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LUTAS III

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Unidade III
7 LUTAS NO ESPORTE DE RENDIMENTO
Regularmente o ser humano busca sempre as melhores condições para se sentir bem. Desde a formação 
dos primeiros grupos humanos que ajudaram a enfrentar os problemas relacionados às condições de 
permanência dentre os habitantes deste mundo, impuseram-se caminhos de comportamento social que 
direcionaram a coletividade a estimular as melhores condições de preservar a vida e aprimorá-la.
Naturalmente todos os indivíduos são biologicamente diferentes e cada qual tem os próprios 
comandos instintivos que os inclinam a ser mais proativo, mais bem organizado, ser igualmente cuidado, 
ao mesmo tempo participativo, mais impetuoso etc.
Assim, criaram-se condições para se mostrarem diferenças pelas quais se podem aperfeiçoar 
quaisquer atividades humanas. Desse modo, surge espontaneamente a competição.
A competição é uma condição de, ao se colocar normas, procurar-se provar que se pode ser melhor, 
superar desafios e efetivamente estabelecer diferenças. Na mitologia grega existia um representante 
previdente chamado Agon, que se incumbia de empenhar os seres humanos para buscarem e demonstrarem 
aperfeiçoamento em tudo o que se fazia ou se produzia, por intermédio de contestações permanentes.
O desporto se apresenta como um aglomerado de atividades que direcionam disputas organizadas, 
sob regras bem definidas e apreciado por todas as civilizações, e sua culminância foi alcançada pelos 
históricos Jogos Olímpicos desde a Grécia Antiga. Os Jogos Olímpicos Gregos exigiam magnitude de 
seus participantes e as disputas eram extremamente árduas, com concorrentes cada vez mais bem 
preparados e, por isso, seus vencedores eram considerados semideuses e idolatrados pela população 
onde viviam. As Lutas eram parte integrante e importante dessas competições.
O esporte desde então se estabelece como significado de competição instituída para se alcançar 
os mais elevados parâmetros de medidas comparativas de eficiência e eficácia entre adversários, nas 
mais diversas arenas esportivas em distintas modalidades. Consequentemente, chega-se ao Esporte de 
Rendimento, que se codifica como sendo atividade que exige os mais altos resultados de desempenho e 
índices de qualidade cada vez mais incontestáveis.
O Esporte de Rendimento é aquele que aparelha o indivíduo para alcançar resultados de altíssimo 
nível nas competições esportivas, por intermédio da preparação técnica, física e psíquica. Ele extrai 
as habilidades máximas do atleta, cobrando a sua execução perfeita e o mais alto condicionamento 
corporal das capacidades motoras, bem como aflora a condição máxima de lidar com todas as pressões 
e dificuldades da competição. Seus resultados têm por objetivo superar quaisquer expectativas, sejam 
as próprias, sejam as proporcionadas por adversários.
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Considerando essas descrições, é vital que o atleta tenha total apoio e subsídios de equipes 
específicas, cuja função é dar condições para a sua devida preparação a fim de suportar as agruras 
dos treinamentos e tantas competições tão intensas. Assim, profissionais de Educação Física na 
preparação física condicionante, fisiologistas, biomecânicos, nutricionistas, médicos, psicólogos e 
fisioterapeutas são indivíduos fundamentalmente requisitados pelo Esporte de Rendimento para a 
preparação competitiva apropriada.
O Esporte de Rendimento é hoje uma atividade profissional muito divulgada e de ampla penetração, 
quase que unanimemente pelo mundo todo, nas mais diversas coletividades. Capacita muita gente na 
economia e se exprime como uma ocupação importante que alia sonhos e anseios com o envolvimento 
por interesses econômicos e políticos, seja de atletas, seus familiares, governantes, administradores 
e gente coligada diretamente às instituições esportivas. Além disso, ele espelha sociedades, promove 
divulgação turística, reforça atuação político-econômica, incentiva a prática desportiva e ainda é muito 
apreciado mundialmente.
Como já apresentado, as Modalidades de Esporte de Combates se inseriram no meio do desporto, e as 
Lutas e Artes Marciais foram regulamentadas por regras, dirigidas por instituições privativas ou estatais 
nos contextos regionais, federais e internacionais. São muito admiradas pela sua plasticidade visual e 
pelo encantamento do poder alcançado pelo atleta Lutando com seu oponente. São praticadas e muita 
gente deseja ser atleta de Modalidades de Esporte de Combate por se identificar com a capacidade de 
realização corporal, tanto quanto pela provação do mito, do ser herói.
Tais modalidades de alto rendimento esportivo participam de modo amplo e efetivo no consciente 
esportivo mundial, pois fazem parte de parcela relevante das competições olímpicas. Judô, Karatê, Luta 
Greco-romana, Wrestling, Boxe, Tae kwon do e Esgrima são disputadas nos Jogos Olímpicos.
Apesar de se estar adicionando mais modalidades de aventura e consideradas mais jovens nos Jogos 
Olímpicos, aquelas de Esporte de Combate atraem públicos imensos e são acompanhadas pela mídia 
com muita atenção, pois distribuem uma quantidade de medalhas considerável para a colocação do País 
no quadro geral de vencedores. O MMA é uma competição que alicia presença maciça de admiradores 
nas competições com grande transmissão pela mídia televisiva. Os campeonatos mais importantes de 
Sumô, Muay Thai, Schwingen, Bayiridax Mongol, Kurashi, Sambo e Sanshou são muito populares e 
seduzem grandes audiências, mais regionais, é verdade, mas com uma participação que gera grandes 
volumes econômicos, distribuem empregos e ampliam mercados de trabalho, fomentam investimentos 
e geram oportunidades de negócios.
As Modalidades de Esporte de Combate são disputas empolgantes, as quais levam o espectador a 
torcer com muito entusiasmo. Elas parecem atrair grandes plateias, primeiramente por causa de sua 
característica de ter ações inesperadas, e também porque as técnicas complexas são consideradas 
excepcionais e realizadas com maestria em condições muito difíceis de oposição dinâmica.
Considera-se que o Esporte de Rendimento requisita muita dedicação e comprometimento do atleta, 
juntamente com o empenho de equipes multidisciplinares para se obterem resultados efetivos e de alto 
nível nas competições de Modalidades de Esporte de Combate. Portanto, faz-se importante discorrer sobre 
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a metodologia científica associada ao preparo do profissional de Educação Física. Consequentemente, 
tal profissional necessita poder fundamentar e construir bases sólidas de entendimento de como se 
deve atuar na preparação física de atletas de Modalidades de Esporte de Combate e ao mesmo tempo 
poder interatuar com os profissionais complementares da saúde que farão parte dos preparativos e 
planejamentos do treinamento junto à equipe multidisciplinar.
7.1 O estudo da Biomecânica nas Modalidades de Esporte de Combate
A Biomecânica é uma ciência que estuda a atuação dos elementos anatômicos humanos para a 
concisa realização motriz, ou seja, como os sistemas corporais animados agem em determinado 
momento por meio da relação com os comandos sistematizados pelo Sistema Nervoso Central (SNC).
Antes de partir-se para as aplicações dessa ciência, é importante colocar alguns fundamentos 
muito significantes para a compreensão dos dizeres biomecânicos. Veja-se então a descrição dos planos 
anatômicos humanos de referência: o sagital, o transversal e o frontal.
O plano sagital representa a divisãocorporal imaginária do indivíduo, resultando na formação de 
dois lados verticais: direito e esquerdo.
Quando se idealiza a separação anatômica em duas superfícies, a superior e a inferior, implica a 
designação do plano transversal.
Por fim, por meio do plano frontal, delineiam-se e se destacam duas faces corporais: anterior (frente) 
e posterior (detrás).
Para cada plano, sempre estará conectado um eixo de união, e assim se estabelecem movimentos 
específicos que ajudam a compreender como funcionam os músculos e suas manifestações anatômicas, 
as quais auxiliam na compreensão dos gestos técnicos e permitem estudar e direcionar as melhores 
execuções motrizes.
No plano sagital, a linha de união mecânica imaginária é conseguida pelo eixo laterolateral, por 
meio do qual se realizam os possíveis movimentos de flexão e extensão dos ombros, do cotovelo, do 
quadril, dos tornozelos, dos joelhos, dos punhos e da coluna vertebral.
Considerando o plano frontal, o eixo que se idealiza de ligação mecânica é o anteroposterior e aí 
se podem admitir os movimentos de adução e abdução dos ombros, do quadril, dos cotovelos e dos 
joelhos (com pouca ampliação). Ainda nele, a coluna executa flexão lateral e os tornozelos realizam 
a inversão e a eversão.
Por sua vez, no plano transversal, encontramos o acoplamento ilusório por meio do eixo longitudinal 
dando condições para que se calcule que os joelhos, o quadril, os ombros e a coluna efetuem rotações 
mediais e laterais, os tornozelos façam adução e abdução, os cotovelos realizem pronação e supinação, 
e, por fim, os ombros também executem adução e abdução horizontais.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
O movimento de circundução formando uma linha cônica imaginária na qual combina flexão, 
extensão, abdução e adução pode ser feito com dedos, punhos, ombros e quadril.
Essas designações são extremamente importantes para se entender e se orientar os estudos dos 
gestos técnicos das Modalidades de Esporte de Combate e nas respectivas programações de execução 
técnica mais apurada e que corresponda aos melhores resultados de desempenho, com economia de 
energia e eficiência mecânica.
 Lembrete
Planos de referência biomecânica são planos de orientação para 
designar corretamente em quais direções são realizadas as ações 
mecânicas corporais.
 Observação
Eixos anatômicos são linhas imaginárias que permitem reconhecer como 
as possíveis ações mecânicas musculoarticulares podem ser efetuadas.
Veja a figura a seguir que representa os planos de referência anatômicos.
Plan
o sa
gita
l
Plano transversal
Plano fronta
l
Figura 74 – Planos de referência anatômicos
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Partindo-se dos conhecimentos da Física, a Biomecânica se propõe a estudar e analisar o movimento 
humano. Verifica-se se há ou não movimentos, quais deslocamentos ocorreram a partir dos estímulos 
enviados pelo SNC e as forças que surgiram para a concretização das ações necessárias ou desejadas a 
fim de se alcançar respostas técnicas apropriadas.
Lembra-se que os estudos das Modalidades de Esporte de Combate exigem a compreensão das tarefas 
motoras e dos gestos técnicos específicos, sua classificação correspondente ao princípio de domínio, seu 
contexto particular de regras, indumentária e a competitividade solicitada. Desde o aprendizado de 
gestos técnicos, depois nas simulações de combates e efetivamente nas competições, nas quais ocorrem 
as mais diversas oportunidades de se observar condições extraordinárias de combinações das tarefas 
motoras e estratégias, resolução de problemas instantâneos e capacidade de tomada de decisão, pode-
se pesquisar sobre os movimentos corporais.
 Lembrete
Gestos técnicos ou fundamentos são as habilidades motoras combinadas 
e específicas da modalidade.
Tarefa motora é a associação de habilidades específicas da modalidade.
A Biomecânica se utiliza das grandezas mecânicas para verificar como as ações das forças impostas 
na realização de gestos técnicos para a condução de tarefas motoras complexas acontecem sobre o 
funcionamento dos sistemas ósseos e musculoarticulares.
As análises da estática indicam se um sistema está em movimento constante e as verificações 
obtidas da dinâmica invocam as ações em que se checa a aceleração do movimento. Além disso, 
usa-se a cinemática, área do conhecimento que serve para se delinear o movimento, conferindo também 
o padrão de execução e as velocidades dos segmentos corporais e a cinética, ciência que pesquisa sobre 
as forças que se agregam ao movimento.
A primeira consideração que se faz é a de que a conjugação das tarefas motoras nas Modalidades 
de Esporte de Combate é realizada de modo multiplanar. Os segmentos corporais devem se posicionar 
para a manutenção do equilíbrio dinâmico e a mistura de sequências anatômicas a fim de se efetuar 
determinada ação, resultando em colocações de segmentos corporais em vários planos ao mesmo 
tempo. No entanto, o que se pode fazer para ajudar na busca da eficácia de um movimento de combate 
é desagregá-lo e estudá-lo separadamente do conjunto da obra. Por exemplo, sabe-se que alguns socos 
são formados por uma somatória articular multiplanar que ajunta as rotações do tornozelo, quadril, 
extensão da cintura escapular, do cotovelo e da rotação do punho. Contudo, podem-se decompor essas 
ações e pesquisar em qual delas se consegue melhorar a eficiência motriz, qual movimento pode ser 
corrigido e em qual linha de ação deve ser executado.
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7.1.1 Os deslocamentos nas Modalidades de Esporte de Combate
Todas as Modalidades de Esporte de Combate, de natureza aberta ou fechada, constituem 
deslocamentos e alterações espaciais dos segmentos corporais, isto é, ações de locomoção por força 
das necessidades de adaptar o equilíbrio na duração do tempo de confronto e para executar as ações 
necessárias para vencer o combate.
As Lutas de agarre, por haver confronto muito próximo entre os Lutadores, como Judô, Wrestling, 
Jiu-Jitsu e Luta Greco-romana, apresentam características de deslocamentos muito distintos, com 
mudanças muito velozes. Desde o início das pegadas, quando existe a aproximação com passos mais 
lineares entre os combatentes e, em seguida, vai-se passando para marchas de ajustes laterais. Por fim, 
devido às estratégias de arremessos e projeções, os atletas, ao tentar impor seu domínio corporal, exercem 
movimentos que se alternam com formações parecidas com arcos, pois as tentativas de aplicação das 
forças de desequilíbrio e manutenção da própria estabilização parecem forçar arrastos semicirculares.
Na Esgrima, duelo confrontado com armas, há restrição da área de Luta, pois se realiza o combate em 
uma passarela relativamente estreita. Por isso, os deslocamentos são mais alinhados de modo retilíneo, 
com locomoção no plano sagital e trocas constantes de sentido, sendo que os esgrimistas se movem 
para frente e para trás muito rapidamente. O Kendô, também disputado com armas, e pelas exigências 
das regras, impele os Lutadores a realizarem deslocamentos mais ordenados em linhas retas, com alguns 
poucos passos laterais durante a disputa.
Lutas com princípio de domínio baseado nos toques são muito dinâmicas e exigem movimentação 
em várias direções, iniciando em geral por movimentos retilíneos de aproximação para efetuar os 
ataques e retrações defensivas de contra-ataques, como no Tae kwon do e no Karatê. Adicionalmente, 
há grande quantidade de movimentaçõescirculares no Boxe e no Muay Thai devido às características de 
esquivas preconizadas pelos combatentes.
O Tai chi chuan provoca movimentos corporais específicos que parecem sempre executar 
deslocamentos de formatos esféricos combinados entre membros inferiores e superiores.
Os deslocamentos corporais exigem movimentos coordenados de modo sequencial e por meio 
de sinergia musculoarticular. Assim sendo, pesquisam-se os ângulos de ocorrência que provocam os 
melhores efeitos resultantes. Os ângulos formados entre segmentos corporais são chamados de relativos 
e aqueles que se referem entre o segmento corporal e o solo são chamados de absolutos. Pode-se verificar 
que na Capoeira move-se o corpo com muitas piruetas e rodopios para a aproximação e os afastamentos 
bastante ligeiros, acelera-se o movimento para acometer e refrear a execução de seus golpes, com muita 
variação angular nas investidas sobre o adversário. Necessita-se de grande competência motriz para se 
atacar, formam-se diversos ângulos relativos e absolutos entre os membros superiores, os inferiores e o 
tronco. Todos esses ângulos devem ser os mais precisos possíveis para facilitar os ataques, permitir as 
rápidas esquivas e possibilitar a manutenção do equilíbrio dinâmico.
No Karatê, os movimentos dos socos, assim como no Boxe, no Muay Thai e no MMA, são estudados 
de tal maneira que se possa compreender qual é o melhor ângulo de execução para se atingir a máxima 
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potência resultante do golpe. Os ângulos absolutos entre os membros inferiores e o solo devem permitir 
que as rotações corporais articulares, envolvidas no movimento e sendo necessárias para a execução dos 
socos, sejam realizadas com a maior precisão e velocidade possíveis.
Estratégias de combate podem exigir que se mantenham membros superiores mais estáticos, 
como nas Lutas de Judô, Wrestling, Jiu-Jitsu e Luta Greco-romana, sempre que se consegue 
estabelecer uma pegada que permita táticas de defesa e de ataques mais estáveis e de acordo com 
as características do Lutador.
Combates de Boxe preconizados por profissionais imprimem ações dinâmicas tais que se aceleram 
e desaceleram os movimentos associados aos deslocamentos com a aplicação dos golpes, como os 
realizados pelo famoso Boxeador Muhammad Ali. Também se podem observar ataques sequenciais de 
socos em série e com grande agilidade e eficiência como os protagonizados por outros pugilistas, como 
o brasileiro Éder Jofre e os americanos Mike Tyson e Floyd Mayweather, de tal monta que o adversário 
precisaria ter grande capacidade de esquiva e absorção dos potentes golpes.
Sugere-se que se observem os filmes recomendados a seguir e sejam analisadas as velocidades de 
aplicação dos golpes com os membros superiores e a relação com a movimentação dos membros inferiores.
 Saiba mais
Para se analisar as velocidades de aplicação dos golpes com os membros 
superiores e a relação com a movimentação dos membros inferiores, assista:
ÉDER JOFRE: o grande campeão. Dir. Beto Duarte, 2004. 80 minutos.
No Sumô se pode verificar que os Lutadores se aproximam rapidamente, em geral, seguindo uma 
linha reta de enfrentamento e, a partir do momento em que efetuam a pegada, fazem rotações do 
corpo, rodando dinamicamente como se estivessem toureando junto com o adversário, a fim de evitarem 
serem arremessados e transportados para fora do ringue.
Os chutes executados nos combates de Tae kwon do são extremamente velozes, certos Lutadores 
conseguem fazer sequências de chutes muito acelerados, mantendo a perna elevada durante a realização 
da série, provocando dificuldades de se sair do raio de ação desses golpes.
Percebe-se que o estudo dos deslocamentos dos golpes e fundamentos técnicos, seus ângulos de 
atuação e suas velocidades de execução nas Modalidades de Esporte de Combate trazem subsídios 
extremamente relevantes para produzir ações táticas e determinar quais características de Luta se 
adequam aos Lutadores e às regras e, principalmente, para se buscar a vitória.
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7.1.2 Capacidades motoras condicionantes e suas consequências
O estudo das características próprias de cada Modalidade de Esportes de Combate permite 
estabelecer quais parâmetros de força e outras capacidades motoras condicionantes serão necessárias 
para se preparar ao máximo o atleta a fim de se tentar alcançar o sucesso nas competições esportivas. 
Por essa razão vão-se apresentar as forças de atuação e as forças resultantes que são mais comumente 
examinadas de modo biomecânico nas Modalidades de Esportes de Combate.
7.1.2.1 Forças atuantes
O fato indiscutível é que existem capacidades condicionantes importantíssimas para se atingir as 
melhores condições de realização de tarefas motoras, sejam elas abertas, sejam fechadas. Consideram-
se capacidades motoras condicionantes: a força, a resistência, a flexibilidade e a velocidade. A força, de 
qualquer maneira, é a principal, pois é componente vivo e presente quando se procura ampliar as outras 
capacidades físicas.
Considerando a mecânica física, a força é uma quantidade liberada de energia obtida pelo 
intercâmbio entre dois corpos. A manifestação da força pode ocorrer pela alteração do movimento de 
um dos corpos, por sua deformação ou de ambos, sempre que a força causada por um dos corpos se 
sobrepõe à capacidade do outro de suportar a energia recebida (ZATSIORSKY, 1999).
Para os estudos biomecânicos desta publicação, vai-se ater somente às forças externas, isto é, forças 
formalizadas entre um Lutador e onde são elas exercidas.
As forças maiores são obtidas genericamente pelo aumento do alargamento da área transversal da 
fibra muscular. Como a adição da massa muscular implica ganho de peso corporal e a maioria das Lutas 
é disputada por divisões de pesos, é importante se trabalhar concomitantemente com ganhos de força 
neural, ou central, que se relacionam com os estímulos apropriados para recrutar mais unidades motoras 
e, em especial, os grandes motoneurônios, responsáveis por gerar maiores forças. Sua denominação é 
força de coordenação neuromuscular.
Modalidades de Esporte de Combate clamam por forças específicas, tais como: a) Força de resistência, 
como as encontradas nas ações de pegadas, as quais necessitam serem mantidas por tempos consideráveis 
no Judô, Jiu-Jitsu, Wrestling, Luta Greco-romana, Kurashi, Luta Suíça, Glima etc. Elas são estáticas ou 
de manutenção de determinada posição ou ação ou ainda sinérgicas a movimentos que necessitam de 
grupo muscular demarcado, mantendo-se com estabilidade muscular relevante, e ações isométricas 
concêntricas lentas; b) Potência, que é a força atuante de ótima relação com a maior velocidade de 
execução. Trata-se do produto da força aplicada pela velocidade (P = F. V). Nas modalidades como Boxe, 
Muay Thai, Tae kwon do, Karatê de contato, Sanshou/Sanda e outras, com princípio de domínio do toque, 
em que o alvo precisa ser acertado com rapidez e força para gerar pontuação ou nocaute, o Lutador deve 
obrigatoriamente receber orientação para acréscimo da capacidade de potência. A potência em geral 
envolve forças dinâmicas com contração muscular bastante rápida; c) Força relativa, que e a construção 
da força em consideração ao peso corporal do Lutador, sendo importante nas Modalidades de Esporte 
de Combate, pois atletas que conseguem obter maiores forças relativas geralmente não passam por 
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privações a fim de controlar o seu peso para se enquadrarnas categorias de peso e Lutam em melhores 
condições; d) Força máxima, a qual designa a força absoluta do indivíduo, não considerando seu peso 
corporal. Serve para designar os treinamentos específicos para incremento da força.
Treinos de força exercitam os músculos e devem ser apropriadamente prescritos aos Lutadores, pois 
segundo nos lembra Zatsiorsky (1999, p. 117), “treinos específicos de força não treinam o movimento”. 
Depois, tem-se que atentar para o fato de que as Modalidades de Esportes de Combate se utilizam de 
combinações de ações específicas que geram golpes com execução complexa.
Salientamos aqui o conceito de graus de liberdade. Ele, sugerido por Bernstein (1967), indica que há 
uma regulação dos movimentos a serem efetuados de acordo com a coordenação motora articular e os 
segmentos articulares.
O referido conceito (BERNSTEIN, 1967; KELSO, 1995) abrange a concepção de que as articulações 
afetam a ação muscular dos segmentos corporais pela própria limitação do alcance de atuação máxima 
possível e de acordo com as forças de resistência envolvidas no movimento. Assim, é notável que nas 
categorias de ação das Modalidades de Esporte de Combates se encontrem diversos graus de liberdade 
agindo, concomitantemente, na construção das mais distintas técnicas de combates. Várias forças são 
combinadas de modo sinérgico e sequencial.
 Saiba mais
Para mais informações acerca da ciência por trás dos golpes, assista :
SAM: SEGREDOS das artes marciais. Dir. John Brenkus, 2003. 100 minutos.
Exemplo de aplicação
Faça uma relação entre as principais forças atuantes que ocorrem nas Modalidades de Esporte de 
Combate com princípio de domínio de agarre, toque com e sem armas e varreduras.
Um dos exemplos mais expressivos na utilização de diversos graus de liberdade com uso de 
uma combinação complexa de movimentos é quando um indivíduo realiza as movimentações com 
o nunchaku, bastões articulados japoneses de Defesa Pessoal, que exigem bastante sincronismo e 
concentração. Ademais, ao lidar com implementos de Defesa Pessoal, ressalta-se a participação efetiva 
de ritmo, velocidade de reação, esquema corporal, lateralidade, ambidesteridade, equilíbrio de energia e 
coordenação motora com alto nível de perícia. As forças envolvidas devem ser cuidadosamente dirigidas 
para que se obtenha a eficiência desejada. A ação motora que se sobressae nos gestos técnicos da 
execução dessa arma é a verificação das condições de movimentos multiarticulares e multiplanares.
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Observe a figura do praticante de nunchaku a seguir:
Figura 75 – Nunchaku multiplanar e multiarticular
Os treinos de força devem ser conduzidos para se obter coordenação intermuscular, ou seja, 
o treinamento de força precisa ser realizado por meio de ações multiarticulares, comparadas aos 
movimentos executados nas disputas competitivas das Modalidades de Esporte de Combate.
A velocidade é uma capacidade muscular condicionada pela execução muscular com a mais rápida 
e máxima celeridade, mantendo um mínimo de força tônica que permita suportar a ação e, ao mesmo 
tempo, alcançar o objetivo determinado no mais curto espaço de tempo possível. A velocidade é dada 
pelo espaço percorrido dividido pelo tempo de execução (da Física temos V = S/T, onde V = velocidade, 
S = distância percorrida e T = tempo). Modalidades de Esporte de Combate, com princípio de domínio do 
toque, que não exigem colocar o adversário em nocaute, como o Karatê olímpico, a Esgrima e o Kendô, 
parecem recrutar mais fibras musculares rápidas e o exercício da velocidade para se atingir sucesso em 
sua realização. Algumas demonstrações de kata, kati e poomse baseiam-se mais em velocidade efetiva 
que em potência. Deve-se salientar que o treinamento de velocidade deve considerar prioritariamente 
ganho de força na região desejada, mas sempre em combinação intermuscular.
A flexibilidade é uma ação condicionante muito importante ao sistema muscular. Ela é o alcance 
máximo obtido por uma articulação e permite que a amplitude de movimento possa ser usada em sua 
totalidade quando requisitada. Atletas de Tae kwon do necessitam de grande flexibilidade no quadril, 
para elevação das pernas e possibilidade de chutes, Lutadores de Kendô e de Esgrima precisam de 
flexibilidade nos punhos, cotovelos e ombros para exercerem movimentos com a máxima magnitude 
articular. Atletas de Lutas de agarre com muito contato corporal não treinam especificamente a 
flexibilidade, apesar de que nas Lutas que ocorrem no solo, no Judô, no Jiu-Jitsu e no Wrestling, por 
exemplo, solicita-se determinada flexibilidade no tronco, na cervical e um pouco nos quadris.
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O treinamento de flexibilidade parece prevenir o aparecimento de lesões musculares, portanto os 
Lutadores devem se preocupar em incluir essa capacidade física condicionante a ser trabalhada.
Com as preocupações de se treinar as capacidades de força para o êxito competitivo, vamos destacar 
a partir de agora os resultados das aplicações dessas forças, por meio dos gestos técnicos mais comuns 
das Modalidades de Esporte de Combate.
7.1.2.2 Forças de reação resultantes/biomecânicas
As forças de reação resultantes são consequências que se apresentam pela efetivação derradeira de 
determinada força de um corpo sobre outro. Quaisquer forças atuantes nas Modalidades de Esporte de 
Combate de natureza aberta vão gerar impacto.
O impacto é uma grandeza física que indica a condição de colisão que ocorre entre dois 
corpos, em um período de tempo em geral curto, como os milésimos de segundos, por exemplo, 
na cotovelada executada no Muay Thai. Por sua vez, pode haver ações de constrição arterial com 
impactos corporais de alguns segundos, como nos estrangulamentos do Judô e Jiu-Jitsu. Outro 
exemplo de impacto é o do corpo de um Lutador arremessado ao solo; o produto de sua massa 
pela aceleração imposta pela projeção associada à aceleração da gravidade pode gerar grande 
choque em seus órgãos internos.
Nas Modalidades de Esporte de Combate, pode haver alteração momentânea nos tecidos 
corporais, os quais sofreram impactos substanciais. A capacidade de recuperação e de suportar 
esses impactos depende da natureza do impacto, por exemplo, a potência produzida pelo ataque, 
o local onde foi efetuado e a condição do atleta em recepcionar a força despendida. Além disso, os 
esportistas devem estar preparados para agirem por meio de habilidades específicas adequadas a 
fim de suportar os impactos para minimizar suas consequências. O Lutador de Judô ou de Wrestling 
que faz a queda controlada após ter sido projetado ao solo minimiza os choques sobre os seus 
órgãos internos; o combatente que consegue girar a cabeça acompanhando a direção de um soco 
recebido nessa região minimiza a colisão, permitindo que a força de impacto se reduza, pois o 
ataque perde energia devido à fluidez do movimento. Mais um exemplo: Lutadores que conseguem, 
pela expiração, concentrar a força sobre os músculos do abdome para absorver um chute nesse 
local, também demonstram grande habilidade associada à extrema capacidade física para aguentar 
e resistir a impactos.
Várias reações físicas resultantes, provindas de impactos mecânicos, comumente encontradas nas 
Modalidades de Esporte de Combate, produzem grandezas específicas, tais como: pressão ou compressão, 
torção, perfuração, dilaceração e estiramentos.
A seguir vai-se descrever como se sucedem nas Modalidades de Esporte de Combate essas 
resultantes dos impactos gerados pelas forças atuantes: a) Pressão ou compressão – ocorrem por 
meio de apertos, estrangulamentos,pegadas corporais, constrição muscular ou arterial, lançamentos 
de um corpo sobre o solo. A pressão é representada pela fórmula P = F/A, onde P = pressão, F = força 
e A = área, assim, quanto maior a força e menor a área de contato, mais se exerce pressão sobre 
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determinada região do corpo; b) Torção ou restrição – resultante verificada nas aplicações de restrições 
articulares, como “chaves” de braço, de tornozelo, joelhos, ombros, punhos etc.; c) Deformação/
contusão – consequência de pancadas que são causadas por choques traumáticos como socos, 
chutes, joelhadas, cabeçadas e cotoveladas; d) Perfuração – consequência de percussões causadas por 
implementos pontiagudos, como facas, espadas, sabres e floretes. Atualmente, nas Modalidades de 
Esporte de Combate, a Esgrima seria a responsável maior por aplicações de forças que resultariam em 
impactos que seriam causas de perfurações, mas as regras do esporte exigem que os implementos não 
causem esse traumatismo fatal, bem como se usem uniformes extremamente bem confeccionados 
para proteção dos combatentes; e) Dilaceração – o Kendô é uma das Modalidades de Esporte de 
Combate que trariam os traumas relacionados a rasgar, arrancar e partir pedaços corporais, por meio 
dos golpes impactantes que são direcionados para cortar o oponente, mas atualmente as armas são 
confeccionadas com bambu e as armaduras são muito específicas para se evitar quaisquer danos 
corporais; f) Estiramento – decorre da tração exercida sobre a articulação, podendo provocar seu 
deslocamento por meio das puxadas sobre tendões e ligamentos e músculos. Existe um tensionamento 
específico sobre o músculo. Essa resultante não é rara de acontecer em Modalidades de Esporte de 
Combate, e pode se dar por meio de golpes específicos do Jiu-Jitsu e também nas ações de Defesa 
Pessoal, como no Krav Maga e no Aikido.
Obviamente, ao se exercer uma força atuante ou ao se sofrer as suas consequências, há alteração 
na estabilidade corporal dinâmica, por isso vamos destacar a importância do equilíbrio nos estudos 
biomecânicos nas Modalidades de Esporte de Combate.
7.1.3 Equilíbrio nas Modalidades de Esporte de Combate
Naturalmente o equilíbrio provém da capacidade de se exercer força contrária à gravidade. Ou seja, 
trata-se da qualidade de se poder manter a permanência corporal.
Caso não haja movimento, a manutenção de estabilidade é chamada de equilíbrio estático. Por sua 
vez, ao se enfrentar desafios de deslocamentos corporais, em especial os de locomoção, provocam-
se desestabilizações contínuas e são necessárias forças de atuação de compensação, nesse caso a 
conservação continuada é chamada de equilíbrio dinâmico.
Um conceito importante é a colocação de centro de gravidade corporal, pois nas análises 
biomecânicas o peso (P) corporal, que é uma força composta de produto da massa (m) corporal e da 
aceleração da gravidade (G) (P = m. G), parece se comportar de modo único concentrado nessa região. 
O centro de gravidade anatômico é o núcleo corporal no qual o peso está medianamente ponderado 
em todas as direções.
É muito importante para a estabilidade corporal que a linha longitudinal que passa pelo centro de 
gravidade esteja sempre dentro da base de sustentação. Dessa maneira se mantém o equilíbrio.
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Unidade III
Figura 76 – Sumotoris afastam os pés para aumentar a área da base de sustentação e abaixam o quadril aproximando o centro de 
gravidade da base de sustentação para dificultar a tentativa de desequilíbrio imposta pelo rival
Nas Modalidades de Esporte de Combate, como já mencionado, o principal objetivo é manter-se em 
equilíbrio e tirar o do oponente. Na maioria daquelas que se configuram pelo princípio de domínio do 
agarre, os Lutadores procuram aumentar a área de sustentação, afastando as superfícies de apoio para 
evitar serem deslocados corporalmente e dificultar as execuções dos torques consignados nos golpes de 
projeção e arremessos. Os deslocamentos podem ser efetuados em várias direções e os atletas precisam 
compensar dinamicamente com forças contrárias as que lhe são impostas.
Já nas modalidades que preconizam os toques, a tentativa é provocar considerável dano, com a 
retirada do equilíbrio por não haver condições de sustentar o corpo. A resultante da força aplicada 
exerce um trauma que impede o funcionamento natural da tonicidade que mantém o equilíbrio e ao 
mesmo tempo bloqueia a sua reação.
A execução das forças atuantes para obter o sucesso nas competições das Modalidades de Esporte 
de Combate deve-se ao momento de força, ou mais basicamente conhecido como efeito rotatório da 
força, ou definido como torque.
7.1.4 Torque e alavancas nas Modalidades de Esporte de Combate
O torque é formado pela aplicação de uma força considerando-se uma distância perpendicular da 
linha de ação de força ao eixo de rotação onde está sendo aplicada (HALL, 2000).
Os torques são as resultantes de forças que movimentam os segmentos corporais humanos, é o 
equivalente de uma força linearmente aplicada para obtenção de uma ação angular. Por meio da tensão 
exercida pelo músculo, os ossos se movem tendo como eixo de rotação as articulações pertinentes ao 
movimento. Os torques proporcionam a realização de ações mecânicas corporais que visam comandar os 
próprios segmentos corporais para se chegar até o oponente com intuito de atingir, derrubar, submeter 
e vencer a disputa. Nas Modalidades de Esporte de Combate, o alvo é o adversário.
Portanto, deve-se de modo dinâmico e eficiente realizar os gestos técnicos com a combinação de 
torques precisos, harmônicos e com a melhor relação no gasto energético e competência mecânica. 
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Veja na figura a seguir a realização do torque produzido pelo atleta que está chutando o adversário em 
uma competição de Karatê. Há dois torques, o da perna e o do joelho. O alvo é o rosto do oponente e, 
caso tenha acertado e surtido efeito, apesar da resistência do corpo, a tendência é a sua deformação e 
o consequente giro na cabeça.
Figura 77 – Torque no chute do Karatê
Na próxima figura se verifica um torque efetivo para obter pontuação na disputa de Wrestling. A 
aplicação da força potente de rotação se realiza por meio do abraço nas pernas e pés, resultando em 
força angular, considerando-se que o eixo de giro é localizado no quadril do atacante e o adversário tem 
o seu peso como sua força resistente localizada no seu centro de gravidade. A tendência do golpe que 
será apresentado é que o defensor seja virado para trás e caia de costas. Em geral, nas Modalidades de 
Esporte de Combate com princípio de domínio do agarre, os Lutadores procuram preparar deslocamentos 
que proporcionem o maior desequilíbrio possível e retirem o centro de gravidade do oponente da sua 
base de sustentação. Desse modo, conseguem aplicar com maior eficácia as forças de potência essenciais 
para se produzir resultados definitivos de projeção, arremessamentos, lançamentos e domínio corporal, 
por meio de torques corporais sobre o adversário.
Figura 78 – Torque no Wrestling com giro corporal provocando rotação
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Unidade III
Percebe-se a importância das análises das aplicações das forças de atuação corporais para conquistar 
as vantagens que se traduzem em vitórias nas Modalidades Esportivas de Combate. Os estudos técnicospodem favorecer oportunidades de como se expandir ações técnicas em determinadas condições que 
acontecem nas disputas, que possam resultar em meios eficazes para se efetivar o domínio sobre o 
adversário, nas mais variadas posições corporais possíveis.
Exemplo de aplicação
Analise as figuras anteriores do Karatê e do Wrestling e reflita sobre quais planos de atuação principal 
ocorrem as ações de ataque.
 Observação
As tarefas motoras combinadas nas Modalidades de Esporte de Combate 
são realizadas de modo multiplanar, multiangular e em diversos graus 
de liberdade. Entretanto, pode-se analisar uma ação técnica específica 
também separadamente.
A aplicação de torques corporais leva ao entendimento da ocorrência de três pontos fundamentais 
no estudo biomecânico: forças resistentes ou resistência, força de aplicação ou força potente e eixo de 
rotação do movimento.
A força resistente se caracteriza pela resistência dos Lutadores em não querer sofrer acometimentos 
e serem dominados. O peso corporal e a resistência mecânica e funcional dos tecidos e órgãos corporais, 
mantendo sua operacionalidade, mesmo após sofrerem impactos tão elevados, são forças de oposição 
a serem vencidas e que se constituem nos objetivos principais para se retirar o equilíbrio do adversário.
A força potente é aquela de realização, a qual é empregada para se tentar alcançar êxito competitivo. 
É aplicada pelo atacante, tem como resultado um gesto técnico que busca obter pontuação, vantagem 
e a vitória.
Por fim, verifica-se que existe um eixo de apoio ou uma linha de partida para constituir um braço de 
deslocamento da força que executa a ação da força potente.
A combinação desses três aspectos mecânicos constitui uma alavanca. Trata-se de um princípio 
mecânico determinado pela lei da alavanca, que foi apresentado por Arquimedes no século III AEC. 
Esse preceito envolve dizer que uma alavanca é máquina para mover uma resistência, e baseia-se em 
uma haste apoiada em um suporte ou fulcro, a qual gira apoiada sobre esse apoio, que funciona como 
eixo de rotação. Considerando-se as articulações que são os eixos de rotação ou apoios, os ossos como 
hastes rígidas e os músculos como aplicadores de força, temos a formação de alavancas para todos os 
movimentos corporais humanos.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Veja na figura a seguir três classes de alavancas, as quais ocorrem sistematicamente na execução 
de fundamentos técnicos nas Modalidades Esportivas de Combate. A de primeira classe posiciona o 
eixo ou apoio entre a força potente e a força resistente, também chamada de alavanca interfixa. A de 
segunda classe é formalizada pela aplicação da força resistente ou resistência entre o apoio ou fulcro e 
a força potente. Por fim, temos a de terceira classe, que apresenta a força potente inserida entre o eixo 
de suporte e a força resistente.
F
Primeira classe
Segunda classe
Terceira classe
Alavanca interpotente
Alavanca inter-resistente
Alavanca interfixa
R
F
R
F
R
Figura 79 – Classes da alavancas e nomenclatura
 Observação
Verifica-se o tipo de alavanca sempre se observando a ação do atacante 
como produtor da força para mover o adversário, o qual é o responsável 
pela força de resistência.
Nas Modalidades de Esporte de Combate, dependendo da condição de enfrentamento, da localização 
e da posição corporal, executam-se as mais diferentes aplicações dessas alavancas, relativas a diversos 
gestos técnicos específicos de cada prática.
O atacante exerce a função de aplicador da força potente, a qual provém de determinada ação 
complexa combinada de segmentos corporais, fundamentada através de uma articulação principal para 
harmonizar o movimento; por fim, o adversário é o alvo resistente.
Acompanhe imagens com exemplos de análises de alavancas construídas na formatação dos gestos 
técnicos de algumas modalidades de combate.
A primeira apresentada é de uma restrição articular aplicada no cotovelo do adversário na Luta 
de Judô. O atacante executa uma alavanca interfixa, ou alavanca de primeira classe, pois se vê que 
a resistência está no braço do adversário, mas especificamente se tenta flexioná-lo por meio do seu 
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bíceps para se evitar a extensão da articulação. A força do atacante está em suas mãos, que prendem o 
punho do oponente e o puxam para o seu peito. Por fim, o eixo de rotação está entre a força potente e 
a resistente, sendo suportado pela região pélvica do atacante.
Figura 80 – Alavanca interfixa na Luta de solo no Judô
A seguir pode-se examinar a ação do atacante de Tae kwon do, dando um chute, considerado como 
uma alavanca interpotente, ou alavanca de terceira classe. O adversário é a força resistente e encontra-
se ao fim do ponto de execução. O quadril do atacante está posicionando, o eixo de rotação da perna 
e a força potente estão localizados no quadríceps femoral para poder estender o joelho e acertar o 
oponente, isto é, localizados entre o eixo da força resistente. Outros exemplos de alavancas interpotentes 
são os socos, as estocadas/perfuradas da Esgrima e as cuteladas no Karatê.
Figura 81 – Chute alavanca de terceira classe/interpotente
Para a alavanca de segunda classe, também conhecida como alavanca inter-resistente, tem-se 
que lembrar que a resistência se posiciona entre a aplicação de força potente e o eixo de rotação. 
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Os estrangulamentos e as várias projeções são configurados como alavancas inter-resistentes. Veja 
exemplos que mostram gestos técnicos das Modalidades de Esporte de Combates funcionando como a 
referida alavanca.
A primeira delas é um estrangulamento do tipo triângulo, muito usado no Judô, no Jiu-Jitsu, no 
MMA etc.
Figura 82 – Estrangulamento triângulo – alavanca de segunda classe/inter-resistente
Agora observaremos uma alavanca de segunda classe/inter-resistente, por meio da projeção efetuada 
na Luta Greco-romana. Nota-se que o opositor oferece peso ou resistência, que se encontra entre a 
força de aplicação localizada nos braços do atacante e o eixo de rotação que se encontra em seu quadril.
Figura 83 – Projeção Luta Greco-romana, alavanca inter-resistente
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Unidade III
Com a tecnologia de filmagens e o conhecimento da biomecânica do esporte, pode-se pesquisar 
com olhar científico e aprofundado detalhes e particularidades dos movimentos feitos pelos Lutadores 
e quais deles são mais eficazes, ou mesmo quais melhor se ajustam às realidades físicas e às solicitações 
biomecânicas da Modalidade de Esporte de Combate.
Além de examinar densamente todos os aspectos técnicos e as peculiaridades dos gestos de 
combate inerentes às modalidades nas quais for atuar, é essencial que o profissional de Educação Física 
esteja bem assentado em relação aos conceitos da Física e da Matemática, e aprofunde os estudos da 
biomecânica das Modalidades de Esporte de Combate. Esses profissionais serão solicitados a realizarem 
análises biomecânicas importantes em referência aos treinamentos e às características competitivas que 
poderão trazer diferencial fundamental para o sucesso de seus atletas.
Adicionalmente, outras disciplinas científicas também são importantes considerando-se o Esporte 
de Rendimento. Assim se dará continuidade, a partir de então, a explicitar os subsídios mais relevantespara as análises fisiológicas das Modalidades de Esporte de Combate.
7.2 Aspectos fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate
A fisiologia do exercício é uma disciplina que vem se destacando cada vez mais como ferramenta de 
estudos e de fornecimento de informações para o Esporte de Rendimento, pois permite aproximar dados 
de como se concentram as reações internas do organismo diante dos exercícios físicos, em especial ao 
treinamento e às condições individuais dos competidores.
Deve-se primeiramente lembrar que o corpo humano é admirável, parte-se do princípio de 
que a produção de energia corpórea é a responsável por dirigir as condições mais básicas de 
manutenção para vida. Esse pensamento também se ajusta, por intermédio do treinamento 
físico, para se atingir condições excepcionais nas reações fisiológicas de mobilização dos sistemas 
energéticos a fim de incrementar as regulações cardiorrespiratórias, musculares, imunológicas, 
humorais e neurais.
As competições relativas ao Esporte de Rendimento são cada vez mais acirradas e os competidores 
precisam efetuar treinamentos específicos que condizem com as solicitações mais apuradas para 
mobilizar adequadamente os sistemas energéticos respectivos às suas modalidades esportivas.
Faz-se importante reforçar as considerações sobre os sistemas de mobilização energética e produção 
de energia – adenosina trifosfato – ATP, para se complementar as informações acerca dos processos 
fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate para o Esporte de Rendimento. Observe o seguinte 
quadro adaptado sobre as características gerais bioenergéticas humanas para se recordar dos sistemas 
energéticos e da produção de energia.
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Quadro 5 – Características gerais dos sistemas energéticos para formação do ATP
Sistema Combustível Necessidade de oxigênio
Velocidade de 
formação
Produção de ATP 
relativa
Anaeróbio ATP-PC
(Alático) Fosfocreatina Não Extremamente rápida Pouca e limitada
Anaeróbio 
Glicolítico
(Lático)
Glicogênio Não Muito rápida Pouca e limitada
Aeróbio
Glicogênio
Gorduras
Proteínas
Sim Lenta Abundante e ilimitada
Adaptado de: Foss e Keteyan (2000, p. 33).
Salienta-se que os sistemas variam em produção de energia de acordo com: a) o ritmo, isto é, a 
quantidade de energia produzida por determinado período, chamada de potência máxima de produção 
energética e b) a capacidade máxima de produção energética independente do tempo, ou seja, a 
quantidade produzida (FOSS; KETEYIAN, 2000).
O sistema anaeróbio alático gera potência energética muito alta em um período curtíssimo (entre 
um a dez segundos), e não consegue uma quantidade muito alta para se manter constantemente 
ativo nessa potência, caindo vertiginosamente na contribuição energética, devido à célere 
degradação da fosfocreatina.
Em seguida, passa a existir o sistema anaeróbio lático, o qual ainda produz uma potência 
energética alta, mas também limitada por tempo curto de atuação máxima (entre 10 e 60 segundos 
aproximadamente), reduzindo a colaboração energética de forma um pouco mais gradativa que o sistema 
alático. Nessa oportunidade o glicogênio vai degradando e formando uma acidulação sanguínea muito 
alta, com aumento de íons H+ de modo substancial. O ácido formado, isto é, o chamado ácido lático, 
vai dificultando e até mesmo impedindo as transmissões de impulsos nervosos às unidades motoras, 
para se realizar movimentos, reduzindo a condição de se manter esforços muito elevados após o tempo 
mencionado, diminuindo a capacidade de execução rápida e com energia intensa.
Enfim, o sistema aeróbio toma parte quase que integral na produção energética. Produz energia a 
partir da manutenção das solicitações energéticas, mas baseado em potência baixíssima, aparecendo 
substancialmente depois de aproximadamente 60 segundos, sendo o principal capacitor de energia 
em condições que se demandam menores intensidades e mais permanência de forças menos intensas. 
A quantidade de energia produzida pelo sistema aeróbio é consideravelmente elevada, contudo a sua 
potência é bastante baixa, não favorecendo esforços musculares que demandam altas culminâncias de 
força e velocidade.
A prevalência dos sistemas energéticos em relação ao tempo de atuação dos esforços foi investigada 
por Gastin (2001) e trouxe um aporte substancial para reforçar a compreensão de como interagem os 
sistemas energéticos. Acompanhe a figura que apresenta o gráfico obtido por Gastin (2001).
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80
60
40
20
0
0 50 100 150
ATP-PCr
Glycolysis
Exercise duration (sec)
%
 C
on
tr
ib
ut
io
n 
to
 to
ta
l e
ne
rg
y 
su
pp
ly
Aerobic
200 250 300
Figura 84 – Gráfico da mobilização e interação dos sistemas energéticos ao longo da permanência dos esforços físicos. ATP-PCr: 
adenosina trifosfato-fosfocreatina; glycolysis: glicólise; aerobic: aeróbio; exercise duration(sec): duração do exercício (segundos); 
% contribution to total energy supply: porcentagem da contribuição para o fornecimento total de energia
As Modalidades de Esporte de Combate são compostas de uma gama muito variada de exercícios 
condicionantes e apresentam as mais diversas características de desempenho e agenciamentos orgânicos. 
As disputas são concorridas em tempos, ordinariamente estreitos, com uma dinâmica muito complexa. 
Comumente solicitam-se elevadas taxas de mobilização energética de modo bem diverso, em intervalos 
de tempo curtíssimos e pouquíssima pausa para recuperação oxidativa. Os combates são essencialmente 
acíclicos, com movimentação constante dos competidores em períodos de tempo determinados. Mesmo 
no Boxe profissional, no qual se combate por três minutos, praticamente ininterruptos, a modalidade 
exige a parada por um minuto a cada round de Luta e se fazem até 12 rounds para cada disputa, com 
um único adversário.
Outras modalidades também são organizadas por rodadas, por exemplo, parte-se de dois a 
até cinco rounds com intervalos de descanso, para cada combate – Tae kwon do, Wrestling, Luta 
Greco-romana, Karatê, Muay Thai, MMA, Esgrima. Algumas delas se limitam a um único combate por dia, 
como MMA e Muay Thai, enquanto nas outras se podem fazer mais de um no mesmo dia. Outras Lutas 
são disputadas em uma única rodada, mas com vários combates no mesmo dia – Judô, Sumô, Kendô e 
Jiu-Jitsu. Essas características exigem cuidados na preparação das condições fisiológicas imprescindíveis 
para a apropriada e superior performance dos Lutadores.
Ao mesmo tempo, cada tipo requer condições para aguentar o tempo de combate, seja de round, 
seja o total de rodadas preconizado no dia da competição, além de suportar, absorver e reagir aos 
acometimentos da contenda e manter-se com capacidade de enfrentar e colocar em prática sua 
estratégia de combate e adaptar-se de forma rápida a quaisquer condições impostas momentaneamente 
pelo adversário e pelas características próprias na ocasião.
Percebe-se a importância de se levantar aspectos categóricos para que se compreenda como 
funcionam as alterações nas mobilizações energéticas nas Modalidades de Esportes de Combate.
A seguir consta um quadro colocando-se diversos aspectos que devem ser levados em consideração 
para se efetuar análises fisiológicas.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Quadro 6 – Aspectos importantes para análises fisiológicas em Modalidades 
de Esporte de Combate
Deslocamento dos lutadoresDimensões do local e movimentação
Estrutura temporal da Luta Número de rounds (rodadas)
Intermitência Relação esforços x pausas
Energia de prevalência
Fundamentos básicos Fator base
Energia de determinação
Golpes decisórios Fator de decisão
Somatótipo Constituição e controle de peso
Uniforme Especificidade
Hidratação Reposição hídrica
Regras da Modalidade Estratégias de combate
Os locais de disputa reservam dimensões bastante específicas, delimitadas por ringues, áreas de 
combate, passarelas e tatames, todos planos com dimensões que raramente ultrapassam 100 m2 de área. 
Em geral, existem poucos momentos nos quais os Lutadores permanecem parados. As movimentações 
ocorrem por força da necessidade de se atacar o oponente, esquivar-se dos acometimentos, contragolpear 
e posicionar-se de acordo com as regras. Os esforços são respectivos às características de cada modalidade. 
Verificam-se a incidência de deslocamentos por arrastes, com molejos, por saltitos contínuos, por impulsos 
anteroposteriores, posteroanteriores, marchas específicas e movimentos circulares e semicirculares.
Anteriormente, já se explicitou sobre a estrutura temporal dos prélios, apresentando alguns exemplos 
de Modalidades de Esporte de Combate de alto rendimento. O número de rodadas e os tempos de combate 
podem variar bastante, por exemplo, no Judô, atualmente, um combate dura até 4 minutos e pode haver 
continuação em caso de não definição por falta de vantagem. No Jiu-Jitsu, pode variar de acordo com a faixa 
(graduação), partindo de 3 a até 10 minutos; no Tae kwon do são até três rounds de 2 minutos. Como já se 
mencionou, mas faz-se necessário repetir, nessas modalidades podem-se efetuar várias Lutas no mesmo dia. 
No Boxe profissional acontecem disputas com 12 rounds e às vezes até 15 rounds, cada um com 3 minutos 
e 1 minuto de intervalo entre eles. Diferentemente, no Boxe Olímpico são quatro rounds de 2 minutos e 
cada modalidade possui muitas variações, permitindo-se uma Luta por dia somente. No Boxe profissional, os 
intervalos entre disputas podem chegar a mais de três meses de pausa.
Em cada Modalidade de Esporte de Combate examinam-se duas condições importantíssimas 
para dar-se direcionamento aos treinamentos condicionantes relativos às mobilizações energéticas 
requeridas: a) Energia de prevalência de Luta, chamada de fator base e b) Energia determinante, 
chamada de fator de definição.
Na primeira, é preciso se verificar qual a energia de prevalência para poder suportar as movimentações 
e permanência nos combates. O fator base é determinado pelo estudo do tempo total de Luta, das 
interrupções de descanso, dos tipos de deslocamentos corporais e dos esforços realizados para que o 
Lutador se mantenha em condições de aguentar todo o tempo de disputa, efetue ações decisórias e não 
sofra algum ataque fulminante que o elimine da contenda.
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A outra condição primordial para se determinar a mobilização energética da Modalidade de Esporte 
de Combate é a observação das ações que definem o combate e levam à conquista da vitória por 
intermédio de ponto máximo, pontuação cumulativa, nocaute, desistências e submissões. Aqui se verifica 
quais golpes e técnicas são as responsáveis por atingir o triunfo competitivo, como eles devem ser 
executados e com qual tipo de força atuante, além de se levar em consideração a estratégia de disputa 
e as características do oponente. Essa energia determinante, que condiciona ações para se obter o fim 
do combate ou capacitar o Lutador a conseguir sucesso na disputa, é chamada de fator de definição.
O que se nota nas Modalidades de Esporte de Combate é uma mudança contínua nas mobilizações 
energéticas. Existem interrupções causadas pelas características das Lutas, que param momentaneamente 
o combate, tais como: sinalização de pontuações e advertências, necessidade de reposicionar e centralizar 
os Lutadores que saíram da área de combate, atendimentos médicos, pausas provocadas pelos próprios 
Lutadores para recuperação instantânea (clinches, arrumar a indumentária, perda de lentes de contato etc.). 
Essa alternância baseada nesses preceitos de interrupções, que permitem rápidas recuperações oxidativas, 
é dada pela relação esforço x pausa. Estuda-se o tempo de Luta total e anota-se quanto dele os Lutadores 
ficam em ações de combate e o quanto se tem de interrupções que cessam as ações de combate. Alguns 
dados indicam que no Judô, no Karatê e no Tae kwon do a relação de esforço x pausa é de 2:1, isto é, os 
Lutadores permanecem aproximadamente 20 segundos em ações diretas de combate e são interrompidos 
por aproximadamente 10 segundos. No Wrestling e na Luta Greco-romana, pode se chegar a 3:1, enquanto 
no Jiu-Jitsu atinge 15:1, isto é, muito tempo de esforço por uma pausa bastante curta.
Além disso, existem as mudanças de emprego de ações de ataques, esquivas e defesas de modo 
dinâmico, modificando as requisições energéticas necessárias para cada condição momentânea de Luta. 
É importante analisar o número de golpes executados e em qual rodada ou minuto dela se efetuaram 
mais ações de ataques. Desse modo, convoca-se continuamente diferentes sistemas energéticos 
requeridos para a disputa.
Todas essas contínuas alterações trazem à tona uma característica muito peculiar das Modalidades 
de Esporte de Combate chamada de intermitência, a qual permite designar que não se pode determinar 
exatamente qual sistema energético tenha absoluta prevalência durante a disputa (FRANCHINI, 2010).
Obviamente que se conhecendo as características dos fatores base e de definições, a relação de 
esforço x pausa, podem-se canalizar treinamentos específicos e de acordo com as necessidades de 
cada atleta.
Geralmente, modalidades com princípio de agarre necessitam efetuar as pegadas com os membros 
superiores e mantê-las por tempo considerável, caracterizando o fator base apropriado a executar força de 
resistência, mobilizando o sistema energético anaeróbio lático concentrado. Ao mesmo tempo, na maioria 
das vezes, verificam-se como fatores de definição as projeções e os arremessos executados tanto pelos 
membros superiores quanto pelos inferiores. A demanda de realização presente se compõe pela velocidade 
de força, ou melhor, a potência para se vencer as resistências de oposição, pois se necessita de força com 
grande intensidade em períodos bem curtos de tempo. Assim, deve-se considerar nesse caso a mobilização 
do sistema energético anaeróbio alático tanto para os membros superiores como para os inferiores.
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As modalidades com princípios de domínio de toques, com ou sem armas, requisitam grande 
movimentação e deslocamentos corporais, caracterizando demanda contínua de resistência, velocidade 
e agilidade. Assim, comumente mobiliza-se a resistência geral muscular e específica nos membros 
inferiores e superiores. Nesses casos, distingue-se a mobilização energética ao fator base pelo 
sistema aeróbio. Os fatores de definição, tais como: socos, chutes, cotoveladas etc. encontrados nas 
modalidades de toques que preconizam o nocaute, clamam por ações de grande força em período de 
tempo rapidíssimo, ou seja, a potência muscular. Dessa maneira, o sistema energético mobilizado nesse 
momento é o anaeróbio alático. Nas modalidades de toques demonstrativas, ou que não se caracterizam 
pela necessidade de nocaute e que se atinja a vitória por pontuação cumulativa somente, os fatores de 
definição como estocadas da Esgrima, socos e chutes no Karatê olímpico e demonstrações de kata, kati 
e poomse demandam grande velocidade de ação, mobilizando o sistemaenergético anaeróbio alático.
Considerando todos os aspectos relacionados aos sistemas de mobilização de energia, há de se 
levar em conta a duração dos combates também. Ordinariamente, verifica-se que as disputas atingem 
períodos acima de 2 minutos, e assim se deveria assumir que o sistema aeróbio prevalece na disputa, 
mas não se deve subestimar a mobilização momentânea de esforços superintensos para a execução dos 
fatores de definição.
É fato de que os Lutadores ao longo dos combates vão reduzindo suas atividades de força, necessárias 
para conseguirem executar as ações que levem ao alcance da realização dos fatores de definição com o 
mesmo vigor. Como são muito bem treinados, eles ainda suportam efetuar os movimentos com qualidade 
de angulação e mantendo os graus de liberdade ideais, mas perdem em velocidade e energia, pois os 
substratos energéticos para mobilização dos sistemas necessários à eficácia dos golpes já se encontra 
em maior depleção, o que acarreta dificuldades para sua reposição quando solicitados. Além disso, a 
acidulação sanguínea, com o aumento de íons H+, causa maior limitação nas transmissões de impulsos 
nervosos às unidades motoras musculares, contribuindo para a redução da eficiência arrebatadora dos 
golpes de potência e a manutenção da resistência de força.
Portanto, devem-se direcionar os treinos para que sejam próximos das realidades dos combates e, 
assim, obterem-se melhores combinações das práticas dos fatores de base e dos motivos de definição 
associados às peculiaridades estratégicas e características do atleta. Destarte, estaremos perto do 
princípio da especificidade do treinamento e dos competidores mais bem inseridos na preparação de 
alto rendimento e com possibilidades de resultados efetivos para a competição.
Algumas Modalidades de Esporte de Combate têm associação direta com a indumentária usada, 
isto é, o uniforme obrigatório. Nas competições de Esgrima e de Kendô, os combatentes se vestem 
imperativamente com fardamentos bem pesados, confeccionados com materiais de total resistência 
ao impacto perfurante ou cortante, cuja função é proteger os Lutadores. Mesmo que nas competições 
atuais espadas, sabres e floretes da Esgrima não possuam mais terminações pontiagudas ou tampouco 
afiadas e cortantes, assim como no Kendô, as espadas são fabricadas em bambu, o que evita se efetivar o 
corte real desejado imaginariamente nos movimentos de ataque, e os uniformes são bastante reforçados 
e de alta proteção.
No Judô e no Jiu-Jitsu, a vestimenta é confeccionada com tecidos grossos de algodão para 
suportar as constantes puxadas nas golas e nas mangas. Essas modalidades têm como fundamento a 
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obrigação de serem disputadas por meio de pegadas nos trajes de combate. A indumentária é parte 
integrante das técnicas.
Chama-se a atenção o fato de que as indumentárias provocam grande transpiração dos atletas e 
deve haver vigilância na reposição hídrica dos competidores. De qualquer modo, por trazerem um alto 
grau de gasto calórico e eliminação de água, todas as Modalidades de Esporte de Combate precisam de 
precaução para a reposição apropriada de líquidos e sais minerais durante os eventos. Competições de 
alto rendimento são disputadas em ambientes condicionados com temperatura e umidade controladas, 
porém algumas vezes se enfrentam condições adversas com altas temperaturas e umidade muito baixa 
ou muito alta, necessitando ainda mais controle hídrico.
Figura 85 – Indumentária de proteção no Kendô
A compleição física dos atletas é também uma qualidade a ser considerada nos estudos 
fisiológicos. Atletas de Modalidades de Esporte de Combate exibem massa magra muscular substancial, 
independentemente de qual categoria se enquadrem. As divisões de massa corporal na maioria das 
modalidades apresentam fatos importantes nas análises fisiológicas dos competidores, nota-se que 
atletas mais pesados são ainda bastante ágeis nas técnicas e nos golpes, mas tendem a ter menor 
movimentação e menos deslocamentos, causando menos interrupções de esforço durante as disputas. 
Desse modo, genericamente, Lutadores mais pesados mantêm maior gasto energético proporcional se 
comparados aos atletas de menor peso corporal.
7.3 Perda deliberada de peso
A ponderação no emprego de ingestão de líquidos é fator preponderante para as Modalidades de 
Esporte de Combate, pois na maioria delas há divisões de categorias de peso. Os Lutadores, e seus 
técnicos, pouco responsáveis, provocam perdas hídricas para redução de peso de maneira muito drástica 
para atingirem suas categorias desejadas e enfrentarem as pesagens limites nos dias de competição, 
o que pode causar perdas acentuadas de sais minerais do organismo. Essas perdas são escassamente 
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repostas, portanto altamente prejudiciais para o funcionamento fisiológico apropriado dos atletas, 
especialmente sob árduas solicitações físicas incididas em competições.
Saunas extremamente quentes, desidratação exacerbada pela ingestão de diuréticos, restrição 
violenta no consumo de alimentos e treinos de corridas com agasalhos pesados são algumas estratégias 
alucinadas e usadas por Lutadores que não conservam seus pesos nos limites determinados pelas divisões 
de categorias atribuídas pelas federações esportivas. Várias modalidades exigem delimitações de pesos e 
os atletas apresentam variações enormes, com incidência de até 20% de peso corporal acima do limite 
máximo, configurando que estariam aptos a participar em categorias de peso superior.
As práticas de perdas de peso nessas condições não são recomendadas, pois exigem sacrifícios 
descomunais, com perdas de nutrientes e possibilidades para causar problemas graves aos atletas 
durante o desempenho competitivo e quem sabe no futuro. As reposições hídricas e nutricionais, 
em períodos curtos e quantidades imódicas, acabam atrapalhando os processos digestórios que 
antecedem a competição e o Lutador pode sofrer ainda mais consequências negativas nos processos 
metabólicos e hormonais, causando letargia e sonolência, provocando perda de concentração 
demasiada e apatia muscular competitiva; o atleta sente-se pesado e com dificuldade de realizar 
movimentos eficazes. Os nutrientes eliminados de maneira tão abrupta nem sempre são reabsorvidos 
tão eficientemente em períodos tão curtos, assim sobrecarregando o sistema renal e também 
podendo causar desarranjos intestinais.
Treinadores mais conscienciosos e nutricionistas do esporte orientam seus atletas a estar com pesos 
ultrapassando em 1% a 2% do limite máximo até uma semana antes da competição, evitando perdas 
substanciais de peso imediatamente antes do evento. A presença de nutricionista na equipe esportiva é 
primordial para que o atleta não se acostume a fazer perdas insanas de peso um dia antes da competição. 
É muito mais saudável que se mantenha pesos apropriados e nutrientes suficientes para suportar as 
cargas de treinos e as magnitudes da competição.
As confederações esportivas estão acompanhando as variações de pesos dos atletas selecionados 
para competições de alto nível. Limitam-se parâmetros para que os atletas não causem dissabores 
administrativos, como viajarem e perderem a possibilidade de competirem por não terem atingido o 
peso limite no dia da competição, usarem medicamentos proibidos como diuréticos e anabolizantes, 
e possam obter as melhores condições atléticas relativas à sua composição física e somatótipo. Desse 
modo, preservando também indiretamente a saúde do atleta e forçando-o a tomar parte responsável 
em sua vida junto às demandas do alto rendimento competitivoesportivo. Os resultados obtidos por 
Lutadores, os quais preservam com maior seriedade os limites de peso relativo à sua constituição e à sua 
categoria correspondente, parecem ser mais consistentes e de melhor valimento.
8 MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM MODALIDADE DE ESPORTE DE COMBATE
Avaliar Lutadores deve ter a preocupação de ser específico para cada modalidade, pois as necessidades 
condicionantes e respostas fisiológicas são bastante diferentes. Baseados nas características das 
Modalidades de Esporte de Combate, podem-se adquirir alguns dados científicos relevantes para dar 
direcionamentos e informações que possam auxiliar os treinadores a compreender processos de resposta 
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ao treinamento, ajustar volumes e intensidades e preservar as melhores condições atléticas para o alto 
rendimento esportivo.
8.1 Medidas fisiológicas
Há dificuldades em se realizar as principais medições fisiológicas em Lutadores, pois os 
equipamentos são atados ao corpo ou há necessidade de interrupções que não sejam concernentes 
aos aspectos competitivos. Vários estudos têm tentado obter dados que possam ser analisados 
para a detecção de fatores que afetam a performance competitiva nas Modalidades de Esporte de 
Esporte de Combate.
A aferição da frequência cardíaca (FC) tem sido possível nas disputas demonstrativas de kata, kati 
e poomse, trazendo informações sobre picos de FC e comparando-se com testes feitos em esteiras 
ergométricas. Em geral, essas atividades físicas comprovam que sua realização atinge em torno de 70% 
a 80% da FC máxima.
Competições simuladas de algumas Modalidades de Esporte de Combate de percussão, isto é, com 
princípio de domínio por toques, chegam a superar 190 batimentos por minuto e comparados com testes 
em esteiras se aproximam de 90% da FC máxima. Os combates abertos indicam maiores solicitações que 
as práticas fechadas.
Nas modalidades em que se atua o princípio de domínio de agarre, fica difícil se obter dados de FC 
máxima durante o combate, pois devido ao constante contato corporal os aparelhos se alteram, mudam 
de posição, ficam até mesmo inabilitados para as aferições da FC. Algumas avaliações foram efetuadas 
em períodos determinados, por exemplo, a cada 2 minutos, alcançando altos valores de FC média, que 
eram comparadas com testes de esteira em nível acima de 95% da FC máxima.
Valores de potência aeróbia máxima, ou VO2 max, são aferidos com testes efetuados em combates 
simulados ou atividades de golpear sistemático, com uso de captores de oxigênio de alta tecnologia. 
Assim, nas Modalidades de princípio de domínio de toque ou de agarre, executa-se um determinado 
número de ataques sequenciais, calculando-se o tempo de realização de esforços feitos para se obter 
ações correspondentes aos fatores de definição. Valores que satisfazem as características de obtenção de 
oxigênio, o seu transporte cardiorrespiratório e a sua capacidade de utilização muscular para Lutadores 
de alto nível competitivo variam entre 45 e 55 ml/kg/mi. Apenas no Boxe profissional os Lutadores 
apresentam excepcionalmente potência aeróbia acima de 60 ml/kg/min (FOSS; KETEYIAN, 2000).
Em comum, Lutadores que fazem testes de potência em aparelhos de Wingate, solicitando ações 
específicas de membros superiores, conseguem mostrar geração de energia situada em potências médias 
de 9,4 Watts/Kg e atingem potências máximas de até 12 watts/kg. Essas potências são obtidas em alto 
custo fisiológico, proporcionando maiores concentrações de acidulação sanguínea e a consequente 
formação de Lactato (LA) (FOSS; KETEYIAN, 2000).
Medidas de LA têm sido obtidas para verificação dos parâmetros de formação de acidez sanguínea 
e assim determinar como se pode treinar o atleta de combate a fim de que consiga suportar aumentos 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
de LA durante a disputa combate. Constata-se um aumento substancial do LA conforme se prolongam 
os esforços, assim como o tempo de Luta.
Valores medidos por meio de combates simulados, com interrupções determinadas para coletas, 
exercícios intensos de sombra (quando o Lutador executa golpes de definição com bastante intensidade, 
comparados aos efetuados nas Lutas), parecem trazer valores de LA no Boxe e também nas modalidades 
de agarre, com números variando desde 8 mmol.l-¹ (milimol por litro de sangue) em casos como no Jiu-
Jitsu, alcançando valores médios bem altos, iguais a 18 mmol.l-¹.
Lembra-se que as Modalidades de Esporte de Combate possuem intermitência, com pausas relativas 
durante o embate corporal e a variação e capacidade de tamponamento do LA é grande, e depende 
também das condições nas quais se encontra o atleta, o ritmo do confronto, a estratégia assumida, o 
nível da competição e o significado daquela disputa (eliminatória ou final).
Outras medidas e análises, como a presença de Cretina quinase (CK) no sangue, indicam degradação 
celular e têm sido também usadas na fisiologia do esporte para se determinar as condições nas quais se 
devem compensar os esforços efetuados pelos Lutadores. Também exames de urina, verificando a quebra 
de proteínas específicas, sinalizam condições para se adaptarem os treinos e as práticas competitivas. 
Outro objeto de estudo é o exame de mioglobina e o respectivo tempo de recuperação após a efetivação 
de treinos específicos de alta intensidade para execução de técnicas e golpes relacionados com 
condicionamentos dos fatores de decisão.
Distintas avaliações também utilizadas são as de verificação da liberação do cortisol e de outros 
hormônios nas práticas simuladas e nas competições de Modalidades de Esporte de Combate.
 Saiba mais
Para obter informações adicionais sobre o comportamento do corpo 
dos atletas durante o Jiu-Jitsu, leia:
ANDREATO, L. V. et al. Psychological, physiological, performance and 
perceptive responses to Brazilian Jiu-Jitsu combats. Kinesiology, Zagreb, v. 
46, p. 44-52, 2014. Disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org/9078/
c96ca7ca84e150cba3fa5b900e25b7ef2a14.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2018.
8.2 Medidas subjetivas
Nas Modalidades de Esporte de Combate, tem se tornado usual treinadores e preparadores físicos 
se apropriando de medidas subjetivas que ajudam a dar condições de acompanhamento e adaptação 
adequados aos treinamentos dos atletas.
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Unidade III
A percepção de esforço (PE), de acordo com Robertson e Noble (1997), é uma escala psicofísica 
da intensidade sentida de esforço, tensão, desconforto e também de fadiga que são experimentados 
durante práticas físicas. A PE é indicada por meio de escalas e a mais comum é a escala de Borg (BORG, 
1998), que mostra ao atleta níveis preconizados por valores entre seis e sete (muito fácil) até 19 e 20 
(exaustivo), e os atletas externam como estão se sentindo diante de determinado exercício. Por meio 
dessa escala, pode-se determinar a taxa de percepção subjetiva de esforço, que é a relação de carga 
treinada pela indicação de nível de exaustão atingida.
Essa taxa parece se adequar bem nas Modalidades de Esportes de Combate, pois o treinador 
pode construir uma tabela de unidades arbitrárias por meio de uma metodologia que verifica o 
total da sessão de treinamento multiplicada pela escala de Borg externada pelo atleta, após 30 
minutos de término da sessão de treinamento. Essa metodologia parece ser bem relacionada aos 
métodos de treinamento e periodização, já que monitora de modo permanente e acompanha as 
reações imediatas dos atletas.
Outra medida subjetiva de esforço

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