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PROPEDÊUTICA NEUROLÓGICA III SENSIBILIDADE: SUPERFICIAL, PROFUNDA, ESPECIAL e SINAIS MENÍNGEOS VIAS MOTORAS Neurônio motor superior (via piramidal) movimentação voluntária. Arco reflexo. Via extrapiramidal (origem nos núcleos da base) iniciação e cessação dos movimentos, tônus muscular e marcha. Sistema cerebelar coordenação e equilíbrio. COORDENAÇÃO, MARCHA E EQUILÍBRIO Esse complexo sistema que inclui a coordenação, a marcha e o equilíbrio é formado pela integração de três sistemas fundamentais (visual, propriocepção e vestibular) que enviam informações ao SNC, que, principalmente por meio do cerebelo, integra-as da maneira mais harmônica possível, resultando em uma resposta motora precisa e eficiente. Um ponto comum aos exames de coordenação, marcha e equilíbrio é a possibilidade de obterem-se os primeiros resultados do exame ainda antes do próprio paciente se apresentar. Seu andar até a cadeira do examinador, seus movimentos gestuais para abotoar ou desabotoar a blusa, sentar-se ou mesmo para cumprimentar o examinador já fazem parte do exame e podem trazer dados que, às vezes, se perdem quando o paciente é ativamente solicitado a executar uma ou outra ação. DIVISÃO FUNCIONAL DO CEREBELO a) VESTÍBULO-CEREBELO Equilíbrio postural e movimentos oculares. b) ESPINO-CEREBELO Regulação do tônus muscular e coordenação motora. c) CORTICO-CEREBELO Coordenação dos movimentos voluntários. Em virtude da grande importância do cerebelo na coordenação motora, lesões cerebelares tendem a cursar com importante repercussão no equilíbrio: Lesões do vérmis cerebelar predominam distúrbios do equilíbrio devido às importantes conexões desta região com a formação reticular e os núcleos vestibulares. Lesões hemisféricas repercutem sobre a coordenação da motricidade voluntária, podendo afetar as mais diversas funções ipsilaterais à lesão cerebelar. Lesões de lobo floculonodular desequilíbrio e nistagmo. EXAME DO EQUILIBRIO E DA COORDENAÇÃO MOVIMENTOS ALTERNADOS RÁPIDOS Prova das marionetes. Realização de pronação e supinação de maneira rápida e alternada. Disdiadococinesia dificuldade em realizar tais movimentos. MARCHA DE TANDEM Pedir ao paciente que caminhe colocando um pé na frente do outro, como andar em uma corda bamba. EXAME DA COORDENAÇÃO PROVA ÍNDEX-NARIZ Posição do paciente sentado ou em pé com o membro superior estendido e abduzido. Semiotécnica pede-se ao paciente que toque a ponta do nariz com a ponta do dedo indicador. A prova deve ser inicialmente feita com os olhos abertos e, posteriormente, com os olhos fechados. Essa prova pode estar alterada nos distúrbios da sensibilidade profunda (alterações da propriocepção) e em cerebelopatias (decomposição de movimentos associada a uma hipermetria). PROVA CALCANHAR-JOELHO Posição do paciente: em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos. Semiotécnica: o paciente deve levar o calcanhar de uma perna a tocar o joelho do lado contralateral e, a seguir, deslizar o calcanhar sobre a tíbia, em linha reta, até o hálux. EXAME DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO Avalia a capacidade da maquinaria sensorial humana em manter o indivíduo em postura ereta em um local. Assim, é imperativo que o paciente seja instruído a manter uma postura adequada durante o exame. TESTE DE ROMBERG O examinador deverá observar se o cerrar das pálpebras produz alguma repercussão no equilíbrio do paciente. Em um indivíduo normal, nada ou apenas leves oscilações do corpo devem ser notadas (teste de Romberg negativo). Caso haja apenas oscilações corporais sem tendência à queda o teste, deverá ser considerado negativo. Diz-se que o “sinal de Romberg” está presente (teste positivo) quando, ao fechar seus olhos, o paciente que antes se mantinha equilibrado apresentar oscilações corporais com queda ou tendência à queda. Um erro comum durante a interpretação do teste de Romberg ocorre nos casos em que há queda ou tendência à queda tanto com os olhos abertos quanto com os olhos fechados, quando o teste deve ser considerado negativo. TESTE DE ROMBERG SENSIBILIDADO O teste de Romberg pode ser sensibilizado pedindo-se ao paciente que posicione um pé à frente do outro, mantendo-os em uma mesma linha. Este teste, apesar de mais sensível, possui os mesmos critérios de positividade do teste anterior. PROVA DOS DESVIOS SEGMENTARES Nesse teste, o paciente deve estar sentado, para que eventuais quedas sejam evitadas, com os braços estendidos para a frente e com os dedos indicadores apontando para os dedos indicadores do examinador. A seguir, solicita-se ao paciente que feche seus olhos e mantenha essa posição. DANÇA DOS TENDÕES Oscilações contínuas que podem ocorrer nos tendões calcâneo ou tibial anterior em pacientes cerebelopatas que refletem a assincronia da contração das fibras musculares na tentativa de manter o indivíduo parado e em pé. NISTAGMO Movimentos rítmicos do globo ocular com 2 fases distintas, rápida e lenta, cuja definição é dada pela fase rápida. A pesquisa do nistagmo é um dos pontos mais importantes na avaliação do equilíbrio. - Inicialmente, realiza-se a pesquisa do nistagmo espontâneo pedindo ao paciente que olhe para a frente. - A seguir, o paciente olha em um ângulo de 30º para a direita e para a esquerda, quando se observa o nistagmo direcional. EXAME DO EQUILÍBRIO DINÂMICO OU MARCHA MARCHA IMAGEM SISTEMA LESADO SINAIS E SINTOMAS DESCRIÇÃO Marcha Ceifante, Hemiplégica ou Helicópode (marcha espástica) Sistema nervoso central Sistema motor Via piramidal Ex: AVC Espasticidade em MMII Afeta metade do corpo. Braço fletido, mão fechada e pronada. Perna espástica, sem flexão do joelho, com movimento semelhante ao de uma foice. Marcha Paretoespástica Sistema nervoso central Sistema motor Via piramidal Ex: Trauma medular. Síndrome piramidal (abaixo do nível medular lesado). Paciente apresenta hipertonia bilateral dos membros inferiores, marchando com passos curtos e arrastando os pés. Marcha em Tesoura ou Ataxo-espástica Sistema nervoso central Mista Com predomínio piramidal Ex: Paralisia cerebral Síndrome piramidal Apresenta uma mistura de caracteres atáxicos e hipertônicos. Ambos os membros inferiores apresentam- se espásticos, hipertônicos e em semiflexão, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma à frente da outra, lembrando uma tesoura em ação durante a marcha Marcha Parkinsoniana ou “em bloco” Sistema nervoso central Sistema motor Via extrapiramidal Parkinsonismo. O doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático de balanço dos braços. A cabeça mantém-se inclinada para a frente e os passos são curtos e rápidos. O paciente aparenta “correr atrás de seu centro de gravidade como para evitar uma queda iminente para a frente”. Marcha Cerebelar, Ebriosa ou Atáxica Sistema nervoso central Cerebelo ou vias cerebelares Coordenação, marcha e equilíbrio. Incoordenação Vertigem Sinal de Romberg ausente Há alargamento da base de apoio e passos irregulares, impedindo que o paciente siga uma trajetória retilínea (marcha ziguezagueada) com tendência à queda. Incapacidade de realizar a macha de Tandem. Marcha Talonante ou Calcaneante (atáxica sensitiva) Sensitiva: propriocepção consciente. _____ O caminhar é irregular e desajeitado, com base de sustentação alargada. Após projetar o pé para a frente,o indivíduo bate com força o calcanhar no solo e, em seguida, a região do antepé, o que confere uma sonoridade do tipo “dupla batida”. Marcha Escarvante Sistema nervoso periférico. Neurônio motor inferior (nervo fibular) Perda ou redução da dorsiflexão do pé. Fraqueza da musculatura do compartimento anterior da perna. Dificuldade de dorsiflexão do pé, o paciente roça a ponta dos pés no solo (aspecto de pé caído) e tropeça. Isso o induz a levantar acentuadamente o membro lesado, levando-o a inclinar-se para o lado contralateral à lesão, na tentativa de minimizar o arraste do pé. Marcha Frontal ou Magnética Sistema nervoso central Sistema cognitivo Ex: Síndromes Demenciais. Variados, mas comumente associados à perda de funções cognitivas superiores. Caracterizada pela marcha festinante, com alargamento da base, postura ligeiramente fletida para a frente, passos hesitantes e curtos, mantendo os pés grudados no chão; ao observador desatento, o indivíduo aparenta ter se “esquecido de como andar”. Marcha a Pequenos Passos Sistema nervoso central Mista Com predomínio Extrapiramidal Causas: Paralisia pseudobulbar Aterosclerose cerebral difusa Variados, mas comumente associados à perda de funções cognitivas superiores. Paciente marcha por meio de passos muito curtos e irregulares, chegando a arrastar os pés como se estivesse patinando ou dançando uma “marchinha”, podendo até mesmo apresentar freezing (incapacidade de sair do local). Marcha Tabética ou Ataxotalonante Sistema nervoso central Sistema sensitivo em nível medular (fascículos grácil e cuneiforme). Perda da propriocepção dos membros inferiores. Paciente mantém o olhar fixo no solo para marchar. Os membros inferiores são elevados abruptamente e, em seguida, levados ao solo de maneira explosiva provocando um som intenso ao tocar os calcanhares no chão, lembrando um “soldado marchando”. Marcha Vestibular Vestíbulo ou nervo craniano VIII. Lesão do sistema vestibular. Incoordenação Vertigem Desvios segmentares Sinal de Romberg presente Pacientes apresentam desvios estereotipados (tendem a se desviar sempre para o mesmo lado) na direção do lado lesado (vestíbulo hipoativo). Quando pedido para esses indivíduos marcharem em linha reta de frente e retornarem de costas, nota-se que sua marcha descreve um formato semelhante à de uma estrela durante o percurso (“marcha em estrela de Babinski-Weil”). Marcha Anserina ou de Pato Lesão muscular Doenças musculares Displasia do desenvolviment o do quadril Fraqueza da musculatura pélvica e das coxas Sinal de Trendelenburg presente Para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco alternadamente para a direita e para a esquerda ao marchar, lembrando o andar típico de um pato. Marcha Claudicante, coxa ou antálgica ________ Lesão Vascular Síndrome da insuficiência arterial crônica periférica. Padrão de claudicação intermitente. Melhora com repouso. Marcha Perna- de-pau ______ Lesão osteomuscular Perda da mobilidade articular do joelho A perna afetada não flete o joelho, sendo projetada rigidamente para a frente durante a marcha, resultando em grandes oscilações do corpo. Marcha Histérica _______ Psicológico Ex: Traumas psicológicos e doenças psiquiátricas. Variados. Geralmente, tem caráter “bizarro”, com o paciente assumindo posturas distônicas, arrastando uma ou as duas pernas; alguns pacientes ainda podem apresentar marcha “espástica” com hipertonia de membros inferiores ou superiores associada ou não a um componente atáxico. ATAXIAS Alterações na coordenação muscular e dos movimentos levam às chamadas ataxias, que podem ser de quatro tipos: vestibular; cerebelar; sensitiva; e frontal. ATAXIA FRONTAL Decorre, principalmente, do comprometimento dos lobos frontais. A ataxia é do tipo axial e compromete o equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico. Com o paciente ereto, nota-se a oscilação do corpo com flexão do tronco e da cabeça, além do alargamento da base de sustentação, a fim de reduzir-se a tendência à queda. Assim, caracteriza-se uma marcha magnética. Pode ser causado tanto por uma compressão em vigência de hipertensão intracraniana como por lesões tumorais expansivas do lobo frontal. SENSIBILIDADE Os sistemas sensoriais podem funcionar em um nível consciente ou inconsciente. O sistema somatossensorial consciente tem 2 componentes: Epicrítico tato fino discriminatório, sistema de posição e vibração. Protopático tato grosseiro, sistema de dor e temperatura. EXAME DA SENSIBILIDADE Utiliza um chumaço de algodão ou pincel macio, um estilete rombo ou palito de dentes, capazes de provocar dor sem furar a pele, dois tubos de ensaio com água gelada (5 a 15ºC) em um e quente (40 a 45ºC) no outro e um diapasão de 128 ou 512 Hz. O paciente deverá permanecer de olhos fechados durante todo o exame. A pesquisa da sensibilidade deve sempre respeitar os dermátomos cutâneos. Sensibilidade especial A sensibilidade especial corresponde aos sentidos da olfação (percepção de odores dispersos no ar), visão (captação dos raios de luz e sua tradução em imagens), audição (percepção das ondas sonoras) e gustação (capacidade de se distinguir o gosto dos alimentos). Sensibilidade superficial Tátil, térmica e dolorosa. Uma característica notável da sensibilidade superficial é a precisão com a qual o paciente localiza um estímulo qualquer. A precisão é tamanha que, sem grande dificuldade, o examinador pode receber respostas como “O senhor tocou a lateral direita do dedão do meu pé esquerdo” após tocar no pé do paciente. Sensibilidade profunda Sensibilidade vibratória (palestesia); barestésica (sensibilidade à pressão); cinético-postural e dolorosa profunda (visceral). SINAIS DE IRRITAÇÃO MENINGEA
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