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“Estresse de transporte de animais de abate”. A importância do manejo e transporte pré-abate está relacionada com a preocupação do bem estar animal, bem como a qualidade da carne final. No entanto, umas das principais ocorrências durante esse trajeto de animais até o frigorífico é o estresse a que eles são submetidos, o qual é inevitável, favorecendo algumas consequências indesejáveis em especial para o produtor, animal e indústria. Os animais de açougue passam por vários estímulos estressantes, desde o embarque, transporte, presença de outros animais, viagem, desembarque, ou seja, tudo que está fora do seu habitat natural. Essas adversidades causam um desequilíbrio na homeostase que, fisiologicamente faz o organismo reagir através de um conjunto de reações denominadas de “Síndrome de adaptação de Selye’’ na tentativa de manter o equilíbrio. Dessa forma, os animais apresentam 4 respostas de adaptação como a taquicardia, taquipneia, hipertermia e hipertensão arterial. A reação de alarme e emergência é a primeira resposta frente ao estímulo estressante, a qual por meio do sistema nervoso simpático há liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) ocasionando os sinais iniciais anteriormente citados, e outras consequências desagradáveis. A contração muscular provocada pela tensão do estresse leva à contração esplênica aumentando a liberação de plaquetas e, consequentemente, em uma coagulação sanguínea excessiva dificultando a sangria na hora do abate. Além disso, há degradação do glicogênio armazenado no fígado e musculatura, devido ao gasto de energia durante o estresse. Isso é desfavorável, visto que o glicogênio tem uma importância no pós-mortem para a conversão do músculo em carne. Por outro lado, caso os estímulos estressantes não cessam, ocorre a síndrome de adaptação geral que consiste em uma reação tardia e de maior duração. Ela é uma resposta a hormônios tireoidianos (ACTH e TSH) e corticóides, os quais aumentam o metabolismo de proteínas e gordura armazenadas, consequentemente levando a uma maior perda de peso do animal desvalorizando o preço pago para o produtor . De modo geral, os efeitos do estresse de transporte de animais para abate há interferências tanto na musculatura do animal vivo, quanto no animal como todo. O desgaste da reserva de glicogênio ante-mortem em decorrência da reação de alarme e emergência, por exemplo, faz com que haja produção de ácido lático. Esse ácido em grandes concentrações faz o animal entrar em acidose metabólica alterando completamente a homeostasia e o pH do animal podendo levá-lo ao óbito. Além disso, animais submetidos às situações adversas tornam susceptíveis a outras enfermidades, uma vez que ficam imunossuprimidos. Em contrapartida, o estresse de animais de abate desencadeia uma série de fenômenos que afetam a qualidade da carne e seu prazo de validade, sendo a alteração de pH um evento crucial para tal. As características sensoriais da carne como a cor, sabor, aroma e textura são proporcionadas pela diminuição do pH da musculatura do animal que é entre 7 a 7,4 para um pH da carne entre 5,5 a 6,2 , alteração importante para conversão do músculo em carne. No entanto, para que isso ocorra, é importante que o animal seja abatido com a reserva de glicogênio, já que o ácido lático produzido através de sua metabolização anaeróbica é que irá realizar essa queda do pH. Caso contrário, ou seja, não ocorrendo a diminuição do pH devido à falta de reserva, o resultado será de uma carne anormal denominada DFD (escura, firme e seca). De outro modo, se houver uma queda muito brusca de pH poderá ter a formação de uma carne chamada PSE (pálida, mole e exsudativa). Nesse sentido, para que essas modificações indesejáveis não ocorram é necessário minimizar os estímulos estressantes. Melhorar as condições de embarque e desembarque, transporte, evitar viajar em horários quentes, respeitar a lotação do caminhão, adaptar os animais gradativamente às novas condições, entre outros aspectos são importantes para minimizar o estresse de transporte e suas consequências. Além disso, respeitar o período de descanso na indústria referente a cada espécie a ser abatida disposto na legislação é de extrema relevância para que a reserva de energia possa ser restabelecida e a qualidade da carne final seja preservada.
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