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aula 1

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ÉTICA PROFISSIONAL DO 
SERVIÇO SOCIAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Carla Andréia Alves da Silva Marcelino 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, pretende-se oferecer um balizamento acerca da questão da 
ética na filosofia e na sociedade, desde os tempos mais antigos até os dias 
atuais. A ética, como veremos, é um campo da filosofia, e desse campo deriva-
se um aspecto mais utilitário: a ética nas profissões. Não há como pensar em 
ética profissional sem antes fazer reflexões acerca dessa ética mais geral, assim 
como sem oferecer um alinhamento teórico acerca de alguns temas essenciais 
para a compreensão da ética. Isso porque esse é um campo muito permeado 
pelo senso comum; em nosso cotidiano, costuma-se misturar e confundir 
conceitos como ética e moral, sujeito ético e sujeito moral, liberdade e livre 
arbítrio, entre outros. Quem nunca ouviu alguém dizer: “Fulano não foi ético 
comigo”, “Ciclano não tem moral para falar dos outros”, “Beltrano cometeu erros 
porque quis, ele tinha livre arbítrio para fazer suas escolhas”. Mas será que 
nessas afirmações, pensadas pela ética filosófica ou filosofia da moral, esses 
termos estão aplicados corretamente? É o que vamos refletir nesta aula. 
Veremos, ainda, que tanto a ética quanto a moral são construções 
históricas e que foram, ao longo de nossa história, compreendidas de forma 
diferente, perpassando sobre elas questões religiosas, econômicas, tipos de 
Estado e tantos outros fatores que influenciaram e influenciam ainda a noção de 
ética e moral, assim como do que é ético e do que é moral na sociedade. 
Compreender como essas noções foram se moldando ao longo do tempo é 
fundamental para termos uma posição crítica acerca da questão ética nos dias 
de hoje. 
Jamais podemos afirmar que o que está no senso comum é algo que não 
tem valor ou que não é verdadeiro, pois ele surge da cultura e das relações 
sociais e nele estão contidos valiosos saberes populares que não podem ser 
desconsiderados. Porém, para pensar a ética e a ética profissional é necessário 
ultrapassar o senso comum, tendo uma atitude filosófica. Marilena Chauí (2000) 
afirma que ter atitude filosófica é ter uma atitude crítica sobre o mundo, é 
construir um saber teórico, crítico, desmistificador e criativo, diferentemente do 
senso comum. É não se contentar com o que está aparente e procurar a 
essência das coisas. Essa atitude é fundamental para que o profissional tenha 
discernimento durante a sua atuação, para escolher o caminho da ética vigente 
 
 
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dentro da profissão e tomar as decisões pautadas nos princípios que norteiam o 
projeto ético-político dos assistentes sociais. 
Assim, no decorrer desta aula, apresentaremos primeiramente um 
alinhamento conceitual sobre o que é ética e moral, buscando debater outros 
conceitos a elas ligados, assim como discutiremos por que é necessário existir 
a ética. Na sequência, apresentaremos os conceitos de ética, moral e liberdade 
desde a Grécia Antiga até chegarmos às teorias modernas, parando no período 
iluminista. Isso porque a ética pensada por meio da teoria social crítica de Marx, 
interpretada por outros autores contemporâneos a ele, será objeto de discussão 
futura. Por fim, concluiremos esta aula trabalhando como e por que a ética chega 
ao campo das profissões e como se dá a construção do ethos profissional de 
cada grupo. 
TEMA 1 – NOÇÕES INICIAIS SOBRE ÉTICA E MORAL (PARTE 1) 
Para abordarmos o assunto deste tema, estamos usando como referência 
uma obra clássica da filósofa brasileira Marilena Chauí (2000), intitulada Convite 
à Filosofia. Antes de debatermos o que ética e para que ela serve, é necessário 
alinharmos alguns conceitos-bases, que perpassarão por toda a disciplina, e é 
importante que tenhamos em mente, daqui em diante, o que estamos falando 
quando citamos cada um deles. 
Iniciemos por senso moral e consciência moral. O senso moral é o que 
baliza nossos sentimentos em relação a algo que vemos ou vivenciamos, por 
exemplo: sentimento de piedade ou de pena de alguém, indignação diante de 
injustiças, vergonha, remorso, culpa, espírito de justiça, repulsa à violência. 
Nosso senso moral é formado com base nos valores que temos introjetados 
dentro de nós, adquiridos ao longo de nossa história, aprendido nas nossas 
vivências familiares, religiosas, escolares, entre outras. A consciência moral são 
os sentimentos em si provocados pelos valores que professamos, pelo nosso 
senso moral. 
Se a honra é um valor caro para uma pessoa (senso moral), esta ficará 
profundamente indignada e magoada (consciência moral) se alguém inventar 
algo sobre ela. Se a justiça social é um valor importante para alguém (senso 
moral), este ficará revoltado e triste (consciência moral) ao ver uma pessoa 
passando fome nas ruas. A consciência moral e o senso moral estão, portanto, 
totalmente ligados a valores e ao que Chauí (2000) define como uma busca 
 
 
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incessante do ser humano pelo bom e pelo bem, afastando o mal e o mal: “o 
senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, 
decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem 
respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem 
como parte de nossa vida intersubjetiva.” (Chauí, 2000, p. 431). 
Outros conceitos importantes de serem alinhados e que muito são usados 
no nosso cotidiano são o juízo de fato e juízo de valor, sendo este último alvo 
sempre de muita polêmica, vez que fazer juízo de valor de algo é emitir sua 
opinião pessoal, pautada no seu senso moral. O juízo de fato é a constatação 
das coisas como elas são, por exemplo: a chuva está caindo e a chuva molha. 
É um fato dado, quer gostemos ou não, quer sejamos a favor ou não. A chuva 
cai e pronto. Os juízos de valor são as opiniões que visam a avaliar coisas, 
situações, pessoas, ações, acontecimentos, decisões, entre outros. Essa 
avaliação normalmente pende para algo desejável ou indesejável, mas do ponto 
de vista exclusivo de quem avalia. Seguindo com o exemplo da chuva: a chuva 
é bela e faz bem para as plantas ou a chuva é péssima porque estraga o nosso 
passeio. Logo, estamos falando do mesmo fato dado: a chuva, mas estamos 
emitindo nosso juízo de valor sobre o que pensamos dela. 
Para além do juízo de valor, Chauí (2000) nos apresenta ainda mais uma 
categoria: o juízo ético de valor. Enquanto o juízo de valor refere-se à nossa 
opinião pessoal, emitida com base em nossa consciência moral, o juízo ético de 
valor refere-se a um dever ser das coisas, ou seja, enuncia normas sociais sobre 
como as coisas precisam ser para que estejam corretas, e é por esse juízo ético 
que perpassa a ética das profissões, na medida em que ela cria normas e regras 
do que é certo e aceitável no fazer profissional. Assim, importa destacar que os 
juízos éticos de valor apresentam uma via de mão dupla: são aprendidos e 
construídos culturalmente ao mesmo tempo em que são também determinantes 
da vida cultural. 
Nesse sentido, a autora destaca que os valores que orientam o nosso 
senso moral e a nossa consciência moral e que usamos para formar nossos 
juízos de valor não podem ser dissociados da cultura, já que tudo o que sabemos 
e professamos foi aprendido por nós por meio das relações sociais, seja na 
escola, na família, na igreja ou com os amigos. Somos educados, segundo Chauí 
(2000) para e nos padrões morais da sociedade em que vivemos, e por isso 
 
 
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muitas vezes sequer nos damos conta das reais razões de nossas crenças e 
valores, pois para nós, como fomos educados neles, nos parecem naturalizados. 
TEMA 2 – NOÇÕES INICIAIS SOBRE ÉTICA E MORAL (PARTE 2) 
Por meio do conteúdo de nosso primeiro tema já foi possível perceber que 
ética e moral são duas coisas diferentes, embora estejam entrelaçadas e sejam 
interdependentes. Já está explícito que a moral tem relação diretacom os 
valores que carregamos conosco, os quais são frutos de construções sócio-
históricas que aprendemos ao longo de nossa vida. A moral é então o sistema 
de valores que orientam a nossa ação, ou como melhor explica Barroco (2012, 
p. 87) “a moral representa o conjunto dos valores legitimados pela tradição e 
pelos costumes como corretos, justos, bons.” 
Fazendo uma leitura com base na teoria crítica marxista, José Paulo Netto 
(2012, p. 28) afirma que a moral é “[...] um sistema mutável, historicamente 
determinado, de costumes e imperativos que propiciam a vinculação de cada 
indivíduo, tomando na sua singularidade, com a essência humana 
historicamente constituída, com o ser social tomado na sua universalidade”. 
Complementando tais conceitos, Vasques (1997, p. 37), afirma que a 
“moral é o conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos 
indivíduos numa comunidade social dada”. Assim, aqui já temos um bom 
desenho para delinear o que é moral: é um conjunto ou um sistema de valores, 
aprendidos por meio da cultura, ou seja, são socialmente construídos e 
repassados a cada um de nós; esses valores servem como normas que regulam 
a vida em sociedade e diferem em cada contexto histórico e social. 
Se a moral é o conjunto de valores que orientam as nossas ações, o que 
é a ética, então? A ética, de modo geral, é a capacidade de refletir, avaliar e 
aplicar os valores morais socialmente construídos, ou seja, a ética depende da 
ação dos sujeitos, nas relações com outros sujeitos. A ética, como ciência da 
moral, pode ser definida como “a teoria ou ciência do comportamento moral dos 
homens em sociedade. É a ciência de uma forma específica do comportamento 
humano” (Vasquez, 1997, p. 12). Cardoso (2013, p. 53) afirma: “a ética se 
debruçará em desvelar os atos humanos e sua relação com as normas 
estabelecidas em determinada sociedade e em determinado momento histórico, 
buscando compreender criticamente tais atos e sua relação com as normas”. 
 
 
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Isso posto, enquanto a moral refere-se ao conjunto de valores existentes 
em uma sociedade e em um tempo histórico, a ética refere-se ao comportamento 
humano diante de tais valores morais, nas relações com os outros seres 
humanos. Nesse sentido, a ética se dá no campo da práxis, no processo de 
ação-reflexão-ação. Netto (2012, p. 28) complementa que a “ética, por seu turno, 
é a análise dos fundamentos da moral, remetendo compulsoriamente à reflexão 
filosófica ou metafilosófica”. Assim, importa ressaltar que a ética não cria regras, 
pois ela é a reflexão crítica e a atitude humana diante das regras postas pela 
moral vigente em um determinando contexto social e histórico. 
Nessa direção, agora cabe perguntar: para que existe a ética? Marilena 
Chauí (2000) assevera que, embora a ideia do que é a ética tenha se alterado 
significativamente ao longo da história – desde os pensadores gregos e 
romanos, como Sócrates, Aristóteles e Platão, até pensadores da pós-
modernidade, como Hanna Arendt –, a justificativa para a existência dela segue 
sendo a mesma: a ética existe para evitar e controlar a violência. Embora a ética 
não crie regras, ela tem um poder normativo no sentido de seguirmos as regras 
sociais como forma de “impor limites e controles ao risco permanente da 
violência” (Chauí, 2000, p. 443). “Quando uma cultura e uma sociedade definem 
o que entendem por mal, crime e vício, circunscrevem aquilo que julgam 
violência contra um indivíduo ou o grupo. Simultaneamente, erguem os valores 
positivos – o bem e a virtude – como barreiras éticas contra a violência” (CHAUÍ, 
2000, p. 443). 
A violência tem relação direta com a ética porque a primeira característica 
do ser humano é ser racional e ser sujeito da sua própria história. Por meio da 
violência, da coação, o indivíduo deixa de ser sujeito e torna-se objeto. Sendo 
objeto, deixa de ser livre e passa a ser tratado como coisa. O campo ético, de 
acordo com Chauí (2000), é formado por dois polos que, se não estiverem 
presentes, não tornam possível discutir sobre ética. O primeiro polo são os 
valores que orientam o sujeito moral; o segundo, é o agente ou sujeito moral que 
precisa agir de acordo com a sua vontade, de forma voluntária e em sã 
consciência, o que implica dizer que, para agir eticamente, o ser humano precisa 
ser livre. A liberdade é um valor central quando se discute ética, tema a ser 
abordado futuramente. 
 
 
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TEMA 3 – QUESTÃO DA ÉTICA, DA LIBERDADE, DA MORAL E DA 
AUTONOMIA NA HISTÓRIA (PARTE 1) 
A ideia da ética nem sempre foi concebida como nos dias de hoje e, 
mesmo atualmente, existem diversas vertentes teóricas acerca do tema. No 
Serviço Social mesmo, conforme aponta Barroco (2012), houve certa confusão 
sobre o que era ética e o que era moral, vez que por muito tempo autores 
importantes como Balbina Ottoni trataram ambas como sinônimos. Chauí (2000) 
aponta que, na filosofia, pode-se considerar que Sócrates foi o primeiro a 
preocupar-se com a questão da ética, vez que o filósofo apresentava certo 
incômodo quanto ao fato de os gregos simplesmente reproduzirem valores como 
se estes fossem inatos. Para provocar essa reflexão, Sócrates lançava mão das 
chamadas perguntas socráticas, as quais dirigia aos cidadãos que encontrava: 
o que é o bem? O que é a virtude? O que é a coragem? Dessa forma, Sócrates 
pretendia que as pessoas parassem para pensar sobre os valores que 
reproduziam, elevando-os à condição de sujeitos éticos, já que para o filósofo o 
sujeito ético era aquele que tinha consciência da moral que reproduzia, refletindo 
sobre as suas ações e não apenas reproduzindo comportamentos. Porém, 
Sócrates não fez distinção entre ética e moral, colocando os valores (virtudes) 
no mesmo campo da ação, como uma só coisa. 
Aristóteles já demarca uma separação entre ética e moral, inscrevendo a 
ética no campo da ação humana, da práxis: “na práxis, o agente, ação e a 
finalidade do agir são inseparáveis” (Chauí, 2000, p. 438). Outro fator importante 
trazido por esse filósofo e que usamos até os dias de hoje para compreender 
ética é de que as ações éticas requerem deliberação, escolhas ou decisões 
racionais e voluntárias dos sujeitos. Uma vez que o sujeito ético precisa ser livre 
para fazer suas escolhas, Aristóteles coloca o limite dessa ação ética numa 
virtude que considera ser a mais importante de todas: a prudência ou sabedoria 
prática. A prudência seria para esse filósofo a capacidade de julgar e avaliar qual 
atitude e qual ação melhor realizará a finalidade ética do sujeito, qual a atitude 
mais adequada para buscar o bem. Para ele, “a busca do bem e da felicidade 
são a essência da vida ética” (Chauí, 2000, p. 440). Ser ético, portanto, era saber 
controlar os instintos e paixões para agir com prudência, de forma a proporcionar 
o bem para si e para todos, é estar em harmonia com os valores e virtudes 
coletivas. 
 
 
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Na Antiguidade, as religiões eram nacionais, o que implica dizer que o 
governante era considerado um deus, como no Egito, em que os faraós eram 
tidos como os próprios deuses vivos e cuidavam da vida terrena e espiritual dos 
seus súditos. Nesse contexto, em razão do surgimento do cristianismo como 
religião livre, não atrelada diretamente ao Estado (ainda que influenciasse ele), 
com a crença em um deus que não está mais vivo – que vive em outro plano, 
mas deixou suas leis na terra – a ideia da ética remanescente da Grécia Antiga 
é brutalmente afetada. Se antes a moral e a virtude partiam do que se era 
aprendido entre os humanos, agora, com a crença em um deus universal, passa-
se a ter uma moral pautada nas verdades reveladas pela fé e não mais definida 
pelos grupos sociais. No cristianismo, a ética não está mais nas relações dos 
sujeitos com a sociedade, mas sim na relação dos sujeitos com deus. Esse novo 
padrão ético é chamado de ética cristã. 
A visão de ética passa para umcaráter normativo: todo ser humano, 
crente em deus, tem o dever se seguir os valores apregoados por esse deus. 
Nesse sentido, a ideia de liberdade e vontade racionalmente deliberada dá lugar 
a um novo conceito, o de livre arbítrio, que seria a “liberdade” de poder escolher 
entre seguir ou não as leis divinas e os valores por ela impostos. Na ética cristã, 
um novo elemento é introduzido no campo ético: a intenção. O ser humano deve 
agir de forma ética em ação e intenção. Embora a ética cristã perdure até hoje, 
convivendo com outros padrões éticos, veremos que muito evoluímos em 
relação à compreensão desse campo filosófico. 
TEMA 4 – QUESTÃO DA ÉTICA, DA LIBERDADE, DA MORAL E DA 
AUTONOMIA NA HISTÓRIA (PARTE 2) 
Entre os séculos XIV e XV, ocorreu um movimento cultural e artístico 
chamado de Renascimento, que teve como centro a Europa. Nesse período, 
houve os primeiros questionamentos às verdades reveladas pela fé, sendo um 
período de valorização da arte e das ciências, que mais tarde vai culminar em 
outro importante movimento histórico, o Iluminismo (Século XVII e XIX). No ápice 
do Renascimento, viveu Nicolau Maquiavel, tido, injustamente ao nosso ver, 
como um dos mais antiéticos pensadores do campo da filosofia e das ciências 
sociais. Isso porque em sua principal obra, chamada O Príncipe, o autor traz 
polêmicas lições dirigidas aos governantes, sobre como o Estado deveria ser e 
 
 
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como um líder deveria agir, lançando mão de máximas tais como “é melhor ser 
temido do que ser amado”. 
No entanto, o filósofo Isaiah Berlin, em artigo intitulado “A originalidade de 
Maquiavel” (2002), defende que o autor italiano na verdade lançava mão de uma 
ideia de que a ética cristã não servia para gerir o Estado, isso porque, no regime 
de monarquias absolutistas, vigente na época, fazia-se crer que o rei era um 
representante divino, mas as ações desses reis, pautadas nas maldades e na 
injustiça, não coadunavam com a ética cristã. Assim, Maquiavel, segundo Berlin 
(2002), separa a ética em dois campos: a ética cristã e a ética política, as quais 
podem conviver na mesma sociedade, sendo a primeira a ser seguida pelo povo 
em geral e a segunda pelos governantes. Enquanto na ética cristã o intuito era 
fazer o bem para salvar a alma, na ética política de Maquiavel o objetivo era 
salvar a cidade e manter o poder do Estado, podendo ser mal quando 
necessário. Importa salientar que Maquiavel não negou a ética cristã em nenhum 
momento. Ao contrário disso, defendeu que para que o povo pudesse seguir fiéis 
ao “príncipe” era fundamental que seguissem professando a ética cristã e 
praticando a caridade e subserviência inerente a ela. Assim, o autor estabelece 
duas moralidades: 
Uma é a moralidade pagã: os seus valores são a coragem, o vigor, a 
fortaleza na adversidade, a realização pública, a ordem, a disciplina, a 
felicidade, a força, [...]. Contra esse universo moral [...] coloca-se em 
primeiríssimo lugar a moralidade cristã. Os ideais do cristianismo são 
a caridade, a misericórdia, o sacrifício, o amor, o perdão aos inimigos, 
o desprezo pelos bens desse mundo, a crença na salvação da alma 
individual. [...]. (Berlin, 2002, p. 314-315) 
Nesse sentido, a importância de Maquiavel na construção das teses sobre 
ética está no fato de ele ter sido o precursor de uma radical separação entre 
Estado e religião, assumindo a possibilidade da convivência de duas 
moralidades diferentes em um mesmo contexto sócio-histórico. 
Contemporâneo a Maquiavel, no bojo das ideias iluministas, quando a 
razão passou a ter prevalência sobre as verdades reveladas pela fé, temos o 
filósofo francês Jean Jacques Rousseau, que, por uma linha diferente de 
Maquiavel, questiona a ética cristã e tenta conciliar os ideais dela com novas 
propostas que visam à retomada da razão e da vontade humana como 
parâmetros para a ação ética. Rousseau, segundo Chauí (2000), questionou o 
fato da ética como dever, imposta pelo cristianismo. Se devemos seguir uma 
única regra que é externa a nós, ditada por um deus, não podemos ser 
 
 
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autônomos; sem autonomia, perde-se o fundamento da ética que necessita de 
vontade racionalmente orientada e um sujeito moral para existir. Porém, 
Rousseau não refuta a moralidade cristã do bem e da caridade, ele apenas a tira 
do âmbito da lei divina e traz para o próprio ser humano, afirmando que todos 
nascemos bons, puros e caridosos e que a propriedade privada é o que nos 
corrompe e nos torna mesquinhos, malévolos e frios. Nesse sentido, ao agir em 
busca do bem e do que é bom, estamos seguindo nossas leis naturais, inatas. 
Assim, não é dever seguir a lei divina, mas o é seguir a lei da nossa natureza 
originária (Chauí, 2000). 
No ápice das ideias iluministas, no século XVIII, a liberdade individual e a 
autonomia dos sujeitos eram valores muito caros, tanto que foi nesse período 
que foi constituída a ideia do Estado Liberal que conhecemos hoje, que apregoa 
a defesa das liberdades individuais e da propriedade privada. Um filósofo desse 
período merece destaque em nossos estudos, uma vez que foi aquele que se 
dedicou a refutar radicalmente a ética cristã e as verdades reveladas pela fé, 
dando novamente centralidade a uma moral pautada na razão e não nas leis 
divinas. Estamos falando de Imannuel Kant. De acordo com Chauí (2000), Kant 
defendeu que a ação humana deveria ser racionalmente orientada, ou seja, o 
ser humano deveria agir com base em sua razão, em sua vontade autônoma 
enquanto sujeito capaz de tomar de decisões. Nesse sentido, o autor refuta a 
ideia maniqueísta presente na ética cristã da existência de apenas dois lados 
bem definidos: o bem e o mal. Para Kant, mais importante do que escolher entre 
o bem e o mal, era o ser humano usar sua razão para agir bem, com base em 
um conjunto de leis morais. 
No entanto, se para Kant não há mais a lei divina e o objetivo de salvar a 
alma, o que manteria os seres humanos a salvo da violência entre si? Para 
resolver o dilema dos limites da autonomia individual, Kant lança mão de um 
imperativo categórico: “age apenas segundo a máxima tal que possas ao mesmo 
tempo querer que ela se torne lei universal”. Em miúdos, para esse filósofo, ao 
tomar uma decisão o ser humano deve considerar consigo mesmo o que seria 
do mundo se todos tomassem aquela decisão como regra. Entretanto, e se as 
pessoas não respeitassem o imperativo, o que ia detê-las? É nesse contexto que 
surge a ideia do direito, enquanto normatização de leis elaboradas pelos seres 
humanos que exerçam coerção sobre os sujeitos quando suas ações colocarem 
a si e aos demais em risco. Assim, Kant faz uma importante distinção para o 
 
 
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estudo da ética e da moral, definindo a moral como a lei interna dos sujeitos e o 
direto como o conjunto das leis externas que regram a vida em sociedade. Essas 
leis precisam ser promulgadas, geridas e aplicadas pelo Estado. 
É possível observarmos que até aqui falamos quase nada acerca de moral 
e cultura, mas no início desta aula falamos muito que a moral é aprendida 
socialmente por meio da cultura. Até então, por volta do XVIII, a moral e o 
conjunto de valores inerentes a ela tinham diversas fontes, como a lei divina; ou 
eram inatos; ou eram estanques, já dados na sociedade e não eram 
questionados. O filósofo que segundo Chauí (2000) inaugurará esse novo 
horizonte da moral e da ética e que influenciou os demais pensadores modernos 
e pós-modernos sobre o assunto é Hegel. Para esse filósofo, o ser humano é 
um ser histórico e cultural. Isso implica dizer que tudo o que sabemos, 
acreditamos e fazemos foi aprendido por nós ao longo de nossa história. Do 
ponto de vista da moral e da ética, isso implica dizer que os valores não decorrem 
de uma lei sobrenatural nem nascem conosco, eles nos são ensinados. E como 
aprendemos? Por meio das relações sociais, ou seja, da nossa relação com 
outros seres humanos eda relação com o mundo. 
Para além da nossa natureza interna e da nossa razão, para Hegel, somos 
dotados de uma vontade objetiva que determina a nossa vontade. Essa vontade 
objetiva é impessoal, coletiva, social e pública, sendo forjada em instituições 
como a família, a religião, a educação, a ciência, a política, entre outras. Isso 
implica dizer que há um conjunto de valores socialmente construídos, aprendidos 
e reproduzidos por nós, que determinam a nossa vontade. Assim, “a vida ética é 
o acordo e harmonia entre a vontade subjetiva individual e a vontade objetiva 
cultural” (Chauí, 2000, p. 447). Nesse sentido, em cada etapa da história haverá 
uma vontade objetiva culturalmente construída que atende aos anseios de seu 
tempo, definindo o que é positivo ou negativo. Isso posto, para ser ético e livre, 
o ser humano precisa agir de acordo com as regras de seu tempo. É sabido que 
Hegel foi um dos filósofos que inspirou Marx, seja para a crítica ou para o 
aprofundamento de suas ideias, e é nesses pressupostos trazidos por Hegel da 
moral e da ética como construções histórico-culturais de seu tempo que também 
se alicerçará a ética pautada na teoria crítica de Marx, a qual orienta o projeto 
ético-político do Serviço Social. Por essa razão, a ontologia do ser social, que 
versa sobre as aproximações do marxismo com a questão da ética, será objeto 
a ser abordado em momento futuro. 
 
 
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TEMA 5 – FORMAÇÃO DO ETHOS PROFISSIONAL E ÉTICA NAS PROFISSÕES 
Até aqui, apresentamos aproximações e alinhamentos conceituais sobre 
a ética do ponto de vista da filosofia. Mas como esse campo saiu do abstrato e 
das discussões filosóficas e chegou ao campo das profissões? Para Simões 
(2012, p. 73), a ética profissional “é uma resposta consciente do grupo 
profissional, relativamente, à moral profissional, à moral do trabalho”. E como se 
forma essa moral profissional? Chauí (2000) nos explica que o termo ethos 
apresenta duas traduções, sendo que uma delas (o ethos escrito com eta) 
significa “costumes”; e a outra (o ethos escrito com epsilon) poderia ser traduzida 
como caráter ou modo de ser. Esse segundo ethos é o que define a moral de 
uma profissão, ou seja, o modo de ser de um grupo profissional e o conjunto de 
valores que orientam uma profissão. Veremos futuramente que o ethos dos 
assistentes sociais está expresso no projeto ético-político da profissão. 
Simões (2012) conta que nas sociedades pré-capitalistas não havia uma 
moral do trabalho. Isso porque as relações de trabalho e família, trabalho e 
religião, trabalho e comunidade, estavam muito interligadas, pois o trabalho 
invadia todas as esferas da vida. Assim, a moral que regia essas relações 
prevalecia, não se criando uma moral do trabalho. Nas sociedades capitalistas, 
com a separação entre o público e o privado, passamos a ter a divisão entre 
sociedade civil e Estado e o trabalho passou o compor o campo privado das 
relações individuais entre empregador e trabalhador. Nesse contexto, a moral foi 
“jogada para o campo da superestrutura” (Simões, 2012, p. 76), o que implica 
dizer que foi necessário construir uma moral maior que regesse essas relações 
privadas, de forma aos interesses individuais não se sobreporem aos coletivos. 
No campo do trabalho, a moral construída para orientar todo trabalhador era o 
que dava o equilíbrio entre o indivíduo e o conjunto, como uma espécie de 
“cimento social” (Simões, 2012, p. 77) regulado pelo Estado para evitar uma 
explosão de violência em razão dos interesses egoístas, individuais. 
Nesse sentido, para cada segmento de trabalhadores passamos a ter o 
que Simões (2012) chama de moral de classe ou de grupo, forjadas nos 
interesses da compra e venda de sua força de trabalho. Entretanto, temos uma 
moral maior, definida “na fábrica” (Simões, 2012, p. 79), que perpassa as regras 
do próprio trabalho e é determinada por elas, normalmente definidas pelo 
Estado, sob o prisma do interesse do empregador. Essas duas morais nem 
 
 
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sempre se entrecruzam, tendendo à moral da fábrica prevalecer, vez que ela não 
apenas é cobrada pelo patrão, mas também pelos outros trabalhadores, visando 
à produtividade e à divisão das tarefas. 
O que foi exposto anteriormente se refere à fábrica, ao ambiente em que 
as regras são postas pelo patrão e pelo mundo do trabalho em si. Mas e as 
profissões que não estão na fábrica? E aquelas que produzem trabalho 
imaterial? Como constroem o seu ethos? O Serviço Social está inscrito na 
divisão social e técnica do trabalho como uma profissão liberal, no rol das 
profissões que trabalham com os elementos da vida, com produtos imateriais e 
afetivos. Muitos confundem profissional liberal com aquele profissional 
autônomo, que não tem patrão, mas não é disso que estamos tratando aqui. As 
profissões liberais são aquelas em que o profissional tem total e plena autonomia 
para decidir seus instrumentos de trabalho e as formas de intervenção diante da 
realidade posta. Logo, ninguém poderá dizer ao assistente social ou ao 
psicólogo, por exemplo, que tipo de instrumento utilizar para atuar em uma 
determinada instituição ou situação. Ninguém poderá dizer a um médico ou 
cirurgião-dentista que exame fazer ou que remédio receitar ao seu paciente, pois 
ele tem conhecimento para, diante da realidade, escolher o melhor caminho a 
seguir e se responsabilizar pelas consequências das decisões tomadas. Isso 
posto, versa Simões (2012) que os profissionais liberais não estão subordinados 
tecnicamente a ninguém e têm ampla margem de decisão. 
Diante de tamanha liberdade, passa a ser necessário existir uma moral de 
grupo que oriente esses profissionais e que faça prevalecer o interesse coletivo 
daquele que recebe o seu trabalho em detrimento dos interesses individuais de 
cada profissional. A partir do momento em que é necessário regular interesses 
coletivos, a ação do Estado passa a ser necessária para normatizar as 
atividades, surgindo assim os Conselhos de Classe e os Códigos de Ética das 
profissões, como espécies de receituários nos quais estão balizados os 
parâmetros morais de cada profissão. 
Simões (2012) esclarece que essa moral coletiva que rege uma profissão 
não parte dos interesses do grupo profissional, mas sim das aspirações que a 
sociedade em geral tem em relação àquela profissão. Os profissionais, por sua 
vez, se confrontam com essas aspirações e passam a refletir sobre os valores 
morais que orientam sua ação, começam a apreender o que a sociedade espera 
dela e a refletir sobre isso enquanto grupo, seja em congressos, seminários ou 
 
 
14 
entidades de classe e passam a sistematizar padrões esperados de ação diante 
do compromisso social da categoria. Nesse sentido, passa-se de uma moral 
posta no plano mais informal para a construção de um código de normas morais 
que expressa a identidade ou o “espírito de uma profissão” (Simões, 2012, p. 
84). Assim, a ética profissional é, portanto, a capacidade crítica de agir diante e 
dentro dessas normas morais construídas no coletivo da profissão. Isso posto, é 
importante ressaltar que a ética profissional não ocorre em relação ao Código de 
Ética, mas provém da relação do profissional com os usuários, com outros 
profissionais, com seu empregador, entre outros. O Código é apenas o 
instrumento que rege tais relações. Futuramente, trabalharemos exclusivamente 
o “espírito da profissão” dos assistentes sociais e o ethos que direciona a ação 
ética dos assistentes sociais. 
NA PRÁTICA 
Você já ouviu falar da história de Amala e Kamala? 
Elas eram duas irmãs que foram encontradas em 1920, na Índia. Ambas 
viviam e eram cuidadas por uma família de lobos. Amala tinha um ano e meio e 
morreu um ano mais tarde. Kamala tinha oito anos e viveu até 1929. As irmãs 
não ficavam em pé, alimentavam-se de carne crua ou podre, lambiam os 
líquidos, passavam o dia à sombra, eram ativas à noite, nãofalavam e uivavam 
como lobos. Kamala demorou seis anos para andar e, antes de morrer, tinha um 
vocabulário de 50 palavras. Essa história foi registrada por um padre indiano, 
que lançou um livro sobre as irmãs em 1935. Apesar disso, não se tem certeza 
de que a história de Amala e Kamala seja integralmente verdadeira. 
Saiba mais 
Leia mais sobre esse assunto no link disposto a seguir. Disponível em: 
<https://psiconlinews.com/2013/06/amala-e-kamala-as-meninas-lobo.html>. 
Acesso em: 19 maio 2021. 
Pensando na origem da moral que orienta nossas ações e estabelece os 
valores positivos e negativos para a vida em sociedade, que paralelo podemos 
fazer com a história de Amala e Kamala? 
 
 
15 
FINALIZANDO 
Nesta aula, de início fizemos alguns alinhamentos conceituais, 
especialmente sobre o que é o senso moral e a consciência moral, sendo o 
primeiro o conjunto dos valores que orientam a nossa ação e a segunda os 
sentimentos que tais valores nos causam quando nos deparamos com 
determinadas situações. Vimos, ainda, o que é juízo de fato e juízo de valor, e 
que o juízo de valor são as nossas opiniões e formas de pensar sobre os 
acontecimentos, pautados em nosso senso moral. Para além do juízo de valor, 
temos ainda o juízo ético de valor, que tem caráter normativo, no sentido de que 
estabelece o dever ser das coisas, ou seja, como as coisas devem ser com base 
na moral vigente, implicando como nós devemos atuar para agir de forma ética. 
Outro ponto central nesta aula e que é mister ter sido compreendido é 
que, apesar de, no senso comum, ética e moral serem tratadas como sinônimos, 
do ponto de vista teórico e até mesmo prático, são duas coisas diferentes, ainda 
que absolutamente perpassadas entre si. A moral se refere ao sistema ou 
conjunto de valores que orientam a nossa ação. Esse conjunto de valores, de 
acordo com os fundamentos teóricos que orientam o Serviço Social, são frutos 
da construção social e aprendidos por nós por meio da cultura. No tempo que o 
ser humano aprende os valores por meio da cultura e faz dele normas, esse 
mesmo ser humano também cria ou modifica valores dentro da sociedade. Já a 
ética refere-se à postura nossa em relação a tais valores e à nossa capacidade 
de refletir e agir pautados por esse sistema que nos orienta. Isso posto, a ética 
somente ocorre no campo das relações sociais, na nossa relação com os outros 
seres humanos e na nossa relação com o mundo. Observemos que praticamente 
todas as matrizes teóricas que trabalham com a questão da ética convergem 
para o fato de que a ética existe para conter a violência. 
Foram apresentados também alguns autores que são considerados 
essenciais no debate sobre ética, que nos mostraram que moral e ética foram 
concebidas de diferentes formas em cada momento histórico, assim como 
podemos afirmar até aqui que a moral e a ética são contextuais e mudam de 
acordo com cenário social, histórico, geográfico, religioso, entre outros. Ou seja, 
não há uma ética e uma moral estanque, mas várias éticas e várias morais. 
Por fim, passamos do plano da moral e da ética filosóficas para a ética 
nas profissões, mostrando que as chamadas profissões liberais gozam de 
 
 
16 
autonomia para a escolha dos seus instrumentais técnicos e formas de 
intervenção e que os limites a essa ação são impostos por força de regulamentos 
escritos, os Códigos de Ética, que prescrevem condutas socialmente positivas e 
aceitas para os profissionais, as quais são balizadas pelo ethos, ou seja, pelo 
modo de ser e pelos costumes e valores morais hegemônicos de cada profissão. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
BARROCO, M. L. S. Bases filosóficas para uma reflexão sobre ética e serviço 
social. In: BONETTI, D. A.; VINAGRE, M.; SALES, M. A.; GONELLI, V. M. M. 
(Org.). Serviço social e ética: convite a uma nova práxis. 13 ed. São Paulo: 
Cortez, 2012. 
BERLIN, I. A originalidade de Maquiavel. In: MAQUIAVAEL, N. O Príncipe. São 
Paulo: Ediouro, 2002. 
CARDOSO, P. F. G. Ética e projetos profissionais: os diferentes caminhos do 
serviço social no Brasil. Campinas: Papel Social, 2013. 
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. 
NETTO, J. P. Crise, socialismo e democracia. In: BONETTI, D. A.; VINAGRE, M.; 
SALES, M. A.; GONELLI, V. M. M. (Org.). Serviço social e ética: convite a uma 
nova práxis. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 
SIMÕES, C. A ética nas profissões. In: BONETTI, D. A.; VINAGRE, M.; SALES, 
M. A.; GONELLI, V. M. M. (Org.). Serviço social e ética: convite a uma nova 
práxis. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

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