 
Com o cristianismo romano, através de S.TOMÁS DE AQUINO e SANTO 
AGOSTINHO, incorpora-se a ideia de que a virtude se define a partir da 
relação com Deus e não com a cidade ou com os outros. Deus nesse 
momento é considerado o único mediador entre os indivíduos. As duas 
principais virtudes são a fé e a caridade. Através deste cristianismo, se afirma 
na ética o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se 
para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o 
bem e o mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever 
surge nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de 
conduta; a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a 
indiferente à moral. 
 
Outro grande nome que dedicou parte de seus estudos para o campo 
ontológico é Marx, que, de modo geral, explicita a relação do termo com o trabalho, 
enfatizando que o último é a ação fundamental que diferencia o homem dos demais 
animais, em especial, pela sua capacidade de raciocínio e transformação da natureza, 
bem como com o processo de manuseio de concepções sociais. Assim afirmam 
Gonçalves e Jimenez (2013, p. 2): 
 
No rastro da ontologia marxiano-lukacsiana, ao mesmo tempo em que 
evidenciamos a origem animal do homem, reconhecemos que este é 
qualitativamente diferente de seus antepassados animais – marca do salto 
ontológico resultante do trabalho como complexo que funda o homem como 
ser social, valendo recuperar que o salto ontológico consiste na passagem de 
uma forma de ser a outro qualitativamente novo. 
 
O trabalho está coligado com a concepção ontológica e para tanto precisa ser 
compreendido e partindo dos princípios Marxistas pode ser entendido como sendo, 
de acordo com Júnior (2015, p. 21) 
 
[...] categoria apropriada pela determinabilidade das relações sociais de 
produção tipicamente burguesas, visto que o capital é uma “[...] potência 
econômica da sociedade burguesa que tudo domina” (MARX, 2011, p. 60). 
Cooptado como elemento essencial para a (re)produção da lógica do capital, 
situamos, numa particularidade que ao mesmo tempo é universal, a inscrição 
do assistente social na condição de trabalhador assalariado, entendido como 
uma especialização do trabalho coletivo, que dispõe de um projeto 
profissional alinhado aos interesses coletivos dos trabalhadores. 
 
Por meio das transformações de ambiente, assim como do pensamento social, 
o homem desenvolve a consciência de que é “um componente do ser social, do qual 
deriva sua continuidade, fazendo com que este alcance um ser para-se, que não 
existe nas outras esferas” (LUKÁCS, 1981, p. 65 apud GONÇALVES; JIMENEZ, 2013, 
p. 3). É evidente que o mundo ontológico tem forte conexão com as concepções de 
trabalho, já que ambos os termos estão conectados e precisam ser entendidos, assim 
como são aplicados juntamente. 
É necessário enfatizar que as ideias trabalhistas mudaram muito com o passar 
dos anos, em especial, com o pensamento no viés social. Em culturas antigas, o 
trabalho já foi utilizado até como forma de castigo para aqueles que não respeitavam 
regras e afins. Importante ressaltar que ainda assim a relação social de entender os 
valores de uma comunidade ou imposições estão estritamente ligadas com o caráter 
social e com o trabalho. A realidade é que a sentido de criar coisas e mudar ao seu 
redor o homem necessita do trabalho para se caracterizar como, de fato, um ser 
diferente e que põe em prática o pensamento social, entre outros aspectos que só 
aparecem com o uso de tal prática. 
 
A essência onto-histórica do homem, fundada no ato do trabalho, pelo qual, 
este transforma o meio natural e, ao mesmo tempo em que cria o novo, cria-
se como um ser radicalmente novo, capaz de atividade livre e consciente. O 
trabalho como protoforma da atividade humana, complexo social que funda o 
mundo dos homens, conforme as prerrogativas da ontologia marxiana, 
recuperada por Lukács (1981), torna-se historicamente esvaziado diante da 
divisão social do trabalho, a qual separa os produtores daquilo que produzem, 
consolidando a exploração do homem sobre o homem (GONÇALVES; 
JIMENEZ, 2013, p. 12). 
 
O caráter ontológico é conceito que também permite o homem o pensamento 
próprio, rompendo pensamento pré-determinados pela sociedade em que está 
inserido e buscando a autonomia e o sendo crítico (JÚNIOR, 2015). Quanto ao salto 
ontológico, Júnior (2015) ainda ressalta:[...] implica numa mudança qualitativa e estrutural do ser, na qual a fase inicial 
contém certamente em si determinadas premissas e possibilidades das fases 
sucessivas e superiores, mas estas não podem se desenvolver daquelas a 
partir de uma simples e retilínea continuidade. A essência do salto é 
constituída por essa ruptura com a continuidade normal do desenvolvimento 
e não pelo nascimento repentino ou gradual, ao longo do tempo, da nova 
forma de ser (LUKÁCS, 1979, p. 95 apud JÚNIOR, 2015, p. 6). 
 
É evidente que o trabalho e a relação ontológica, conforme já mencionado 
incontáveis vezes durante a presente seção, tem uma ligação por conta da 
transformação do ser humano para com o meio em que vive criando, a relação social, 
bem como o pensamento no próximo. Contudo, faz-se necessário ressaltar, mesmo 
na contemporaneidade não é a única relação entre os termos: 
 
Assim, o trabalho, enquanto categoria ontológica, não pode ser reduzida 
apenas à questão de transformação da natureza, pois possui características 
socialmente determinadas. Assim sendo, o trabalho necessita ser apreendido 
a partir da sua função social de caráter coletivo, pois as necessidades de 
outros indivíduos fazem com que o trabalho apresente sua finalidade social, 
de caráter coletivo. No capitalismo, aquilo que é produzido pelo trabalhador 
na esfera privada torna-se social a partir das necessidades coletivas, 
constituindo os laços sociais entre os indivíduos, os quais estão mediatizados 
pela mercadoria que produzem, adquirindo um significado monetário, 
financeiro, ou seja, de um valor socialmente determinado (JÚNIOR, 2015, p. 
22). 
 
Conforme exposto pelos autores, a relação é muito mais intensa do que 
aparenta e leva em consideração incontáveis fatores. Vale ressaltar que, dentro do 
exposto, algo que precisa ser observado é a monetização que também busca o ganho 
de capital para sobreviver na atual sociedade como sendo uma atividade essencial 
dos seres humanos atuais. 
 
O trabalho, nos termos que conhecemos hoje, é realizado na esfera pública, 
ele é solicitado, considerado útil e, fundamentalmente, remunerado. Este 
trabalho é gerador e razão da nossa existência, confere-nos uma identidade 
social que nos permite ter direitos e deveres compartilhados socialmente 
(NETO; KOURY, 2015, p. 8). 
 
O trabalho tem papel fundamental na atualidade, pois é por meio dele que nos 
sentimos pertencentes à sociedade, visto que alcançamos sonhos, criamos e 
imaginamos um futuro. 
Saiba mais sobre os clássicos pensadores da época, acompanhe o Quadro 1. 
 
Quadro 1 - Pensadores Clássicos 
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socrates-by-jacques-louis-david-
751011886 
 
 
 
Sócrates nasceu na cidade de Atenas, no ano 469 
a.C. A partir de Sócrates, a filosofia grega passou por 
uma profunda mudança, pois o centro de seu debate 
é o homem. 
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plato-sitting-664286932 
 
 
 
 
Platão nasceu em 428 a.C. e viveu em Atenas até o 
ano de sua morte em 347 a.C., onde fundou sua 
escola chamada de Academia. 
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Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, no ano 384 
a.C. e morreu no ano 322 a.C. na cidade de Atenas. 
Foi aluno de Platão, contudo sua filosofia se distancia 
da filosofia de seu mestre. Os escritos do filósofo 
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abordam os assuntos mais diversos, pois escreveu na 
área da física, lógica, zoologia, metafísica, poesia, 
entre outras. 
Fonte: Anacleto (2018). 
2 A ONTOLOGIA SOCIAL DE MARX E A QUESTÃO ÉTICA 
 
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german-1024929871 
 
Para Marx, 
 
O trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que 
o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo 
com a natureza. [...] Não se trata aqui das primeiras formas instintivas, 
animais, de trabalho [...] Pressupomos o trabalho numa forma em que 
pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa operações 
semelhantes às do tecelão e a abelha envergonha mais de um arquiteto 
humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, 
de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em 
sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho 
obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do 
trabalhador, e, portanto, idealmente (MARX, 2006, p. 211 apud JÚNIOR, 
2015, p. 21-22). 
 
De acordo com os apontamentos dos autores, o trabalho é categoria essencial 
ao homem enquanto ser social. Vale ressaltar que, conforme as entrelinhas das 
colocações dos estudiosos, o trabalho não é único e exclusivo do homem, mas se 
difere dos outros animais. Para entendermos melhor sobre tal afirmação, Peto e 
Veríssimo dissertam: 
 
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A produção do ser humano é diferente. O animal produz de forma unilateral. 
O ser humano produz de forma “universal” (Marx, 1932/1968, p. 517). O 
animal produz sob a pressão da dimensão biológica. O ser humano produz 
“primeira e verdadeiramente, na [sua] liberdade [com relação a ela]” (Marx, 
1932/1968, p. 517). O animal produz a si mesmo e a sua cria. O ser humano 
“reproduz a natureza inteira” (Marx, 1932/1968, p. 517). O produto da 
produção animal se restringe à satisfação de necessidades de ordem 
biológica. O ser humano “se defronta livre[mente] com o seu produto” (Marx, 
1932/1968, p. 517). A produção animal se limita aos contornos impostos pelas 
determinações específicas da species. O ser humano “sabe produzir segundo 
a medida de qualquer species” (Marx, 1932/1968, p. 517). O animal produz, 
em última instância, para sua manutenção e para possibilitar a reprodução. 
O ser humano produz, também, “segundo as leis da beleza” (MARX, 
1932/1968, p. 517 apud PETO; VERÍSSIMO, 2018, p. 3). 
 
Os autores atribuem tal discrepância do processo de trabalho do homem para 
os demais animais por conta da afetividade. 
 
Isso se deve ao fato de a atividade vital (Lebenstätigkeit) humana ser 
diferente da atividade vital do animal. A atividade humana não coincide, 
estritamente, com a satisfação das necessidades biológicas. Ela é “um meio 
para a satisfação” (Marx, 1932/1968, p. 516) dessas necessidades, mas não 
se confunde com elas. A atividade humana é um meio para a manutenção da 
existência, mas não se limita a isso. A atividade vital do animal determina o 
que é ser animal porque ela está diretamente ligada à dimensão biológica. A 
atividade vital do ser humano não é determinada pela necessidade. Ela é um 
processo consciente. E esse processo se dá no pôr teleológico inerente ao 
processo detrabalho (PETO; VERÍSSIMO, 2018, p. 3). 
 
Dos vários pensadores clássicos estudados dentro do Serviço Social, citamos 
aqui o filósofo e economista alemão Karl Marx, o sociólogo francês Émile Durkheim, 
o sociólogo, teórico político alemão Max Weber e o filósofo francês Auguste Comte, 
que estudam as teorias ou pensamentos: positivistas, método, postura crítica, 
produção econômica, a organização da sociedade com regras e leis etc. 
Podemos dizer que Comte é considerado o pai da Sociologia. Esta é uma 
tentativa de compreensão do ser humano em sociedade, ou seja, examina o ser social. 
Comte, em consonância com e Durkheim, é positivista, entendia que a sociedade 
funcionava com um corpo, em que cada um necessita desenvolver a sua parte, 
dependendo do outro para sua sobrevivência. 
Marx entendia a sociedade como uma divisão, sendo ela proletariado x 
capitalistas, com um sistema de venda da força de trabalho por parte do trabalhador, 
em que o capital se enriquece com o acúmulo do excedente, enaltecendo a divisão 
das classes sociais. Max Weber acredita que a sociedade não é harmoniosa; fazendo 
uma crítica aos pensamentos de Comte e Durkheim, ele entende que a sociedade não 
funciona de forma tão simples, sendo necessário o seu entendimento como um todo, 
Weber tem sua teoria nomeada como compreensiva, sendo contrário ao pensamento 
positivista. 
 
Quadro 2 - Pensadores Clássicos 
 
O francês Augusto Comte (1798-1857), filósofo e 
matemático, fundador da primeira forma de pensamento 
social, o positivismo (estado científico). Foi o primeiro 
teórico a definir a Sociologia como – física social: estática 
e dinâmica – que procura analisar e compreender a 
sociedade no sentido da organização (ordem) e da 
reformulação (progresso). O positivismo expressava uma 
confiança nos benefícios da industrialização, bem como um 
otimismo em relação ao progresso capitalista guiado pela 
técnica, pela ciência e pela racionalidade. 
 
O alemão Karl Marx (1818-1883), filósofo e economista, 
crítico idealizador do socialismo e do comunismo. A 
sociedade é vista como uma inevitável luta de classes 
sociais, por causa do sistema capitalista. Este conflito de 
poder terminaria se existisse igualdade social, se os meios 
de produção fossem de toda a coletividade. 
Segundo a visão marxista, a sociedade sempre estará em 
luta de classes, cada qual lutando por seus interesses, e 
jamais haverá equilíbrio ou harmonia onde existe 
dominação e/ou exploração. 
 
O francês David Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo, 
considerado fundador da Sociologia Moderna, a partir de 
seus estudos a Sociologia passou a ser considerada como 
uma ciência independente das demais Ciências Sociais 
(Antropologia, Política, Economia) e da Filosofia. Para ele, 
a Sociologia é o estudo dos fatos sociais, ou seja, de todos 
os processos de interação humana. Seu maior estudo foi 
sobre o suicídio, tipos e causas. 
 
O alemão Max Weber (1864-1920), sociólogo, criou o 
método compreensivo através da análise dos processos 
históricos e sociais. Para ele, a pesquisa histórica é 
essencial para compreensão das sociedades. O objetivo 
maior da Sociologia é compreender a conduta social, que 
ele chegou a definir como ação social. Foi fundador da 
Sociologia da Religião. 
Fonte: Oliveira (2002). 
 
 Desse modo, podemos afirmar que os pensadores citados são estudados 
dentro do Serviço Social, no entanto, Karl Marx é considerado um dos influenciadores 
do Serviço Social mais mencionados, devido a sua crítica severa ao sistema 
capitalista excludente, indicando a teoria socialista como uma solução de mudança ao 
processo capitalista, com a proposta de socializar os bens de consumos de produção 
a todos, viabilizando a igualdade. De acordo com Brayner, Longo e Pereira (2014, p. 
). 
 
O Manifesto Comunista foi escrito em uma época em que o capitalismo 
desenfreado já fazia suas vítimas: homens, mulheres e mesmo crianças, que 
trabalhavam até 18 horas por dia em condições subumanas. Tal documento 
falava em liberdade e igualdade para o trabalhador, e na união da classe 
trabalhadora contra os abusos do capitalismo: “Trabalhadores do mundo, uni-
vos”, clamava Marx. No manifesto, Marx afirma que não há liberdade sem 
igualdade econômica 
 
Karl Marx (1987), conforme já exposto, criticava o sistema capitalista, e o seu 
modo de produção. Em sua teoria, no Manifesto Comunista, critica o poder 
institucional da igreja, enaltecendo que a religião manipulava o povo, pois as pessoas 
teriam que lutar e reivindicar os seus direitos, mas acabavam se acomodando devido 
as doutrinas da igreja e seus ensinamentos. 
 
REFLITA 
Conforme já mencionado, caro(a) acadêmico(a), os estudos marxistas são de extrema 
importância para o profissional da área do Serviço Social. Nesse sentido, entender 
mais acerca dos estudos do filósofo russo agrega incontáveis conhecimentos a sua 
prática profissional. 
#REFLITA# 
3 A FACE ÉTICA DO NOVO CONSERVADORISMO 
 
Conforme Iamamoto (2006, p. 67), 
 
O Serviço Social teve conquistas rompendo com o conservadorismo, e tem 
sua atuação pautada para o fim da opressão de classe sobre as questões 
que dizem respeito à sobrevivência social e material dos setores majoritários 
da população trabalhadora. 
 
Diante do exposto, o Serviço Social teve como marco histórico o rompimento 
com o conservadorismo, ou seja, com as práticas caritativas. Retomando a história de 
atuação profissional, conferimos que suas práticas com as relações sociais são 
históricas e pautadas no modo conservador e autoritário, ainda a autora enaltece que: 
 
O Serviço Social não atua apenas sobre a realidade, mas atua na realidade 
[...] a conjuntura não é o pano de fundo que emoldura o exercício profissional; 
ao contrário, são partes constitutivas da configuração do trabalho do Serviço 
Social, devendo ser apreendidas como tais (IAMAMOTO, 2006, p. 55). 
 
Nesse sentido, a prática profissional está pautada na análise de tudo que está 
em sua volta, como seus aspectos econômicos, sociais, políticos, intervindo em sua 
totalidade, como uma visão ampla, pautada no projeto ético político, com objetivo de 
encaminhar, direcionar e assessorar dentro e fora das políticas públicas, como 
também no aprimoramento do intelecto para propor melhoria e um olhar crítico da 
realidade. Destacamos ainda que na prática profissional 
 
[...] o esforço está, portanto, em romper qualquer relação de exterioridade 
entre a profissão e a realidade, atribuindo-lhe a centralidade que deve ter no 
exercício profissional [...] e o reconhecimento das atividades de pesquisa e 
espírito indagativo como condições essenciais ao exercício profissional 
(IAMAMOTO, 2006, p. 55-56). 
 
Quando destacamos o termo conservadorismo, o primeiro pensamento é que 
o termo seja algo, velho, quadrado, punitivo, ou seja conservado por algo ou alguém. 
Nesse sentido, o conservadorismo é um pensamento político que defende o 
tradicional e a manutenção desse pensamento, como, por exemplo, uma religião com 
modos e costumes, uma determinada família, reconhecida pelo sobrenome em sua 
região, como também os costumes, tradições, culturas entre outros. 
A esse respeito o conservadorismo enfatiza a continuidade, a tradição de pai 
para filho, sendo contrário às lutas, movimentos sociais, como também a quebra dos 
paradigmas (MATTOS, 2017). Ao refletir dentro do Serviço Social, é importante 
enaltecer que o conservadorismo é um traço constitutivo da profissão, não apenas em 
sua dimensão ideo-teórica, mas no traço elementar da profissão, qual seja: a sua 
inserção na divisão sociotécnica do trabalho, em que as demandas para suas 
respostas profissionais advêm da necessidade de reprodução das relações sociais 
capitalistas de reprodução. 
No entanto, essas respostas, assim como a lógica das relações sociais, só 
podem existir em relação. O que pressupõe dizer que a atuação do assistente socialé polarizada, de um lado, pela demanda do capital e, do outro, pelas necessidades do 
trabalho, fortalecendo um ou outro por meio da mediação do seu oposto, mas 
tendendo a ser cooptada pela classe dominante (IAMAMOTO, 1995 apud SANTOS, 
2007). 
Destarte, várias profissões estudam sobre a Ética e o conservadorismo, no 
entanto a história do Serviço Social está pautada em lutas, movimentos sociais e 
várias conquistas. Desse modo, exaltamos que as expressões das questões sociais 
são diversas e complexas, pois, a cada ano, a questão social vai se ampliando e 
aumentado, sendo necessária a intervenção crítica no meio social, fazendo parte a 
economia, a política, a ciência, a cultura e a educação. A esse respeito, a questão 
social, ou seja, o objeto da prática do Assistente Social, rotineira deve ser pautada em 
consonância com as Diretrizes Curriculares aprovadas em 1996, a Lei de 
Regulamentação da Profissão e o Código de Ética Profissional, ambos aprovados 
ainda em 1993. Sinalizamos que o movimento de reconceituação é o precursor da 
quebra do conservadorismo, como também o ano de 1993, com a aprovação da 
Resolução do CFESS nº 273/93, em que explicita os princípios fundamentais para a 
prática profissional. De acordo com Faleiros (2005, p. 28), 
 
A dialética teoria/prática é uma das questões-chave postas pelo movimento 
de reconceituação e que tem permanecido crucial ao longo de mais de 
quarenta anos de debate. Também têm sido cruciais as questões da 
transformação social no contexto do capitalismo e da articulação entre o 
profissional e o científico, do profissional e do político e do profissional com 
as condições e relações de trabalho. 
 
Diante do exposto, citamos Faleiros (1997, p. 65), que menciona que o Serviço 
Social é visto “como produtivo, pois, segundo Maguiña, ele reduz os custos de 
reprodução da força de trabalho, ao oferecer serviços de consumo (como creches) 
aos trabalhadores”, o que pode levar à diminuição dos salários, economizando no 
pagamento ao operário e aumentando o lucro da classe burguesa. 
Essa discussão sobre o Serviço Social ser produtivo ou improdutivo, é algo a 
ser refletido mais adiante do seu curso, pois conforme a literatura avança, ou seja, a 
produção de conhecimento, a reflexão sobre o agir profissional. Pois historicamente o 
Serviço Social, aqui mencionado, está ligado às práticas caritativas e de ajuda mútua. 
Na contemporaneidade, o Serviço Social vem sendo debatido e nos remetendo 
à reflexão acerca da profissão e seu processo de trabalho, sempre em um viés 
marxista, mas cabe refletir se o Serviço Social é trabalho ou não. Tal indagação nos 
faz pensar sobre o conflito que há entre o sistema capitalista, ou seja, composto por 
trabalhador x empregador. Segundo Castro (2012, p. 70), 
 
Marx menciona que, os indivíduos seriam independentes, mas somente 
depois de serem eles dependentes da sociedade. Dito de outro modo, o 
indivíduo só poderia isolar-se ou individualizar-se em sociedade, pois desta 
dependeria para viver e produzir. 
 
Desta forma, o indivíduo é refém do capitalismo, pois necessita da burguesia 
para sua subsistência humana, o homem satisfaz suas necessidades interagindo com 
o meio que está inserido, ou seja, com a natureza e a transformação da mesma, por 
meio da sua intervenção e trabalho, sendo assim, o trabalho é uma condição da vida 
humana, podemos mencionar sobre o trabalho produtivo e improdutivo dentro do 
Serviço Social, tal análise exposta aqui nos remete a pensar enquanto Assistente 
Social atuante em empresas capitalistas, instituições filantrópicas, organizações Não 
Governamentais e organizações de trabalhadores, como também usuário da política 
de assistência social, ou outros profissionais, ou seja, a execução do trabalho pelo 
homem. Castro (2012) menciona que a produtividade do trabalho se encaixa com a 
produção exacerbada do capitalismo, resultando a apropriação do excedente de modo 
mais favorável ao capitalismo, onde o trabalhador não produz para si, mas para o 
capital, onde muitas vezes ele não terá acesso a sua produção. 
Marx, em seu livro O Capital, menciona que “apenas é produtivo o trabalhador 
que produz mais-valia para um capital ou serve à autovalorização do capital” 
(CASTRO, 2012, p. 72). Dessa forma, o que é produtivo está relacionado com o capital 
x trabalhador assalariado, ou seja, a produtividade para o capital está relacionada à 
força de trabalho e suas condições, o trabalho materializado sobre o trabalho vivo e o 
produto do trabalho sobre aquele quem produziu. A esse respeito, retomamos o 
rompimento das práticas conservadoras (FALEIROS, 1997, p. 67-68). 
 
A reconceituação rompeu definitivamente com esta metodologia, levando em 
conta as diferentes formas de conhecimento existentes, suas articulações 
políticas, ideológicas e econômicas e, fundamentalmente, a troca desses 
saberes diferentes em suas relações de força. [...] A reconceituação do 
Serviço Social não consiste numa revolução linear da assistência à 
transformação, mas na luta constante pela conscientização de uma 
sociedade sem exploração e dominação, mudando-se as posições pessoais, 
políticas e ideológicas e econômicas nas diferentes instituições da 
cotidianidade. 
 
Desse modo, é notório afirmar que o movimento social é uma luta diária, e que 
o Serviço Social desempenha seu trabalho com uma equipe multidisciplinar, ou seja, 
com diversos profissionais de outras áreas de atuação. Segundo o Conselho Federal 
de Serviço Social - CFESS e ABEPSS (2012): 
 
O chamado trabalho interdisciplinar também é abordado neste documento 
sobre o Serviço Social no SUAS, preservando-se o resguardo das atribuições 
e do sigilo profissional, numa perspectiva ética, alertando-se sobre a 
necessidade de discernir sobre informações, atribuições e tarefas que 
estejam no campo de atuação de cada profissão. 
 
De acordo com Iamamoto (2004, p. 107), 
 
[...] o assistente social é chamado a desempenhar sua profissão em um 
processo de trabalho coletivo, organizado dentro de condições sociais dadas, 
cujo produto, em suas dimensões materiais e sociais, é fruto do trabalho 
combinado ou cooperativo, que se forja com o contributo específico das 
diversas especializações do trabalho. 
 
Nesse sentido, o projeto ético político, foi elaborado analisando o contexto 
histórico de cada época, de cada governo vigente, das guerras e conflitos sofridos no 
decorrer dos anos. Reforçando a quebra do conservadorismo presente Serviço Social 
brasileiro, como também o amadurecimento na década de 1990, período de profundas 
transformações societárias que afetam a produção, a economia. 
 
4 ÉTICA E MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
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human-rights-1789585583 
 
Primeiramente, é importante destacar que logo mais, nessa disciplina, você vai 
estudar os códigos de éticas criados e reformulados ao longo da história do Serviço 
Social. Nesse sentido, destacamos, a Lei 8.742/1993, que dispõe sobre a Assistência 
Social, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), 2004, criado pela união dos 
assistentes sociais, profissionais, militantes da assistência e usuários na participação 
nos Conselhos, Conferências, movimentos sociais e outros. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/hands-raised-air-fighting-human-rights-1789585583
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Anteriormente às aprovações, eram comuns ações assistencialistas ou 
clientelistas, como doações, caridade, práticas em forma de favor, boa vontade com 
fundamento em princípios cristãos. De acordo com Vázquez1(996, p. 243): 
 
A ética cristã como a filosofia cristã em geral parte de um conjunto de 
verdades reveladas a respeito de Deus, das relações do homem com o seu 
Criador e do modo de vida prático que o homem deve seguir para obter a 
salvação no outro mundo. 
 
Nesse sentido,

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